Uma carta aberta ao Ministro da Educação: atenda a sugestão de Darwin

sábado, dezembro 27, 2008

CARTA ABERTA AO MINISTRO DA EDUCAÇÃO DO BRASIL: ATENDA A SUGESTÃO DE DARWIN

Exmo. Sr.
Fernando Haddad
M. D. Ministro de Educação

Sr. Ministro, desde 1999 eu venho denunciando a relação incestuosa entre a Nomenklatura cientifica e a Grande Mídia quando a questão é Darwin. A máxima ricuperiana parafraseada descreve bem esta situação: “O que Darwin tem de bom, a gente mostra; o que Darwin tem de ruim, a gente esconde.”

Sr. Ministro, neste blog, “de rabo preso” com as evidências, eu só mostro o que Darwin tem de ruim. Enfrentando a Nomenklatura científica e a Grande Mídia sem medo de ser odiado por cientistas e jornalistas darwinistas. Alguns deles já tiveram esta oportunidade de demonstrar este ódio face a face. Não desviei o olhar. Fitei nos olhos sem temer. Silenciosamente.

Sr. Ministro, eu aprendi com meus pais respeitar as autoridades legitimamente constituídas, mas nunca temê-las. Especialmente se encontrado fazendo o bem ou estando ao lado da verdade. Eu vou soar desrespeitoso com V. Excia., mas por favor me entenda, este é o meu estilo de prosa. Eu habito o meu estilo. Nas colocações incisivas desta carta aberta, sou ousadamente respeitoso, mas audaz o bastante para relembrá-lo de sua responsabilidade: cuidar da educação com qualidade neste país.

Sr. Ministro, o seu ministério, em que pese as muitas boas realizações feitas por V. Excia. em prol da educação no Brasil, tem a mesma atitude dos outros ministros no que diz respeito a Darwin. Em 2003 e 2005 eu entreguei no MEC/SEMTEC, sob protocolo, uma análise crítica da abordagem da teoria da evolução em nossos melhores autores de Biologia, destacando as diversas insuficiências e distorções de evidências científicas, e o uso de duas fraudes (as mariposas de Manchester e os desenhos de Haeckel dos embriões de vertebrados) a favor do fato da evolução.

Sr. Ministro, o nome disso é desonestidade acadêmica. Se um juiz acolhesse e considerasse objetivamente as acusações de fraudes cometidas por corretores na Bolsa de Valores que desse prejuízo ou vantagem aos investidores, isso daria cadeia para os infratores e beneficiários. Muito mais deveria ser o caso em ciência, pois a ciência, V. Excia. sabe, não anda de mãos dadas com a mentira! Mas o que é uma mentira ou uma fraude em nome de Darwin, não é mesmo?

Sr. Ministro, o burocrata que leu aquela análise crítica enviada ao MEC, leu, mas não entendeu. Contudo, eu acredito que o responsável do MEC/SEMTEC leu e entendeu, mas no maior estilo orwelliano de Novilíngua respondeu que o MEC/SEMTEC não tinha competência de aprovar um livro com aquelas características!

Sr. Ministro, eu não submeti ao MEC/SEMTEC um livro para ser aprovado, mas uma análise crítica científica à abordagem da evolução demonstrando que os nossos melhores autores de Biologia estavam em flagrante descompasso com a verdade das evidências encontradas na natureza, e bem desatualizados com a literatura específica abordando as insuficiências epistêmicas do neodarwinismo, e pedia providências que o caso requeria.

Sr. Ministro, há quase três décadas que a Nomenklatura científica sabe ser o neodarwinismo uma teoria científica heuristicamente morta posando como posição ortodoxa e consensual somente nos livros didáticos. Todos esses livros foram aprovados pelo MEC/SEMTEC/PNLEM. Não informar isso aos alunos é desonestidade acadêmica. E o seu ministério, com todo respeito, também tem sido cúmplice nesse descompasso com a verdade das evidências!

