Afinal de contas, a seleção natural é mesmo um mecanismo evolutivo criativo?

quinta-feira, outubro 07, 2010






O biólogo evolucionista John A. Endler destacou no seu livro Natural Selection in the Wild, publicado na insignificante Princeton University Press (1986):


"… existem seis lacunas principais em nosso conhecimento e entendimento da seleção natural…" 1

"… thee are six major gaps in our knowledge and understanding of natural selection”:

(1) Por que ocorre a seleção natural?

(2) Como ocorre?

(3) Quais tipos de características são mais prováveis de serem afetados?

(4) Quais são os efeitos da seleção natural simultânea de muitas características e das interações entre elas?

(5) Quais são as dinâmicas evolucionárias das características selecionadas?

(6) Os gêneros que são mais inclinados a exibir a seleção natural são também aqueles que atualmente estão exibindo radiação mais rapidamente? 2

Endler fez estas perguntas em 1986, mas os debates sobre a capacidade evolucionária criativa da seleção natural somente aumentou entre os biólogos evolucionistas. Já que você não vê isso sendo debatido livremente nas universidades públicas e privadas, que tal dar uma olhada na literatura especializada de renome?

Um artigo publicado na Trends in Ecology and Evolution em 2008 reconheceu a existência de um "debate saudável concernente à suficiência de teoria neodarwinista em explicar a macroevolução." ["healthy debate concerning the sufficiency of neo-Darwinian theory to explain macroevolution.”] 3

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Se a Síntese Moderna Evolutiva não explica a macroevolução (o fato, Fato, FATO da evolução – um Australopithecus afarensis se transmutar em antropólogo amazonense) isso significa dizer, traduzindo em miúdos, que Darwin não explicou a origem e nem a evolução das espécies? Não? Então o quê???

Interessante destacar que naquele mesmo ano, um grupo de expoentes cientistas evolucionistas se reuniu em Altenberg, Austria, para debater a suficiência da Síntese Moderna Evolutiva em explicar a complexidade biológica.

O biólogo de desenvolvimento Scott Gilbert foi citado em um artigo da Nature cobrindo a conferência declarando que "a síntese moderna é boa para modelar a sobrevivência do mais apto, mas não a chegada do mais apto." ["the modern synthesis is good at modeling the survival of the fittest, but not the arrival of the fittest."]4

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Ué, mas Darwin, já não tinha explicado isso – a chegada do mais apto no seu livro Origem das Espécies, o livro que provocou a maior revolução científica? Vai ver, o Gilbert não sabe o que é ciência, nem como se faz ciência, e deve ser religiosamente motivado para ousar fazer declarações airosas contra Darwin, o maior cientista de todos os tempos:

Darwin é o mesmo ontem, hoje e o será para sempre - o homem que teve a maior ideia que toda a humanidade já teve.

Neste mesmo artigo, o biólogo evolucionista Stewart Newman argumentou desta maneira "Você não pode negar a força da seleção na evolução genética... mas, na minha opinião, isso é estabilização e ajuste fino de formas que se originam devido a outros processos." ["You can't deny the force of selection in genetic evolution ... but in my view this is stabilizing and fine-tuning forms that originate due to other processes."] 5

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Quer dizer então que a seleção natural, longe de ser o principal mecanismo evolutivo segundo Darwin que dá a origem e evolução das formas [espécies???] é apenas uma agente de estabilização e ajuste fino, e que a origem das espécies, ooops, das formas se dá através de outros processos ainda desconhecidos? Ué, desde quando fazemos ciência utilizando de mecanismos e/ou processos desconhecidos? Como é que fica o fato, Fato, FATO da evolução se ainda desconhecemos esses outros processos???

