JC e-mail 3824, de 11 de Agosto de 2009.
18. Tamiflu é perigoso para crianças
Riscos superam benefícios, alertam estudos
Crianças até 12 anos não devem tomar drogas antivirais contra a gripe suína - Tamiflu e Relenza - porque os efeitos nocivos superam os benefícios. É o que indica a revisão de sete estudos publicada na revista "British Medical Journal". A partir dessa análise, os autores pediram que as autoridades de saúde do Reino Unido reconsiderem urgentemente a política de medicação contra a epidemia de gripe suína A (H1N1).
Segundo os pesquisadores Matthew Thompson e Carl Heneghan, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, em menores de 12 anos, o Tamiflu causa vômitos, o que pode levar à desidratação e a outras complicações.
Eles dizem que é inadequado receitar esses antivirais na maioria das crianças com sintomas de gripe porque há mais desvantagem do que benefícios.
A afirmação é baseada na revisão de ensaios prévios com o uso de Tamiflu (da Roche) e Relenza (da GlaxoSmithKline) em surtos de gripe sazonal na faixa etária de 1 ano a 12 anos.
De acordo com os autores, os antivirais podem reduzir a duração da gripe comum em crianças em até um dia e meio. Porém, esses remédios têm pouco efeito ou mesmo nenhum em crises de asma e infecções no ouvido, ou em evitar que os pacientes precisem de antibióticos. Os médicos recomendam que as crianças com queixas leves de gripe sejam tratadas com líquidos para aliviar a temperatura alta e devem descansar.
EUA iniciam testes com vacinas
Segundo os cientistas de Oxford, uma das mais respeitadas universidade do mundo, esses remédios reduzem a transmissão em apenas 8%.
- O uso controlado desses fármacos seria mais benéfico que a prescrição indiscriminada - diz Ronald Cutler, da Universidade Queen Mary.
Autoridades de saúde britânicas anunciaram semana passada que mais da metade de um grupo de 248 crianças que tomaram Tamiflu preventivamente, depois que colegas contraíram a gripe H1N1, apresentaram náuseas, insônia e pesadelos.
Já o Departamento de Saúde britânico divulgou nota afirmando que "enquanto existem dúvidas a respeito de como a gripe suína afeta crianças, acreditamos numa política de segurança em primeiro lugar; a oferta de antivirais para todos ainda é uma medida responsável. A análise está certa ao afirmar que muitas pessoas com a gripe suína têm sintomas leves e, para estas pessoas, repouso e antigripais simples podem funcionar. Porém, para pacientes com sintomas mais graves, o melhor conselho científico é receitar antivirais o mais rapidamente possível. Sugerir outra forma de tratamento é potencialmente perigoso".
O laboratório Roche por sua vez diz que os efeitos colaterais do Tamiflu são conhecidos, mas alega que a droga já demonstrou prevenir a infecção contra o vírus da gripe, reduzindo a duração e gravidade da doença. No caso do Relenza (inalado e não usado no Brasil), os principais efeitos colaterais são dor de cabeça e náusea.
Nos EUA, cientistas anunciaram ontem que centenas de voluntários em oito cidades estão prontos para os testes com vacinas contra o vírus H1N1. Alguns centros, como as universidades Saint Louis e de Emory, têm trabalhado dia e noite, inclusive finais de semana, para acelerar as pesquisas.
Os médicos acreditam que terão 160 milhões de doses nos próximos meses. Os estudos irão testar a segurança e a eficácia das vacinas, além da dose mínima necessária.
(O Globo, 11/8)