Não se põe remendo teórico novo em pano teórico velho...

sábado, dezembro 30, 2006

Este blog é para ser lido à luz das celebrações de culto à personalidade de Darwin que ocorrerão no mundo em 2007-2009.

Quase ia me esquecendo nesta quadra festiva ecumênica [por questão de coerência ideológica não deveriam, mas até ateus e agnósticos participam das celebrações festivas] de desejar a todos os meus leitores – especialmente a turma da Nomenklatura científica [NC] e da Grande Mídia Tupiniquim [GMT] um Feliz 2007.

Para a NC e a GMT a relembrança especial do pesadelo que lhes causo desde 1998 – o que explica melhor a complexidade e diversidade biótica: Darwin ou Design? Vocês estão no maior conflito epistemológico, entre a cruz e a espada, situação Catch-22, e na maior ansiedade durante 2007-2009 para a chegada da nova mudança paradigmática em Biologia que lhes confirme que o paradigma estritamente materialista-mecanicista no qual confiam está certo ou errado.

Vou indicar aqui uma pista, mas eu sou muito suspeito para falar – está errado. Sigam aqui Francis Bacon – façam perguntas à natureza. E depois, com certa dose de ceticismo salutar, sigam as evidências aonde elas forem dar. Não se esqueçam de pensar e levar o Design Inteligente um pouco mais seriamente em 2007.

Lá no fundo de suas consciências ressoa uma frase contundente: “Nós sabemos que a teoria da evolução está errada!” Vou suavizar um pouco a crise de consciência de vocês. Darwin está errado? A resposta é sim e não. Darwin acertou no varejo e errou no atacado. Sim, Darwin 1 acertou na Teoria Especial da Evolução. Não, Darwin 2 errou na Teoria Geral da Evolução.

O nó górdio epistêmico que a Academia pós-moderna vai ter que desatar é: qual é a nova teoria da evolução que será proposta face aos ataques dos ‘bárbaros’ da teoria do Design Inteligente, e como salvar a cara de Darwin de tudo isso nas celebrações [culto à personalidade?] que iremos presenciar de 2007 a 2009?

Eu espero que a Nomenklatura científica pós-moderna seja suficientemente honesta e corajosa em reexaminar e reconhecer as dificuldades epistêmicas do darwinismo [como foi reconhecido na celebração de junho de 1909] [1], e que a Grande Mídia Tupiniquim reporte isso com objetividade jornalística. Eu estou de olho em vocês desde 1998! Vou continuar de olho em vocês em 2007!

Afinal de contas, desde Stephen Gould [1980] , William Provine [Cornell University – 2005], até Lynn Margulis [2006 - lá na conferência sobre evolução nas ilhas Galápagos], os cientistas evolucionistas honestos vêm dizendo que o neodarwinismo está em crise epistêmica e não responde mais às anomalias encontradas, e que precisamos de uma nova teoria da evolução. Não se esqueçam que hoje no século 21, a biologia é uma ciência de informação complexa especificada.

Em 1909 outras idéias foram acolhidas para salvar as insuficiências heurísticas da teoria de Darwin, e as suas muitas dificuldades – a redescoberta das leis da hereditariedade de Mendel [hum, tem gato nessa história mal explicada até hoje pelos darwinistas], a teoria da mutação (Hugo de Vries), a meiose ligada ao mecanismo de hereditariedade.

A nova teoria da evolução sendo elaborada secretamente intramuros, e que batizei jocosamente de “pós-síntese pós-moderna da síntese moderna”, deverá abordar sine qua non as seguintes categorias amplas e fundamentais para sua suficiência epistêmica como teoria científica:

Questões de Padrão - diz respeito à grande escala geométrica da história biológica: como os organismos são inter-relacionados, e como que nós sabemos isso?

Questões de Processo - diz respeito aos mecanismos de evolução, e os vários problemas em aberto naquela área, e

Questões sobre a questão central: a origem e a natureza da complexidade biológica - a “complexidade biológica” diz respeito à origem daquilo que faz com que os organismos sejam claramente o que são: complexidade especificada da informação biológica.

Se a nova teoria da evolução não cobrir esses três aspectos, o que teremos é um simples remendo epistemológico do século 21 tentando salvar uma roupagem teórica do século 19. Eu? Eu já dei adeus a Darwin 2 em 1998, e não sinto saudades, nem tampouco remorsos epistemológicos.

Não se esqueçam, não se põe remendo teórico novo em pano teórico velho...


Nota:

1. RICHMOND, Marsha L. The 1909 Darwinian Celebration: Reexamining Evolution in the Light of Mendel, Mutation, and Meiosis. Isis, 2006, 97:447-484 (Setembro de 2006).

Darwin locuta, causa finita, mesmo estando errado!

quarta-feira, dezembro 27, 2006

As mudanças macroevolutivas já foram demonstradas em nível molecular? Não? Eu desconheço algum trabalho nesse sentido na literatura especializada. O que sabemos sobre as mudanças observadas em nível molecular (DNA) é que há sempre perda e não ganho de informação e complexidade.

Alguém pode me indicar na literatura especializada quem tenha realmente estabelecido a teoria geral da evolução como fato, Fato, FATO??? Dou um doce para quem achar essa agulha neste imenso palheiro de reputáveis publicações científicas. Não perca seu precioso tempo – você não vai achar um artigo sequer!

Eu vou esperar sentado, porque em pé cansa, vez que o processo é lento, gradual, mediante mutações, seleção natural (e outros xyz mecanismos evolutivos) ao longo de bilhões de anos. Quem sabe eu deva 'evoluir', por pressão seletiva do ambiente acadêmico, a minha descrença cética saudável em fé cega em Darwin? E ouvir e seguir mais atenta e fielmente aos seus 'profetas-muazzins' – Dawkins, Dennett et al??? Cruz credo, é quase como cometer um assassinato!!! [Parafraseando a Darwin].

Mas o que persiste na Nomenklatura científica e Grande Mídia de Pindorama, sem ceticismo saudável nem questionamentos [especialmente entre 'os meninos de Darwin'] é: Darwin locuta, causa finita! [Darwin falou e disse!!!] Mesmo estando errado!

Chamam isso de ciência. Em priscas eras isso era chamado de metafísica...

Fui, mas volto em 2007.

Como sempre Darwin estava certo: era tão-somente micro-microevolução!

terça-feira, dezembro 19, 2006

O jornalismo científico tupiniquim continua deixando a desejar tamanha a ignorância científica dos nossos jornalistas em teoria da evolução [será que eles sabem a distinção entre teoria especial da evolução e teoria geral da evolução???], o não questionamento dos cientistas, a falta de uma pitada de ceticismo saudável sobre as pesquisas científicas, e o exagerado beija-pé e beija-mão de Darwin como tendo a sua teoria da evolução [qual delas?] a cada dia sendo empiricamente confirmada. Nada mais falso.

Na reportagem "A última evolução", VEJA 1987, 20/12/2006, pp. 112, 114, sobre recente pesquisa genética do "por que entre alguns povos africanos os adultos apresentam boa tolerância ao consumo de leite" que não acontece com a maior parte dos africanos, Leoleli Camargo começa logo com o exagerado beija-pé a Darwin ao afirmar que essa pesquisa "oferece mais uma prova espetacular da acuidade das teorias do naturalista inglês Charles Darwin". Será??? Pela lei da gravidade nós podemos predizer com 'acuidade' onde os planetas estarão daqui a um milhão de anos. Será que a especulação transformista de Darwin é capaz de fazer essa predição com 'acuidade' para daqui a um ano? E para daqui a um milhão de anos? Acuidade da teoria da evolução de Darwin??? Leoleli, menos bobagem científica, por favor.

Ao contrário do estardalhaço do seu título – "A última evolução", como jornalista científico Leoleli deveria saber que isso é tão-somente um mero exemplo de micro-microevolução. O que aconteceu no passado foi uma situação em que o gene responsável pela enzima que processa a lactose foi regulado e ou desligado após o desmame. Agora o gene não é mais regulado e ou desligado. Isso pode ser realizado simplesmente pela quebra do elemento regulador que desliga o gene. É como quebrar a fechadura de uma porta para que alguém possa entrar e sair a qualquer momento.

Um fenômeno semelhante a isso é visto numa resposta dada à doença da célula falciforme chamada de HPFH [Hereditary Persistence of Fetal Hemoglobin – Persistência Hereditária da Hemoglobina Fetal]. Continuando a expressar a HPFH até a idade adulta, tempo depois em que um gene normalmente é desligado, na verdade ajuda a minorar os sintomas da doença da célula falciforme, diluindo a hemoglobina falciforme com a hemoglobina fetal. As regiões reguladoras que desligam o gene fetal são quebradas. Estas coisas são realmente interessantes e um fenômeno muito importante em termos de medicina, mas não são evidências de que processos darwinistas possam fazer qualquer coisa substancial: um peixe se transformar num mamífero terrestre, por exemplo.

Presumindo que não se pode regular algo que ainda não existe, seria razoável presumir que o gene da lactose veio junto antes de qualquer mecanismo controlador. Quebrar o controle seria muito mais fácil do que 'criá-lo', e nós esperaríamos ver o rápido retorno da produção de lactose de toda a vida com relativamente pouca pressão seletiva. A desvantagem da quebra de um mecanismo controlador de lactose parece ser insignificante – gastar um pouco de energia produzindo uma enzima digestiva estranha. O desafio aqui para a evolução, e Leoleli Camargo não destaca para seus leitores não-especializados é surgir primeiro a lactose e depois adicionar um mecanismo regulador que ajuste a sua produção. É aquela velha situação 'quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?

Não sou muito bom em matemática, por favor, alguém me corrija se eu estiver errado, mas consideremos o seguinte:

Taxa de mutação do DNA: ~10^-9/local/ano
Número de locais de DNA Lactose: ~10^3
Janela de tempo: ~10^3 anos
Número de mutações esperadas: 10^-9 * 10^3 * 10^3 = 10^-3
P(uma mutação de lactose confere a digestão de lactose em adultos) =
~10^-3 P(evento observado ocorrendo via evolução) =
10^-3 * 10^-3 = 10^-6

É uma obra maravilhosa cuja chance é de apenas 1 em 1.000.000. Um evento desse tão improvável de acontecer não incomoda nem um pouquinho a(o) jornalista de VEJA, muito menos aos darwinistas ortodoxos. O improvável, desde Darwin, se lhe for dado tempo necessário, torna-se provável reza o dogma do livro vermelho darwinista, mas aqui a janela de tempo é muito pequena: somente alguns milhares de anos.

"A última evolução" de Leoleli Camargo, da VEJA, era apenas micro-microevolução – a pesquisa reforça sim a teoria especial da evolução de Darwin – microevoluções ocorrendo dentro de uma mesma espécie com limitação de variabilidade genética (varejo), e não a teoria geral da evolução - macroevolução gerando novas espécies (atacado). Como sempre, mais uma vez Darwin acertou no varejo, mas errou no atacado.

Ah, mas a evolução e o jornalismo científico tupiniquim são mais inteligentes do que você idiota!!!

Dawkins entre os intelectualóides – Um exercício em como desdenhar

sábado, dezembro 16, 2006

Resenha de Richard Kirk
Livro: The God Delusion, Houghton Mifflin, 416 p., US$ 27,00
Autor: Richard Dawkins
Publicada: 08/12/2006 12:07:28 AM
Fonte: The American Spectator

Tradução e publicação neste blog autorizada pelo autor e a revista The American Spectator.

"Sublimemente não tendencioso", esta é a frase que eu sempre atribuí a Alfred North Whitehead – um homem que começou a sua carreira acadêmica como matemático na Universidade de Cambridge colaborando com Bertrand Russell e encerrando a sua carreira como filósofo e metafísico na Universidade Harvard. Você pode contar com duas coisas ao ler Whitehead. Em primeiro lugar, ele considerará a totalidade da situação. Em segundo, ele dará generosamente a todos os atores históricos o crédito que lhes é devido. Eu saliento estes dois pontos para contrastar o modus operandi de Whitehead com o tiroteio banal a esmo que permeia o livro The God Delusion [A Ilusão de Deus – a ser publicado pela Companhia das Letras em 2007] de Richard Dawkins (Houghton Mifflin, 416 páginas, US$27,00).

