A Nomenklatura científica sabe, mas talvez os meninos e meninas da Galera de Darwin não saibam: há uma década, Michael Behe no seu livro “A caixa preta de Darwin: o desafio bioquímico à evolução”(Rio de Janeiro, Zahar, 1997) lançou na literatura especializada a “complexidade irredutível” de sistemas biológicos, e usou uma analogia que ficou famosa — uma simples ratoeira.
Há uma década a Nomenklatura vem proclamando alto e bom som que a teoria do Design Inteligente — sinais de inteligência são empiricamente detectados na natureza — é pseudociência, criacionismo disfarçado, y otras cositas mais. Além disso, que os teóricos e proponentes da TDI não têm artigos com revisão por pares publicados (o que é falso, pois nós temos), e lascam o porrete do “publish or perish” em cima de nós. Como publicar, se o garrote dos guarda-cancelas (peer-reviewers é mais chique) nos estrangula assim que submetemos nossos artigos? Eu sei do que estou falando...
Mas a Nomenklatura científica vive uma situação “Catch-22” [Sinuca de bico não é muito chique...] quando afirma: as teses do DI de “complexidade irredutível” (Behe) e de “informação complexa especificada” (Dembski) já foram falseadas. Tomando Popper ao pé da letra, uma teoria somente é científica se se submeter ao falseamento de suas proposições. QED: segundo Popper, e contrariando os mandarins da Nomenklatura científica, a TDI é uma teoria científica porque eles mesmos estão tentando falsear nossas teses e deram com os burros na água.
Eu já venho percebendo há algum tempo que não dá mais para se confiar na revista Nature, e outras publicações controladas pelo garrote epistemológico da KGB da Nomenklatura científica quando a questão é Darwin e a teoria do Design Inteligente. As evidências são distorcidas a favor de Darwin, e as teses do Design Inteligente há pouco mencionadas já foram falseadas. E o pior de tudo: não dão espaço (Marcelo Leite, FSP) para expormos nossas teses e replicarmos os que falsearam nossas hipóteses. Só que nós estamos na fita há uma década, e ninguém falseou nossas teses como arrotam alguns da Nomenklatura científica, e especialmente a galera dos meninos e meninas de Darwin.
Agora só faltava essa: falta de ética da revista Nature. A renomada publicação científica desavergonhadamente publicou um artigo que “rouba” a idéia de “ratoeira complexa” de Michael Behe. Na maior cara de pau e fleuma britânica, sub-repticiamente a prevenção da instabilidade genômica – e o câncer – foi atribuída a um mecanismo de “ratoeira complexa”, disse Robert M. Brosh, Jr. (Laboratory of Molecular Gerontology, NIH) na Nature. [1] Gente, isso é uma referência nada sutil do sistema de complexidade irredutível de Behe. Neste artigo de Brosh há uma ilustração de ratoeira com a seguinte legenda:
“O complexo de proteína BLM consiste de diversos componentes, muito parecido como uma ratoeira. Com todas as partes corretamente dispostas, a ratoeira irá operar eficientemente e pegar o rato. [SIC ULTRA PLUS 1: cheiro de plágio no ar] Neste caso, uma estrutura de DNA chamada de uma junção dupla Holliday é apanhada no complexo BLM. Xu et al. e Singh et al. reportam a descoberta de um componente deste complexo, o RMI2, que estabiliza e organizam a ação do complexo BLM, garantindo a resolução da junca dupla Holliday, e assim promovendo a estabilidade cromossômica. [2]
[NOTA DO BLOGGER: Eu não me lembro de onde tirei esta imagem]
Pensou que ficou só nisso? Tem mais. Brosh continua na sua analogia de ratoeira a la Behe. Se eu não tivesse lido isso na Nature, eu diria que estava lendo “A caixa preta de Darwin” do Behe:
“Quanto à significância do complexo RMI2 para o complexo BLM, por analogia vamos imaginar uma ratoeira. Ela contém vários componentes, incluindo uma mola, uma plataforma, um martelo, uma trava e uma barra de retenção. Omita certos componentes da armadilha, e o aparelho ainda pode funcionar, se bem que menos eficientemente. Com todos os componentes no lugar — inclusive aquela com papéis estruturais mais importantes tais como a barra de retenção e a plataforma — a armadilha muito provavelmente apanha o rato. Retornando ao complexo BLM: através de sua interação com os complexos RMI1, RMI2 permitem que o ‘dispositivo BLM–Topo-3alpha’ assuma a estabilidade otimizada e a configuração de modo que ele possa catalisar eficientemente a divisão da junção dupla Holliday, e assim evitar o escape de estruturas deletérias de DNA que resultariam em crossovers (Fig. 1). Portanto, o complexo RMI2 parece ter um papel estrutural integral no dispositivo BLM–Topo-3alpha ao organizar sua ação.” [3]
Interessante que nesta longa citação, a frase em inglês “and a catch” remete os leitores ao website de John H. McDonald como se tivesse refutado o conceito de complexidade irredutível de Behe, mostrando que uma ratoeira de “complexidade redutível” ainda sim funciona. De um cientista sério [e o que significa isso?] e de uma publicação científica como a Nature, era de se esperar que o contraponto de Behe aparecesse. Você vai perder o seu tempo, e não vai achar a réplica de Behe. Quando a questão é Darwin, é tutti cosa nostra, capice? Quem diria, uma revista do porte da Nature em descompasso com a ética científica. Traduzindo em graúdos: desonestidade acadêmica.
