Especialistas defendem ação para melhorar ensino de ciência

quarta-feira, abril 14, 2010

JC e-mail 3989, de 14 de Abril de 2010.

4. Especialistas defendem ação para melhorar ensino de ciência

Educação científica foi destaque no último seminário preparatório para a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (4ª CNTCI)

Reunidos em Brasília, especialistas em educação defenderam uma revisão do papel das ciências nas escolas e o fortalecimento da formação de alunos e professores a fim de impulsionar o desenvolvimento do país. As discussões aconteceram na terça-feira (13/4), durante o último seminário preparatório para a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (4ª CNTCI), organizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Para o secretário geral da 4ª CNCTI, Luiz Davidovich, o Brasil tem 20 anos para melhorar o ensino. De acordo com ele, um dos motivos dos baixos índices de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é a baixa qualidade das escolas oferecidas à população mais carente. Ao mudar esse panorama, seria possível alcançar "ciência e tecnologia competitivas a nível internacional".

"A qualificação da educação básica é o maior desafio brasileiro e estamos longe de ter o que é necessário", reforçou o presidente da Capes, Jorge Guimarães.

A vice-presidente da SBPC, Helena Nader, destacou ainda o papel central que a educação desempenha no desenvolvimento do país. "Há uma unanimidade de que a educação é importante para diminuir desigualdades e promover desenvolvimento sustentável. Educação é o eixo estratégico de ciência e tecnologia."

Dado o diagnóstico, os participantes do evento trataram de trazer exemplos de ações que podem mudar o quadro atual de deficiência educacional. Coordenador do seminário, o professor da Universidade de São Paulo (USP), Ernst Hamburger, apresentou o caso do estado de Chicago (EUA), que tinha o pior desempenho escolar daquele país, com um alto índice de evasão escolar. "Lá, eles tinham alunos com as piores notas. O governo, então, implantou um sistema de recuperação do ensino e capacitou os professores para atuarem como orientadores dos alunos. Eles passaram a instigar os estudantes a ter curiosidades principalmente pelo ensino das ciências", destacou.

Na mesma linha, o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Nelson De Luca Pretto, reiterou a necessidade de se tratar o tema ciência não apenas por cientistas. "Deveríamos pensar em um projeto semelhante ao do Ministério da Cultura, que tem os pontos de cultura e criarmos os pontos de ciência. Assim, aproximaríamos esse debate dos estudantes e professores. A ideia é montarmos uma grade de ensino de ciência que articule todos os níveis da educação", disse.

Roseli de Deus Lopes, também professora da USP, destacou a necessidade de se utilizar as tecnologias da informação e comunicação (TICs) como forma de garantir a presença dos alunos em sala de aula. "Atualmente, não é proveitoso apenas colocar laboratórios de informática nas escolas. Precisamos formar nossos professores para que sirvam de mediadores das ações dos alunos. Hoje, a grande maioria das famílias não está preparada para se utilizarem das TICs no ensino de seus filhos. E, por isso, as escolas têm que cumprir esse papel", destacou.

Em sua apresentação, o diretor do Museu da Amazônia (Musa), Ennio Candotti, disse que a educação brasileira ainda enfrenta desafios políticos, sócio-ambientais, culturais e financeiros. Para ele, maiores investimentos no setor resolveriam os problemas da violência e da desigualdade social. Candotti defende uma melhor política econômica que proporcione menos concentração de renda e oportunidades desiguais. "Queria ver o Congresso Nacional discutir a criação de um fundo para a educação com lucros de bancos", disse.

Candotti defendeu ainda a criação das Oficinas de Ciência, Cultura e Artes (Occas). São centros de educação continuada e popularização da ciência, das artes, da cultura e da educação. As Occas oferecem espaços equipados, instrumentos de laboratório, videotecas, bibliotecas, apoio técnico especializado para o ensino e para mostras, eventos culturais, olimpíadas de ciências, computação e matemática.

A 4ª CNCTI, intitulada política de Estado para Ciência, Tecnologia e Inovação com vista ao Desenvolvimento Sustentável, terá suas discussões norteadas pelas linhas do Plano de Ação 2007/2010: Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional, do governo federal, coordenado pelo MCT. O evento acontece de 26 a 28 de maio em Brasília.

(Com informações das Assessorias de Comunicação da Capes e do MCT)

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NOTA CAUSTICANTE DESTE BLOGGER:

Ou estes especialistas não estão inteirados da siuação, ou estão fazendo vista grossa: a questão do conteúdo científico dos livros didáticos ser objetivo e atualizado parece que passou ao largo. Corporativismo ideológico? Em nossos melhores livros-texto de Biologia do ensino médio aprovados pelo MEC/SEMTEC/PNLEM nós encontramos duas fraudes (uma centenária -- os embriões de Haeckel; e outra mais recente -- o melanismo nas mariposas de Manchester [Biston betularia] e várias evidências científicas distorcidas utilizadas para corroborar o fato, Fato, FATO da evolução. O nome disso é 171 epistêmico, e em nada melhora o ensino de biologia evolutiva.