Eis aqui uma amostra tirada de Whitehead: Science and the Modern World [A ciência e o mundo moderno] – um texto extraordinariamente perspicaz baseado nas Palestras Lowell de 1925:

"A Reforma e o movimento científico foram dois aspectos da revolta [histórica] que foi o movimento intelectual dominante da última parte da Renascença. O apelo para as origens do cristianismo, e o apelo de Francis Bacon para causas eficientes comparando-as com causas finais, foram dois lados de um movimento de pensamento".

e novamente:

"Eu não acho... que eu já tenha destacado a maior contribuição do medievo para a formação do movimento científico. Eu quero dizer a crença inexpugnável de que cada ocorrência detalhada pode ser correlacionada com seus antecedentes numa maneira perfeitamente definida, exemplificando princípios gerais. Sem esta crença, as incríveis obras dos cientistas estariam sem esperança... A minha explicação de que a fé na possibilidade da ciência, gerou antecedentemente ao desenvolvimento da teoria científica moderna, é uma derivação inconsciente da teologia medieval.

Simplificando, a Reforma e a ciência moderna surgiram de um "movimento de pensamento" que, no caso da ciência, se rebelou contra as causas finais. Mas, ironicamente, a confiança que a ciência moderna mostra no seu projeto intelectual se apóia numa fé inconsciente na racionalidade detalhada do universo que foi derivada da teologia medieval".

Não procure por nada assim desse tipo de análise sutil no livro The God Delusion [A ilusão de Deus]. Antes, o que você encontrará é página sarcástica após página sarcástica de ataques contra qualquer inimigo que Dawkins considera como alvo fácil: Pat Robertson, Pastor Ted Haggard, Ann Coulter, uma pequena escola fundamentalista do noroeste da Inglaterra (são dedicadas 7 das 374 páginas do livro de Dawkins), Pastor Fred "Deus odeia os Gays" Phelps, Dr. James Dobson, e, é claro, G. W. Bush – que supostamente invadiu o Iraque porque foi informado por Deus para fazê-lo. Até o pobre do Carl Jung é transformado num bobalhão por Dawkins por acreditar "que livros particulares explodiram espontaneamente na sua estante". (Eu tenho várias obras escritas pelo protegido infiel de Freud e ainda estou por encontrar o conceito de combustão espontânea de livro. Dawkins, contudo, como no comentário sobre o presidente Bush e o Iraque, nem se incomoda em fornecer referências para essas afirmações).

No que diz respeito a magnanimidade, eis uma amostra da generosidade do autor: "Para ser justo, muito da Bíblia não é sistematicamente mal, mas simplesmente esquisito". Este comentário mostra o desdém que Dawkins mostra consistentemente por idéias que não se conformam com as suas – um biocredo que inclui as seguintes afirmações: a vida surgiu na Terra devido à interação aleatória de elementos materiais; a vida evoluiu de suas formas primitivas até a sua atual complexidade por causa da seleção natural; nenhum deus é necessário para entender esse fenômeno (ou qualquer outro).

Na verdade, todo o livro de Dawkins é um exercício em desdenhar – resumidamente desconsidera os argumentos teológicos de Tomas de Aquino e devota menos do que 100 páginas joviais para toda a questão da existência de Deus. O resto do livro de Dawkins discute – com o olho pessimista de um H. L. Mencken em roupagem biológica – como que as crenças religiosas recebem uma deferência social indevida, por que as referências de Einstein sobre Deus não são religiosas, por que as religiões orientais não são religiões, por que a religião se desenvolveu (socio-biologicamente), como que a Bíblia é um amontoado de lixo histórico, como que a religião promove a intolerância e sabota a ciência, como que Hitler pode ter sido um católico, por que o ateísmo de Stalin não importa, por que a sociedade não precisa da religião para ser moral, por que Jefferson provavelmente era ateu (as declarações não mencionando a Deus no Jefferson Memorial apesar do contrário), por que estudar a religião para compreender citações literárias está certo, e por que os pais doutrinando seus filhos com crenças religião são culpados de abuso infantil. (A profundidade do pensamento político de Dawkins é mostrada pela sua falha em ponderar por um segundo sobre as implicações de um governo que pode dizer aos pais quais crenças que eles podem ou não transmitir para os seus filhos).

MUITO LONGE DE SER UM LIVRO FILOSÓFICO SÉRIO [sic], esta diatribe mal editada e loquaz contém quase tudo que passa pela mente do autor – inclusive várias citações daquele autor popular, ateu e aluno de pós-graduação, Sam Harris. O que ninguém encontrará no livro The God Delusion [A ilusão de Deus] é a curiosidade séria sobre a natureza essencial do universo. As bilhões de bilhões de estrelas e galáxias que Carl Sagan invocou com admiração quase mística, tornam-se para Dawkins, uma mera premissa para a sua presunção teórica de as interações aleatórias poderiam ter produzido o fenômeno da vida na Terra. (Com tantos planetas, teria de ter acontecido em algum lugar!) Não importa o fato de que os cientistas dotados com aquela misteriosa característica química chamada de consciência, não podem, com intenção proposital, replicar aquele acidente vital. E não importa se aqueles cientistas como o teórico do DNA, Francis Crick, ficaram tão intrigados pela complexidade das formas de vida primitivas que eles se entreteceram com uma hipótese de panspermia, segundo a qual alienígenas espaciais trouxeram sementes de vida para a Terra. E finalmente não importa a confissão embaraçosa sobre o registro fóssil pelo falecido biólogo [sic Gould era paleontólogo] da Universidade Harvard, Stephen Jay Gould, que "a maioria das espécies exibe nenhuma mudança direcional durante a sua existência na Terra" e que em qualquer área local, "uma espécie não surge gradualmente pela transformação contínua de seus ancestrais; ela surge de uma vez e plenamente formada".

O tratamento de Dawkins daquele gênio matemático e filósofo do século XVII, Blaise Pascal, é típico de sua abordagem geral. Dawkins aproveita-se do argumento mais fraco de Pascal, a aposta, e ridiculariza as suas falhas óbvias. Ignoradas são as passagens bem conhecidas que fundamentam a fé (freqüentemente vacilante) de Pascal na inadequação da mente humana em lidar com a enormidade do universo – tanto o infinitamente grande como o infinitamente pequeno. Nas palavras de Pascal, "Todo o mundo visível é somente um átomo imperceptível no amplo seio da natureza. Nenhuma idéia aproxima-se disso. Nós podemos aumentar as nossas concepções além de todo o espaço imaginável; nós somente produzimos átomos em comparação com a realidade das coisas. É uma esfera infinita, o centro da qual está em todo o lugar, a circunferência em nenhum lugar. Resumindo, é a maior marca sensível do poder todo-poderoso de Deus de que a imaginação se perca naquele pensamento".

Tivesse Dawkins se importado em citar esta afirmação, sem dúvida que ele a teria contra-atacado com respostas que se repetem por todo o seu livro. Primeiro, a admiração que Pascal discute não tem nada a ver com a religião. Antes, é o tipo de admiração ateísta que é típica em cientistas como Einstein. Segundo, este argumento "Deus das lacunas" simplesmente preenche as lacunas de nossa ignorância com um conceito destruidor e que impede a curiosidade. Terceiro – e este é o argumento favorito de Dawkins – a complexidade de um Deus que criou o mundo exige explicação. Colocado de modo simples: Quem fez Deus?

Humildade respeitável diante dos universos (possivelmente paralelos) difíceis de imaginar é uma emoção estranha a Dawkins – embora o pugilista acadêmico admita sentir-se muito sortudo. Quanto ao argumento "Quem fez Deus?", esta réplica incisiva (convincente para qualquer calouro universitário cético que não leu Aristóteles ou Kant) ignora o fato que explicações filosóficas, como Wittgenstein e outros destacaram, têm que terminar em algum lugar. A questão real é se a explicação de alguém termina com um cosmo sem significado ou com um ser que fornece uma razão para as coisas. Dawkins, sem mais cerimônias, presume que a alternativa anterior é a única escolha racional. Desta maneira, ela dá tácita expressão ao ponto de vista que Whitehead criticou há uns 80 anos atrás:

"Persiste... por todo o período [moderno] que a cosmologia científica fixa que pressupõe o fato final de uma matéria bruta irredutível, ou material, espalhada através do espaço num fluxo de configurações. Em si mesmo, tal material é insensível, não tem valor e nem propósito. Faz apenas o que é para fazer, seguindo uma rotina fixa imposta por relações externas que não se originam da natureza do seu ser. É esta suposição que eu chamo de "materialismo científico". Além disso, é uma suposição que eu contestarei como sendo inteiramente inadequada para a situação científica na qual nós chegamos agora".

Whitehead continua mostrando não ser tendencioso conforme me referi previamente,

"Ele [o materialismo científico] não é errado, se adequadamente construído. Se nós nos limitarmos a certos tipos de fatos, abstraídos das circunstâncias completas nas quais eles ocorrem, a suposição materialista expressa esses fatos à perfeição. Mas quando passa além da abstração, ou pelo emprego mais sutil de nossos sentidos, ou pela exigência de significados e pela coerência de pensamentos, o esquema desmonta de uma vez".
Em outras palavras, assim que nós procurarmos uma base racional para o desenvolvimento complexo, autoconsciente, estético, moralidade, e o universo em si, os fatos brutos de Dawkins (que no mundo da física quântica não são nem brutos ou fatos) parecem extremamente pouco convincente. Este pouco convencimento, eu devo acrescentar, comporta-se muito bem com o sistema ético baseado no prazer ao qual Dawkins apela sem nenhum rigor particular.

Na totalidade, a "filosofia" de Dawkins nada mais é do que esta observação chistosa não intencional pelo Dr. Edward Tryon que foi citado num livro Time-Life sobre cosmologia, "O nosso universo é simplesmente uma daquelas coisas que acontecem de vez em quando". Essa é a razão de acordo com Dawkins – um homem cujas observações culturais e filosóficas são previsivelmente au courant, consistentemente dogmáticas, e amplamente não ponderadas. Ele é o não-Whitehead, um homem que nunca (exceto a intervenção divina) aprecia este comentário sublime pelo meu mentor filosófico: "No estudo das idéias, é necessário lembrar que a insistência na clareza prática se origina de uma sensação sentimental, como se fosse uma neblina, disfarçando as perplexidades do fato. A insistência na clareza a todo custo é baseada na simples superstição quanto ao modo no qual a inteligência funciona. Os nossos raciocínios tentam agarrar palhas por premissas e flutuam em teias de aranhas por deduções".

Richard Kirk é um escritor free-lance que reside em Oceanside, Califórnia. Ele é colunista no jornal North County de San Diego, e suas resenhas também têm sido publicadas no American Enterprise, First Things, Touchstone, e no website California Republic. Vide o seu blog, Richard Kirk on Ethics: Musing With A Hammer [Richard Kirk sobre Ética: Refletindo com um Martelo.

Morgan 'falou e disse' – a sobrevivência do mais apto é truísmo ou simplesmente metáfora!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Muito pouca gente sabe que Thomas Hunt Morgan (1866-1945), proeminente geneticista americano e prêmio Nobel em Fisiologia e Medicina em 1933 por ter descoberto o papel do cromossomo na hereditariedade, era cético em geral do darwinismo e em particular da seleção natural.

Morgan questionava se "a seleção natural [era] uma agência capaz de produzir mudanças progressivas?". Uma vez que "a origem desses tipos... e não a preservação de alguns deles após terem aparecido" é "o fenômeno essencial da evolução", portanto, "a luta pela existência e a sobrevivência do mais apto pode expressar somente um tipo de truísmo ou metáfora, e não tem nada a ver com a origem dos novos tipos a partir de tipos antecedentes".

