Quem é Marcelo Gleiser e Richard Lindzen sobre a questão do aquecimento global?

segunda-feira, julho 11, 2011

Marcelo Gleiser no seu artigo Cientistas contra acusações [acesso somente para assinantes da FSP ou do UOL] publicado na Folha de São Paulo, em 10/07/2011, destacou o manifesto da AAAS - Associação Americana para o Avanço da Ciência, a SBPC dos gringos, contra os ataques que sofrem vários cientistas pesquisando e defendendo o aquecimento global como um fenômeno provocado pelo homem, e que esses novos deuses do Olimpo não devem, nunca, jamais ser atacados.

Quais tipos de ataques são esses Gleiser não detalhou, a não ser os de “ameaças de morte”. Bem, se isso realmente ocorreu, e essas ameaças são graves, procure-se a polícia, aliás, procurem o FBI.

O manifesto da AAAS trata sobre a liberdade acadêmica, a relação entre a pesquisa científica e o desenvolvimento de políticas governamentais. Segundo Gleiser, o documento “é uma análise lúcida e direta de como funciona a ciência e do que necessita para ser bem sucedida”:

“A ciência avança por meio de um sistema em que resultados são divididos e avaliados criticamente por outros cientistas, e experimentos são repetidos quando necessário. Desacordos sobre a interpretação de dados, de metodologia e de descobertas são parte do discurso diário da ciência.”

Nada mais óbvio, mas nem tanto. Especialmente sobre determinadas teorias científicas como as da origem e evolução do universo e da vida que não podem ter experimentos repetidos. Não temos ciências das origens, mas apenas filosofias das origens. Nessas áreas o que vale são os paradogmas, ooops paradigmas vigentes.

Ouse manifestar desacordos sobre as interpretações desses dados, da metodologia, e das descobertas, pelo menos sobre a origem e evolução da vida, e veja o que lhe acontece: a Nomenklatura científica é antropofágica e destruidora de carreiras acadêmicas. Inquisição sem fogueiras. Gleiser sabe disso, nada sofre porém porque reza pelo catecismo, e se ajoelha diante dos atuais mandarins da Nomenklatura científica.

Agora a pérola do comunicado da AAAS:

“Cientistas não deveriam ser submetidos a investigações de fraude ou serem perseguidos por gerarem resultados controversos. A maioria das desavenças científicas não está relacionada com qualquer tipo de fraude, mas é parte legítima do processo científico.”

Vou tentar traduzir em graúdos. Cientistas são muito mais pessoas do que as outras pessoas, acima do bem e do mal, e por isso podem fraudar pesquisas científicas e não devem ser investigados por este crime. Fraude é crime? Sim, senhor, fraude é crime. Ah, entendi, cientistas podem fraudar, ser criminosos, mas os demais mortais não!

E aí a AAAS suaviza o crime de fraude, e destaca que “a maioria das desavenças científicas não está relacionada com fraudes”. Pode até ser verdade, mas diariamente nas universidades, nos institutos de pesquisas, nos artigos fraudes são cometidas, e seus autores devem sim ser investigados. Além disso, eles são criminosos pagos com o dinheiro público. E AAAS quer que esses Barnabés (sim, cientistas são funcionários públicos) recebam tratamento diferenciado quando apanhados com a mão na cumbuca? Quem diria, uma organização científica defendendo cientistas que fraudam esse conhecimento.

Realmente o conhecimento científico avança, e o resultado científico é válido apenas em uma margem de erro. Agora, embora uma nova descoberta seja anunciada, e a comunidade científica julga o seu valor, e quanto mais importante for a descoberta, mais cuidadosa deve ser esta análise, isso não quer dizer que a Nomenklatura científica vai aceitar a validade das novas evidências tão facilmente como a retórica gleiseriana afirma. Kuhn diz que há resistência dos que praticam ciência normal em aceitar essas novidades. Mije fora do caco de Down e experimente a ira dos novos deuses do Olimpo epistêmico.

Gleiser afirmou que a pesquisa climática funciona exatamente assim. Nada mais falso. Como explicar pesquisas que não dispõem sequer de um referencial teórico? Como explicar o comportamento criminoso da turma de cientistas do IPCC que fraudou pesquisas? Como explicar a perseguição feita pela Nomenklatura científica contra os que ousaram denunciar publicamente a fraude e discordar do IPCC?

Realmente, os cientistas não devem ser perseguidos como se fossem políticos corruptos, é ridículo, mas não é inútil submetê-los a investigações. Sem dúvida que nenhum cientista é infalível ou virtuoso, e o processo científico se protege dessas falhas e crimes pessoais, pois como bem disse Gleiser, “mais cedo ou mais tarde, dados errados ou fraudulentos são descobertos” e que os “...erros podem persistir por um tempo, mas não indefinidamente” e que isso “é a força da ciência.”

Todavia, não nos esqueçamos que muitas fraudes na ciência levaram quase cinco décadas para serem aceitas e rejeitadas como fraudes pela Nomenklatura científica. Exemplo: o famigerado caso do Homem de Piltdown. Cientistas de peso como Teilhard Chardin ainda são suspeitos de terem tramado essa fraude evolucionista. É muita lerdeza (ou esperteza) e proteção intencional de cientistas criminosos pela Nomenklatura científica. É gente, fraude é crime, e quem frauda é criminoso. Mesmo sendo cientista famoso: é criminoso! Chardin, você ainda é suspeito!

