Na cabeça e na vida de muitos darwinistas, o Origem das Espécies de Darwin ainda não caiu

segunda-feira, novembro 09, 2009

NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

Mudei de propósito o título do artigo. Razão? Em 1980, Stephen Jay Gould declarou: a Síntese Moderna Evolutiva é uma teoria científica morta que posa como ortodoxia somente nos livros didáticos.

Traduzindo em graúdos: a Nomenklatura científica sabe desde 1980 que Darwin não fecha as contas epistêmicas num contexto de justificação teórica, mas mesmo assim a Nomenklatura científica engabela os alunos sobre o fato, Fato, FATO da evolução, abordando nos livros didáticos de Biologia do ensino médio como se fosse ortodoxia científica.

NADA MAIS FALSO e inconcebível entre aqueles que são conhecidos como perseguidores objetivos da verdade.

Mas o que é uma mentira em nome de Darwin, não é mesmo???


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08/11/2009 | Yetlaneci Alcaraz | Berlim
Na cabeça e na vida de muitos alemães, o muro de Berlim ainda não caiu

Conheça dois alemães, um do Leste e um do Oeste, que 20 anos após a reunificação, guardam os alicerces dos mundos opostos de onde vieram. Assim como tantos outros

“Minha vida de criança e adolescente na República Democrática Alemã (RDA) foi feliz. Nunca questionei o fato de viver sob um regime 'especial'. Tudo o que me rodeava era segurança: meus pais e as pessoas em geral viviam tranquilos porque tinham um trabalho seguro e estável. Não ganhavam muito dinheiro, mas era o suficiente para viver bem. Também nunca faltou comida. Realmente não havia muita variedade, pois existiam apenas duas marcas de iogurte, duas de sorvete, mas sempre houve comida”. Quem conta é Doreen Linke, alemã de 35 anos nascida na cidade de Altenburg, no estado da Turíngia, na então Alemanha Oriental.

Rainier Jenses/EFE

Instalação de luz no portão de Brandemburgo, para as comemorações dos 20 anos da derrubada do Muro de Berlim

“Quando era criança, sempre soube que havia gente do outro lado que falava como nós – quer dizer, o mesmo idioma –, que eles tinham algumas coisas em comum conosco, mas que, apesar disso, eram maus. Nos Jogos Olímpicos ou em algum mundial de atletismo, eu sempre queria que ganhássemos deles, pois pela minha lógica nós éramos os bons e eles, os malvados. Não sabia por que, mas meu sentimento era esse”. É assim que Dirk Rott, alemão de 41 anos, descreve suas primeiras impressões sobre a Alemanha Oriental, tidas enquanto crescia na cidade de Waiblingen, no estado de Baden-Württemberg, no sudoeste da antiga Alemanha Ocidental.

Doreen e Dirk não têm nada em comum. Na casa de Doreen, o telefone e o carro chegaram depois que ela completou 15 anos. Dirk viajava de férias com a família para o exterior pelo menos uma vez por ano: Suíça, Itália, Holanda... O pai de Doreen era mineiro e a mãe, professora de um jardim de infância. O pai de Dirk era engenheiro e a mãe, dona de casa. Doreen abandonou a carreira no balé no meio e só aprendeu a profissão de doceira; há dois anos, decidiu entrar no ensino médio, que concluirá daqui a um ano. Dirk, por sua vez, estudou administração, fez estágios no exterior e hoje trabalha na empresa de software Oracle.

Hoje, os dois compartilham o mesmo mundo e a mesma cidade: Berlim. No entanto, de modo inconsciente, segundo eles mesmos, permanecem em seu interior os alicerces destes mundos diametralmente opostos de onde vieram, e que os impedem de se identificarem um com o outro, embora em seus passaportes apareça o nome de um só país: Alemanha.

Dirk e Doreen (foto abaixo) são apenas dois entre centenas de milhares de casos semelhantes na Alemanha, 20 anos depois da queda do muro que dividia o país em dois.

Um país desigual

Mas as diferenças que ainda existem entre os dois mundos não se refletem apenas na história de vida de seus habitantes. Os números também as revelam.

A renda mensal dos habitantes continua bastante desigual. Segundo o Departamento Federal de Estatísticas, a renda mensal média no oeste do país é de 3.213 euros (3.413 para os homens e 2.724 para as mulheres), enquanto no leste é de 2.413 euros (2.447 para os homens e 2.357 para as mulheres).

A diferença salarial quase nula entre homens e mulheres do leste se deve ao fato de que, tradicionalmente, as alemãs orientais têm um alto nível de capacitação, o que as coloca no mesmo nível dos homens. "Diferentemente do oeste, no leste praticamente todas as mulheres trabalhavam e tinham formação muito boa. Em segundo lugar, realizavam trabalhos que tradicionalmente são exclusivos dos homens, como por exemplo dirigir tratores e caminhões. Esta diferença ainda é palpável nos dias de hoje", explica o pesquisador Jochen Staadt, diretor de projetos do Centro de Estudos sobre o Estado e o SED, da Universidade Livre de Berlim. No oeste do país, por outro lado, muitas mulheres continuam desempenhando o tradicional papel de donas-de-casa.

Mas a diferença salarial entre leste e oeste persiste, e há quem a justifique citando o custo de vida dos dois lados do país. De acordo com um estudo da Universidade de Kassel, os alimentos e bens de consumo no leste são 6,5% mais baratos do que no oeste. E, em relação ao preço do aluguel por metro quadrado, a ocidental Munique, por exemplo, é 25% mais cara do que a oriental Leipzig.