Graham Budd, paleontólogo evolucionista, também foi bem aberto e honesto sobre as graves deficiências das explicações neodarwinistas, oops Síntese Evolutiva Moderna, para as principais transições evolucionárias, quando afirmou: "Quando o público pensa sobre a evolução, as pessoas pensam sobre a origem das asas e da invasão terrestre... Mas isso são coisas que a teoria evolucionária nos disse pouco a respeito." ["When the public thinks about evolution, they think about the origin of wings and the invasion of the land ... But these are things that evolutionary theory has told us little about."] 6

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Cumé qui é? A teoria da evolução através da seleção natural de Darwin nos disse pouco a respeito da evolução. Gente, alguém me belisque, mas Bud deve ter tomado algumas latinhas de Budweiser quando fez esta afirmação epistemicamente sacrílega sobre o status epistêmico da maior ideia que toda a humanidade já teve: pouco [não seria NADA???] nos disse sobre o fato, Fato, FATO da evolução.

Ainda neste fatídico e apocalíptico ano de 2008, William Provine, historiador de ciência e biólogo evolucionista da Cornell University, deu uma palestra na History of Science Society intitulada "Random Drift and the Evolutionary Synthesis." No seu abstract, Provine foi incisive e duro: cada afirmação da Síntese Evolutiva (Moderna) abaixo é falsa:

1. A seleção natural foi o principal mecanismo em todos os níveis do processo evolucionário. A seleção natural deu origem à adaptação genética.

2. Homeostase genética. Todo o genoma foi organizado e unido, e até os pools gênicos foram homeostáticos.

3. “Um gene, uma enzima”

4. A evolução dos caracteres fenotípicos tais como os olhos e ouvidos, etc, foram um bom guia para a evolução da proteína; ou, esperava-se que a evolução da proteína imitasse a evolução fenotípica.

5. A evolução da proteína foi um bom guia para a evolução da sequência do DNA. Até Lewontin e Hubby pensaram, primeiramente, que entendendo a evolução da proteína fosse a chave para entender a evolução do DNA.

6. A recombinação era mais importante do que a mutação na evolução.

7. A macroevolução era uma simples extensão da microevolução.

8. A definição de “espécies” era cristalina – os conceitos biológicos de espécies de Dobzhansky e Mayr.

9. A especiação era entendida em princípio.

10. A evolução é um processo de compartilhar ancestrais comuns até a origem da vida, ou em outras palavras, a evolução produz uma Árvore da Vida.

11. A herança dos caracteres adquiridos era impossível em organismos biológicos.

12. A deriva genética aleatória era um conceito cristalino, e invocado constantemente sempre que os tamanhos das populações fossem pequenos, inclusive os fósseis de organismos.

13. A Síntese Evolutiva (Moderna) foi realmente uma síntese.

14. A biologia molecular roubou da paleontologia toda a capacidade de se construir as filogenias. 7

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Ciência e mentira não podem andar de mãos dadas, pois a ciência é a busca pela verdade. Esta verdade científica é corroborada pelas evidências encontradas na natureza. Aqui nós temos o depoimento de um evolucionista de renome, William Provine, ateu, dizendo que as afirmações que foram feitas pela Síntese Evolutiva Moderna são falsas. Gente, Stephen Jay Gould disse em 1980 que era uma teoria científica morta que posava como ortodoxia científica somente nos livros didáticos (aqui no Brasil aprovados pelo MEC/SEMTEC/PNLEM) engabelando os alunos do ensino médio. Provine diz que é FALSA? Ué, ciência e falsidade (outro nome para mentira) agora já andam de mãos dadas???

Em 2009, Eugene V. Koonin, do National Center for Biotechnology Information declarou na renomada publicação científica Trends in Genetics que devido ao colapso [NOTA BENE: COLAPSO] nos princípios centrais do neodarwinismo como "o conceito tradicional da árvore da vida" ["traditional concept of the tree of life"] ou a opinião de que a "seleção natural é a principal força condutora da evolução" ["natural selection is the main driving force of evolution"] indicam que "a síntese moderna desmoronou, aparentemente, sem conserto" ["the modern synthesis has crumbled, apparently, beyond repair"] e "todos as principais características da síntese moderna foi, se não completamente derrubadas, substituídas por uma nova e incomparavelmente visão mais complexa de aspectos chaves da evolução." ["all major tenets of the modern synthesis have been, if not outright overturned, replaced by a new and incomparably more complex vision of the key aspects of evolution."] 8

