Os venenos da floresta

segunda-feira, janeiro 11, 2010


Os venenos da floresta

Em conjunto, especialistas do Pará e de São Paulo investigam toxinas de animais da Amazônia

Carlos Fioravanti, de Santarém e Belterra

Edição Impressa 167 - Janeiro 2010



Em dezembro, Hipócrates Chalkidis começou a ir com frequência à Floresta Nacional do Tapajós, próxima à cidade paraense de Santarém, às margens do Tapajós, um dos mais largos afluentes do Amazonas. Chalkidis e um grupo de estudantes de biologia das Faculdades Integradas do Tapajós (FIT) vão enterrar dezenas de baldes para coletar serpentes durante um ano e meio. Os escorpiões e aranhas que caírem nas armadilhas não servirão apenas para ampliar o conhecimento sobre a riqueza biológica da região. Denise Cândido, bióloga do Instituto Butantan, entregou em dezembro para Chalkidis um aparelho portátil de extração de venenos construído por estudantes de engenharia elétrica e professores da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Os venenos alimentarão pesquisas de novas toxinas, em uma das vertentes de um amplo programa de trabalho que há quatro anos tem aproximado especialistas do instituto paulista e os de centros científicos e médicos do Pará.


© INSTITUTO BUTANTAN/ANTONIO COR DA COSTA
Habitante da Amazônia: cascavel (Crotalus durissus)

Com sorte Chalkidis e sua equipe coletarão vários exemplares do escorpião-preto do Pará, o Tityus obscurus. Todo negro, com até nove centímetros de comprimento, ele causa a maioria dos 1.300 casos anuais notificados de picadas de escorpiões na Região Norte. Com mais bichos à mão, a equipe do Butantan poderá trabalhar mais rapidamente para resolver o que ainda é um mistério: o soro do instituto paulista, feito contra o veneno do Tityus serrulatus, parece não ser capaz de neutralizar os efeitos do veneno do escorpião-preto de Santarém sobre o sistema nervoso, embora seja eficaz contra a ação neurotóxica do escorpião-preto de Belém, capital do Pará. “Podem ser espécies diferentes, ainda que morfologicamente idênticas”, cogita o biólogo do Butantan Antonio Brescovit. Na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, Pedro Pardal estuda a genética dos escorpiões para saber o que de fato os diferencia.
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