Sr. Ministro, a História da Ciência mostra nitidamente que a cada 50 anos de celebração de louvaminhices, de beija-mão e beija-pé de Darwin, toda a comunidade acadêmica internacional celebra o homem que teve a maior idéia que toda a humanidade já teve, mas demonstra suas inquietações não sobre a realidade do fato da evolução, aceito a priori, mas sobre o como se deu a evolução. E, sem nenhum pejo epistêmico, se apartam cada vez mais da idéia original de Darwin: a seleção natural.

Sr. Ministro, eu denunciei recentemente neste blog a orquestração ardilosa da Nomenklatura científica e da Grande Mídia em blindar a teoria da evolução através da seleção natural de Darwin de quaisquer críticas, mesmo as críticas científicas. Especialmente devido a proximidade das comemorações dos 200 anos de aniversário de Darwin e dos 150 anos de publicação do “Origem das Espécies” em 2009. Eles intencionalmente polarizaram mais uma vez a questão como sendo “ciência [razão] vs. religião [irracionalidade]”, martelando sobre o ensino do criacionismo em detrimento do evolucionismo nas escolas confessionais, o que é sabidamente falso.

Sr. Ministro, a questão é outra. Permita-me chamar a atenção de V. Excia. para esta estratégia maquiavélica. Pegaram o Mackenzie, a maior instituição educacional confessional protestante para ser o “boi de piranha”, e servir de exemplo para intimidar as demais escolas confessionais. V. Excia. deve saber, a Nomenklatura científica é antropofágica e destruidora de carreiras acadêmicas quando a questão é Darwin. No Brasil, os atuais mandarins da Nomenklatura científica farão de tudo para destruir o Mackenzie. Eu sei do que estou falando, mas vai ser o primeiro exemplo no mundo: a destruição de uma importante instituição educacional confessional mais do que centenária.

Sr. Ministro, é muito fácil e cômodo trazer para o debate público na Grande Mídia a questão do criacionismo em salas de aula de ciência como sendo uma terrível maladie a ser rapidamente combatida e debelada para preservar a laicidade e a integridade científica da educação promovida pelo Estado. A Nomenklatura científica e a Grande Mídia deram as mãos e lançaram diante da opinião pública as escolas confessionais protestantes, onde Darwin continua sendo ensinado, como sendo inimigas da laicidade educacional, e por tabela, inimigas do Estado laico. Esta manobra, bem ao estilo orwelliano “1984”, é extremamente perigosa, pois promove o naturalismo filosófico como naturalismo metodológico como política educacional de um Estado laico. E incita a turba ignara contra os inimigos do Estado: os criacionistas irracionais e a turma perversa do Design Inteligente.

Sr. Ministro, por que chamar sua atenção para esta estratégia? Porque a questão hoje não é se as especulações transformistas de Darwin contrariam os relatos de criação das concepções religiosas, mas se as evidências apóiam suas especulações transformistas. Elas não apóiam e apontam em outra direção. A questão é unicamente questão de ciência qua ciência: no rigor do contexto de justificação teórica, Darwin fecha as contas? Não fecha, mas a Nomenklatura científica não quer que isso seja ensinado aos nossos alunos. E a Grande Mídia tonitroa seus ataques contra os que querem retornar à Idade das Trevas. Do alto de suas torres de marfim, eles não dão espaço para seus oponentes e críticos. Não ouvem o outro lado.

Sr. Ministro, se a teoria geral da evolução de Darwin é a teoria científica tão bem estabelecida pelas evidências como a lei da gravidade, por que o temor de examiná-la criticamente em salas de aula de ciências? Por que a demonização dos seus críticos e oponentes? Mas isso é uma questão incômoda que a Nomenklatura científica e a Grande Mídia não ousam e nem querem abordar. Tem muita coisa em jogo. Status, poder, credibilidade. Quando a questão é Darwin, Sr. Ministro, é tutti cosa nostra, capice?

Sr. Ministro, tanto Darwin não fecha as contas do fato da evolução, que 16 especialistas, todos evolucionistas de renome internacional se reuniram em Altenberg, Áustria, em julho de 2008, discutindo a elaboração de nova teoria da evolução que, contrariando o princípio evolutivo da seleção natural de Darwin, não será selecionista. O fato da evolução, e os nossos alunos precisam saber disso, é aceito a priori pelos cientistas e, diferentemente das ciências duras, a biologia evolutiva não tem leis, mas apenas um princípio: a seleção natural que desde 1859 nunca foi aceita nem por Darwin e nem pelos seus discípulos como sendo realmente o único processo evolutivo.