Koonin concluiu, "para falar sem rodeios, a síntese (evolutiva) moderna já era." ["not to mince words, the modern synthesis is gone."] 9

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Como os evolucionistas ainda têm a cara de pau de dizer que a teoria da evolução através da seleção natural e/ou n mecanismos evolutivos é a teoria científica tão certa como a lei da gravidade? Que maçãs caem todos os dias nós podemos atestar a veracidade, mas um Australopithecus afarensis se transmutar em antropólogo amazonense – via Árvore da Vida (monofilética ou polifilética) nós estamos na escuridão epistêmica total: Darwin ora pro nobis não funciona, mas dizem que esta é a maior ideia que toda a humanidade já teve. O que a retórica e o poder das instituições científicas não fazem para a manutenção de um paradogma!!!

Günther Theissen, do Departamento de Genética na Universidade Friedrich Schiller, em Jena, Alemanha, escreveu que "apesar dos méritos inegáveis de Darwin, explicar como se originou a enorme complexidade e diversidade dos seres vivos de nosso planeta permanece um dos maiores desafios da biologia." ["despite Darwin's undeniable merits, explaining how the enormous complexity and diversity of living beings on our planet originated remains one of the greatest challenges of biology."] 10 [NOTA BENE: Permanece!!!]

Muito mais surpreendente foi a crítica que Theissen fez do que ele chama de "ciência dogmática" ["dogmatic science"] 11 do pensamento neodarwinista pode ser encontrado no seu artigo de 2006:

“Explicar exatamente como que a grande complexidade e diversidade da vida na Terra se originou ainda é [NOTA BENE: Ainda é] um enorme desafio científico. ... Há a atitude muito difundida na comunidade científica de que, apesar de alguns problemas em detalhe, os relatos de livros didáticos sobre a evolução já resolveram, essencialmente, o problema. Na minha opinião, isto não é bem correto.” “Explaining exactly how the great complexity and diversity of life on earth originated is still an enormous scientific challenge. ... There is the widespread attitude in the scientific community that, despite some problems in detail, textbook accounts on evolution have essentially solved the problem already. In my view, this is not quite correct.” 12

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Se cientistas do calibre de Theissen sabem do status epistêmico da teoria geral da evolução, por que os livros didáticos de Biologia do ensino médio aprovados pelo MEC/SEMTEC/PNLEM ainda continuam engabelando os alunos que Darwin explica a origem e a evolução de toda a diversidade e complexidade da vida? Por que não ensinar o pensamento desses cientistas evolucionistas sobre as fragilidades da Síntese Evolutiva Moderna explicar o fato, Fato, FATO da evolução???

Michael Lynch, eminente biólogo evolucionista – ele fala e todo o mundo escuta, em artigo publicado em 2007 no obscuro PNAS [Proceedings of the National Academy of Sciences], reconheceu problemas com a sabedoria darwinista comum:

“A vasta maioria dos biólogos envolvida em estudos evolucionários interpreta virtualmente cada aspecto da biodiversidade em termos adaptativos. Esta visão estreita de evolução tem se tornado insustentável à luz das observações recentes do sequenciamento genômico e da teoria da genética populacional. ... O que está em questão é se a seleção natural é uma força necessária ou suficiente para explicar a emergência das características à construção de organismos complexos.” [“The vast majority of biologists engaged in evolutionary studies interpret virtually every aspect of biodiversity in adaptive terms. This narrow view of evolution has become untenable in light of recent observations from genomic sequencing and population genetic theory. ... What is in question is whether natural selection is a necessary or sufficient force to explain the emergence of the genomic and cellular features central to the building of complex organisms.”] 13

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Nós já estamos carecas e de saco cheio de saber que até Darwin disse que a seleção natural não é o único, mas é o mais importante mecanismo para explicar o fato, Fato, FATO da evolução. Lynch disse que a questão científica hoje, secularmente motivada, é:

“O que está em questão é se a seleção natural é uma força necessária ou suficiente para explicar a emergência das características à construção de organismos complexos.”