Gleiser fez uma pergunta retórica interessante, mas ela foi feita apenas para demonizar os que se opõem ao aquecimento global ser antropogenicamente provocado e jogar a opinião pública contra esses críticos:

“o que se passa na mente das pessoas que tentam denegrir cientistas que trabalham com mudanças climáticas? “

Ele mesmo dá as respostas. “Uma delas é a ignorância de como a ciência funciona.” Nada mais falso, Gleiser. E, pior de tudo, você sabe disso: nada mais falso, porque são mais de 30.000 cientistas com Ph. D. questionando o modelo do IPCC.

Eu vou citar apenas um cientista que sabe muito mais, mas muito mais mesmo de ciência do clima do que Gleiser: Richard Lindzen, que fez carreira acadêmica como professor de meteorologia MIT - Massachusetts Institute of Technology.


Neste artigo do New York Times, Lindzen, que sabe mais, muito mais mesmo ciência do clima do que Gleiser, diz por que é crítico do modelo do IPCC. Sorry, periferia, mas o artigo está em inglês. Gleiser sabe inglês.

E a outra resposta é a tese gleiseriana de conspiração globalizada contra os cientistas impolutos que não podem ser investigados e nem devem ser contrariados cientificamente:

“a manipulação por políticos, por membros da mídia com agendas políticas claras ou pela indústria de combustíveis fósseis, que tratam qualquer evidência sobre aquecimento global como uma ameaça”.

Gleiser, dê nome aos bois – políticos, jornalistas e as indústrias. A população precisa ser informada. Dizer que a crítica ao aquecimento global ser provocado pelo Homem é manipulação, demanda de quem acusa dizer quem faz isso e como. E Gleiser não fez. Generalizou porque é mais cômodo e conveniente. Especialmente porque a Folha de São Paulo, useira e vezeira, não ouve o outro lado nas controvérsias científicas. É um jornal que, como toda a Grande Mídia está de rabo preso com a Nomenklatura científica.

Como soi na retórica catastrófica – nomear os maiores vilões que são contra a boa ciência e responsáveis diretamente pelo aquecimento global, Gleiser disse que a indústria de petróleo é “um dinossauro tecnológico do qual todos nos alimentamos”. Aqui, concordo com Gleiser: está na hora de criarmos novas alternativas energéticas. Mas quais serão essas alternativas?

Discordo, parcialmente do seu pensamento à la Madre Tereza, quando pensa nos 7 bilhões de pessoas neste planeta, procurar encontrar energias alternativas beneficiais ao planeta e à humanidade, quando ele diz que “fica difícil entender a resistência de alguns ao aquecimento global”. Não é difícil entender Gleiser. A indústria do petróleo é o que é porque foi feita por cientistas. Muitas universidades americanas mamaram nas tetas da Shell, Exxon, Texaco, para financiamento e realização de pesquisas científicas.

A resistência ao modelo climático do IPCC se dá, Gleiser, por outra razão: pontos de vista científicos contrários! Mas, pontos de vista contrários é o que menos interessa à Nomenklatura científica. Hoje, o amor à verdade científica é um bem raro entre os cientistas, e este silencio é compreensível por causa da mordaça epistêmica que lhes foi imposta.

Ser dissidente científico hoje, seja contra as potocas do modelo de aquecimento global do IPCC ou contra as especulaçãos transformistas de Darwin, é suicidar-se academicamente ou ser mandado para o Gulag do esquecimento com a rejeição de seus artigos em publicações científicas e, pasmem, a não participação, rejeição de artigos, e até o cancelamento de suas palestras na SBPC e em outros eventos. Eu sei do que estou falando. E a SBPC também... Os outros também...

Muito interessante a confiança gleiseriana de que as previsões climáticas não estão equivocadas. Em quem ele confia? No relatório fraudulento do IPCC? Realmente, nada temos a perder mudando nossos hábitos para proteger melhor nosso planeta, mas como Gleiser sabe que a Terra vai continuar a existir sem nós? Como ele sabe que nós humanos não mais existiremos? Ele teve alguma epifania vinda dos multiversos de Hawking?

Fico com Gleiser: “Um resultado científico é válido, em uma margem de erro, até que uma nova descoberta científica seja anunciada e bem avaliada”, mas ouvindo-se também os críticos de uma teoria científica. E que a turma do IPCC arranje um referencial teórico mais plausível. Esse modelo que aí está nem errado é...

Mas antes de encerrar, e ainda tendo em mente Lindzen, de carreira acadêmica brilhante em metereologia no MIT, não foi no Dartmouth College, fazer umas perguntas causticantes:

Como Gleiser sabe que a ciência da mudança climática não está equivocada quando ele, um físico teórico, não contribuiu sequer com um parágrafo de dados ou teoria para aquela ciência? Um artigo em publicação com revisão por pares? Um somente!

Por que devemos aceitar os juízos emitidos por Gleiser sobre o aquecimento global e, como faz a Nomenklatura científica e a Grande Mídia, desconhecer e rejeitar as análises feitas por Lindzen, um cientista muito mais competente na área, e mais 30.000 cientistas?

Seriam interesses realmente em busca da verdade científica ou interesses políticos e financeiros como os de Al “Apocalipse” Gore, aquele que disse que inventou a Internet?

ENÉZIO E. DE ALMEIDA FILHO é professor e pesquisador em História da Ciência pela PUC-SP, e pensa escrever um livro "Desafiando a Nomenklatura Científica".