As críticas precárias de Marcelo Leite (Folha de São Paulo) contra a teoria do Design Inteligente

domingo, novembro 15, 2009


Introdução

Eu não vou abordar a defesa feita por Hugh Lacey do “pluralismo” advogado por Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente sobre o ensino do criacionismo em aulas de ciências, e atacado (sic) por Marcelo Leite na Folha de São Paulo, com o texto “O criacionismo de Marina”. Apenas eu vou me ater e rebater tão-somente às costumeiras afirmações e críticas infundadas sobre a teoria do Design Inteligente que vemos na Grande Mídia, e especialmente as críticas de Marcelo Leite (Um outro muro, FSP, 08/11/2009).

Eu também não vou ser Advogado do Diabo dos criacionistas, pois eles têm gente muito mais capacitada do que eu para defender suas posições. Naquele artigo, Leite colocou a sociedade diante de um dilema: situação Catch-22 sobre o pluralismo das ideias nas escolas públicas.

Eu vou aproveitar o gancho das comemorações dos 150 anos do Origem das Espécies para apresentar ‘o longo argumento’ das razões por que a TDI é uma teoria científica.

1. Pluralismo das ideias

“Pluralismo sempre é bom”, disse Leite. Ponto a favor dele. Numa sociedade aberta e democrática, o pluralismo é muito bom e bem-vindo. Em ciência também, pois é somente através do debate de ideias que a ciência avança. Mas, há um paradoxo latente na declaração de Leite: ele se opõe visceralmente ao debate da plausibilidade científica da teoria do Design Inteligente em aulas de ciência e na mídia.

“Não [o pluralismo não é bom], contudo, se criar mais confusão nas poucas e deficientes aulas de ciência para nossos meninos.” Ponto contra Leite, pois atribuiu a deficiência das aulas de ciência aos professores, e considerou todos os alunos do ensino médio como intelectualmente incapazes de poderem assistir uma aula objetiva de ciências. É inadmissível que um jornalista de expressão como Leite tenha afirmado que os alunos do ensino médio não são capazes de distinguir a mão direita da esquerda, entre o certo e o errado, entre o plausível e o implausível cientificamente.

Em quase todos seus artigos científicos Leite associa a doutrina criacionista com o “design inteligente” (DI), e este último como sendo uma versão [leia-se criacionista] pseudocientífica. Segundo Leite, elas não se qualificariam para discussão racional na sala de ciências pela incapacidade de produzirem afirmações sobre fenômenos que possam ser corroboradas ou negadas por fatos observáveis, e que se for para evidenciar essa deficiência, ele não vê problema nenhum debater o criacionismo e o DI nas aulas de ciências.

A afirmação de Leite tem ranços de neopositivismo e demarcacionismo epistemológico reducionista pra dar e vender. Só que démodé. Très démodé, cherie! Eu vou citar apenas uma afirmação, entre muitas, feita pelos criacionistas capaz de ser corroborada ou negada por fatos observáveis: alguns dizem que a Terra tem uns 10 mil anos de existência. Ora, esta é uma afirmação fenomenológica feita pelos criacionistas de Terra jovem que pode ser corroborada ou negada por fatos observáveis.

Leite ‘adora’ equiparar a teoria do Design Inteligente como “criacionismo” e rotulá-la de “pseudocientífica”. Pela enésima vez explico o que é criacionismo e o que é teoria do Design Inteligente. A teoria do Design Inteligente não é criacionismo disfarçado pelas seguintes razões:

O criacionismo científico [CC] está comprometido com as seguintes proposições derivadas de textos sagrados:

CC 1: Houve uma súbita criação do universo, da energia e da vida ex-nihilo.

CC 2: As mutações e a seleção natural são insuficientes para realizar o desenvolvimento de todos os tipos de vida a partir de um único organismo.

CC 3: Mudanças dos tipos de animais e plantas originalmente criados ocorrem somente dentro de limites fixados.

CC 4: Há uma linhagem ancestral separada para humanos e primatas.

CC 5: A geologia pode ser explicada pelo catastrofismo, principalmente pela ocorrência de um dilúvio mundial.

CC 6: A Terra e os tipos de vida são relativamente recentes (na ordem de milhares ou dezenas de milhares de anos).

Segundo a definição de ciência de Leite, estas afirmações fenomenológicas criacionistas podem ser debatidas em sala de aulas de ciência para serem verificadas corroboradas ou negadas por fatos observáveis encontrados na natureza.