Traduzindo em graúdos: a seleção natural explica a origem e evolução das espécies que Darwin disse ter explicado no Origem das Espécies? Lynch disse que não. Vai ver ele não deve saber o que é ciência e nem como se faz ciência. Deveria ser linchado por isso. Como que a maior ideia que a humanidade já teve pode ser linchada epistemicamente em público e nada acontece com um cientista desses?


Para concluir e provocar a Nomenklatura científica, a Grande Mídia Tupiniquim, e a Galera dos meninos e meninas de Darwin que invocam a seleção natural como panacéia, lembro que Lynch (que não é simpático à teoria do Design Inteligente) disse: "simplesmente fazer a reinvindicação de que a seleção natural é onipotente (sem nenhuma evidência direta) não é muito diferente de invocar um planejador inteligente (sem nenhuma evidência direta)." ["simply making the counterclaim that natural selection is all powerful (without any direct evidence) is not much different from invoking an intelligent designer (without any direct evidence)."] 14
Muito embora a Nomenklatura científica se recuse discutir publicamente e civilmente essas questões fundamentais e o que isso representa para a corroboração do fato, Fato, FATO da evolução no contexto de justificação teórica, e a demonização dos que levantam essas questões epistêmicas profundas, diante do que foi exposto na literatura especializada, fica difícil aceitar o poder criativo da seleção natural em explicar a diversificação da vida como nós conhecemos ao longo de bilhões de anos.
E aí, vamos encarar essas questões estritamente científicas e secularmente motivadas? Afinal de contas, a biologia do século 21 não pode ser dominada por uma visão caolha do século 19. Que tal abordar isso em nossos melhores livros didáticos de Biologia do ensino médio aprovados pelo MEC/SEMTEC/PNLEM?
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Seleção natural, um mecanismo evolutivo criativo? É a maior ideia que toda a humanidade já teve???


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Dados fornecidos pelo Discovery Institute - Seattle, Washinton, EUA.
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NOTAS

1. John A. Endler, Natural Selection in the Wild, p. 247 (Princeton University Press, 1986).

2. Ibid. p. 248-249.

3. Michael A. Bell, "Gould's most cherished concept, review of Punctuated Equilibrium by Stephen Jay Gould. Belknap Press of Harvard University Press, 2007," Trends in Ecology and Evolution, Vol. 23(3):121-122 (2008) (Ênfase adicionada).

4. John Whitfield, "Biological Theory: Postmodern evolution?," Nature, Vol. 455:281-284 (2008).

5. Stewart Newman, citado em John Whitfield, "Biological Theory: Postmodern evolution?," Nature, Vol. 455:281-284 (2008).

6. Graham Budd citado em John Whitfield, "Biological Theory: Postmodern evolution?," Nature, Vol. 455:281-284 (2008).

7. William Provine, Random Drift and the Evolutionary Synthesis, History of Science Society HSS Abstracts.

8. Eugene V. Koonin, "The Origin at 150: Is a New Evolutionary Synthesis in Sight?," Trends in Genetics, Vol. 473:474 (2009).

9. Ibid.

10. Günther Theissen, "Saltational evolution: hopeful monsters are here to stay," Theory in Biosciences, Vol. 128:43--51 (2009).

11. Günther Theissen, "The proper place of hopeful monsters in evolutionary biology," Theory in Biosciences, Vol. 124:349--369 (2006).

12. Ibid.

13. Michael Lynch, "The frailty of adaptive hypotheses for the origins of organismal complexity," Proceedings of the National Academy of Sciences, Vol. 104:8597--8604 (May 15, 2007).

14. Ibid.

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DESAFIO DESTE BLOGGER:

Não somente para a professora Silvana Santos, do Departamento de Biologia, CCBS, Universidade Estadual da Paraíba, Rua Juvêncio Arruda, S/N Campus Universitário (Bodocongó), CEP 58.109–790, Campina Grande-PB. E-mail: silvanaipe@gmail.com, mas para qualquer cientista evolucionista, o desafio para publicar um artigo com revisão por pares, que refute o status epistêmico da Síntese Evolutiva Moderna demonstrados aqui neste blog. De preferência na Ciência Hoje.