No mundo da polêmica científica, o Design Inteligente ainda é theoria non grata!
terça-feira, novembro 06, 2007
Interessante o artigo de Ricardo Abramovay, professor titular do Depto. de Economia da FEA/USP e pesquisador do CNPq, publicado no “Valor Econômico”, e veiculado no JC E-Mail 3383, de 05 de novembro de 2007 em que a ciência é retratada como a parte decisiva dos debates públicos mais cruciais de nossa época.
Seguindo o lema da exposição universal de Chicago, de 1933 − a ciência descobre, a indústria aplica e o homem segue. Essa divisão do trabalho preconizada nessas palavras de ordem, segundo Abramovay, apóia-se sobre uma dupla e fundamental autonomia:
1. Por essa visão, as instituições científicas devem ser autônomas: revistas, pareceres anônimos e, sobretudo, um comportamento voltado à partilha do conhecimento, à crítica e à inovação são instrumentos que protegem a produção de conhecimento contra as pressões vindas da opinião pública e dos governos;
2. Os mercados deveriam ser norteados exclusivamente pela capacidade de escolha dos consumidores, diante do funcionamento do mecanismo de preços.
Abramovay vê nessa dupla autonomia um verdadeiro ideal de civilização, conforme trabalhos pioneiros do final dos anos 1930 do sociólogo Robert K. Merton (1910-2003): a ciência então tem caminho aberto para fazer suas descobertas, sem que os preconceitos populares a contaminem, mas o que é cada vez mais marcante na produção contemporânea de conhecimento é que os cientistas não são mais os únicos protagonistas das discussões que levam adiante.
Segundo Abramovay, baseado nos pesquisadores franceses Michel Callon e Bruno Latour, da École des Mines - destacado centro europeu de formação de engenheiros, reputado por sua rigorosa seleção − e da Fondation Nationale des Sciences Politiques de Paris, longe de se confinar aos muros da academia e às páginas das revistas especializadas, a ciência é parte decisiva dos debates públicos mais cruciais de nossa época, e que longe de empobrecer seus horizontes ou de rebaixar sua sofisticação, essa ampliação de seus atores faz bem à ciência.
Interessante que Bruno Latour deu início, alguns anos atrás, a um curso chamado “descrição de controvérsias” [Pardon, chéri, em français!!!]: é muito mais importante, para os engenheiros, aprender a lidar com as controvérsias, do que aplicar certezas consagradas. Há alguns anos os teóricos e defensores da teoria do Design Inteligente propomos algo semelhante: “Ensinar a controvérsia” na questão da origem e evolução da vida. Razão? Seria muito mais importante, para os biólogos e outros cientistas, aprender a lidar com as controvérsias em biologia evolutiva, do que se apegar ferrenhamente a dogmas consagrados.
A razão maior da nossa proposição de “Ensinar a controvérsia” reside no fato de existir há muito tempo discussões nas publicações científicas sobre as questões da suficiência epistêmica do darwinismo. As conclusões dessas pesquisas precisam ser abordadas publicamente. Segundo Latour, essa irrigação recíproca comunidade científica e mundo social, longe de corromper, deturpar ou submeter a ciência a interesses que a contaminam, é, ao contrário, um fator decisivo de seu enriquecimento. Quando a questão é Darwin, os darwinistas fundamentalistas internacionais e tupiniquins acham o contrário.
O ceticismo globalizado dos darwinistas fundamentalistas deveria se transformar em ceticismo localizado salutar a fim de terem a capacidade de enfrentar a incerteza epistêmica num horizonte de controvérsia, e não num mundo em que as verdades são enunciadas de maneira incontestável, e os críticos e oponentes sendo demonizados por suas visões extremas da origem e evolução do universo e da vida.
Latour, durma-se com um barulho desses! Você com o seu curso “Descrição de controvérsias” na França, e eu com o meu blog “Desafiando a Nomenklatura científica” no Brasil, estamos indo na contramão da ciência mainstream! Mas nós estamos em boa companhia: Copérnico, Galileu, Magueijo, e outros que teimaram ousadamente ser diferentes, e a História da Ciência demonstrou que estavam certos...
Bem-vindos ao mundo da polêmica, mas a Nomenklatura científica e os agentes da KGB [oops, peer-reviewers é mais chique] quais mulas que empacam, continuam afirmando que a teoria do Design Inteligente é uma theoria non grata de ser discutida na universidade.
Bem-vindos ao mundo da polêmica científica, ma Darwin non é polêmico, capice???