Inicio este blog destacando dois aspectos importantes e necessários num livro didático: exatidão e objetividade científicas.
Entre as muitas evidências a favor do ‘fato’ da teoria geral da evolução, o caso das mariposas de Manchester (Biston betularia) – Melanismo industrial, é apresentado em nossos melhores livros-texto de Biologia do ensino médio como evidência de ‘evolução em ação’. Nada mais falso e mais uma das muitas fraudes a favor do ‘fato’ da teoria geral da evolução acobertada pela Nomenklatura científica até recentemente.
Na análise crítica enviada duas vezes ao MEC/SEMTEC pedindo o ensino objetivo das teorias da origem e evolução da vida, em 2003 e 2005 (sem resposta até agora de quais providências seriam tomadas) destaquei o livro Fundamentos da Biologia Moderna, de AMABIS & MARTHO (1997 e 2002) por ter melhor traduzido o espírito dos atuais PCNs. Mesmo assim eles mantiveram algumas evidências científicas distorcidas a favor do fato da teoria da evolução geral e não abordaram as "inúmeras zonas de incerteza... que surgiram nas ciências da evolução biológica” (MORIN, 2000:16), e propedeuticamente não atingiram o preconizado pela LDB 9.394/96, pelos atuais PCNs (1999) e nem à proposição da educação para o futuro feita por Edgar Morin à UNESCO (MORIN, 2000).
Esta análise-crítica foi enviada a sete das principais editoras de livros didáticos do Brasil.
Vamos aos fatos, pois neste blog nós matamos a cobra e mostramos o pau!
AMABIS & MARTHO (1997), Cap. 27 Teorias da evolução, p.548-68, especialmente a p. 558.
Para a segunda parte de sua teoria, “modificação”, Darwin apoiou-se principalmente na seleção natural como o mecanismo da evolução. O próprio Darwin não tinha evidência direta da seleção natural, então ele se apoiou nos exemplos de cruzamento doméstico e “um ou dois exemplos imaginários” da natureza (in Origem das Espécies, capítulo 4, p. 95).
Foi somente um século após a publicação de Origem das Espécies que o médico britânico Bernard Kettlewell afirmou ter encontrado a “evidência perdida de Darwin” nas mariposas de Manchester (Biston betularia).
Antes do início dos anos 1800s, quase todas as mariposas eram claras. Contudo, durante a Revolução Industrial as populações de mariposas mudaram para uma coloração mais escura. De acordo com a teoria da evolução, a mudança ocorreu porque as mariposas escuras ficavam melhor camufladas nos troncos das árvores escurecidos pela poluição, e assim mais prováveis de sobreviver a aves predadoras. No começo dos anos 1950s, Kettlewell realizou vários experimentos nos quais ele liberou as mariposas cativas claras e escuras nos troncos de árvores claros e escuros, e observou à medida que as aves comiam as mais visíveis, e no dia seguinte calculou as porcentagens das mariposas sobreviventes. Os seus dados pareciam apoiar a teoria de Darwin. As mariposas de Manchester tornaram-se a história clássica da seleção natural em ação, geralmente ilustrada com fotografias de mariposas claras e escuras em troncos de árvores claros e escuros.
Nos anos 1960s a legislação do meio-ambiente na Grã-Bretanha reduziu a poluição, e as mariposas claras retornaram. Contudo, retorno delas em muitas localidades precedeu às mudanças significantes na cor dos troncos das árvores, levantando questões sobre a história clássica. Pelos idos dos anos 1980s, ficou claro que as mariposas (Biston betularia) normalmente não repousam em troncos de árvores. Em diversas décadas de pesquisa de campo, envolvendo dezenas de milhares de mariposas, somente 47 foram encontradas repousando ao ar livre e apenas 6 daquelas foram encontradas em posições expostas nos troncos das árvores. As fotografias dos livros didáticos, descobriu-se, foram ‘montadas’ – em muitos casos espetando-se ou colando-se as mariposas mortas aos troncos das árvores. O que uma fraude aqui e ali não faz para apoiar o ‘fato’ da evolução, não é mesmo?
