No artigo “Evolução e religião” publicado no Ciência Hoje On-Line (09/10/2009), Sérgio Danilo Junho Pena está defendendo basicamente a hipótese da ancestralidade comum ser verdadeira devido as sequências homólogas de DNA encontradas em várias taxa desde humanos até ao fermento que serve para fabricar ‘o nosso pão e a nossa cerveja’.
Percebe-se nitidamente duas falácias tipo ‘espantalho’ no seu argumento:
1. Ele misturou a teoria do Design Inteligente [TDI] com o criacionismo de Terra jovem. O criacionismo é fundamentado em relatos sagrados de criação. A TDI é fundamentada na informação complexa irredutível (flagelo bacteriano) e informação complexa especificada (DNA) encontradas nas coisas bióticas. A TDI é uma teoria científica minimalista afirmando que certos eventos no universo são melhor explicados por design inteligente, não descartando as leis naturais e nem tampouco a seleção natural.
2. Ele misturou a teoria da evolução de Darwin através da mutação aleatória e a seleção natural com a hipótese da ancestralidade comum.
A TDI não confirma ou contesta a ancestralidade comum. Do mesmo modo, a TDI não confirma ou contesta a idade da Terra. A TDI contesta a noção de que somente leis naturais e o acaso possam explicar toda a organização que nós observamos no universo, particularmente, mas não exclusivamente, a complexidade das coisas bióticas. A TDI contesta a parte aleatória do processo evolutivo de mutações aleatórias filtradas pela seleção natural.
Assim, Pena não está argumentando contra a TDI, mas contra o criacionismo de Terra jovem. Ele nem está argumentando a favor da teoria da evolução (acaso e necessidade) de Darwin. Ele está argumentando a favor da hipótese da ancestralidade comum.
O seu argumento tipo ‘espantalho’ é facilmente refutado. Ele quer saber como, se não for assim, os humanos e fermento podem compartilhar tantas sequências de DNA se não for devido a uma ancestralidade comum. A resposta simples é: através de design comum.
Eu sempre declinei aqui neste blog a minha admiração por Sérgio Danilo Junho Pena, o cientista. Eu serei o mais colegial possível para replicar somente seus argumentos que considero em descompasso com a literatura especializada mais recente.
Ao mestre com carinho!
E seja o que Darwin quiser!