A teoria do Design Inteligente está comprometida com as seguintes proposições derivadas da natureza:

TDI 1: A complexidade especificada e a complexidade irredutível são indicadores ou marcas seguras de design.

TDI 2: Os sistemas biológicos exibem complexidade especificada e empregam subsistemas de complexidade irredutível.

TDI 3: Os mecanismos naturalistas ou causas não-dirigidas são insuficientes para explicar a origem da complexidade especificada ou da complexidade irredutível.

TDI 4: Por isso, o design inteligente é a melhor explicação para a origem da complexidade especificada e da complexidade irredutível em sistemas biológicos.

Segundo a definição de ciência de Leite, estas afirmações fenomenológicas da TDI também podem ser debatidas em sala de aulas de ciência para serem verificadas corroboradas ou negadas por fatos observáveis encontrados na natureza.

2. Mas, o que é ciência?

Historiadores e filósofos de ciência não concordam sobre como definir a ciência. Na filosofia da ciência isso é conhecido como o problema da demarcação: como definir a ciência e distingui-la da pseudociência, metafísica, história, religião ou outras formas de pensamento ou inquirição.

Uma definição do que é ciência, em si mesma, nada diz sobre a verdade das afirmações competidoras, mas somente como classificá-las: afirmações filosóficas, históricas ou religiosas.

O termo ciência tem a conotação de um método experimental e empírico rigoroso de se estudar a natureza. Os críticos da TDI insistem na afirmação de que a nossa teoria não é testável, e por esta razão não é rigorosa e nem científica.

2.1 Ciências diferentes, métodos científicos diferentes

Há ciências que realizam experimentos em laboratórios, outras não. Algumas ciências nomeiam, classificam e organizam os objetos naturais. Outras ciências procuram descobrir leis naturais. Algumas procuram reconstruir eventos passados. Há ciências que procuram formular explicações causais dos fenômenos naturais. Outras fornecem descrições matemáticas desses fenômenos. Algumas ciências constroem modelos.

Algumas ciências explicam os fenômenos gerais ou repetíveis referindo-se a leis naturais ou a teorias gerais. Outras estudam eventos únicos ou particulares, e procuram explicá-los através de eventos (causais) passados.

Há teorias que são corroboradas no contexto de justificação teórica através das predições. Outras, pela afirmação do seu poder de explicação. Há outras que são corroboradas pela sua robustez epistêmica de explanação e predição.

Alguns métodos de investigação científica envolvem a verificação direta, outros envolvem métodos mais indiretos de testes. Alguns testam as teorias isolando-as de hipóteses competidoras. Outros testam as teorias comparando o sucesso de predição e de explanação de hipóteses competidoras. Algumas áreas de ciência formulam conjeturas que ainda não podem ser testadas.

Há ciências que estudam somente o que pode ser observado. Outras fazem inferências sobre entidades que não podem ser observadas. Algumas ciências raciocinam dedutivamente, outras intuitivamente e até abdutivamente. Há ciências que usam os três modos de inferência.

Algumas ciências usam o método hipotético-dedutivo, e há outras que usam o método de múltiplas hipóteses competidoras. É por isso que os filósofos de ciência desconsideram as tentativas de demarcação ou definição de ciência referindo-se somente a um único método.

2.2 Uma definição tentativa de ciência

A ciência é “um método sistemático particular de se estudar a natureza envolvendo observação, experimentação e/ou raciocinar sobre os fenômenos.”

2.3 Características lógico-metodológicas da TDI

A TDI é uma teoria científica que, assim como a teoria da evolução, investiga as causas de eventos particulares ocorridas no passado remoto. Stephen Jay Gould nomeou estas ciências como ciências históricas.

Ernst Mayr, considerado o “Darwin do século XX”, também afirmou ser a biologia evolucionista uma ciência histórica, sendo muito diferente das ciências exatas no seu quadro conceitual e na sua metodologia. Sendo uma ciência histórica, ela lida com fenômenos únicos como a extinção dos dinossauros, a origem dos seres humanos e das novidades evolutivas, a explicação de tendências e taxas evolutivas e a explicação da diversidade orgânica.

Mayr salientou que não há meio de explicar esses fenômenos com leis (como nas ciências exatas), e que os experimentos são geralmente inapropriados para responder as questões evolutivas. Sem esta plataforma heurística dura e segura, Mayr disse que a biologia histórica introduziu um notável e novo método heurístico: as narrativas históricas. As chamadas ‘just-so stories’.