Você encontra a réplica de Behe a Mcdonald aqui.
"Os cenários darwinistas, seja na construção de ratoeiras ou sistemas bioquímicos, são muito fáceis de acreditar se nós não quisermos ou não formos capazes de escrutinizar os mínimos detalhes, ou pedir por evidência experimental. Eles nos convidam para admirarmos a inteligência da seleção natural. Mas a inteligência que nós estamos admirando é a nossa.” [4]
NOTAS:
1. Robert M. Brosh, Jr., “Molecular biology: The Bloom’s complex mousetrap,” Nature 456, 453-454 (27 November 2008) | doi:10.1038/456453a; Published online 26 November 2008 [Requer assinatura. Professores e alunos de universidades públicas e privadas podem acessar gratuitamente via portal PERIÓDICOS da CAPES]
Abstract
Genomic instability often underlies cancer. Analyses of proteins implicated in a cancer-predisposing condition called Bloom's syndrome illustrate the intricacies of protein interactions that ensure genomic stability.
Bloom's syndrome, which is characterized by severe growth retardation, immunodeficiency, anaemia, reduced fertility and predisposition to cancer, is caused by mutations in the gene BLM. At the cellular level, the hallmark of this genetic disorder is a high rate of sister-chromatid exchange — the swapping of homologous stretches of DNA between a chromosome and its identical copy generated during DNA replication.
Robert M. Brosh Jr is in the Laboratory of Molecular Gerontology, National Institute on Aging, National Institutes of Health, NIH Biomedical Research Center, Baltimore, Maryland 21224, USA.
Email: broshr@mail.nih.gov
2. “The BLM protein complex consists of several components, much like a mousetrap. With all the parts properly assembled, the mousetrap will operate efficiently and catch the mouse. In this case, a DNA structure called a double Holliday junction is caught in the BLM complex. Xu et al. and Singh et al. report the discovery of a component of this complex, RMI2, which stabilizes and orchestrates the action of the BLM complex, ensuring resolution of the double Holliday junction, and so promoting chromosomal stability.”
3. “As for the significance of RMI2 to the BLM complex, for analogy let’s imagine a mousetrap. It contains several components, including a spring, a platform, a hammer, a hold-down bar and a catch. Omit certain components of the trap, and the device may still operate, albeit less efficiently. With all of the components in place – including those with primarily structural roles such as the hold-down bar and the platform – the trap is most likely to catch the mouse. Returning to the BLM complex: through its interaction with RMI1, RMI2 allows the ‘BLM–Topo-3alpha device’ to assume optimal stability and configuration so that it can efficiently catalyse the splitting of the double Holliday junction, and so prevent the escape of deleterious DNA structures that would lead to crossovers (Fig. 1). RMI2 therefore seems to have an integral structural role in the BLM–Topo-3alpha device by orchestrating its action.”
4. “Darwinian scenarios, either for building mousetraps or biochemical systems, are very easy to believe if we aren’t willing or able to scrutinize the smallest details, or to ask for experimental evidence. They invite us to admire the intelligence of natural selection. But the intelligence we are admiring is our own.”