Isso não compensa a diferença. Nos níveis de desemprego, a situação continua muito desigual. Os últimos dados oficiais indicam que, em 2008, o índice de desemprego era de 13,1% no leste e 6,4% no oeste - uma diferença ainda significativa.

Tampouco é possível homogeneizar o país nos temas de saúde. A mortalidade por doenças cardiovasculares, por exemplo, é quase o dobro no estado oriental de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental do que no ocidental Baden-Württemberg. Os dados do Instituto de Medicina Social da faculdade Charité, de Berlim, também indicam que, na Saxônia-Anhalt e na Turíngia, no leste, morrem mais pessoas de ataque cardíaco do que na Baviera, no sul.

"Depois da reunificação alemã, o governo investiu bilhões de euros na reconstrução de cidades do leste. Ainda hoje, 20 anos depois, cada alemão que trabalha deve pagar um tributo especial chamado de 'imposto solidário', destinado exclusivamente à reconstrução do novo país", explica Jochen Staadt, diretor de projetos do Centro de Estudos sobre o Estado e o SED, da Universidade Livre de Berlim.

"Agora há povoados no oeste onde as pessoas pedem o fim do investimento no leste, pois já existe até infraestrutura melhor naquele lado. Assim, muito dinheiro foi investido e o nível de vida já é muito melhor do que nos tempos da RDA", continua Staadt. "Mas o fato é que, emocionalmente e na questão da identificação com o sistema da República Federal, ainda há muita gente insatisfeita e que considera a época anterior melhor".

Realidades opostas

Para Doreen Linke, a época da RDA é tão distante que parece pertencer a uma vida anterior. No entanto, ela não deixa de se lembrar: "Minha família não se interessava pela política e, como não tínhamos parentes do outro lado, sempre vivemos muito tranquilos. Minha vida era muito ocupada pela escola e por uma infinidade de atividades como a dança e o esporte." O sistema educativo e de assistência social a bebês e crianças da RDA é um dos raríssimos acertos do antigo regime socialista reconhecidos no Ocidente.

A queda do Muro de Berlim e a reunificação pegaram Doreen em plena adolescência. Mas o novo horizonte prometido a todos pelas autoridades não mudou seu destino radicalmente. Um ano antes, em 1988, ela se mudara para a cidade de Dresden, capital da Saxônia, para se tornar bailarina na reconhecida – e rígida – Balletschule. Suportou a disciplina férrea da escola por dois anos, apenas. Começou a sofrer transtornos alimentares ao tentar cumprir o requisito de ser magra ao extremo e acabou desistindo.

"Então veio a queda do muro e fiz minha primeira viagem a Berlim", conta. "Com uma amiga, entrei pela primeira vez na parte ocidental. Minha única lembrança é que tínhamos fome e comemos a primeira comida barata que encontramos: um dönner kebab" (sanduíche turco com carne de carneiro, às vezes chamado de “churrasco grego”).

Passados os dias de euforia, Doreen voltou para o coração do leste e, durante muitos anos, apesar da reunificação, não conviveu com alemães ocidentais. "Não os procurávamos e eles tampouco nos procuravam", resume.

Os anos posteriores à queda do muro foram duros: seu pai, que trabalhara como mineiro durante 20 anos, perdeu o emprego. De um dia para outro, deixou de ser útil, pois as minas de urânio em que trabalhava foram fechadas. Ele nunca se recuperou do golpe. "Não voltou a ser ele mesmo. Seu jeito alegre de sempre desapareceu e ele se tornou um homem depressivo", conta Doreen. Ela, por sua vez, teve de começar a ganhar a vida. Como a grande maioria dos jovens, conseguiu se incorporar ao novo mundo: trabalhando em um hotel de Dresden, aprendeu o ofício de confeiteira, do qual vive até hoje.

Já a vida de Dirk Rott quase não foi afetada pela reunificação. Depois de várias viagens à RDA, sua visão sobre a maldade do povo alemão oriental mudou. "Quando cresci, visitei o lado leste em várias ocasiões. Minha percepção deste país deixou de ser tão radical. Passei a vê-lo como um país muito atrasado, com pessoas muito tristes, mas não más, que aceitavam seu destino. Além disso, entendi que, de algum modo, eles eram parte de nós", afirma. Dirk continuou a viver no sul da Alemanha, sem maior contato com os novos concidadãos.

Questões de trabalho o trouxeram para Berlim há sete anos. Hoje, ele mora na parte ocidental da cidade, no bairro de Charlottenburg, e raramente visita os bairros orientais. Doreen chegou a morar em Berlim há cinco anos, também por razões de trabalho. Ela se instalou na parte da cidade onde fica mais à vontade, no leste, em Prenzlauerberg. Não fossem as aulas de tango que frequenta em Kreuzberg, era raramente visitaria o lado oeste da cidade.

"Na minha geração, ainda existe um muro psicológico entre nós. O povo do oeste tem preconceitos em relação ao povo do leste. Eles acham que não gostamos de trabalhar e que sempre queremos viver do Estado. Os do leste, por sua vez, continuam achando que os do oeste são arrogantes, fechados e pouco solidários. E continuará assim até que, nas próximas gerações, as lembranças do leste não existam mais", diz Doreen.

"Quanto tempo levou para que os Estados Unidos superassem as diferenças entre norte e sul? É a mesma coisa aqui. A divisão continuará, mas as futuras gerações crescerão livres desses preconceitos", prevê Dirk, otimista.