Centro-Oeste carece de incentivos à pesquisa regional

terça-feira, outubro 27, 2009

JC e-mail 3876, de 26 de Outubro de 2009.

3. Centro-Oeste carece de incentivos à pesquisa regional

Em evento no campus Catalão da Universidade Federal de Goiás (UFG), o presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp, e o reitor da UFG, Edward Brasil, defenderam investimentos em educação e ações para descentralização da ciência no país

O V Simpósio de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura do campus Catalão da UFG aconteceu de terça a sexta-feira da semana passada, com o tema "Produção do conhecimento e cidadania: popularização e interiorização da ciência no Brasil". O evento mobilizou pesquisadores de diversas áreas do conhecimento para discutir aspectos políticos e científicos do Cerrado como bioma capaz de promover o desenvolvimento humano de forma sustentável.

Durante a abertura do encontro, no dia 20 de outubro, o presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp, formulou um retrospecto do contexto da produção científica e tecnológica que marcou o desenvolvimento socioeconômico do país nos últimos 40 anos. Basicamente todos os investimentos em ciência e tecnologia (C&T) foram advindos dos cofres públicos, com uma inexpressiva contribuição da iniciativa privada.

Como lembrou o presidente da SBPC, foi no início dos anos de 1950, por exemplo, que houve a criação de instituições importantes para o fomento à pesquisa nacional, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que trouxeram uma visão estratégica para o desenvolvimento do país.

Para Raupp, as atuais condições de produção de ciência e tecnologia levam em consideração requisitos inerentes às competições globais, como a sustentabilidade ambiental e social e os investimentos em inovação.

O presidente da SBPC destacou que, pela primeira vez, as políticas de C&T têm sido valorizadas e as universidades assumiram o papel de protagonistas na implementação dessas políticas. Hoje as produções científica e econômica do país representam, cada uma, 2,1% em relação a outros países do mundo.

Apesar das boas perspectivas para a educação superior no país, o presidente da SBPC chamou a atenção para o ensino básico. "Fizemos os mesmos investimentos no ensino básico e no ensino superior?", questionou. Para ele, os grandes desafios estariam na formação qualificada de professores, na definição de uma carreira docente e no maior incentivo para o empreendedorismo na educação. Outro ponto destacado foi a interiorização e descentralização da produção científica do país, que poderiam ser estimulados pela ampliação da capacidade de financiamentos em nível municipal.

Panorama regional

O reitor da UFG, Edward Brasil, apresentou um panorama da pós-graduação no país, enfatizando a necessidade de maiores incentivos no Centro-Oeste, que está na penúltima posição em relação às outras regiões do país no quesito produção científica.

De acordo com os dados do sistema nacional de pós-graduação, há 2.748 programas stricto sensu no país, que, em sua maioria, são avaliados pela (Capes) com conceitos três e quatro. Somente os programas que possuem conceito 6 estão em nível internacional. Quando comparados indicadores de produtividade, número de docentes, redes e investimentos em pesquisas, a região Centro-Oeste apresenta um quadro muito aquém da realidade nacional. Mais díspares ainda são as diferenças intrarregionais, quando comparados os dados do estado de Goiás com o Distrito Federal, que desponta nos indicadores.

Na perspectiva de mudar esse cenário, o reitor apresentou duas ações de incentivo à pesquisa regional. A primeira é a Rede de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação (PróCentro-Oeste), capitaneada pela UFG em conjunto com universidades federais do Centro-Oeste. Nessa rede haverá três linhas de pesquisa: biodiversidade do Cerrado e do Pantanal, geodiversidade e biotecnologia, com cerca de 184 grupos de pesquisa.

A outra ação é o Programa de Apoio à Pós-graduação das Instituições Federais de Ensino Superior (PAPG-Ifes), liderado pela Associação Nacional de Dirigentes das Ifes (Andifes). A expectativa é que essas redes iniciem atividade em 2010.
(Informações do Portal da UFG)