Você se lembra de seus primos e primas? Se você tem uma família unida e que se visita freqüentemente, então você deve se lembrar deles. Mas nem todas as famílias são assim. Especialmente as famílias cobertas por teorias de longo alcance histórico como é a teoria geral da evolução. Pontuar todos os “brimos” e “brimas” ao longo do tempo e espaço evolutivos não é tarefa fácil, mas há pesquisadores que, apesar das evidências dizerem o contrário, continuam achando esses nossos parentes.
O que é interessante é que somente uma mandíbula resolve esta tremenda dificuldade epistêmica: presto, eis o “brimo” que você não conhecia. Só uma mandíbula, e dá pra fazer o reconhecimento? Ah, como vocês são demasiadamente céticos, e faltos de imaginação. Imaginação é a ferramenta sine qua non em paleoantropologia. Se você não tem esta capacidade imaginativa, desista. Não entre nesta ciência empírica onde os fatos é que se ajustam à teoria dominante.
Primo distante é descoberto
13/11/2007
Agência FAPESP — Uma nova página na história da evolução acaba de ser aberta com uma rara e importante descoberta feita no Quênia. [1] Com idade estimada em 10 milhões de anos, uma mandíbula encontrada pode representar um novo tipo de primata.
Fóssil de 10 milhões de anos encontrado no Quênia teria pertencido a uma espécie muito próxima do último ancestral comum entre humanos, chimpanzés e gorilas (foto: Pnas).
Segundo os paleontólogos responsáveis pelo estudo do fóssil descoberto em depósitos vulcânicos na região de Nakali, a mandíbula, com 11 dentes, teria pertencido a uma espécie muito próxima do último ancestral comum entre humanos, chimpanzés e gorilas.
A última vez que um fóssil humanóide com essa idade foi descoberto havia sido em 1982. Peças do período são tão raras que alguns cientistas propuseram que o último ancestral comum teria retornado da Europa ou da Ásia, mas o novo estudo indica que a espécie teria evoluído mesmo no continente africano.
A pesquisa foi feita por um grupo de pesquisadores do Japão, Quênia e França. Coordenada por Yutaka Kunimatsu, do Instituto de Pesquisa em Primatas da Universidade de Kyoto, terá resultados publicados esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
“Estudos moleculares recentes sugerem que a divergência entre humanos e chimpanzés teria ocorrido entre 7 milhões e 5 milhões de anos atrás e a divergência com gorilas de 9 milhões a 8 milhões de anos. Conseqüentemente, o Mioceno Superior (de 11 milhões a 5 milhões de anos) é o período crucial para compreender as origens dos humanos e dos grandes primatas africanos, mas, infelizmente, os registros são extremamente pobres após 13 milhões de anos”, destacaram os autores.
A nova espécie, denominada Nakalipithecus nakayamai, reúne diversas semelhanças com o atual candidato a mais recente ancestral comum entre os grandes primatas, o Ouranopithecus macedoniensis, descoberto na Grécia.
Mas, de acordo com o estudo, alguns detalhes na dentição do N. nakayamai, que indicam uma dieta menos especializada do que do O. macedoniensis, colocam o fóssil agora analisado em um novo gênero.
O artigo A new Late Miocene great ape from Kenya and its implications for the origins of African great apes and humans, de Yutaka Kunimatsu e outros, pode ser lido por assinantes da Pnas em http://www.pnas.org. [2]
NOTA DESTE BLOGGER:
1. Todas as vezes que eu leio expressões assim abrindo um artigo científico: “Uma nova página na história da evolução acaba de ser aberta com uma rara e importante descoberta feita em xyz...”, eu já fico logo cético localizado, pois sei que se trata de mais uma hipótese ad hoc tentando “confirmar” a teoria dominante. Dia após dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano, as “notas promissórias epistêmicas” vão sendo emitidas pelos dirigentes do Darwin Bank na expectativa de que serão “resgatadas” pelas evidências. Desde 1859 ainda não foram honradas na boca do cofre do contexto da justificação teórica. Permanecem sem lastro de evidências. Mas que há “brimos” e “brimos”, isso há!!!
2. Ao contrário do anunciado pela Agência FAPESP, os artigos e pesquisas do PNAS podem ser lidos e os PDFs baixados gratuitamente naquele endereço.