Segundo a definição de ciência neo-positivista, demarcacionista reducionista de ciência de Leite, será que a biologia evolucionista qualificaria como ciência? Pense bem antes de responder. Uma ajuda: Leite afirmou que uma teoria somente é científica se tiver a capacidade de produzir afirmações sobre fenômenos que possam ser corroboradas ou negadas por fatos observáveis.

Como fazer isso com as ‘narrativas históricas’, se Mayr disse não haver leis evolutivas e nem como realizar experimentos sobre a extinção dos dinossauros e a origem dos seres humanos? Não temos como corroborar nem negar por fatos observáveis. Segundo a definição restrita de ciência de Leite, a biologia evolutiva não seria ciência. A maior ideia que a humanidade já teve não é uma ideia científica? Pereça tal pensamento!

3. As razões por que a TDI é uma teoria científica

Entre as diversas razões pelas quais a TDI é uma teoria científica, destacamos seis:

3.1 O caso da TDI é baseado em evidências empíricas

Ao contrário do afirmado pelos críticos, os teóricos da TDI elaboraram argumentos empíricos específicos para apoiá-la.

A. A descoberta da informação digital na célula.

B. Complexidade irredutível em máquinas e circuitos moleculares.

C. O padrão de surgimento dos principais grupos de organismos no registro fóssil (necessidade de grandes quantidades de informação genética).

D. O ajuste fino das leis e constantes da Física.

E. O ajuste fino de nosso ambiente terrestre.

F. O sistema de processamento de informação da célula.

3.2 Os proponentes da TDI usam métodos científicos estabelecidos

São dois os métodos sistemáticos de raciocínio científico que estabelecem os critérios para se determinar o design inteligente:

3.2.1 O método de múltiplas hipóteses competidoras

É o método utilizado para se determinar a melhor inferência que explique quando a evidência observada apóia uma hipótese.

A inferência de design inteligente é a melhor explicação para a origem da informação biológica. As atuais teorias da origem e evolução da vida não explicam esta origem.

3.2.2 O filtro explanatório de Dembski.

No livro The Design Inference, Dembski estabelece os critérios pelos quais sistemas com características de design inteligente podem ser identificados: tipos de padrões e assinaturas de probabilidades exibidas.

Baseado nesses critérios, Dembski desenvolveu um procedimento de avaliação comparativa: o filtro explanatório. O filtro explanatório guia a análise e o raciocínio sobre os objetos e artefatos naturais e ajuda os pesquisadores decidir entre três tipos de explicação: acaso, necessidade e design.

3.3 A TDI é uma teoria científica testável

Muitos cientistas e filósofos de ciência pensam que a capacidade de se sujeitar teorias a testes empíricos é um aspecto importante de qualquer método científico de pesquisa.

Ao contrário do afirmado pelos críticos, a TDI é testável em diversas maneiras interrelacionadas:

Como outras teorias científicas que explicam eventos do passado remoto, a TDI é testável comparando-se a sua capacidade explanatória com aquelas de teorias competidoras. Ex.: A TDI explica melhor a origem da informação biológica do que as atuais teorias da origem e evolução da vida.

A TDI é testada contra o nosso conhecimento da estrutura de causa e efeito do mundo. A experiência nos ensina que a única causa conhecida de informação especificada e digitalmente codificada é um agente inteligente.

A TDI foi submetida aqui a dois testes: da existência causal e da existência da causa.

Embora teorias científicas históricas tipicamente não façam predições que possam ser testadas em condições controladas de laboratórios, algumas vezes elas geram predições discriminadoras sobre o que alguém deve encontrar no mundo natural.

A TDI gerou um número dessas predições empíricas discriminadoras.

A. O tão chamado DNA lixo (o DNA que não codifica proteínas encontrado nos genomas de organismo unicelulares e plantas e animais multicelulares). A TDI prediz que a maioria das sequências não codificantes no genoma deve realizar alguma função biológica, mesmo que não dirija a síntese da proteína.

Em 1998, Dembski predisse que “em uma visão evolutiva, nós esperamos bastante DNA inútil. Se, por outro lado, os organismos exibem design, nós esperamos que o DNA, o tanto quanto possível, exiba função.”