Nos anos 1950s, quando os especialistas ainda acreditavam que as mariposas do gênero Biston betularia repousavam naturalmente nos troncos das árvores, os experimentos de Kettlewell pareciam válidos e não havia nada de errado com a ‘montagem’ das fotografias. Mas quando se tornou evidente que a história clássica era falsa, os livros didáticos deveriam ter começado a alertar os alunos para o fato. As fotografias ‘montadas’ deveriam ter sido retiradas ou pelo menos serem apropriadamente rotuladas. Exige-se legalmente dos empreendimentos comercias que rotulem honestamente seus produtos e propagandas, os autores de livros de ciência não deveriam fazer menos do que isso.
A verdade sobre a história das mariposas Biston betularia é conhecida há muitos anos (vide a bibliografia abaixo). Artigos em publicações científicas especializadas e jornais populares têm noticiado a respeito desde 1998, e a história foi até o assunto de um livro popular em 2002. Em outubro de 2002, o jornal The New York Times incluiu as fotografias ‘montadas’ de mariposas Biston betularia numa galeria de exemplos famosos de “fraude científica”. A Grande Mídia Tupiniquim foi alertada, mas ficou ‘muda’ acobertando o fraudador e os autores de livros didáticos.
Simplesmente não cabia mais desculpa para AMABIS & MARTHO continuarem a dar informações erradas para os estudantes sobre a história das mariposas de Manchester, muito menos acompanhando a história com ilustrações falsas e enganadoras (1997, p. 558).
AMABIS & MARTHO (2002) não reproduziram mais esta ‘fraude científica’ a favor do ‘fato’ da seleção natural em ação, MAS NÃO INFORMAM A RAZÃO POR QUE DA OMISSÃO desse ícone da evolução. Ora, isso não capacita os alunos compreenderem a existência das 'zonas de incertezas' existentes na biologia evolutiva, nem o que isso significa para a suficiência epistêmica da teoria geral da evolução e tampouco como “as ciências como construções humanas... se desenvolvem por acumulação, continuidade ou ruptura de paradigmas...”. Aqui era uma questão de uma fraude usada antes por AMABIS & MARTHO (1997), talvez sem conhecimento de causa (eu duvido), e depois omitida em 2002.
Por que os alunos não podem saber dessa fraude sobre a seleção natural – um dos principais e mais incensado dos ‘mecanismos’ evolutivos, como ficaram sabendo da famosa fraude do Homem de Piltdown?
Fica aqui o desafio: Qual será a evidência de seleção natural em ação que os Autores irão colocar agora nos livros didáticos de Biologia do ensino médio?
Bibliografia:
LDB 9.394/96. Brasília: Congresso Nacional, 20 de dezembro de 1996.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2000.
PCN - Pârametros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: MEC, 1999.
Artigos em publicações científicas:
COYNE, Jerry, “Not black and white”, a review of Michael Majerus’s Melanism: Evolution in Action, Nature 396 (1998): 35-36.
DOVER, Gabby, "Mothbusters", EMBO Reports 4 (2003): 235.
HERBERT, Roy, "Fly by nights", New Scientist, 21 de setembro de 2002, p.52.
SARGENT, Theodore D., MILLAR, Craig D. & LAMBERT, David M., “The ‘Classical’ Explanation of Industrial Melanism: Assessing the Evidence”, Evolutionary Biology 30 (1998): 299-322.
WELLS, Jonathan, “Second Thoughts about Peppered Moths”, The Scientist, 24 de maio de 1999, p. 13.
Artigos em jornais:
CHANG, Kenneth, "On Scientific Fakery and the Systems to Catch It", The New York Times, 15 de outubro de 2002, p. D1.
KENNEY, Michael, "Evolution takes wings in Moths", The Boston Globe, 20 de agosto de 2002, p. C17.
NORMAN, Geoffrey, "A Flight From the Truth", The Wall Street Journal, 20 de agosto de 2002, p. D10.
RAEBURN, Paul, "'Of Moths and Men': The Moth That Failed", The New York Times, 25 de agosto de 2002, Section 7, p. 12.
WADE, Nicholas, "Staple of Evolutionary Teaching May Not Be Textbook Case", The New York Times, 18 de junho de 2002, p. D1.
WITHAM, Larry, “Darwinism icons disputed”, The Washington Times (National Weekly Edition), 25-31 de janeiro de 1999, p. 28.
Livro:
HOOPER, Judith, “Of Moths and Men: An Evolutionary Tale”, (New York: W.W. Norton, 2002).