"Claro, nenhum mutacionista negaria que um novo tipo deve ser capaz de sobreviver e perpetuar-se se é para ele fazer parte na evolução; mas isso pode ser apenas um chavão. Um mutacionista pode bem insistir que a parte essencial da teoria da seleção natural de Darwin não é a sobrevivência, mas o postulado de Darwin de que as variações individuais, presente em todo lugar, fornecem a matéria bruta para a evolução. Isso o mutacionista negaria.

Então em qual sentido têm os slogans 'competição' e 'sobrevivência do mais apto' chegaram a ser geralmente considerado como as características essenciais da seleção natural? Esses termos significam, por exemplo, que a seleção natural é um agente ativo na evolução, que em si mesma provoca as mudanças progressivas; ou eles significam somente que ela [a seleção natural] age como uma peneira para os materiais que se apresentam como variações?

Se nós pensarmos sobre a evolução como um processo ativo, a seleção natural é uma agência capaz de provocar as mudanças progressivas, ou antes, ela não desvia a atenção do fenômeno real, e oferece, no máximo, somente uma explicação da presença de certos tipos e a ausência de outros em qualquer período da história geológica? A origem desses tipos – os verdadeiros passos criativos – não a preservação de alguns deles após eles terem aparecido, pode antes ser considerada como o fenômeno essencial da evolução.

Se assim for, 'a luta pela existência' e 'a sobrevivência do mais apto' pode expressar somente um tipo de truísmo ou metáfora, e não têm nada a ver com a origem dos novos tipos a partir de tipos antecedentes. Esses contrastes podem ser apresentados mais claramente por uma declaração de situações inversas. Vamos supor que a evolução veio como uma série de respostas adaptivas diretas ao ambiente. Em tal caso a seleção natural praticamente se tornaria sem sentido, embora a afirmação de que isso levaria à sobrevivência do mais apto ainda valeria". [1]

O mais interessante em Morgan é que o grande biólogo foi professor da cadeira de zoologia experimental na Columbia University, e mais tarde chefe da Divisão de Biologia do CALTECH (California Institute of Technology) de 1928-1942. Além disso, ele foi capaz de demonstrar que os genes são transportados nos cromossomos e são a base mecânica da hereditariedade – formou a base da ciência moderna da Genética (razão de ter sido o primeiro cientista laureado com o Nobel em 1933 pelas suas pesquisas em Genética).

Por quais razões teria Morgan rejeitado o mecanismo de seleção natural agindo em pequenas variações constantemente produzidas conforme proposto por Darwin? Razões subjetivas ou científicas? Não contaram isso pra você em nossas universidades, mas Morgan simplesmente rejeitou o poder criativo da seleção natural por razões científicas.

NOTA:

[1] "Of course no mutationist would deny that a new type must be able to survive and perpetuate itself if it is to take part in evolution; but this might be said to be only a commonplace. A mutationist might well insist that the essential part of Darwin's theory of natural selection is not survival, but Darwin's postulate that the individual variations, everywhere present, furnish the raw materials for evolution. This the mutationist would deny.

In what sense, then, have the catchwords `competition' and `the survival of the fittest' come to be generally regarded as the essential features of natural selection? Do these terms mean, for instance, that natural selection is an active agent in evolution, which in itself brings about progressive changes; or do they mean only that it acts as a sieve for the materials that present themselves as variations?

If we think of evolution as an active process, is natural selection an agency capable of bringing about progressive changes, or does it not rather direct attention away from the real phenomenon, and offer at most only an explanation of the presence of certain types and the absence of others at any one period of geological history? The origin of these types-the real creative steps-not the preservation of certain of them after they have appeared, might rather be regarded as the essential phenomenon of evolution.

If so, `the struggle for existence' and `the survival of the fittest' may express only a sort of truism or metaphor, and have nothing to do with the origination of new types out of antecedent ones. These contrasts may be brought out more clearly by a statement of the converse situations. Suppose evolution had come about as a series of direct adaptive responses to the environment. In such a case natural selection would become practically meaningless, although the statement that this would lead to the survival of the fittest would still hold." MORGAN, T.H., "The Scientific Basis of Evolution," [1932], W.W. Norton: Nova York NY, Second Edition, 1935, pp.109-110.

A estratégia 'Cavalo de Tróia' darwinista 2007-2009

St. George Jackson Mivart: Uma lição histórica que não deve ser esquecida

Os discípulos de Darwin pós-modernos estão numa situação Catch-22, beco sem saída, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come em relação aos crentes de concepções religiosas: como convencer esta grande massa ignara de que as especulações de Darwin não são danosas à fé teísta.

Recentemente os darwinistas tentam de todas as maneiras cooptar os fiéis das principais tradições religiosas monoteístas para um grande guarda-chuva epistemológico darwiniano: você pode ser darwinista e ainda sim continuar teísta. Será?

Mesmo na condição de ex-ateu marxista-leninista e darwinista de carteirinha que fui, destaquei aqui para Darwin neste blog esta ação ignominiosa de seus atuais discípulos, e que tudo faria para que isso não acontecesse no Brasil. Darwin, pode ficar tranqüilo, eu não vou permitir que esta 'heresia epistêmica' aconteça aqui no Brasil.

Quando Asa Gray [teísta americano] escreveu para Darwin que a teoria dele era a expressão de como Deus teria 'guiado' esse processo, Darwin respondeu prontamente que se precisasse de tal 'ajuda externa' a sua tese seria considerada 'bullshit' – titica de galinha!

St. George Jackson Mivart, foi um biólogo inglês que fez parte do círculo íntimo de Darwin, católico, membro da Royal Society por indicação de Thomas Huxley [que mais tarde o destruiu academicamente]. Ao ousar criticar as especulações de Darwin, especialmente sobre a seleção natural, apresentando uma tese teísta evolucionista para o Homem, Mivart foi expulso daquele círculo acadêmico.

Eu não tenho procuração dos de concepções religiosas, mas aqui vai um solene alerta – não se deixem engabelar pelo canto da sereia darwinista que vem aí a todo vapor afirmando que aceitar as especulações transformistas de Darwin não contraria suas crenças de criação. Contraria sim.

Eu sei que sou considerado 'persona non grata' para alguns darwinistas, mas aqui vai o meu alerta aos discípulos de Darwin pós-modernistas – eu não sei como vocês ainda continuarão 'darwinistas ortodoxos' tentando cooptar descaradamente os religiosos 'fundamentalistas' para o guarda-chuva epistemológico transformista quando o próprio Darwin afirmou que ele não precisava dessa ajuda externa. Sejam duas coisas – coerentes com Darwin e sua teoria, e mais academicamente honestos com as implicações ideológicas derivadas das teses darwinistas: ateísmo coquete à la Dawkins e Dennett.

A Nomenklatura científica diz que a subjetividade ideológica de Dawkins e Dennett não é derivada das teses de Darwin e nem representa o consenso da Academia. Alguém aí já viu alguma coisa escrita chamando esses neo-ateus à chincha???

Eles proclamam alto e bom som que é possível ser um bom darwinista enquanto teísta, mas o principal exemplo vitoriano de Mivart desmonta esta tese. Exemplos mais recentes de cientistas evolucionistas teístas proeminentes como Francis Collins [Projeto Genoma], Kenneth Miller também desmentem essa maquiavélica estratégia.

Aguardem o Cavalo de Tróia versão darwinista nas comemorações que vêm por aí em 2007 e 2009: engabela os de concepções religiosas e traí desavergonhadamente a Darwin na ortodoxia de sua teoria!

Eu não disse que era uma situação Catch-22, beco sem saída, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come para os darwinistas? Quero ver agora qual estratégia que eles irão adotar na aldeia global e especialmente em Pindorama...

Desencadeando (ou imaginando?) a evolução dos animais multicelulares

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Foram publicados recentemente dois artigos documentando uma associação entre o fim das deposições glaciais da parte final do período Proterozóico, uma elevação nos níveis de oxigênio nas águas oceânicas e o surgimento de animais multicelulares (a fauna de Ediacara). Sem dúvida que associações desse tipo são interessantes, e elas provocam hipóteses de causa e efeito. Isso é visivelmente aparente nos seguintes comentários publicados em duas revistas científicas de renome neste mês de dezembro:

O editor da Nature: “um aumento de oxigênio nas profundezas do oceano […] parece estar associado com a evolução de animais complexos”. Fike et al (in Nature): “ […] indicando que este evento pode ter tido um papel importante na evolução dos organismos eucarióticos”.

Kerr (in Science): "A Shot of Oxygen to Unleash the Evolution of Animals" [Uma injeção de oxigênio para desencadear a evolução dos animais] Canfield et al (in Science): “Os primeiros membros conhecidos da biota de Ediacara são encontrados logo após a glaciação Gaskiers, sugerindo um elo causal entre a sua evolução e este evento de oxigenação”. [1]

O que eu quero destacar aqui é uma tendência [não seria fraqueza em pensar mais seria e cientificamente sobre o assunto?] de os darwinistas afirmarem que se as condições forem favoráveis então, vapt, vupt, a evolução da vida é inevitável. A Lógica Darwinista 101 afirma nos livros didáticos de Biologia que se tivermos uma sopa prebiótica num ambiente químico redutor as células, vapt, vupt, se formarão.

A Grande Mídia Tupiniquim exagera também em relação à possibilidade de se encontrar água em Marte. Água = vida. Não é tão simples assim, e os cientistas sabem disso. Adulados (não seria 'adorados'?) e nunca devidamente questionados pelos repórteres científicos [falta de formação científica adequada ou a influência da ideologia filosófico-naturalista???], os cientistas e os jornalistas deixam passar a idéia absurda para os leitores não-especializados de que basta encontrar água em qualquer lugar inóspito e, vap, vupt, a vida se forma. Isso não é ciência, isso é conto de fadas naturalista. Não seria alquimia???

A vida unicelular começou lá no pré-cambriano e os cientistas não sabem como começou. Nota bene: Não sabemos como tudo começou. O que nós temos hoje em dia em termos de origem da vida é um amontoado de especulações mirabolantes que sequer podem ser nomeadas como teorias científicas. É um vale-tudo epistemológico. Aliás, é um verdadeiro smorgasbord epistêmico, mas nada científico. Livre pensar...

A sugestão feita agora é de que à medida que os níveis de oxigênio subiram, novas forças de seleção [???] foram liberadas para a evolução dos organismos multicelulares. Durma-se com um barulho desses – esta hipótese é lançada assim sem mais nem menos e sem nenhuma razão que a apoie. Alguém já afirmou que isso ilustra muito bem um dos principais problemas que nós deparamos com a teoria da evolução química e orgânica: a tendência dos cientistas falarem em termos de física e química em detrimento da informação. Sem parecer irônico [ou grosseiro] para com os evolucionistas, mas deixar de abordar a questão da informação biológica complexa, esta hipótese não é mais do que um reles verniz evolutivo sobre algumas observações muito interessantes.

Oxidation of the Ediacaran Ocean
D. A. Fike, J. P. Grotzinger, L. M. Pratt and R. E. Summons
Nature 444, 744-747 (7 December 2006) | doi:10.1038/nature05345
Oxygenation of the Earth's surface is increasingly thought to have occurred in two steps. The first step, which occurred ~2,300 million years (Myr) ago, involved a significant increase in atmospheric oxygen concentrations and oxygenation of the surface ocean 1, 2. A further increase in atmospheric oxygen appears to have taken place during the late Neoproterozoic period 3, 4 (~800–542 Myr ago). This increase may have stimulated the evolution of macroscopic multicellular animals and the subsequent radiation of calcified invertebrates 4, 5, and may have led to oxygenation of the deep ocean 6. However, the nature and timing of Neoproterozoic oxidation remain uncertain. Here we present high-resolution carbon isotope and sulphur isotope records from the Huqf Supergroup, Sultanate of Oman, that cover most of the Ediacaran period (~635 to ~548 Myr ago). These records indicate that the ocean became increasingly oxygenated after the end of the Marinoan glaciation, and they allow us to identify three distinct stages of oxidation. When considered in the context of other records from this period 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, our data indicate that certain groups of eukaryotic organisms appeared and diversified during the second and third stages of oxygenation. The second stage corresponds with the Shuram excursion in the carbon isotope record 16 and seems to have involved the oxidation of a large reservoir of organic carbon suspended in the deep ocean6, indicating that this event may have had a key role in the evolution of eukaryotic organisms. Our data thus provide new insights into the oxygenation of the Ediacaran ocean and the stepwise restructuring of the carbon 6, 16, 17 and sulphur cycles 3, 18, 19 that occurred during this significant period of Earth's history.