A descoberta recente de que o DNA que não codifica proteínas realiza uma diversidade de funções biológicas importantes confirmou esta predição da TDI.

Algumas funções do DNA lixo:

1. Regula a replicação do DNA.

2. Regula a transcrição.

3. Marca os locais para reorganização programada de material genético.

4. Influencia o próprio dobramento e manutenção dos cromossomos.

5. Controla as interações dos cromossomos com a membrana nuclear (e matriz).

6. Controla, edita e encaixa o processamento do RNA.

7. Modula a tradução.

8. Regula o desenvolvimento embriológico.

9. Conserta o DNA.

10. Ajuda na imunodefesa ou combate de doenças.

Resumindo, as regiões não codificantes de proteínas do genoma funcionam bastante semelhantes como um sistema operacional de computador dirige o uso da informação contida em vários programas armazenados no computador.

3.4 O caso da TDI exemplifica o raciocínio histórico-científico

As ciências históricas (como a teoria da evolução de Darwin e a TDI) tentam reconstruir o passado e explicar a evidência presente referindo-se a causas passadas em vez de tentar classificar ou explicar as leis e propriedades inalteráveis da natureza.

Geralmente, elas se diferenciam pela referência de quatro critérios:

A. Um objetivo histórico distinto

As ciências históricas focalizam nas questões do tipo “O que aconteceu?” ou “O que causou o surgimento deste evento ou característica natural?” em vez de questões do tipo “Como a natureza geralmente opera ou funciona?” ou “O que causa a ocorrência deste fenômeno geral?”

A TDI tenta responder sobre o que causou o surgimento de certas características no mundo natural como, p. ex., a informação especificada digitalmente codificada presente na célula.

B. Uma forma de influência distinta

As ciências históricas usam inferências com uma forma lógica distinta.
Diferentemente das ciências não históricas (tipicamente inferem generalizações ou leis de fatos particulares (indução), as ciências históricas empregam a lógica abdutiva para inferir um evento passado de um fato ou pista presente.

Essas inferências também são chamadas de retroditivas. Stephen Jay Gould afirmou que o cientista histórico infere “a história a partir de seus resultados”.

A TDI infere uma causa passada inobservável (a ação ou agência criativa de uma mente) a partir de fatos ou pistas presentes no mundo natural: a informação complexa especificada do DNA, a complexidade irredutível de certos sistemas biológicos e o ajuste fino das leis e constantes da física.

C. Um tipo de explicações distinto

As ciências históricas oferecem explicações causais de eventos particulares e não descrições tipo leis ou teorias explicando porque certos tipos de fenômenos geralmente ocorrem. Nas explicações históricas, os eventos causais passados, e não as leis ou propriedades físicas gerais, é que realizam o trabalho de explicação.

A TDI oferece esta forma histórica distinta de explicação: invocamos a ação de um agente e concebemos aquele ato como um evento causal, mesmo que mental em vez de entidades puramente físicas.

Nós postulamos um evento passado causal (ou sequência de eventos) para explicar a origem da evidência ou pistas presente do mesmo modo que fazem as teorias de evolução química.

D. O uso do método de múltiplas hipóteses competidoras

Os cientistas históricos geralmente não testam as hipóteses conferindo a exatidão das predições que eles fazem sob condições controladas de laboratório. Antes, eles usam o método de múltiplas hipóteses competidoras para testar as hipóteses, comparando seu poder explanatório contra os de suas competidoras.

Resumindo, a TDI procura responder questões caracteristicamente históricas apoiando-se em inferências abdutivas/retroditivas, postulando eventos causais passados como explicações da evidência presente, e ela é testada indiretamente comparando-se seu poder explanatório com aquele de teorias competidoras.

3.5 A TDI aborda uma questão específica em biologia evolutiva

A TDI aborda a questão principal que tem sido parte da biologia histórica e evolutiva: Como surgiu a aparência de design nos sistemas vivos?

Tanto Darwin e biólogos evolutivos como Francisco Ayala, Richard Dawkins e Richard Lewontin reconhecem que os organismo biológicos parecem ter design intencional.

A aparência de design é considerada ilusória porque os darwinistas estão convencidos de que o mecanismo de seleção natural (e outros mecanismos evolutivos) agindo sobre variações aleatórias é capaz de explicar a aparência de design nas coisas bióticas.

