Laços interestelares
16/10/2009
Agência FAPESP – Os primeiros mapas produzidos pela sonda Interstellar Boundary Explorer (Ibex), da Nasa, a agência espacial norte-americana, revelam interações intensas e surpreendentes entre o Sistema Solar e o espaço interestelar.
Primeiros mapas produzidos com dados da sonda Ibex, lançado há um ano pela Nasa, revelam interações surpreendentes que ocorrem na fronteira do Sistema Solar (divulgação)
Lançado em outubro de 2008, o Ibex tem monitorado as interações entre o Sol e o meio interestelar local, ou seja, gás e poeira contidos no vácuo espacial. Ao reunir dados enviados pela missão e combiná-los com informações colhidas pela sonda Cassini, um grupo de cientistas conseguiu obter um retrato de como essas interações ocorrem na heliosfera, a região periférica do Sol prenchida pelo vento solar.
Os mapas resultantes, cujas implicações estão descritas em cinco artigos na edição desta sexta-feira (16/10) da revista Science, mostram a atividade na heliosfera por meio das imagens de átomos energéticos neutros (ENA, na sigla em inglês) que envolvem a região.
Com os mapas, os pesquisadores conseguiram observar uma espécie de laço brilhante produzido pela emissão de ENA que não havia sido previsto por qualquer modelo ou teoria.
A descoberta surpreendente indica que o meio galático se “imprime” facilmente sobre a heliosfera e os autores do estudo sugerem que o laço de ENA pode ter sido causado por interações entre o campo magnético interestelar local e a heliosfera.
Em um dos artigos, Stephen Fuselier, do Centro de Tecnologia Avançada da Lockheed Martin, na Califórnia, e colegas examinam o laço e o descrevem como estreito e extenso. Segundo eles, a energia na formação varia entre 0,2 e 0,6 kiloelectron volts e a atividade dos átomos energéticos neutros é de duas a três vezes maior do que no restante da heliosfera.
“Esperávamos ver variações pequenas e graduais na fronteira interestelar, a mais de 16 bilhões de quilômetros de distância da Terra. Entretanto, o Ibex nos mostra um laço muito estreito e muito mais brilhante do que qualquer outro objeto no céu”, disse David McComas, do Instituto de Pesquisa Southwest, um dos autores do estudo.
Herbert Funsten, do Laboratório Nacional de Los Alamos, e colegas analisam as medidas espectrais da extremidade da heliosfera e descrevem com detalhes inéditos a estrutura e a dinâmica da heliosheath, região da heliosfera que fica entre a heliopausa e o choque de terminação do vento solar.
Ao comparar os dados do Ibex com modelos anteriores da heliosfera, Nathan Schwadron, da Universidade de Boston, e colegas determinaram que nenhum modelo atual é capaz de explicar todas as características que dominam o laço descoberto. Eles apontam que os novos estudos implicarão uma mudança no entendimento sobre a heliosfera e os processos que a formam.
Os artigos podem ser lidos por assinantes da Science em www.sciencemag.org.
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