Late-Neoproterozoic Deep-Ocean Oxygenation and the Rise of Animal Life
Don E. Canfield, Simon W. Poulton, and Guy M. Narbonne
Published online December 7 2006; 10.1126/science.1135013 (Science Express Reports)
Animals have an absolute requirement for oxygen, and an increase in late Neoproterozoic oxygen concentrations has been forwarded as a stimulus for their evolution. The iron content of deep-sea sediments show that the deep ocean was anoxic and ferruginous before and during the Gaskiers glaciation 580 million years ago, becoming oxic afterward. The first known members of the Ediacara biota are found shortly after the Gaskiers glaciation, suggesting a causal link between their evolution and this oxygenation event. A prolonged stable oxic environment may have permitted the emergence of bilateral motile animals some 25 million years later.
See also: Kerr, R.A. A Shot of Oxygen to Unleash the Evolution of Animals, Science 314, 8 December 2006: 1529.

Nota:

[1] Editor of Nature: “an increase in oxygen in the deep ocean […] appears to have been associated with the evolution of complex animals.” Fike et al (in Nature): “ […] indicating that this event may have had a key role in the evolution of eukaryotic organisms.” Kerr (in Science): "A Shot of Oxygen to Unleash the Evolution of Animals"

Canfield et al (in Science): “The first known members of the Ediacara biota are found shortly after the Gaskiers glaciation, suggesting a causal link between their evolution and this oxygenation event.”

Artigo elaborado sobre os ombros de um gigante

Críticas científicas robustas contra as atuais teorias da origem e evolução da vida

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Segundo William Dembski, o Movimento do Design Inteligente começou com a publicação de dois livros polêmicos: The Mystery of Life’s Origin de Charles Thaxton, Walter Bradley, e Roger Olsen (Philosophical Library, 1984) e Evolution: A Theory in Crisis de Michael Denton (Alder & Adler, 1986).

Esses dois livros apresentam críticas científicas robustas à teoria da evolução química e orgânica. Além disso, foram eles que iniciaram a série de publicações subseqüentes que não misturam a evidência científica a favor do design com pontos de vista teológicos sobre a criação.

Já faz algum tempo que três capítulos do livro The Mystery of Life’s Origin estão disponíveis online. Pena que o livro esteja esgotado e não há sinais de que haverá reimpressão. Apesar de ter sido publicado em 1984, as críticas do livro continuam atuais e sem respostas. Já foi oferecido em http://www.amazon.com por US$ 480.00 (Quatrocentos e oitenta dólares).

Eu me considero um dos caras mais sortudo deste planeta, pois ganhei um exemplar autografado por Charles Thaxton, após ajudá-lo a fazer a mudança da casa dele em Dallas, Texas em 1984. Não sabia que em 1998 eu me engajaria neste movimento a partir da taba tupiniquim. Aviso: o meu exemplar não está à venda.

Aviso aos navegantes da galera ultradarwinista – o livro não foi publicado por uma editorazinha qualquer, mas por uma de Nova York – The Philosophical Library que já publicou livros por 8 laureados com o prêmio Nobel. Quer dizer, o pessoal do Design Inteligente não é o que você tem lido e ouvido pelos 'filtros' e 'cancelas' da Nomenklatura científica e Grande Mídia Tupiniquins.

Como qualquer bom livro que se preze, eis aqui as recomendações feitas:

"Um resumo valioso da evidência contra a evolução química da vida a partir da matéria não viva. O livro apresentas uma análise muito bem pensada e claramente escrita das alternativas para a teoria da origem da vida aceita". Robert Jastrow, fundador e ex-diretor do Goddard Institute for Space Studies [Instituto Goddard para Pesquisas Espaciais] da NASA, autor de vários livros aclamados inclusive God and the Astronomers.

"Os autores fizeram uma contribuição importante para a área da origem da vida. Muitos que trabalham nesta área acreditam que uma explicação científica adequada para o início da vida na Terra já tem sido feita. O ponto de vista deles tem sido amplamente disseminado nos livros-texto e na mídia, e em grande parte, aceita pelo público. Esta nova obra traz junto os principais argumentos científicos que demonstram a inadequação das atuais teorias.

Embora eu não compartilhe da conclusão filosófica final que os autores chegaram, eu aprovo a contribuição deles. Ela ajudará a esclarecer o nosso pensamento... Eu recomendo este livro para todas as pessoas com uma formação científica e interesse na origem da vida". Robert Shapiro, Professor de Química na New York University. O Dr. Shapiro é co-autor do livro Life Beyond Earth.

"… os argumentos são fortes, originais e convincentes... Os autores crêem, e eu agora concordo, que existe um defeito fundamental nas atuais teorias da origem química da vida”. Dean Kenyon, Professor de Biologia, emérito, na San Francisco State University e co-autor do livro Biochemical Predestination [livro-texto adotado pelas faculdades americanas por muitos anos].

Nota deste blogger: Após rejeitar as suas próprias teses evolutivas – então acolhida positivamente pela Academia, Kenyon sofreu uma 'inquisição sem fogueiras' nos Estados Unidos: foi impedido de ensinar críticas científicas àquelas teorias e depois impedido de lecionar na sua universidade. Outros professores invocaram o direito de liberdade acadêmica, e finalmente Kenyon foi 'restaurado'...

A Nomenklatura científica e a Grande Mídia Tupiniquim ainda têm o despautério de dizer que não existe crise epistêmica e nem críticas cientificamente fundamentadas contra as atuais teorias da origem e evolução da vida.

Alô MEC/SEMTEC, sobre a evolução química da vida os nossos livros didáticos de Biologia estão enganando os nossos alunos há mais de duas décadas. Se fosse um caso de fraude na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro ou de São Paulo, o corretor que levasse os aplicadores a um prejuízo pela manipulação (fraude) de dados financeiros já teria sofrido as sanções da lei: Dura lex sed lex, menos em Biologia, apesar de saber que os nossos alunos estão sendo fraudados na sua educação há muito tempo.

Disseram para eu moderar o tom nas minhas acusações aqui porque eu poderia ser processado por esses autores de livros didáticos. Duvido que eles façam isso. Além de não ter medo disso, a verdade está do meu lado. Não sou profeta, mas me arrisco a uma predição: Eles vão ficar em silêncio. Pétreo!!!

O bom em ciência é que os paradigmas, quando não dão mais conta das anomalias, eles mudam, pois a verdade das evidências não pode continuar sendo varrida para debaixo do tapete epistemológico fortemente influenciado pelo naturalismo filosófico sob pena de os cientistas serem apanhados compactuando com a mentira. O cientista segue as evidências aonde elas forem dar.

Apesar de vocês, amanhã há de ser outro dia (Chico Buarque).

Ciência e mentira não podem andar de mãos dadas.
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Capítulos 7, 8 e 9 do livro The Mystery of Life’s Origin

A ‘nota promissória’ do tratamento com células-tronco embrionárias

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Por favor, me entendam, eu sei que a questão de células-tronco embrionárias é muito complexa. Especialmente do ponto de vista ético e científico. Alguns cientistas acham que a sociedade deve dar a eles um ‘cheque em branco’ para todas e quaisquer pesquisas. Não deve ser assim. Essa questão polêmica e controversa não deve passar unicamente pela Academia como querem alguns cientistas. Ela deve passar por toda a sociedade – afinal de contas somos nós que pagamos os salários deles. A ciência produz tanto o bem como o mal.

Um novo artigo sobre as células-tronco embrionárias levanta preocupações quanto a viabilidade desta biotecnologia, ardorosamente defendida aqui no Brasil por Mayana Zatz, Drauzio Varella e outros, para tratar e curar doenças como o mal de Parkinson.

Os pesquisadores geraram células nervosas produtoras de dopamina de células-tronco embrionárias humanas e as transplantaram nos cérebros de ratos com lesões cerebrais tipo de Parkinson. Essas células transplantadas beneficiaram os ratos, mas também levaram à formação de tumores.

Muito embora as células-tronco embrionárias têm sido alardeadas irresponsavelmente por alguns cientistas e pela Grande Mídia Tupiniquim como tendo o potencial 'mágico' de curar doenças e lesões debilitadoras, esse problema fundamental de formação de tumores cancerígenos pode impedir a utilização dessa terapia. Obstáculos como esse descrito na pesquisa deve nos levar a mudarmos o foco para alternativas tecnológicas eticamente aceitáveis como o uso das células-tronco adultas.
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Neeta S. Roy et al., "Functional Engraftment of Human ES Cell-Derived Dopaminergic Neurons Enriched by Coculture with Telomerase-Immortalized Midbrain Astrocytes,"

Nature Medicine - 12, 1259 - 1268 (2006)
Published online: 22 October 2006; | doi:10.1038/nm1495

Functional engraftment of human ES cell–derived dopaminergic neurons enriched by coculture with telomerase-immortalized midbrain astrocytes

Neeta S Roy1, Carine Cleren1, Shashi K Singh1, Lichuan Yang1, M Flint Beal1 & Steven A Goldman1, 2

1 Departments of Neurology & Neuroscience, Weill Medical College of Cornell University, New York, New York 10021, USA.

2 Departments of Neurology, Neurosurgery and Pediatrics, University of Rochester Medical Center, Rochester, New York 14642, USA.

Correspondence should be addressed to Neeta S Roy ner2004@med.cornell.edu or Steven A Goldman steven_goldman@urmc.rochester.edu

Abstract:

To direct human embryonic stem (HES) cells to a dopaminergic neuronal fate, we cocultured HES cells that were exposed to both sonic hedgehog and fibroblast growth factor 8 with telomerase-immortalized human fetal midbrain astrocytes. These astrocytes substantially potentiated dopaminergic neurogenesis by both WA09 and WA01 HES cells, biasing them to the A9 nigrostriatal phenotype. When transplanted into the neostriata of 6-hydroxydopamine–lesioned parkinsonian rats, the dopaminergic implants yielded a significant, substantial and long-lasting restitution of motor function. However, although rich in donor-derived tyrosine hydroxylase–expressing neurons, the grafts exhibited expanding cores of undifferentiated mitotic neuroepithelial cells, which can be tumorigenic. These results show the utility of recreating the cellular environment of the developing human midbrain while driving dopaminergic neurogenesis from HES cells, and they demonstrate the potential of the resultant cells to mediate substantial functional recovery in a model of Parkinson disease. Yet these data also mandate caution in the clinical application of HES cell–derived grafts, given their potential for phenotypic instability and undifferentiated expansion.

“Ajuste fino” bioquímico das membranas celulares: acaso ou design inteligente?

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Entre as muitas frases de Francis Crick esta ficou famosa: “os biólogos devem ter constantemente em mente que o que ele vêem não tem design intencional, mas evoluiu”. Richard Dawkins no seu “O relojoeiro cego” [São Paulo, Companhia das Letras, 2000, p. 18] afirmou que “a biologia é o estudo de coisas que têm a aparência de design intencional”.

Nada mais falso nessas afirmações subjetivas e que viraram ‘mantra’ com status científico. Com as novas descobertas científicas fica cada vez mais difícil acreditar nesses ‘dogmas’ filosófico-naturalistas.

Os bioquímicos ‘acreditaram’ piamente que a membrana celular era um sistema caótico. Não é que mostram as recentes descobertas: a membrana celular mostra complexidade e organização extraordinárias beirando ao ajuste fino de sua composição molecular.

