72% dos professores de biologia estão atrapalhando a compreensão científica nos Estados Unidos?
por David Tyler 07:47:31 am
Algumas pessoas descreveram a pesquisa como chocante. Os autores do relatório estão desanimados com suas descobertas. O problema percebido é este: os evolucionistas venceram os casos na justiça sobre o ensino da evolução nas escolas; os currículos padrões estaduais foram revisados para reforçar o status da teoria evolucionária em biologia ‒ mas apesar de tudo isso, “pesquisa considerável sugere que os defensores da evolução, dos métodos científicos, e da própria razão estão perdendo batalhas nas salas de aulas na América”. O problema é que somente 28% dos professores estão explicando diretamente a biologia evolucionária. A situação está sendo considerada como a de “expor um ciclo de ignorância na qual as atitudes anti-evolucionárias da comunidade são perpetuadas pelo ensino que reforça o sentimento da comunidade local”. Os professores recalcitrantes estão, em “atrapalharem a compreensão científica nos Estados Unidos”, falhando em “explicar a natureza da inquirição científica”, solapando “a autoridade dos especialistas estabelecidos”, e legitimando “argumentos criacionistas, mesmo que não intencionalmente”.
Café para os professores de biologia dos Estados Unidos
(Fonte aqui)
A magnitude cristalina do “problema” levanta a questão: os autores leram corretamente a situação? Esses professores estão realmente falhando clamorosamente na sua comunicação da ciência biológica? Palavras elogiosas são reservadas somente para os 28% de professores de biologia que “consistentemente implementam as principais recomendações do National Research Council”. Eles são descritos como sendo “excelentes e eficientes educadores de biologia evolucionária”. O resto é composto de 13% “no extremo oposto” (que são criacionistas e querendo apresentar a criação ou o design inteligente sob um enfoque positivo) e os “60% de cautelosos” que implementam as “estratégias enfatizando a microevolução, justificando o currículo na base de testes de âmbito estaduais, ou “ensinando a controvérsia”. John Rennie, da Scientific American chama isso de “a metade piegas”. A dificuldade que eu acho disso tudp tem a ver com os juízos de valores colocadas nas ações dos educaores. Em vez disso nós deveríamos presumir que a maioria tanto do grupo de 60% como do grupo de 13% que eles s!ao professores dedicados que procuram promover um amor à ciência biológica nos seus alunos? É muito mais provável que Berkman e Plutzer (e Rennie) estão tirando conclusões errôneas de sua pesquisa e seus comentários solapam e insultam o trabalho de milhares de professores dedicados.
Blogs anteriores discutiram os méritos da abordagem “ensinando a controvérsia” (aqui e aqui). Também consideradas são as falhas do neo-darwinismo lidar com a evidência fornecida pela biologia molecular (aqui, aqui e aqui), a evolução experimental (aqui e aqui), a variação natural (os tentilhões de Galápagos, as mariposas de Manchester e o rato veado). O ponto importante é este: uma abordagem acrítica do ensino do darwinismo é doutrinação, não é educação. A teoria deve ser criticada sempre que não for apoiada pela evidência, e sempre que houver meios alternativas de se entender a evidência. Semelhantemente, teorias alternativas ao darwinismo também also devem ser criticadas. Este princípio impacta diretamente na natureza da inquirição científica ‒ o teste das hipóteses. Aqueles que querem impedir a discussão sobre os modos como as evidências podem ser interpretadas estão eles mesmos solapando a integridade da ciência. Além disso, aqueles que aconselham se ajoelhar diante da “autoridade dos especialistas estabelecidos” estão introduzindo valores alheios à ciência. O moto da Royal Society é Nullius in Verba, geralmente traduzido como 'nas palavras de ninguém'. A ciência apela para a evidência quando testa as hipóteses. Conceitos como ‘ciência de consenso’ pode ser atraente para politicos, mas não deveriam ter lugar no discurso científico.
