Eu tenho uma empatia não somente aos portadores de síndrome de Down, mas para com todas as pessoas especiais. Faço isso só pra contrariar a Darwin: pela teoria da evolução ninguém deve ser altruísta. Só o mais apto sobrevive. A seleção natural não seleciona nada numa espécie que seja utilizado em favor de outra espécie.
Então você deve ter pensado: o blogger errou ao digitar o título deste pequeno texto? O correto seria “síndrome de Down”? Se você pensou assim, errou. Eu escrevi justamente isso: “síndrome de Darwin”. Explico. Toda e qualquer síndrome é um “estado mórbido caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas, e que pode ser produzido por mais de uma causa” (Aurélio).
Já a “síndrome de Darwin” é esse estado mórbido encontrado em cientistas, pesquisadores, galera de meninos e meninas de Darwin, e até na Grande Mídia tupiniquim. O conjunto de sinais mostra um comportamento irracional de adoração e fundamentalismo teórico em relação ao “pai da teoria da evolução”: Darwin locuta, causa finita! Traduzindo em graúdos: Darwin falou e disse, e não tem pra ninguém! A evolução é minha, ninguém tasca, eu vi primeiro! [Vide as muitas citações ufanistas de Darwin “a minha teoria” no Origem das Espécies].
A “síndrome de Darwin” é contraída durante o longo processo educacional onde Darwin é apresentado goela abaixo como tendo resolvido a questão da origem e evolução da vida, sem nenhum questionamento ou crítica em salas de aulas porque os nossos melhores autores de livros didáticos de biologia do ensino médio e superior sofrem da “síndrome dos soldadinhos-de-chumbo”: todo mundo pensando igual e ninguém pensando nada! Eles simplesmente repetem, oops refletem o atual “konsensus” da Nomenklatura científica!
Exemplo recente da “síndrome de Darwin” foi publicado no JC E-Mail, boletim eletrônico da SBPC:
Pesquisador comenta matéria “Fiocruz inaugura durante a Semana Nacional de C&T exposição sobre Darwin” Leia mais >>>
“Acredito que é importante resgatar essa outra ligação de Darwin com o Brasil e por foco em Fritz Muller”
Mensagem de Rudi Ricardo Laps, da Universidade Regional de Blumenau:
“É interessante notar que a maioria das reportagens sobre os 200 anos de Darwin citam [sic] a sua passagem pelo Brasil como se fosse a única ligação do pai da teoria evolutiva com nosso país.”
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1. Sintoma da “síndrome de Darwin”: atribuir ao morador de Down [desculpem o trocadilho] a “paternidade” exclusiva da teoria da evolução. Não existe isso em História da Ciência. A história da ciência registra que Darwin é um, juntamente com Wallace, entre muitos que pensaram sobre a teoria da evolução. Lamarck, por exemplo. Até o avô de Darwin. Se formos retroceder no passado distante: até os gregos antigos entretinham essas especulações transformativas.
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“Nada é dito sobre sua enorme correspondência com o cientista alemão Fritz Müller, que vivia em Santa Catarina. Müller escreveu um importante livro sobre a teoria evolutiva ("Für Darwin") e alimentou Darwin com um vasto painel de observações feitas na Floresta Atlântica.
Foi um livro e uma correspondência importante para Darwin, justamente em um momento em que a Teoria da Origem das Espécies estava sendo combatida.”
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2. Outro sintoma da “síndrome de Darwin”: toda e qualquer crítica à teoria da origem das espécies é considerada atitude anticientífica, geralmente grafada em termos beligerantes como “combate”, e prontamente ganha espaço midiático. O correto seria “estava sendo questionada”. Afinal de contas, não existe Theoria perennis em ciência. Todas as teorias científicas estão sujeitas à revisão e descarte. Inclusive Darwin. Prova disso? Darwin 3.0 já está no forno para ser lançado em 2010 após o oba-oba das peregrinações e celebrações mundiais de culto à personalidade em 2009.
E quanto à importância da “enorme correspondência” de Fritz Muller com Darwin? Laps talvez desconheça, mas Fritz Muller e seu aluno mais famoso Ernst Haeckel [aquele que forjou os desenhos de embriões vertebrados para provar o fato, Fato, FATO da hipótese do ancestral comum], ajudaram a transformar as leis de von Baer numa forma evolutiva de lei de paralelismo.
Vide CHURCHILL, Frederick B. “The Rise of Classical Descriptive Embriology”, in “A Conceptual History of Modern Embriology”, Scott F. Gilbert, editor, Baltimore, The John Hopkins University Press, 1991, pp. 19-20. Uma ironia da biologia do século 19: von Baer foi um crítico de peso da evolução darwiniana até à sua morte em 1876. Apesar disso, Darwin continuou citando a von Baer como se ele apoiasse a doutrina de paralelismo evolutivo. Nada mais falso!
Ah, eu ia me esquecendo: Frederick B. Churchill é historiador da ciência.
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Eu já confessei a minha empatia pelos portadores da “síndrome de Down”, mas confesso que não sinto nenhuma empatia pelos portadores da “síndrome de Darwin”. Aqueles por não serem responsáveis pelas suas limitações. Estes pelo comportamento anticientífico: a recusa renitente de fazerem perguntas à natureza, considerarem as evidências e seguirem aonde elas forem dar.
A “síndrome de Darwin” é a pior de todas as síndromes: ela é contagiante! Mas tem cura: Design Inteligente!