17/8/2010
Agência FAPESP – Um grupo de astrônomos descobriu um objeto em uma região da órbita de Netuno considerada uma “zona morta gravitacional”, na qual até hoje nenhum corpo astronômico havia sido observado. A descoberta foi publicada noScience Express, edição on-line da revista Science.
O objeto, denominado 2008 LC18, é um asteroide troiano, um tipo de asteroide que divide a órbita de um planeta, posicionando-se à frente ou atrás desse planeta em uma localização estável. O nome deriva da Guerra de Troia, que teria ocorrido entre gregos e troianos por volta de 1.300 a.C.
Astrônomos descobrem asteroide em região da órbita de Netuno considerada “zona morta gravitacional”, na qual nenhum outro objeto havia sido observado
Como os asteroides troianos compartilham a órbita de seus planetas, eles são sensíveis à formação e migração desses outros. Por conta disso, a descoberta poderá ajudar a compreender melhor questões fundamentais sobre a formação e os movimentos dos planetas.
Júpiter é o planeta do Sistema Solar com o maior número de asteroides troianos conhecidos: mais de 4 mil. Há quatro troianos conhecidos em Marte e outros seis em Netuno, mas nenhum na região em que agora foi encontrado o sétimo. Até então, não se descobriu esses tipos de asteroides nos demais planetas do Sistema Solar, apesar de os cientistas estimarem tal existência.
Scott Sheppard, da Instituição Carnegie, e Chad Trujillo, do Observatório Gemini, utilizaram uma nova técnica observacional, que aproveita a formação de grandes nuvens escuras de poeira no espaço para poder bloquear a luz de fundo no plano galáctico.
Essa “janela observacional” foi empregada com o auxílio do telescópio japonês Subaru, com espelho de 8,2 metros de diâmetro, instalado no Havaí. A órbita do 2008 LC18 foi determinada com os telescópios Magalhães, de espelhos com 6,5 metros, instalados no Chile.
“Estimamos que o novo troiano em Netuno tenha um diâmetro de cerca de 100 quilômetros e que há cerca de 150 outros asteroides do tipo na região em que observamos o 2008 LC18”, disse Sheppard.
Isso implicaria que há mais asteroides troianos em Netuno do que o número desses objetos no principal cinturão entre Marte e Júpiter. “Há menos troianos conhecidos em Netuno simplesmente porque eles são mais difíceis de serem descobertos, uma vez que estão tão longe da Terra”, disse.
O artigo Detection of a Trailing (L5) Neptune Trojan, de Scott Sheppard e Chad Trujillo, pode ser lido por assinantes daScience em
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