Dedos pra que te quero - uma solução evolutiva

quinta-feira, junho 18, 2009

Dedos da evolução
18/6/2009

Agência FAPESP – Se as aves do presente são os dinossauros do passado, algumas dúvidas precisam ser esclarecidas. Uma delas diz respeito ao membro superior desses animais. Ou simplesmente: como os dedos dos dinossauros evoluíram para as asas das aves modernas?


Fóssil de 159 milhões de anos descoberto na China reforça a teoria do parentesco entre dinossauros e as aves modernas. Estudo é destaque na Nature (divulgação)

Os membros superiores, ou as “mãos” das aves atuais, são reduzidos e integrados às asas. Estima-se que eles derivem dos segundos, terceiros e quartos dedos de uma mão ancestral. Entretanto, os dinossauros terópodes, que viveram do Triássico Superior ao Cretáceo, tinham apenas três dedos.

Uma possível resposta para o problema acaba de ser dada por um dos mais bem-sucedidos “caçadores de dinossauros”, o paleontólogo Xing Xu, do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia Vertebradas de Beijing, na China.

Ao lado de James Clark, da Universidade George Washington, nos Estados Unidos, e um grupo internacional de pesquisadores, Xu descreve na edição desta quinta-feira (18/6) da revista Nature a descoberta de um “elo perdido” que pode ajudar a esclarecer a questão.

Trata-se de um fóssil de um terópode herbívoro, pequeno e primitivo que viveu há cerca de 159 milhões de anos e foi encontrado no vale de Junggar, no oeste da China. O dinossauro tinha quatro dedos: um primeiro dedo bastante reduzido ao lado de outros três bem mais desenvolvidos.

Segundo os autores do estudo, a evolução de mãos para asas envolveu alterações complexas nos pulsos e dedos, e o fóssil descoberto fornece uma pista de como tais mudanças ocorreram.

O estudo demonstra também que os dinossauros terópodes eram mais diversos ecologicamente durante o Jurássico (de cerca de 199 milhões a 145 milhões de anos atrás) do que se acreditava até então.

“Essa descoberta é realmente empolgante, pois ela muda o que achávamos que sabíamos sobre as mãos dos dinossauros”, disse Xu sobre o dinossauro ao qual deram o nome Limusaurus inextricabilis. O animal tinha bico e era desdentado. A ausência de dentes, braços curtos sem garras afiadas e a presença de moela indicam que se tratava de um herbívoro, apesar de ligado aos dinossauros carnívoros do período.

Os dinossauros terópodes teriam perdido dois dedos durante o curso da evolução, ficando com os três internos. De modo semelhante, embriões sugerem que as aves atuais perderam também dois dedos, só que ficaram com os três do meio. Diferentemente dos demais terópodes conhecidos, o limussauro teve seu primeiro dedo reduzido e o segundo aumentado. Ou seja, mais próximo das aves atuais do que os outros dinossauros.

O limussauro é o primeiro ceratossauro encontrado no leste da Ásia e um dos mais primitivos membros conhecidos do grupo. Ceratossauros eram terópodes que muitas vezes tinham cristas ou chifres, além de ausência de garras.

Entre as descobertas feitas por Xu e colegas no vale de Junggar estão o mais velho tiranossauro (Guanlong wucaii, o mais velho dinossauro com chifre (Yinlong downsi) e o estegossauro Jiangjunosaurus junggarensis.

O artigo A Jurassic ceratosaur from China helps clarify avian digital homologies, de Xing Xu e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.

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NOTAS DESTE BLOGGER:

1. Professores, pesquisadores e alunos de universidades públicas e privadas com acesso ao portal CAPES/Periódicos podem acessar gratuitamente a Nature e outras publicações científicas.

2. Ué, mas não saiu recentemente outra pesquisa detonando a hipótese da evolução dos dinossauros em aves??? Durma-se com um barulho heurístico desses...