Sr. Ministro, uma teoria onde o mecanismo evolutivo se não for X, então é Y; se não for Y, então é Z; se não for Z, então é todo ABC, é uma teoria científica que precisa ser melhor discutida em salas de aula de ciências. Não oferecer isso aos nossos alunos contraria o proposto por Edgar Morin no livro “Os sete saberes necessários à educação do futuro”, uma sugestão à UNESCO para a educação no século XXI, Morin assim se expressou:

“As ciências permitiram que adquiríssemos muitas certezas, mas igualmente revelaram, ao longo do século XX, inúmeras zonas de incerteza. A educação deveria incluir o ensino das incertezas que surgiram nas ciências físicas (microfísica, termodinâmica, cosmologia), nas ciências da evolução biológica e nas ciências históricas".

Sr. Ministro, Morin, filósofo e educador evolucionista de ilibada reputação acadêmica, propõe o ensino das incertezas que surgiram nas ciências físicas e nas ciências das evolução biológica que são muitas. Para vergonha do seu ministério, até agora nossos alunos não conhecem nenhuma!

Sr. Ministro, como a questão é científica, que tal V. Excia. encerrar sua gestão exigindo em todas as escolas brasileiras o cumprimento da LDB 9394/96 que no artigo 35, I, III preconiza que o ensino médio tem entre suas finalidades habilitar o educando a ser capaz de continuar aprendendo, a ter autonomia intelectual e pensamento crítico?

Sr. Ministro, que tal V. Excia remeter ofício para o MEC/SEMTEC/PNLEM relembrando àquela douta Comissão que os PCNs do Ensino Médio, nas suas Diretrizes Curriculares Nacionais (Competências e Habilidades das Ciências Naturais) afirmam que o currículo deve permitir ao educando “compreender as ciências como construções humanas, entendendo que elas se desenvolvem por acumulação, continuidade ou ruptura de paradigmas...” e que “a ciência não tem respostas definitivas para tudo, sendo uma de suas características a possibilidade de ser questionada e de se transformar”?

Sr. Ministro, que tal V. Excia. promover o ensino objetiva e academicamente honesto da evolução, considerando-se as evidências a favor e contra a teoria da evolução em salas de aula de ciência? Fazendo isso, V. Excia. estará cumprindo não somente o que foi sugerido por Morin à UNESCO de uma educação para o futuro, mas estará atendendo aos anseios e ao convite de Darwin:

“Estou bem a par do fato de existirem neste volume pouquíssimas afirmativas acerca das quais não se possam invocar diversos fatos passíveis de levar a conclusões diametralmente opostas àquelas às quais cheguei. Uma conclusão satisfatória só poderá ser alcançada através do exame e confronto dos fatos e argumentos em prol deste ou daquele ponto de vista, e tal coisa seria impossível de se fazer na presente obra.”

Sr. Ministro, esta é a verdadeira questão científica que precisa chegar em nossas salas de aulas de ciência: o exame e confronto dos fatos e argumentos em prol deste ou daquele ponto de vista. Não fazer mais do que isso, V. Excia. estará perpetuando a doutrinação materialista filosófica que não pode ser questionada em salas de aula de ciências em detrimento da educação com qualidade que tanto o Brasil precisa.

Sr. Ministro, está mais do que na hora de Darwin passar também pelo crivo do rigor do método científico! Afinal de contas, foi o próprio Darwin que sugeriu o ensino da teoria da evolução objetiva e academicamente honesto. Não querer e impedir que isso ocorra em nosso país é hediondo crime contra a liberdade acadêmica e flagrante e gritante violação da cidadania dos alunos terem acesso à informação científica atualizada.

Sr. Ministro, por uma educação de qualidade, eu estou com Darwin e não abro: ensinem as evidências a favor e contra a teoria da evolução, bem como as controvérsias sobre a robustez epistêmica desta teoria desde 1859.