A aparência de design em biologia é real ou ilusória? Há duas respostas possíveis para esta questão científica:

1. A resposta do darwinismo clássico: “A aparência de design na biologia não resulta de design verdadeiro.” Esta resposta tem sido considerada uma proposição científica.

2. A resposta da TDI: “A aparência de design na biologia resulta de design verdadeiro.”

A negação de uma proposição não a torna um tipo diferente de afirmação: a afirmação proposta pela TDI de que o design nas coisas bióticas é real, é uma resposta àquela proposição científica.

Se a primeira é científica, então a segunda também é.

3.6 A TDI é apoiada em literatura com revisão por pares

Os críticos e oponentes da TDI frequentemente afirmam que os seus teóricos e defensores nunca publicaram seus trabalhos em publicações científicas com revisão por pares. Por esta razão, a TDI não qualifica como teoria científica.

Vamos ouvir o outro lado? Estas são algumas dessas publicações com revisão por pares dos teóricos e proponentes da TDI:

1. Michael Behe, A Caixa Preta de Darwin, Rio de Janeiro, Zahar, 1997.

2. William Dembski, The Design Inference, Cambridge University Press, 1998.

3. Vide cinco artigos propondo a TDI no livro Darwinism, Design and Public Education, Lansing, Michigan State University Press, 2003. Stephen Meyer e John Angus Campbell, editores.

4. Vide quatro artigos defendendo as teses da TDI no livro Debating Design: from Darwin to DNA. Cambridge University Press, 2004. William Dembski e Michael Ruse, editores.

5. Vide lista das publicações de artigo sobre a TDI com revisão por pares publicada pelo Discovery Institute.

Quantos artigos são necessários para que uma idéia ou teoria seja considerada científica?

Um tribunal de justiça determina agora o que é científico ou não?

Os artigos propondo novas idéias ou teorias científicas geralmente são barrados pelo conselho editorial de publicações científicas. Geralmente a razão apresentada é que a idéia ou teoria nunca teve artigos científicos com revisão por pares publicados. Quando são publicados, os editores sofrem sanções. Vide o caso do biólogo evolucionista Richard Sternberg (dois doutorados em Biologia evolutiva) que perdeu o cargo no Smithsonian Institute.

Mesmo quando artigos sobre a TDI são publicados com revisão por pares, os críticos e oponentes dizem que a idéia de design é inerentemente acientífica.

A verdade de uma teoria não é determinada ou garantida pelo lugar ou procedimentos que se seguem à sua publicação.

Muitas teorias científicas importantes foram desenvolvidas e publicadas sem revisão por pares.

Embora o sistema de revisão por pares seja um procedimento útil e necessário para o avanço da ciência, ele também pode ser utilizado para a manutenção e conformação de uma ideologia, e assim resistir a novos insights teóricos.

A História da Ciência está repleta de exemplos de cientistas de renome que rejeitaram novas teorias que mais tarde se mostraram mais competentes em explicar a evidência do que as teorias paradigmáticas.

Assim sendo, não é surpreendente e nem provoca danos à TDI a rejeição atual de sua plausibilidade científica por cientistas e publicações científicas.

4. Considerações finais

Conforme vimos neste artigo, o álibi de Marcelo Leite (Folha de São Paulo) contra a TDI é demasiadamente precário; a TDI não é criacionismo, nem é pseudociência e qualifica como teoria científica dependendo da definição do que é ciência para decidir a questão.

Pelo que vimos en passant sobre a prática metodológica especializada das ciências históricas, existem razões suficientes (a teoria da evolução de Darwin é uma teoria científica de longo alcance histórico) para se considerar a TDI uma teoria científica.

Artigo ligeiramente modificado de palestra baseada no livro Signature in the Cell, de Stephen Meyer, apresentada na IV JAIB - UCDB - UFMS – UNIDERP - Campo Grande – MS - 01/09/09.

Pela primeira vez no Brasil, alunos de Biologia de universidades pública e privadas tiveram a ousadia de convidar um defensor da TDI para expor sua plausibilidade científica e participar de uma mesa-redonda sobre o status epistêmico da atual teoria da evolução, pois queriam ‘ouvir o outro lado’ que eles nunca ouviram. A coragem desses jovens para este convite enfrentou a resistência da Nomenklatura científica naquelas universidades que era contra.

Falta isso na grande mídia onde a máxima para o ‘pluralismo’ de debate de ideias é, lamentavelmente, ‘Não damos espaço’!