A “golden retriever” de Dawin” retrata a teoria do Design Inteligente como um ataque contra a ciência
Por David Tyler
A revista científica Science traz uma entrevista com Eugenie Scott, diretora-executiva do National Center for Science Education [Nota do blogger: O Centro Nacional para a Educação em Ciência é uma ONG evolucionista americana que defende o ensino da teoria da evolução sem críticas]. Ela foi apresentada como uma guerreira incansável, que é encontrada “nas linhas de frente de batalhas contenciosas sobre o ensino da evolução nas escolas públicas americanas.” Ela se refere aos seus oponentes como “o inimigo”. Eles são diversos: “ciência da criação”, design inteligente [DI], e protagonistas anti-evolução”.
Nós que acompanhamos essas questões estamos bem cientes da postura que Scott toma e os argumentos que ela traz. Este blog se preocupa com a maneira como a revista científica Science apresenta o pensamento dela como sendo o consensual e amplamente aceito, sem nenhuma tentativa de fornecer uma análise ou sugerir que o pensamento de Scott merece ser criticado.
Nós chegamos a uma situação hoje em dia que, qualquer crítica ao darwinismo é re-empacotada como sendo um ataque contra a ciência. Retratar as questões desta maneira é fechar a discussão e análise crítica. É um problema, não somente para cientistas do Design Inteligente, mas cientistas criacionistas, mas também para biólogos evolucionistas que aceitam que o darwinismo não fornece os mecanismos necessários para realizar a ransformação bológica. Leia mais aqui e aqui.
Darwinistas como Scott têm um ponto cego: eles equacionaram tanto a sua teoria querida como se fosse a própria ciência, que eles são incapazes de apreciar que alguns de nós queremos um debate científico genuíno sobre os mecanismos: o que eles podem realizar e quais são suas limitações.
Este ponto cego se espalha para a educação. “Além dos ataques periódicos sobre os parâmetros educacionais de ciência como nós vimos recentemente no Texas, nós estamos preocupados sobre a legislação anti-evolução em diferentes estados sob a capa de leis de liberdade acadêmica.” Scott não admite que o princípio de liberdade acadêmica implique no direito de se trazer críticas ao darwinismo nas salas de aula.
Consequentemente, os defensores da “liberdade acadêmica” são rotulados como subversivos para a ciência. Há agendas ideológicas por trás desta oposição ao desenvolvimento de mentes críticas dos alunos (leia mais aqui).
Uma surpreendente seção de Pergunta e Resposta sobre a relevância da teoria da evolução para cientistas em atividade. A resposta dada por Scott é, na verdade, muito fraca. Em vez de destacar exemplos de relevância, ele fez uma declaração muito generalizada sobre como se considerar “todo o quadro”:
P: Por que é importante ensinar evolução? Os médicos e a maioria dos cientistas da vida não podem realizar seus trabalhos sem aceitar a evolução?
E.S.: Você pode ser um mecânico sem entender todos os detalhes do motor de combustão interna. [Mas] não seria melhor que você fosse a um mecânico que tem a visão completa da situação?
Esta resposta falha em interagir com aqueles cientistas que estão preparados para dizer que a teoria da evolução é mais um verniz de superfície do que um arcabouço teórico confirmador (Leia mais aqui).
Além disso, falha em fazer justiça ao lugar do design em medicina: aqueles cientistas que consideram o corpo humano como planejado têm tido uma boa trajetória em ajudar a curar enfermidades, e o emergente campo de medicina darwiniana é amplamente não experimentada e não testada (Leia mais aqui e aqui).
Outra área onde Scott precisa ser desafiada é no seu entendimento de filosofia de ciência. Ela parece pensar que a ciência transcende a filosofia. Quando ela fala sobre o que os cientistas não devem fazer, o argumento dela prevê os cientistas tirando ideias filosóficas da ciência. Algumas redundam em ateísmo; algumas em teísmo. Eis a parte relevante da entrevista:
“O que os cientistas de universidade não devem fazer é forçar os estudantes a escolher entre a religião e a ciência. Se um professor fosse dizer que a evolução prova que Deus não existe, isso não apenas é uma má filosofia de ciência, ela garante que um número significante de estudantes irá colocar seus dedos nos ouvidos. Quando for explicar questões biológicas, como a evolução do olho, não há necessidade em dizer que Deus não teve nada a ver com isso. É um comentário irrelevante. Eu não acho que a sala de aula é um lugar apropriado para se tentar criar mais ateus do que seja um lugar apropriado para se criar mais cristãos fundamentalistas.”
Um elemento principal trazido pelos scholars do Design Inteligente é que a filosofia sustenta a ciência. Isto não é, de modo algum, uma ênfase exclusiva, pois este ponto de vista é comum entre os filósofos de ciência. O problema é que poucos fazem perguntas sobre as sustentações ideológicas da ciência, e se ideologias diferentes são importantes. È mais justo dizer que “a evolução prova que Deus não existe” ou “o ateísmo vai dar numa ciência das origens onde não existe propósito, direção ou qualquer papel para um Criador”? Há bastante evidência de “má filosofia de ciência”, mas é evidente em um nível mais profundo do que o reconhecido por Scott. Leia mais aqui.
O que nós devemos dizer sobre a abordagem de Scott na explicação de “questões biológicas, como a evolução do olho”. Repare que ela não se refere ao funcionamento do olho (que é uma questão de ciência empírica), mas antes, se refere à evolução do olho (que é uma questão para a ciência histórica e presume que o olho evoluiu). As questões filosóficas que precisam de consideração são afetas pelas perguntas feitas. Scott afirmou: “não há necessidade de dizer que Deus não tem nada a ver com isso. É um comentário irrelevante."
De uma perspectiva científica, a questão diz respeito à causação. Quais causas são legítimas devem ser consideradas dentro da ciência? Nós estamos acostumados com o papel da lei natural dentro da ciência. Nós também estamos cientes de eventos ao acaso que precisam de descrição estatística em vez de leis físicas ou químicas. A área controversa de causação diz respeito à agência inteligente (design). Os defensores do Design Inteligente não pensam que seja irrelevante considerar a possibilidade de causação inteligente e têm proposto diversos testes para se distinguir lei, acaso e design.
A indisposição de Scott em reconhecer que o design até pode ser considerado dentro da ciência é um reflexo da filosofia de ciência que ela adotou: uma pressuposição metafísica que proíbe o design de ser considerado. Leia mais aqui.
A verdadeira questão não é que Scott defende essas opiniões (pois nós vivemos no mundo livre onde nós protegemos a liberdade acadêmica). É problemático porque a revista Science não considerou apropriado fornecer um fórum para o diálogo com cientistas que têm uma filosofia de ciência diferente. Fingir que não há debate sobre essas questões é insensatez.
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Eugenie Scott Toils in Defense of Evolution
Yudhijit Bhattacharjee
Science 324, 5 June 2009: 1250-1251 | DOI: 10.1126/science.324_1250b
1st sentence: As executive director of the California-based National Center for Science Education, anthropologist Eugenie Scott has spent the past 2 decades on the frontlines of the contentious battle over teaching evolution in U.S. public schools.