Recente pesquisa fortalece mais ainda esta nova visão. Os cientistas descobriram que a taxa de difusão de proteínas é altamente sensível à composição de lipídio da membrana e do ambiente celular.

Esta composição e organização de ajuste fino da membrana celular indicam o quê? Acaso ou design inteligente?

Vide: Yaroslav Tserkovnyak e David R. Nelson, “Conditions for Extreme Sensitivity of Protein Diffusion in Membranes to Cell Environments”


Abstract:

We study protein diffusion in multicomponent lipid membranes close to a rigid substrate separated by a layer of viscous fluid. The large-distance, long-time asymptotics for Brownian motion are calculated by using a nonlinear stochastic Navier–Stokes equation including the effect of friction with the substrate. The advective nonlinearity, neglected in previous treatments, gives only a small correction to the renormalized viscosity and diffusion coefficient at room temperature. We find, however, that in realistic multicomponent lipid mixtures, close to a critical point for phase separation, protein diffusion acquires a strong power-law dependence on temperature and the distance to the substrate H, making it much more sensitive to cell environment, unlike the logarithmic dependence on H and very small thermal correction away from the critical point.

Repensando uma metodologia científica e o jornalismo científico de araque

Aqui e ali os cientistas e jornalistas científicos contrapõem a ciência com a religião. Essa ‘contraposição mórbida’ é proposital: visa demonizar os ‘crentes’ e os críticos do materialismo filosófico mesmo que suas críticas sejam cientificamente embasadas.

Exemplo mais recente dessa ‘demonização’ é o artigo de Marcelo Leite [Caderno Mais , Folha de São Paulo, 03/12/2006] intitulado “Bíblia de araque: Se o genoma for o Livro da Vida, é obra de um copiador maluco”, destacado no JC E-Mail, órgão da SBPC voltado exclusivamente para a divulgação de ciência e tecnologia.

Eu esperava muito mais dele vez que ele é doutor em Ciências Sociais pela Unicamp. Nem ia comentar o artigo ideologizado, mas vale a pena ressaltar aqui que Marcelo Leite culpa os jornalistas por terem bombardeado os leitores com reportagens sobre o genoma humano, entre 2000 e 2004, popularizando a noção de que havia 99,9% de coincidência no DNA de duas pessoas.

Solução? Marcelo Leite pede aos leitores que esqueçam isso, pois é muito mais complicado. Um estudo divulgado há pouco mais de uma semana mostra que isso é muito mais complicado: a identidade e diferença não residem só nas seqüências de letras do DNA mas também no número de cópias dessas seqüências.

Em vez de lidar com a verdadeira questão científica – aqui no caso, metodológico, Marcelo Leite diz que a ficha ainda não caiu para os leitores leigos que continuam a acreditar em DNA como destino. Ainda bem que ele destacou que os especialistas nada fazem para desfazer esse equívoco.

Pelo seu sub-título Marcelo Leite dá ares arrogante de onisciência dando a entender que conhece a mente do ‘copiador maluco’. Além disso, a sua analogia de que a postura dos cientistas é a mesma que “um vendedor de Bíblias alertar o cliente potencial de que elas não contêm toda a verdade para guiar a vida”, é forçar um pouco a barra de sua subjetividade atéia ou agnóstica [não sei] antagônica a respeito de um livro que, dizem, se propõe dizer tão-somente como se vai ao céu e não como os céus vão [Galileu Galilei].

O que Marcelo Leite deveria fazer, não fez e nem fará porque está de ‘rabo preso’ com a Nomenklatura científica, era denunciar mais veementemente essa desonestidade acadêmica dos pesquisadores quando se deparam com evidências contrárias às suas preferências ideológicas e não seguirem as evidências aonde elas forem dar.

O estudo daqueles pesquisadores [1] levanta inúmeras questões sobre a metodologia e aquelas pressuposições embutidas que geralmente não são reveladas para os que estão fora da comunidade de pesquisadores. Repensar três áreas se mostra mais do que necessário e inadiável:

1. A muita anunciada e incensada afirmação de que o genoma humano é somente 3% diferente dos chimpanzés. Nós realmente inferimos agora que as populações humanas são muito mais próximas dos chimpanzés do que de outras populações? Parece que algo mais significativo está acontecendo nesta área.

2. O conceito de que o genoma humano pode ser documentado, com todas as variantes tratadas como mutações aleatórias. A indicação é, antes, de que o genoma é muito mais dinâmico do que isso, e que a maioria das variações não são na verdade mutações aleatórias. Uma perspectiva de design tem grande potencial para estimular novas hipóteses.

3. Por que a Grande Mídia não informa os leitores não-especializados sobre a insuficiência epistêmica do neodarwinismo? Que me desculpem os meus amigos jornalistas, isso é ‘jornalismo científico de araque’ que precisa mudar. Desde 1998 tento junto às editorias de ciência que publiquem sobre a questão científica fundamental de mudança paradigmática, mas em vão.


A História da Ciência vai mostrar a relação incestuosa da Grande Mídia Internacional e Tupiniquim com a Nomenklatura científica. Quem viver, verá.


[1] Global variation in copy number in the human genome
Richard Redon, et al.

Nature 444, 444-454 (23 November 2006) | doi:10.1038/nature05329

Abstract: Copy number variation (CNV) of DNA sequences is functionally significant but has yet to be fully ascertained. We have constructed a first-generation CNV map of the human genome through the study of 270 individuals from four populations with ancestry in Europe, Africa or Asia (the HapMap collection). DNA from these individuals was screened for CNV using two complementary technologies: single-nucleotide polymorphism (SNP) genotyping arrays, and clone-based comparative genomic hybridization. A total of 1,447 copy number variable regions (CNVRs), which can encompass overlapping or adjacent gains or losses, covering 360 megabases (12% of the genome) were identified in these populations. These CNVRs contained hundreds of genes, disease loci, functional elements and segmental duplications. Notably, the CNVRs encompassed more nucleotide content per genome than SNPs, underscoring the importance of CNV in genetic diversity and evolution. The data obtained delineate linkage disequilibrium patterns for many CNVs, and reveal marked variation in copy number among populations. We also demonstrate the utility of this resource for genetic disease studies.



Bíblia de araque: Se o genoma for o Livro da Vida, é obra de um copiador maluco
Marcelo Leite

Após o bombardeio de reportagens sobre o genoma humano, entre 2000 e 2004, popularizou-se a noção de que havia 99,9% de coincidência no DNA de duas pessoas. Esqueça isso. É muito mais complicado, como mostra mais um estudo, divulgado há pouco mais de uma semana: identidade e diferença não residem só nas seqüências de letras do DNA mas também no número de cópias dessas seqüências.

A façanha técnica e subversiva, subestimada pela imprensa não-especializada, coube ao grupo de Stephen Scherer, do Instituto Médico Howard Hughes (EUA). Deu margem, no último dia 23, a uma salva de quatro artigos nos periódicos "Nature", "Nature Genetics" e "Genome Research". O time descobriu que pelo menos 12% do genoma é afetado por um fenômeno antes tido por muito raro.

A versão canônica reza que cada pessoa tem duas cópias de cada um dos 20 mil ou 25 mil genes da espécie. Uma cópia está na metade do genoma herdada da mãe, outra na metade do pai. A presença de mais de duas cópias ficava na conta das anomalias, que estudos recentes associaram a problemas renais, Parkinson, Alzheimer e até suscetibilidade à Aids.

O estudo de Scherer analisou o DNA de 270 pessoas de ascendências asiática, africana e européia. Encontrou muito mais desvios do que esperava: deleções ou múltiplas cópias em trechos com até 250 mil letras que afetavam 2.900 genes conhecidos. Cada pessoa tem, em média, 70 dessas "variações no número de cópias" (CNVs, em inglês). Isso ajuda a explicar as discrepâncias entre os dois genomas humanos seqüenciados (soletrados) em 2001, pelo Projeto Genoma Humano (PGH) e pela empresa Celera.

Outros grupos já haviam comparado as duas seqüências do genoma, "mas encontraram tantas diferenças que a maioria atribuiu os resultados a erro", assinalou Scherer num comunicado do Howard Hughes. "Não conseguiam acreditar que as alterações que encontravam pudessem ser variantes entre as fontes de DNA em análise."

Thomas Kuhn ensinou que o saber convencional, em certa altura, passa a atrapalhar a correta interpretação dos dados empíricos. Parece ser esse o caso aqui -prepare-se, portanto, para um abalo no paradigma genético. Essa forma popular de pensamento determinista atribui apenas a seqüências de DNA toda e qualquer variação na saúde, no comportamento, na matéria-prima da seleção natural.

Tamanho fundamentalismo ajudou a pôr e manter de pé o bilionário PGH. Se o genoma fosse mesmo o Livro da Vida, como não se cansou de propalar James Watson (co-descobridor da estrutura em dupla hélice e primeiro diretor do projeto), o exemplar que toca a cada ser humano seria obra de um copiador maluco. Faltam páginas, outras aparecem duplicadas uma ou várias vezes, sentenças inteiras são cortadas, multiplicadas e coladas umas sobre as outras.

Pesquisas anteriores já haviam mostrado, de resto, que o calhamaço genético só tem utilidade para o organismo com rabiscos nas margens, orelhas e adesivos coloridos. No jargão dos biólogos moleculares, marcas "epigenéticas", um sistema de informação biográfica ou hereditária descasado da seqüência propriamente dita, mas fundamental para o desenvolvimento normal e a saúde do corpo.

Só falta cair a ficha para os leigos, que continuam a acreditar em DNA como destino. Os especialistas, porém, não se esforçam muito para desfazer o equívoco. Seria o mesmo que um vendedor de Bíblias alertar o cliente potencial de que elas não contêm toda a verdade para guiar a vida.

MARCELO LEITE é doutor em Ciências Sociais pela Unicamp, autor do livro paradidático "Pantanal, Mosaico das Águas" (Editora Ática) e responsável pelo blog Ciência em Dia (http://www.cienciaemdia.zip.net).
E-mail: cienciaemdia@uol.com.br

A funcionalidade do 'DNA lixo'

Os biólogos evolucionistas são forçados pelo naturalismo filosófico (que posa como método científico) a não verem 'design' ou 'telos' (finalidade) no seu objeto de estudo: os seres vivos.

Esta 'viseira darwinista' impediu o avanço da ciência na última década, pois ao se depararem com uma grande quantidade de DNA aparentemente sem funcionalidade alguma, eles inadvertidamente nomearam isso de 'DNA lixo'.

O 'lixo' não é LIXO, e tem função importante. Vide site interessante sobre a 'funcionalidade' desse tal de 'DNA lixo'.

E ainda têm a cara de pau de dizer que o Design Inteligente é que impede o avanço da ciência...

Phillip Johnson 'falou e disse': o darwinismo funciona como o mito cosmológico da cultura moderna!

terça-feira, dezembro 05, 2006

"O darwinismo funciona como o mito cosmológico central da cultura moderna - como a peça central de um sistema quase religioso que é conhecido como sendo verdadeiro a priori em vez de uma hipótese científica que deve ser submetida a rigoroso teste".
Phillip Johnson, in Darwin on Trial [Darwin no banco dos réus].

Design Inteligente ou Acaso?

Creio que já bloguei aqui este link, e clicar sobre a imagem. É uma viagem interessante do macrocosmo ao microcosmo. Vale a pena ponderar sobre a questão da origem e evolução do universo e da vida. Em base totalmente científicas!!!

Clique aqui e pondere: a maravilhosa obra do acaso, necessidade ou design inteligente?

EXTRA! EXTRA! A ACLU confirma: existe sim controvérsia sobre as teorias da evolução!!!

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Eu quase caí pra trás - a ACLU confirma o óbvio ululante que afirmamos aqui neste blog: EXISTE SIM CONTROVÉRSIA EM TEORIAS DA EVOLUÇÃO!!!

