Em editorial, o Wall Street Journal manda a pizza britânica para o espaço
por Redação Mídia@Mais em 23 de julho de 2010 Opinião - Ambientalismo
Num editorial arrasador [19/07/10], intitulado “Uma Absolvição Climática – Os alarmistas ainda não conseguem separar a ciência das ações políticas”, o jornal americano, com fina ironia, não apenas rejeita as demandas da ONU e quejandos, bem como demonstra a falácia da absolvição promovida com espalhafato pela mídia alarmista.
A seguir, apresentamos a tradução livre e comentada de alguns trechos desse editorial que vale guardar nos arquivos:
O mais recente estudo objetivando absolver os cientistas envolvidos no escândalo Climategate foi publicado em julho. De forma previsível, recebemos uma carta de nossos admiradores na Fundação das Nações Unidas e no Conselho de Defesa dos Recursos Naturais recomendando com insistência para que “acabássemos com os mal-entendidos” acerca desses “escândalos fictícios”. Tendo devotado espaço considerável ao Climategate, ficamos contentes com essa oportunidade, ainda que, talvez, não da maneira que esses nossos admiradores gostariam.
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Na mídia, Climategate é sinônimo do debate sobre o conteúdo de milhares de emails e documentos que foram vazados do CRU (Climatic Research Unit) da Universidade de East Anglia. Em essência, o escândalo foi tanto quanto à integridade do processo científico quanto à qualidade da ciência. Alguns dos principais cientistas do clima foram pegos aconselhando uns aos outros a apagar emails potencialmente comprometedores, a obstruir os pedidos de acesso aos dados conforme a lei de liberdade de informação, e a usar de artifícios no processo de revisão pelos pares [peer-review process] para excluir as contribuições dos colegas céticos.
Os emails do Climategate também revelaram um certo hábito entre alguns cientistas do clima: o de ajustar as velas do barco da “ciência consensual” conforme os ventos políticos, por vezes ao “enfatizar” tendências ambientais e de temperatura situadas na ponta alarmista do espectro.
“Fiz um esforço muito grande para equilibrar os requisitos da ciência e os do IPCC, que nem sempre eram os mesmos”, escreveu Keith Briffa, climatologista de East Anglia, ao seu colega Michael E. Mann, da Penn State University, em abril de 2007. O IPCC, ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas [presidido pelo excelso guru Rajendra Pachauri] é o organismo da ONU cujos longos relatórios supostamente seriam o padrão-ouro daquilo que o mundo sabe sobre mudanças climáticas.
Para qualquer pessoa que acredita que a ciência se beneficia da transparência, o Climategate foi uma coisa muito boa. O escândalo [que eclodiu em novembro de 2009] estimulou repórteres, blogueiros, [o Mídia@Mais já vinha denunciando a fraude do AGA desde fevereiro de 2009], cientistas independentes [no Brasil, ao menos publicamente, destaque para o Prof. Luiz Carlos Baldicero Molion e também para a equipe do www.fakeclimate.com ] e comitês parlamentares [só no exterior...] a dar uma olhada mais de perto na dita “ciência estabelecida”. Uma afirmação do IPCC amplamente citada, qual seja, a de que as geleiras do Himalaia desapareceriam por volta do ano 2035 foi desmascarada. Outra afirmação alarmista que falava em 40% de redução [desmatamento] da floresta amazônica “parece não ter nenhuma base científica”, de acordo com o Prof. Roger Pielke Jr., especialista em estudos ambientais da Universidade do Colorado. E outras afirmações do IPCC revelaram-se meros esforços de grupos de pressão ambientalistas e de revistas populares [TIME, Newsweek e a Veja bem que o diga...].
Portanto, no mínimo o Climategate deveria ter despertado um exame de consciência entre os cientistas do clima quanto à necessidade de maior transparência, menos ações políticas e mais equilíbrio no tratamento dos dados. Tudo isso torna ainda mais infeliz o “Independent Climate Change Email Review”, encarregado e custeado pela Universidade de East Anglia, sob a presidência de Sir Muir Russel, ex-vice-reitor da Universidade de Glasgow, que resultou em 160 páginas de evasivas às questões reais.
Uma dessas evasivas diz respeito à própria ciência das mudanças climáticas. O relatório do inquérito insiste em dizer que não encontrou nada “que possa questionar as conclusões” do relatório do IPCC/2007, para o qual o CRU foi grande contribuidor. Mas isso porque na condução do inquérito o relatório do IPCC simplesmente não foi examinado. Sir Muir diz que “a preocupação do inquérito não é com a ciência, ou se os dados foram validados e nem se as hipóteses resistem aos testes”, mas antes com a “honestidade, rigor e transparência com os quais os cientistas do CRU agiram”.
Em outras palavras: o relatório do inquérito “independente” supõe a validade do “consenso” sobre o aquecimento global enquanto professa a reafirmação desse consenso. Uma vez que uma declaração não pode provar a si mesma, o relatório de Sir Muir apenas demonstra uma queda para alógica circular [uma falácia lógica, conhecida como ‘petição de princípio’, tal como já ensinava Aristóteles há 2300 anos...].
Na prática, o único julgamento científico significativo apresentado por Sir Muir é o de que algumas versões do notório gráfico do “Taco de Hóquei” — que apresenta temperaturas globais relativamente estáveis até meados do século XIX — foram “enganosas” apenas e tão somente porque o diretor do CRU, Phil Jones, em suas próprias palavras, tentou “esconder o declínio [das temperaturas]”.
E então vem a evasiva — ou talvez “absolvição” seja a melhor palavra — concernente aos padrões profissionais dos cientistas do CRU. Sir Muir reconhece que encontrou “indícios de que emails podem ter sido apagados a fim de torná-los indisponíveis”. O relatório de Muir Russel minimiza esse fato por considerá-lo que foi fruto de certa ingenuidade dos cientistas do CRU.
Não obstante, é difícil entender como esses pesquisadores, que tão meticulosamente se esquivaram dos pedidos com base na FOI [lei de liberdade de informação] poderiam não ter noção de sua importância. Num agora famoso email de 2008, Phil Jones escreveu a Michael Mann: “Você poderia apagar quaisquer emails que tenha trocado com Keith [Briffa] referentes ao AR4 [o relatório IPCC/2007]? Keith faria o mesmo”.
Talvez a evasiva mais significativa seja a afirmação de que o inquérito foi genuinamente independente. Dos quatro membros designados, um deles, Geoffrey Boulton, foi membro do corpo docente da Universidade de East Anglia por 18 anos.
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Reconhecemos que, para os crentes, o relatório de Sir Muir será circulado como prova de que a ciência das mudanças climáticas está tão “estabelecida” quanto à necessidade de ação. É sempre muito fácil convencer alguém que já está disposto a crer. Mas se o seu objetivo é convencer um público crescentemente cético quanto à ciência do aquecimento global, eles precisariam começar por expulsar a politicagem da ciência.
Leia o editorial na íntegra (em inglês) clicando aqui.
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Fonte: Mídia@Mais
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