“A evolução ocorre, e daí?”
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A Nomenklatura científica, a Grande Mídia internacional e tupiniquim, mais os autores de livros-texto intencional e sub-repticiamente lançam mão da estratégia de equivocação na discussão da controvérsia Darwin vs. Design: eles se recusam terminantemente definir o termo “evolução” para leigos não-especializados e estudantes do ensino médio.
A palavra “evolução” pode se referir a algo tão simples como mudanças mínimas dentro das espécies individuais ocorrendo ao longo de períodos curtos de tempo (Evolução #1). Esta mesma palavra pode ser usada para significar algo de alcance muito mais amplo, como a afirmação de que todos os seres vivos descendem de um único ancestral comum (Evolução #2).
Geralmente eles usam esses dois significados referindo-se à seleção natural [ou a quaisquer outros mecanismos evolutivos de A-Z, ou alfa-numéricos a serem inventados pela Nomenklatura científica] como tendo o poder de produzir toda a complexidade e diversidade da vida ao longo do tempo (Evolução #3).
Parada para ponderarmos juntos. Usada de um modo, a “evolução” não é um assunto controverso (i.e. Evolução #1), mas usada de outra maneira, aí sim, devido às evidências circunstanciais, no contexto de justificação teórica o clima fica quente (i.e. Evolução #2 ou Evolução #3). Mas o que faz a Nomenklatura científica, a Grande Mídia internacional e tupiniquim, e os autores de livros-texto de Biologia do ensino médio? Eles usam equivocadamente o termo “evolução” de modo impreciso demais para ser útil num debate científico.
Quando você ler ou ouvir a palavra “evolução”, pergunte: “Qual das três definições está sendo usada?” Os atuais críticos do neodarwinismo geralmente discordam da validade científica do termo Evolução #2 ou Evolução #3. Mas a discussão fica mais confusa ainda quando os darwinistas pegam a evidência a favor da Evolução #1, e tentam fazer com que ela apóie a Evolução #2 ou Evolução #3.
Os proponentes do darwinismo, que eu chamo aqui neste blog carinhosamente de “darwinistas fundamentalistas” [obrigado, Stephen Jay Gould, por esta pérola lingüística] são useiros e vezeiros em tirar da cartola ou da manga a estratégia “A Isca da Evolução” usando evidências de mudanças de pequena escala, como mudanças nos tamanhos dos bicos de aves (Evolução #1), e depois extrapolam esta modesta evidência para confirmar as especulações transformistas grandiosas de Darwin (Evolução #2 ou Evolução #3).
O gráfico acima se encontra aqui.
Parte desta discussão foi adaptada do novo livro-texto Explore Evolution.