6. Essas mesmas regras se aplicam à recorrente controvérsia em torno das teorias da evolução... Na sala de aula, contudo, eles [os professores] podem apresentar somente críticas genuinamente científicas, ou evidência a favor, de qualquer explicação da vida na Terra, mas não críticas religiosas (crenças inverificáveis pela metodologia científica). As escolas não podem se recusar a ensinar a teoria evolucionária a fim de evitar ofender a religião... As escolas públicas não devem ensinar como fato científico ou teoria qualquer doutrina religiosa, inclusive o "criacionismo", embora qualquer evidência genuinamente científica a favor ou contra qualquer explicação da vida pode ser ser ensinada... [1]


[1] 6. These same rules apply to the recurring controversy surrounding theories of evolution... In science class, however, they may present only genuinely scientific critiques of, or evidence for, any explanation of life on earth, but not religious critiques (beliefs unverifiable by scientific methodology). Schools may not refuse to teach evolutionary theory in order to avoid giving offense to religion... Public schools must not teach as scientific fact or theory any religious doctrine, including "creationism," although any genuinely scientific evidence for or against any explanation of life may be taught... ^

Ênfase deste blogger

Marcelo Gleiser – 'menas bobagem' ideológica, por favor!

Marcelo Gleiser no seu artigo "Ateísmo (menos) radical" publicado no caderno Mais, da Folha de São Paulo, de 3 de dezembro de 2006 afirmou que ele batalha "contra a disseminação de crenças anticientíficas absurdas como o design inteligente e o criacionismo na mídia". Eu acho que Gleiser, míope que é [não usa óculos por razões estéticas do padrão Globeleza], está enxergando chifre em cabeça de cavalo ou penteando ovo: onde que está ocorrendo este fenômeno gleiseriano de 'disseminação' do DI e do criacionismo na Grande Mídia Tupiniquim??? Clique aqui para o texto de Gleiser.

O que existe na verdade desde 1998 é uma indisposição descarada e escancarada da Folha de São Paulo e de toda a GMT contra a TDI e os criacionistas por razões ideológicas dos editores de ciência e formadores de opinião – a maioria composta por ateus e agnósticos. Geralmente eles polarizam do alto de suas torres de marfim o questionamento de teorias científicas 'queridas' e que dão 'conforto espiritual' a esses materialistas filosóficos [ateus e agnósticos] como partindo de pessoas que nada entendem de ciência e demonizando os oponentes como 'criacionistas' e ou 'fundamentalistas'. Mesmo que suas críticas sejam cientificamente fundamentadas.

Marcelo Gleiser é um cientista repudiado por muitos cientistas no Brasil. Ele já tentou ser aceito num certo grupo, mas essa turma o rejeita pela sua falta de conhecimento na sua área – Física e em outras áreas científicas onde ele 'pontifica ex-cathedra' na sua coluna da Folha de São Paulo. Gleiser finge não saber disso. Pensar que eu enviei um e-mail para a direção da FSP para mantê-lo como colunista, mas eu não me arrependo, pois vai ser bom acompanhar a estultícia de sua metafísica.

O design inteligente não é uma 'crença anticientífica absurda' como deixou patente o nosso 'Carl Sagan' tupiniquim. A TDI afirma que certos eventos no universo são melhor explicados por causas inteligentes. Essas causas inteligentes são empiricamente detectadas na natureza quando encontramos 'complexidade irredutível' em sistemas biológicos (Michael Behe, A Caixa Preta de Darwin, Rio de Janeiro, Zahar, 1997) e informação complexa especificada (William Dembski, The Design Inference, Cambridge, Cambridge University Press, 2000).

Gleiser, cientista, deveria demonstrar se o DI é uma 'crença anticientífica absurda' ou uma teoria científica. Ele não fará isso, nem o resto da Nomenklatura científica mesmerizada pelo naturalismo filosófico que posa como sendo o 'método científico': fazendo isso eles estarão reconhecendo publicamente o status de cientificidade da TDI: pode ser falseada (Popper).

O 'estrabismo epistemológico' de Gleiser et al não permite que eles vejam 'design' porque seus óculos [oops, por razões estéticas do padrão Globeleza para parecer mais jovem, ele usa lentes coloridas] são fortemente influenciados pela Weltanschauung materialista de acaso, necessidade, tempo e causas naturais. Esse 'cinturão de blindagem epistemológica' não admite a existência de causas inteligentes na natureza.

A TDI, Marcelo Gleiser sabe disso, é uma teoria científica, e as evidências na natureza estão apontando para uma iminente e eminente mudança paradigmática (Kuhn) contrariando a cosmovisão estritamente materialista de Dawkins, Dennett e Harris. É por isso que eles estão reagindo rabiosamente. E até com uma posição 'menas' radical...

Gleiser, 'menas' bobagem ideológica, por favor!

Mayr 'falou e disse': o darwinismo significa qualquer coisa

domingo, dezembro 03, 2006

"Mas no todo, Darwin foi o primeiro a fazer um sério esforço para apresentar os eventos evolucionários como devido a um equilíbrio de forças conflitantes. Na verdade, ele freqüentemente foi além demais em comprometer-se. Tem sido afirmado, não sem justificação, que alguém pode achar apoio nos escritos de Darwin para quase qualquer teoria da evolução: especiação com ou sem isolamento geográfico, efeito direto do ambiente ou meramente seleção pelo ambiente, importância evolucionária de grandes mudanças genéticas ou de pequenas, e assim por diante. Isso explica o paradoxo que o termo ‘Darwinismo’ significa tais coisas diferentes para um biólogo americano, russo ou francês". MAYR, E.W. em "Animal Species and Evolution", The Belknap Press: Cambridge MA, 1963, p.2.

Lógica Darwinista 101 - Por que lutar contra o aquecimento global?

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Por que lutar contra o aquecimento global? Particularmente, evolucionista [TGE] de carteirinha que fui na vida, eu não vejo razão para o alarmismo apocalíptico [gulp, é quase como cometer um assassinato, não é mesmo Darwin?] que é feito em relação ao aquecimento global e suas terríveis conseqüências.

Vou ser irônico e sarcástico aqui com a Nomenklatura científica e a Grande Mídia tupiniquins [êta turminha mal-informada e mal-intencionada], mas da perspectiva neodarwinista, paradigma científico reinante na Academia [mas me informaram que já está no forno uma nova teoria da evolução pós-moderna], eu não vejo nenhum problema, do ponto vista evolutivo, com as supostas catástrofes apocalípticas do aquecimento global.

Razões? Se somente alguns indivíduos sobreviverem, não serão eles os indivíduos mais aptos para prosseguirem com o pool genético humano? E se todos os humanos morrerem? E daí? Qual é o problema moral disso? A ciência não lida com aspectos morais. Afinal de contas, a evolução é um processo cego e aleatório que não teve o ser humano em mente. Mais alguns milhões ou bilhões de anos, a fita da evolução pode ser rebobinada outra vez e teremos na Terra algumas outras formas de vida que a evolução [que é mais inteligente do que nós] que somente a maravilhosa obra do acaso é capaz de produzir.

Por uma questão de Lógica Darwinista 101 >– lutar contra o aquecimento global é lutar contra o acaso e a necessidade, e não dar a chance que o relojoeiro cego de Darwin, inconsciente e inconseqüente realize a sua prodigiosa obra evolutiva que tanto nos maravilha e deixa abespinhados [consulte o dicionário].

Sejamos coerentes com Darwin – nós não devemos lutar contra o aquecimento global, pois fazendo assim nós estamos tirando da evolução a sua única grande oportunidade de ser demonstrada empiricamente verdadeira num laboratório de escala global. E esperarmos bilhões de ano para uma nova e surpreendente epifania evolutiva.

Fui, indignado com esses ecochatos que nada entendem de evolução, e com as nações mais secularizadas como as maiores responsáveis pelo maior índice de emissão de gases tóxicos em nossa nave mãe.

Cassini-Huygens: ciência com um sujeito de pesquisa

quinta-feira, novembro 30, 2006

A revista National Geographic (online nos Estados Unidos) acabou de publicar uma série de fotos sobre Saturno como essas aqui:



Isto sim é que é ciência com 'sujeito' objeto de pesquisa.

Fonte: NASA

E todos nós estamos aqui neste pequeno ponto à direita ao alto (mas destacado à esquerda ao alto) que aparece nesta foto tirada de Saturno:



Fonte: NASA

Astrobiologia: uma ciência milionária sem sujeito de pesquisa

quarta-feira, novembro 29, 2006

O JC e-mail 3152, de 29 de Novembro de 2006, publicou a seguinte entrevista de Cristina Amorim (O Estado de São Paulo) com a astrofísica britânica Monica Grady, intitulada “Estudo da terra ajuda na busca por vida externa”.

Leiam a entrevista do OESP e depois exerçam uma pequena dose de ceticismo salutar em relação a astrobiologia – ciência que não tem sujeito de pesquisa – com algumas citações de renomados especialistas mais abalizados do que Monica Grady.

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Para cientista britânica, só vamos encontrar outras civilizações no universo ao entender como a nossa foi formada neste planeta.

Cristina Amorim escreve para “O Estado de SP”:

Quando pequena, a astrofísica britânica Monica Grady, da Open University, olhava para o céu e para a Terra com a mesma paixão. Crescida, uniu os dois extremos na astrobiologia, campo da ciência que estuda a possibilidade de existir vida fora deste planeta.

Se antigamente era papo de maluco, hoje milhões de dólares são investidos para responder à pergunta se estamos sozinhos no universo. “Seria um milagre sermos a única civilização existente”.

Monica participa na Grã-Bretanha de um projeto de educação científica - em setembro, esteve no Brasil para apresentar o tema a estudantes em São Paulo e no Rio. Leia a entrevista:

- O que é prioridade para a ciência: a busca por vida fora da Terra ou o entendimento do que é o universo e como ele se formou?

Mônica - É a pergunta da galinha e do ovo: temos de entender como a Terra surgiu, como a matéria se uniu, por que outros planetas são diferentes se vieram do mesmo disco de gases e poeira. São perguntas difíceis que precisam de respostas. Aí, ao analisar o que há lá fora, podemos dizer: ‘eis uma estrela com planetas grandes ao redor, e talvez esse planetinha rochoso aqui mostre as mesmas condições que nós temos’.

- Por que usar a Terra como modelo para outros planetas?

Mônica - Só podemos procurar por vida em outros lugares entendendo a do nosso planeta. Precisamos estar abertos para outros padrões, outros lugares entendendo a do nosso planeta. Precisamos estar abertos para outros padrões, mas o modelo ajuda. À medida que olhamos para o sistema solar e procuramos planetas fora dele, o foco é voltado para determinados itens: um planeta redondo que orbite uma estrela e se pareça com a Terra, onde a água seja estável e onde não há muita radiação. É o que precisamos aqui.

- Então você parte do pressuposto de que a vida seguiria o mesmo padrão da terrestre?

Mônica - Não tenho essa pretensão, apesar de haver sim um pressuposto. Interpretamos os dados tendo como referência o que conhecemos. Sabemos que a vida na Terra é baseada em carbono e DNA, então buscamos carbono em Marte e em meteoritos marcianos, mas não necessariamente DNA. O carbono é quimicamente especial. Por causa da grande variedade de compostos que pode formar, assume-se que a vida é baseada nele. Isso não significa que em Marte o carbono se agrupe na forma de uma hélice dupla para formar o DNA.

- Já foi achado carbono em Marte?

Mônica - Nenhum dos instrumentos usados até hoje foi capaz de procurar por quantidades pequenas de carbono, e os níveis seriam muito baixos.

- Havia carbono nos meteoritos marcianos que chegaram à Terra?

Mônica - Sim. Encontramos tipos diferentes, como carbonato. Talvez em Marte ele esteja enterrado. Há um tipo, por exemplo, encontrado dissolvido em quantidades muito pequenas em minerais. Sua detecção é difícil porque exige temperatura elevada, o que pede muita energia - algo que não pode ser manejado pelos robôs que vão para lá. Quanto ao carbono orgânico achado nos meteoritos, há um problema. Uma vez que a Terra é cheia dele, não sabemos se houve contaminação aqui ou se é original de Marte.

