26. Depois de 85 anos, Einstein volta ao Rio
Exposição americana sobre a vida do físico é inaugurada
Décadas atrás, o físico alemão Albert Einstein eternizou a teoria da relatividade e a imagem do cientista de cabelos desgrenhados e língua de fora. A partir desta quarta-feira (7/4), se a chuva permitir, os cariocas ganham uma bela oportunidade para descobrir o que há por trás das fórmulas densas e da aparência exótica. Criada pelo Museu Americano de História Natural, de Nova York, a mostra "Einstein" aporta no Museu Histórico Nacional, no Centro, onde deve atrair 70 mil pessoas até o dia 6 de junho.
Após percorrer mais de dez países, a exposição ganhou traços abrasileirados e atrações interativas inéditas para comemorar os 85 anos da visita de Einstein ao Rio. As duas passagens do físico pela cidade, em março e maio de 1925, duraram pouco mais de uma semana e foram maciçamente comentadas pela imprensa da época, que divulgava inclusive o seu cardápio - Einstein aventurou-se até com um vatapá com pimenta.
Apesar da companhia de nomes como Oswaldo Cruz, o físico, que ganhara o Prêmio Nobel quatro anos antes, também se entediava com a falta de colegas.
- Não havia muitas pessoas com quem Einstein pudesse aprender ou dividir conhecimentos - destaca Alfredo Tolmasquim, historiador da ciência e diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins. - Apesar disso, sua visita foi um estímulo à comunidade científica local, suscitando uma série de discussões e deixando-nos mais antenados sobre a produção europeia.
Sobretudo porque, seis anos antes, a Teoria da Relatividade Geral, proposta por Einstein em 1915, foi confirmada em solo nacional, mais precisamente na cidade de Sobral, no Ceará, durante um eclipse. A expedição de cientistas britânicos ao remoto local também está em destaque na exposição.
A mostra contraria a declaração do físico, segundo a qual sua vida "não interessava a ninguém". Dos manuscritos às fotos, passando por flashes de sua atribulada vida amorosa, a devassa sobre a biografia do alemão é completa e revela uma existência das mais interessantes.
- É difícil acreditar que uma teoria hermética, como a da relatividade, tenha assumido um ar tão pop - admite Tolmasquim. - A verdade é que ideias como luzes fazendo curvas e o tempo relativo dão boas manchetes de jornal. Além disse, Einstein não ficou restrito ao seu gabinete de trabalho. Ele foi às ruas e expôs suas opiniões, defendendo inclusive o pacifismo.
A oposição à Primeira Guerra Mundial custou hostilidades ao físico em sua passagem pela Argentina, onde ficou por um mês. Imigrantes alemães recusaram-se a recebê-lo. Em seu próprio país, não faltou quem o acusasse de traição. Parceiro do museu americano no Brasil, o Instituto Sangari enriqueceu a exposição com interações criadas por artistas convidados. O desafio é explicar didaticamente as ideias do cientista.
- O público brasileiro é mais ligado à interatividade - assinala Juliana Estefano, gerente de relacionamento do Sangari. - Chamamos artistas renomados para explicar, por exemplo, os buracos negros. Isso é feito por um jogo, em uma mesa multitoque, em que demonstramos como se comportam estas estruturas.
Outro destaque é a máquina do tempo, que exibe como seria a variação da passagem temporal, dependendo da velocidade do visitante, caso ele entrasse em uma nave ultrarrápida ao nascer.
O Museu Histórico Nacional fica na Praça Marechal Âncora, no Centro. De terça a sexta, das 9h às 18h; sábado, domingo e feriados: 14h às 18h. Preços: R$ 14 (aos domingos) e R$ 20. Mais informações pelo telefone 2550-9220 ou pelo sitewww.einsteinbrasil.com.br.
(Renato Grandelle)
(O Globo, 7/4)
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NOTA TRISTE DESTE BLOGGER:
Em agosto de 1939, Einstein enviou carta ao presidente Roosevelt alertando-o para a possível descoberta da bomba atômica pelos alemães e o perigo que isso representava na II Guerra Mundial. Mais tarde foi criado o Projeto Manhattan e em duas bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Ao saber do lançamento da primeira em Hiroshima, Einstein disse: "Woe is me!" [Ai de mim]