Pós-graduando brasileiro ganha prêmio internacional de química

quinta-feira, novembro 19, 2009

JC e-mail 3893, de 19 de Novembro de 2009.

19. Pós-graduando brasileiro ganha prêmio internacional de química

Película com ação bactericida vence competição nos Estados Unidos

Thiago Sequinel, aluno de pós-graduação do Instituto de Química da Unesp, campus de Araraquara, recebeu o primeiro prêmio do "Idea to Product" (Da ideia ao produto), competição internacional que reúne, anualmente, nos Estados Unidos, representantes de algumas das mais importantes instituições de ensino do mundo.

Ele desenvolveu, após anos de pesquisa, um material com forte poder bactericida que pode ser aplicado, de maneira indelével, a qualquer superfície - cerâmica, madeira, vidro, plástico.

Para receber a distinção - um troféu e US$ 10 mil -, Sequinel venceu inscritos de outras 15 universidades da Ásia, Europa, América do Norte e América do Sul - um feito inédito no país.

O trabalho consiste, basicamente, na criação de uma metodologia para a formação de uma delgada película de óxido de titânio, elemento inorgânico altamente estável que é bactericida. O diferencial, aqui, foi a obtenção do mesmo produto por meio de um método mais simples e mais barato. "Conseguimos boas respostas trabalhando com temperaturas relativamente baixas, em torno de 400ºC, e com alta pressão", explica Sequinel.

Os resultados foram maior qualidade da película, chamada de "filme fino", maior aderência à superfície a que for aplicada e maior tempo de vida.

Iniciada na Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR), sob a orientação do professor Sergio Tebcherani, ainda na graduação, a pesquisa de Sequinel foi sendo aprimorada até chegar ao IQ, no campus de Araraquara.

"Thiago tem tudo para se tornar um grande cientista", diz José Arana Varela, diretor executivo da Agência Unesp de Inovação e orientador, com Elson Longo e Tebcherani, do doutorado de Sequinel. "Ele tem idéias, é independente, indagativo e sabe buscar o conhecimento."

Para Varela, a premiação foi muito importante não só para a Unesp, mas para todo o país: "Mostrou que podemos, sim, competir em pé de igualdade com qualquer outro país, seja ele Alemanha, Japão, Itália ou Estados Unidos".

Os próximos passos na condução da pesquisa, que já tem registro de patente depositado no Brasil, é a adaptação do processo para uso prático em grande escala e a investigação do potencial dessa técnica para outros fins.

Sequinel já foi procurado por empresas do setor de cerâmica interessadas no licenciamento do projeto. De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer), o setor tem um potencial de US$ 20 bilhões no Brasil e US$ 26,5 bilhões nos Estados Unidos.

Competição

Organizada em São Paulo pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em setembro deste ano, o "Idea to Product Latin America" é uma espécie de vestibular para a versão global da disputa. Na Escola de Engenharia da Universidade do Texas, em Austin, o trabalho de Sequinel foi julgado por uma banca de especialistas, todos norte-americanos, de áreas como engenharia, economia, química, física e medicina, além de representantes do setor privado.

A segunda colocação ficou com a Escola de Negócios de Estocolmo, Suécia, e a terceira, com a Universidade do Colorado, EUA. "A competição tem como objetivo encurtar o caminho entre a invenção e a inovação para o uso da sociedade", diz René Fernandes, diretor de projetos do Centro de Empreendedorismo e novos Negócios da FGV.
(Com informações do Portal da Unesp)