- A vida pode ter surgido na Terra depois que um meteorito trouxe material orgânico de Marte?

Mônica - Sinto-me bastante confortável em acreditar que os tijolos moleculares da vida foram trazidos talvez por cometas, talvez por meteoritos.

- Se todos os planetas do sistema solar são passíveis de receber meteoritos, por que houve o florescimento da vida só aqui?

Mônica - A Terra é o único planeta hoje com a composição correta de atmosfera, temperatura e radiação. No tempo que a Terra não tinha condições, Marte era um lugar interessante, com água e atmosfera. Só que Marte perdeu esse ambiente. Há outras possibilidades, como o satélite Titã, em Saturno. Mas onde existem condições muito extremas não vamos encontrar formas complexas de vida, talvez só formas simples.

- Há um cálculo famoso, a equação de Drake, que estima a possibilidade de vida civilizada fora da Terra. Ela continua atual?

Mônica - Sim. E pode gerar um número grande só ao considerar nossa galáxia. Existem 100 bilhões de galáxias no universo - e algumas pessoas ainda falam que existe mais de um universo. Seria um milagre sermos a única civilização existente.

- Como exatamente funciona esta equação?

Mônica - Ela tem como resposta no mínimo 1, porque sabemos que existe pelo menos um planeta no universo com civilização: a Terra. O cálculo começa com o número das estrelas na galáxia, 100 bilhões. Uma fração delas suporta planetas ao redor, e uma fração destas tem planetas como a Terra. Deles, uma parte apresenta as condições certas, e só uma fração existe há tempo suficiente para a vida ter se desenvolvido. Desses, uma fração evoluiu em uma civilização com tecnologia, e uma fração delas gostaria de se comunicar.

- Se existe outra civilização além da nossa com tecnologia e vontade de se comunicar, por que ela não entra em contato com a Terra?
Mônica - Na verdade, não sabemos. Algumas pessoas alegam ter tido contato com seres extraterrestres, mas geralmente elas moram no meio da zona rural, não em cidades grandes. Talvez precisemos viver em locais escuros para que os alienígenas possam se aproximar.

- Há preconceito em relação à busca de vida fora da Terra?

Mônica - Falar disso costumava ser coisa de gente maluca. Carl Sagan era um grande cientista e morreu anos atrás muito triste. Ele foi um dos primeiros astrobiólogos e na época dele havia muito riso sobre seu trabalho. Hoje somos respeitados. Nos últimos dez anos cientistas de disciplinas diferentes começaram a trabalhar juntos e houve um aumento gradual da percepção do que fazemos.
(O Estado de SP, 29/11)

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Robert Jastrow, fundador e ex-diretor do Goddard Institute for Space Studies da NASA, Professor de Geofísica na Universidade Columbia, e diretor emérito do Observatório de Monte Wilson, na sua resenha do livro The Biological Universe [O universo biológico] de Resenha do livro The Biological Universe by Steven J. Dick, Cambridge University Press, 1996. Sky & Telescope, Vol. 93, No.6, June 1997, pp.62-63, p.62.

Na resenha do livro
Rare Earth (2000) [Terra rara: Por que a vida complexa é incomum no universo], que discute a possibilidade de que “Afinal de contas, talvez nós não estejamos sozinhos no universo”:

“Nas últimas décadas, um número crescente de astrônomos têm promulgado a opinião de que civilizações alienígenas são tão prováveis de estarem espalhadas entre as estrelas como grãos de areia, isoladas umas das outras pelo vazio do espaço interestelar. Somente para a própria galáxia da Terra, a Via Láctea, os especialistas calcularam que deve haver perto de um milhão de sociedades avançadas. Esta crença extraterrestre tem motivado não somente incontáveis livros, filmes e seriados de televisão – sem deixar de mencionar a horda de Klingons, Wookies e Romulans – mas uma longa busca científica que usa grande antenas parabólicas para vasculharem o céu em busca de débeis sinais de rádio de alienígenas inteligentes. Bem, agora dois eminentes cientistas dizem que o conhecimento convencional está errado. A busca por alienígenas, eles acrescentam, provavelmente deve falhar. Baseando-se em novas descobertas em astronomia, geologia e paleontologia, os dois argumentam que os humanos podem estar sozinhos, pelo menos na vizinhança estelar, e talvez em todo o cosmos. Eles dizem que a ciência moderna está mostrando que a composição e a estabilidade da Terra são extraordinariamente raras. Na maior parte do universo, os níveis de radiação são muito altos, os elementos químicos certos são de abundância raríssima, os planetas hospitaleiros bem muito poucos e a chuva de rochas assassinas são muito intensas para que a vida tenha evoluído em comunidades avançadas. Os micróbios alienígenas podem sobreviver em muitos lugares como um tipo de chuva de lixo cósmica, eles dizem, mas não extraterrestres civilizados o bastante para estarem nadando em tecnologia. O livro deles, "Rare Earth" [Terra rara] (Springer-Verlag), que saiu mês passado, está produzindo uma onda de críticas e louvores, com alguns detratores dizendo que os autores fizeram suas próprias pressuposições simplistas sobre a adaptabilidade das formas de vida enquanto que outros chamam de ‘brilhante’ e ‘corajosa’. ‘Nós finalmente dissemos bem alto o que muitos têm pensado há muito tempo – que a vida complexa, pelo menos, é rara’, disse o segundo autor The New York Times, February 8, 2000).

A cruzada beligerante e mórbida dos ateus contra os de concepções religiosas – Parte 2/2

terça-feira, novembro 28, 2006

Cruzada de ateus evangélicos contra as religiões ‘perniciosas’

Por: Logan Gage
The Examiner
17 de novembro de 2006

WASHINGTON – Quando a questão é ciência e Deus, os americanos querem tudo – “MRIs e milagres” de acordo com a revista Time desta semana. De forma crescente, contudo, os evangélicos estão se postando no caminho. Mas estes religiosos podem não ser quem você está pensando.

Richard Dawkins, darwinista da Universidade Oxford e autor best-seller de “The God Delusion” [A ilusão de Deus, a ser lançado pela Companhia das Letras daqui a 10 meses] diz que não você não pode ter tudo. A religião é perniciosa e sobrevive somente porque ela tem um valor direto ou indireto de sobrevivência darwiniano. A fé é amplamente um efeito colateral da confiança que nós aprendemos quando jovens. Mas para nós felizmente, de acordo com Dawkins, “Darwin tornou possível ser um ateu intelectualmente realizado”.

O filósofo ateu Daniel Dennett, autor do livro recente “Breaking the Spell: Religion as a Natural Phenomenon”, [Quebrando o encanto: a religião como um fenômeno natural] há muito afirmou que o darwinismo é um “ácido universal” que corrói todos as noções tradicionais de Deus e da moralidade. Para Dennett, a religião sobrevive porque os nossos cérebros evoluíram, apesar de irracionalmente, de se apaixonar, o que, é claro, tem vantagens reprodutivas.

E numa edição recente da Newsweek, o neurocientista ateu Sam Harris, autor do livro “The End of Faith” [Fim da fé] e mais recentemente “Letter to a Christian Nation” [Carta à uma nação cristã] apresenta o seu “Caso contra a Fé”. E onde que ele começa? No começo, é claro, debochando do fiel ao sugerir que Deus tem algo a ver com a natureza.

O que está acontecendo? É tudo o fervor do ano de eleições contra a direita religiosa? Eu sugiro outra explicação. Uma revolução silenciosa está a caminho; e não receberá publicidade.

Já faz mais de 80 anos desde que Hubble observou evidência para o Big Bang, desafiando o conhecimento convencional entre os cientistas de que o universo era eterno. Como o físico teórico Stephen Hawking comentou, “Quase todo mundo agora o universo, o próprio tempo, têm um começo no Big Bang”.

Quatro décadas atrás, os cientistas começaram a reparar no “ajuste fino” das leis da física, revelando assim as vastas probabilidades contra um universo que sustentasse a vida. Como somente um exemplo, se a gravidade fosse uma parte em 100 bilhões maior ou menor, a vida não seria possível. O nosso universo teria continuado a se expandir sem formar as galáxias, ou a matéria em nosso universo teria ficado aglomerada sem formar estrelas e planetas.

E já se vão 10 anos desde que o livro “A Caixa Preta de Darwin” [Rio de Janeiro, Zahar, 1997] de Michael Behe despertou primeiro um mundo adormecido para a “complexidade irredutível” de muitos sistemas moleculares, demonstrando que um processo gradual darwiniano não poderia ter produzido-os e que, em vez disso, uma intenção inicial inteligente era necessária.

Nós estamos em meio não de uma, mas de duas revoluções de informação. Na última metade do século XX, os cientistas registraram grandes quantidades de informação genética bem como um sistema intrincado para gravar, copiar e editar esta informação, fazendo com que Bill Gates comentasse que “o DNA é como um programa de computador, mas muito, muito mais avançado do que qualquer software que já foi criado”. A célula é muito mais daquilo que os cientistas do tempo de Darwin pensaram fosse algo como um simples pedaço de gelatina.

Alguns intelectuais estão reparando nisso. Provavelmente o filósofo ateu mais citado na última metade do século XX é Antony Flew. Na Universidade Oxford, Flew debateu no Clube Socrático de C. S. Lewis. Mas, caso você tenha perdido, devido à evidência científica crescente, Flew se tornou um teísta. “Eu acho que o argumento do design inteligente é muito mais forte do que era quando eu o encontrei pela primeira vez”, disse Flew numa entrevista. [1]

Ele insiste que não acredita no céu, inferno ou no Deus da Bíblia, mas que agora ele vê a origem da vida como uma forte evidência para o design inteligente, comentando que “as descobertas de mais de 50 anos de pesquisa de DNA têm fornecido materiais para um novo e poderoso argumento de design".

Livros sobre ateísmo costumavam citar Flew abundantemente e com autoridade. Agora não o citam mais, embora Dawkins mencione com zombaria a conversão de Flew “na sua idade senil”.

Assim como nós temos confiança de que os buracos negros existem, não por observação direta, mas por causa do movimento de corpos em torno da área escura, assim também, alguém pode ter certeza de que uma revolução intelectual está a caminho quando nós encontramos amiúde na lista de livros best-seller do jornal The New York Times por ateus evangélicos como Richard Dawkins.

Certamente esses autores estão reagindo a algo. Esse algo é a poderosa evidência científica desafiando a cosmovisão deles. O jornal The New York Times acertou: “Este debate precede a Darwin, mas a posição anti-religiosa está sendo promovida com crescente insistência por cientistas irritados com o design inteligente”.

Logan Paul Gage é analista político do Discovery Institute em Washington.

[1] Dezembro de 2004. Na minha correspondência com as editorias da Grande Mídia Tupiniquim, especialmente a Folha de São Paulo reclamei de que nenhum deles veiculou uma linha sequer sobre o que tinha acontecido com Antony Flew. Desculpa esfarrapada apresentada - o autor é desconhecido do público brasileiro e não merecia destaque. Mal sabiam que eu estava falando do ateu mais conhecido depois de Bertrand Russell, e autor de vários livros e artigo na Enciclopédia de Filosofia.

Mas o que eu poderia esperar de uma Grande Mídia controlada por ateus e agnósticos???

A Evolução é um fato, Fato, FATO, mas precisamos remendar o Neodarwinismo!!!

Na edição de Nov/Dez de 2006 da revista American Scientist, há um anúncio de livros da MIT Press na p. 555. Um dos livros anunciados é o Evolution in Four dimensions, por Eva Jablonka e Marion Lamb, com ilustrações de Zeligowski.

O anúncio cita uma resenha do livro que apareceu na Nature, uma revista científica de renome:

”Há murmúrios já há algum tempo quanto ao fato de que a síntese neodarwinista do começo do século XX está incompleta e prestes a uma grande revisão. O livro Evolution in Four Dimensions é a mais recente adição a este gênero [de literatura], e ainda contribui com outra valiosa perspectiva para a discussão”.

Desde 1998 venho levantando esta lebre para a Nomenklatura científica e Grande Mídia tupiniquins. A resposta que sempre me deram e ao público leigo não especializado é de que NÃO HÁ CRISE na teoria da evolução. Agora vem a American Scientist com um anúncio onde parte de uma resenha da revista Nature (evolucionista desde os tempos de Thomas Huxley) diz que EXISTE SIM UMA CRISE EPISTÊMICA NO NEODARWINISMO!

É, parece que o ‘anta do Enézio’, aquele ‘simples professorzinho de ensino médio’ tem razão. Que vergonha para a nossa nata acadêmica, que sabia disso há quase duas décadas e SILENCIOU!!!


Fui, alegre da vida por ter contribuído para o avanço da ciência e a quebra de preconceito e orgulho besta de nossa Nomenklatura científica. Senhores, em ciência, não existe THEORIA PERENNIS!!!

A cruzada beligerante e mórbida dos ateus contra os de concepções religiosas – Parte 1/2

Entendo a ciência qua ciência como um empreendimento humano que descreve a realidade de modo aproximado e que suas teorias, por serem construtos humanos, estão sujeitas à revisão, aprimoramento e descarte fundamentado pelas evidências. A ciência é seguir as evidências aonde elas forem dar.

Como Deus não é objeto passível de demonstração em ciência, não consigo entender esse ódio mórbido de ateus como Dawkins (alguém pode me citar qual foi o último trabalho científico desse indivíduo pernóstico???) , Dennett et caterva contra Deus e os crentes. Dizem que Dawkins foi violentado sexualmente na infância por um cura anglicano. Talvez isso explique o seu ódio contra Deus e os crentes.

Este blog é voltado exclusivamente para assuntos científicos, mas não vou deixar de defender aqui os de concepções religiosas exercerem o seu direito de acreditar em Deus e de os ateus não acreditarem, mas publico aqui o que foi veiculado nos jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo de 27/11/2006. Os links são do JC E-Mail, um jornal eletrônico da SBPC voltado exclusivamente para assuntos científicos e tecnológicos.

Depois eu vou postar um artigo de um amigo nos Estados Unidos – Logan Gage sobre a razão da cruzada desses ‘ateus evangelistas’ peripatéticos .

Aos de concepções religiosas essas solenes perguntas – Quem lhes roubou a coragem de exercerem a sua plena cidadania? Quem lhes remeteu para suas catacumbas e guetos eclesiásticos deixando de participar na ‘pólis’? Quem é Dawkins? Quem é Dennett? Meros mortais como vocês, com direitos e deveres iguais numa sociedade plural. Não se intimidem com esses ateus. Eu já fui um deles. Eles são verdadeiros ‘tigres de papel’! Resistam-nos à la Gandhi e à la Rosa Parks. Exerçam sua cidadania e invoquem a nossa Constituição.

JC e-mail 3150, de 27 de Novembro de 2006.
Cientista cria fundação para combater Deus na escola

A singular fundação também fará suas próprias pesquisas sobre o que torna algumas pessoas mais suscetíveis que outras a idéias religiosas

Sarah Cassidy escreve para “Independent"

Richard Dawkins, geneticista de Oxford, autor de best-sellers e ateísta militante, está para levar sua batalha contra Deus para as escolas, ao criar uma fundação para combater a doutrinação religiosa dos jovens.

A Fundação Richard Dawkins para a Ciência e a Razão mandará livros subsidiados, panfletos e DVDs para as escolas britânicas, a fim de lutar contra o "escândalo educacional" visto naquele país com o crescimento da popularidade das "pseudociências" e das "idéias irracionais".

A singular fundação também fará suas próprias pesquisas sobre o que torna algumas pessoas mais suscetíveis que outras a idéias religiosas.

E tentará "despertar a consciência do público" para tornar inaceitável se referir a uma "criança católica" ou a uma "criança muçulmana". Dawkins acredita que "é imoral marcar crianças pequenas com a religião de seus pais".

O movimento vem na esteira da batalha entre grupos seculares e religiosos sobre o papel da religião na vida pública. Alguns grupos de crentes também intensificaram suas campanhas.

A Verdade na Ciência, grupo cristão que faz campanha para que o "design inteligente" -ideologia segundo a qual a vida foi criada por um ser consciente e não pela seleção natural- seja incluído nas aulas de ciências, recentemente mandou DVDs e outros materiais para todas as escolas secundárias do Reino Unido.

Dawkins lançou neste ano o livro "The God Delusion" ("A Delusão Divina"), que se tornou best-seller.

"Eu sou um desses cientistas que acham que não basta mais só fazer ciência", disse.

"Temos de dedicar uma proporção cada vez maior de tempo e recursos para defendê-la do ataque deliberado. Da ignorância organizada”.
(Independent)
(Folha de SP, 27/11)

JC e-mail 3150, de 27 de Novembro de 2006.
Entre Deus e o compasso, artigo de Sergio Augusto

A guerra entre ciência e religião ganha novos contornos. E saem feridos os que acreditam na tal inteligência superior

Sérgio Augusto é articulista de “O Estado de SP”, onde publicou este texto:

A mais antiga de todas as guerras – e a única, aparentemente, sem vencedor à vista – voltou com peso ao noticiário nas últimas semanas. De um lado, a ciência; do outro, a religião.

Suas novas escaramuças produziram mais feridos, se assim podemos chamá-los, entre os que acreditam que o universo foi criado por uma inteligência superior (Deus, em suma).

Noves fora Garotinho, a direita cristã levou uma surra nas recentes eleições americanas; o movimento criacionista recolheu-se à sua insignificância; vem crescendo a quantidade de filmes, canais a cabo, programas e até videogames de cunho científico;

a grande imprensa passou a dar destaque aos mais ímpios cientistas da atualidade (Richard Dawkins, Daniel Dennett e Sam Harris); firme, na lista dos best sellers, The God Delusion, de Dawkins, prossegue sua implacável blitzkrieg contra os crentes de todos os altares e quadrantes.

Nessa guerra, que remonta aos tempos de São Tomás de Aquino e, só na década de 1920, promoveu duas batalhas históricas (o Processo Macaco, contra um professor do Tennessee que ensinava a teoria evolucionista de Darwin, e a reação ao ensaio “Por que Não Sou um Cristão”, publicado por Bertrand Russell em 1927), os confrontos mais estimulantes e menos “sangrentos” são exatamente aqueles cujos combatentes têm intimidade com genes, moléculas, equações e quasars.

Tivemos um, dos bons, no início do mês: o fórum “Além da Fé: Ciência, Religião, Razão e Sobrevivência”.

Poderia ter sido, mas não foi, em Oxford, tida como a “Jerusalém da razão”, onde Dawkins ensina e mora, Robert Boyle formulou sua lei sobre os gases, Robert Hooke usou pela primeira vez um microscópio para examinar uma célula viva, e de onde, há 200 anos, Percy Bysshe Shelley foi expulso por ser ateu (hoje, a universidade exibe, orgulhosa, uma estátua do poeta, nu em pelo).

O Instituto Salk para Estudos Biológicos, em La Jolla (Califórnia), hospedeiro do fórum, não pode ser considerado campo neutro, até porque isso talvez não exista mais.

Patrocinado pela Science Network, organização educacional bancada por um agnóstico ricaço de San Diego, Robert Zeps, o simpósio reuniu a nata da comunidade científica de fala inglesa e já está na internet (beyondbelief2006.org).

No cartaz do evento, nada de Darwin ou Einstein. Deus levou a melhor, mas teve de empunhar um compasso.

O prometido “diálogo polido” entre fé e razão, afinal descambou para algo próximo a uma convenção partidária ou a um concílio laico, com blasfêmias de variada gradação.

“O mundo precisa despertar do longo pesadelo da crença religiosa”, exortou Steven Weinberg, Nobel de Física de 1979, estabelecendo o tom dos debates.

Neil de Grasse Tyson, diretor do Planetário Hayden, em Nova York, e conselheiro do Governo Bush para assuntos espaciais, exibiu uma foto de recém-nascidos com defeitos físicos como prova, a seu ver irrefutável, de que é a “natureza cega” e não “um supervisor inteligente” quem controla o universo.

O químico Peter Atkins até admitiu que um cientista tenha crenças religiosas.

“Mas não creio que ele possa ser um cientista no verdadeiro sentido da palavra se, de algum modo, levar em consideração categorias tão alheias ao conhecimento científico como as utilizadas pelas religiões”, arrematou, deixando bem claro que a ciência e a religião são dois navios que se cruzam no meio da noite, em direções opostas.

Se o outro chocar-se num iceberg, Dawkins, suponho, dormirá feliz. Para ele, ser ateu é uma brava e grandiosa aspiração.

“Não posso assegurar que Deus não existe, mas levo minha vida, feliz e frutífera, sem cogitar de sua existência”, gaba-se o biólogo evolucionista, que terá seu atual best seller traduzido pela Companhia das Letras (lançamento previsto para daqui a 10 meses).

Deus, acredita, não é apenas uma desilusão, mas uma desilusão perniciosa, que, ao longo dos séculos, por obra de seus fanáticos seguidores, produziu mais malefícios que benefícios.

Segundo Dawkins, idéias religiosas são “memes viróticos”, genes ideológicos, digamos assim, que se multiplicam e infectam as pessoas desde a mais tenra idade.

Outros biólogos evolucionistas ao menos as respeitam; Dawkins, não: “Enquanto aceitarmos o princípio de que a fé religiosa deve ser respeitada por ser fé religiosa, não teremos como repudiar a fé de Osama bin Laden e os homens-bomba”.

Na abertura do fórum, Sir Harold Kroto, Nobel de Química de 1996, sugeriu que a Fundação Templeton entregasse a Dawkins o seu próximo prêmio de US$ 1,5 milhão.

De brincadeira, é claro. A fundação criada por Sir John Marks Templeton, bilionário presbiteriano de 93 anos, sintetiza, em nível institucional, o que Dawkins mais despreza no campo dos embates científicos.

Templeton dedicou a vida a aplainar as diferenças entre a ciência e a religião, a superar, conforme suas palavras, “o prosaísmo de uma visão da realidade puramente naturalista e secularizada”.

Todo ano, sua fundação premia regiamente quem mais tenha contribuído para “o progresso de descobertas espirituais”. Em “The God Delusion”, Dawkins acusa os colegas que aceitaram esse “Nobel da acochambração” de intelectualmente desonestos e venais.

Carolyn Porco, pesquisadora do Instituto de Ciência Espacial de Boulder (Colorado), propôs, meio na galhofa, que se criasse uma igreja alternativa, com o dr. Neil Tyson como seu papa ou pastor.

Ao detalhar sua proposta (“Deveríamos nos guiar pelo sucesso da fórmula religiosa, ensinando desde cedo às crianças a origem do universo e a beleza dessa história, muito mais gloriosa e deslumbrante que a de qualquer escritura ou concepção divina”), arrancou aplausos e apupos do auditório.

Aplausos de quem considera absurdo uma criança aprender antes o “folclore bíblico” e, depois, as “verdades científicas” sobre a criação do mundo e a evolução da espécie.

Apupos de quem recusa qualquer proximidade da ciência com dogmas religiosos.

Dawkins, porém, reservou sua indignação para a bióloga Joan Roughgarden, autora de recente ensaio sobre o evolucionismo e a fé cristã.

Pegou-a no contrapé de uma metáfora bíblica (a parábola da semente de mostarda), com que pretendia facilitar a aceitação da teoria de Darwin por seus colegas cristãos.

“Má poesia”, resmungou o feliz ateu de Oxford. Para em seguida retomar a palavra e explicar por que define a religião como “lavagem cerebral” e abuso de inocentes (“child abuse”). Sem jamais perder o bom humor.

A certa altura, observou que não haveria banda larga suficientemente larga para Deus monitorar o pensamento dos seis bilhões de habitantes da Terra e receber todas as preces que Lhe são dirigidas.

Se Dawkins estiver errado, o inferno ficará bem mais divertido com a sua presença.
(O Estado de SP, 26/11)