Há uma outra razão por que a análise de Berkman e Plutzer falha clamorosamente. Eles parecem não ter tomado conhecimento da abordagem de ensino promovida pelo Professor Michael Reiss, Diretor do Institute of Education, University of London e que foi Diretor de Educação da Royal Society até setembro de 2008. Reiss destacou a necessidade de uma pedagogia culturalmente sensível, pelos interesses de jovens desenvolvendo atitudes positivas para a ciência. Ele sabe muito bem que muitos estudantes encontram uma tensão entre os mecanismos cegos do darwinismo e sua cosmovisão, que lhes dá propósito e significado para o mundo natural. Ele também sabe que muitos evolucionistas apelam para o darwinismo para dar credibilidade científica à sua cosmovisão ateísta. Mais comentários sobre a abordagem de Reiss estão aqui. O pensamento de Reiss não é apenas para ser encontrado em literatura educacional, ele também publicou um artigo sobre a questão no journal Evolution. Ele sabe que as estratégias de conflito pelos professores são contraproducentes porque os alunos as consideram ameaçadoras. O que é impressionante é que este tópico tem sido muito pouco pesquisado. Afirmações são feitas sobre os perigos do “analfabetismo científico”, mas qual é a evidência para apoiá-las? O que a pesquisa neste sentido tem feito mostra que o ambiente educacional é o fator chave, e não a cosmovisão do estudante. Há algumas respostas a essas questões, mas elas não apoiam a posição tomada por Berkman e Plutzer. Os ambientes nos que impactam adversamente a educação são onde os professores criam uma atmosfera de hostilidade que esmaga a livre discussão. Para saber mais disso, vá aqui.
Berkman e Plutzer escreveram um relatório que fornece uma narrativa legitimizadora para a biologia evolucionária tradicional. Professor Steve Fuller tem uma frase interessante para descrever este comportamento: os autores estão agindo como funcionários subalternos da ciência. Eles apresentam o criacionismo e o design inteligente como anti-ciência e lamentam o fracasso de 72% dos professores de biologia que cumprem com suas expectativas de como devem tratar a teoria evolucionária. Em vez de ponderar por que, os autores oferecem um plano de ação em duas etapas. Primeiro, eles recomendam colocar “esforços de alcance tais como webinars, palestrantes convidados, e cursos de atualização” para professores estagiários – para melhor equipá-los para seu trabalho. Em segundo lugar, eles querem atingir os professores estagiários:
Berkman e Plutzer escreveram um relatório que fornece uma narrativa legitimizadora para a biologia evolucionária tradicional. Professor Steve Fuller tem uma frase interessante para descrever este comportamento: os autores estão agindo como funcionários subalternos da ciência. Eles apresentam o criacionismo e o design inteligente como anti-ciência e lamentam o fracasso de 72% dos professores de biologia que cumprem com suas expectativas de como devem tratar a teoria evolucionária. Em vez de ponderar por que, os autores oferecem um plano de ação em duas etapas. Primeiro, eles recomendam colocar “esforços de alcance tais como webinars, palestrantes convidados, e cursos de atualização” para professores estagiários – para melhor equipá-los para seu trabalho. Em segundo lugar, eles querem atingir os professores estagiários:
“Mais eficientemente para integrar a evolução na educação de professores de biologia antes de ingressar no magistério que possa ter também um efeito indireto de encorajar estudantes que não podem aceitar a evolução como uma questão de fé que busquem outras carreiras. Programas efetivos dirigidos a professores antes do ingresso ao magistério pode, portanto, reduzir o número de negadores da evolução nas salas de aula da nação, aumentar o número daqueles que aceitariam com prazer ajudar no ensino da evolução, e aumentar o número de professores cautelosos que estão, mesmo assim, querendo abraçar os padrões rigorosos. Isso reduziria o suprimento de professores que são especialmente atrativos para a maioria dos distritos escolares conservadores, enfraquecendo assim o ciclo de ignorância.”
Na minha experiência, os estudantes que são críticos da teoria evolucionária sabem muito mais biologia do que aqueles que não são críticos. Discussão e diálogo serão permitidos nos programas antes do ingress ao magistério de Berkman e Plutzer? Parece que não, porque eles querem programas “eficientes” que eliminem os dissidentes. Como que eles irão evitar que esta proposta se degenere em um cenário orwelliano de ‘Big Brother’? A julgar pela linguagem intemperada, eles nem podem ver o problema. É minha esperança que o ensino de biologia irá tomar responsabilidade de seu próprio futuro – pois se os professores não fizerem, parece que há alguns funcionários subalternos da ciência que farão por eles.
Defeating Creationism in the Courtroom, But Not in the Classroom
Michael B. Berkman and Eric Plutzer
Science, 28 January 2011: Vol. 331 no. 6016 pp. 404-405 | DOI: 10.1126/science.1198902
Summary: Just over 5 years ago, the scientific community turned its attention to a courtroom in Harrisburg, Pennsylvania. Eleven parents sued their Dover, Pennsylvania, school board to overturn a policy explicitly legitimizing intelligent design creationism. The case, Kitzmiller v. Dover, followed a familiar script: Local citizens wanted their religious values validated by the science curriculum; prominent academics testified to the scientific consensus on evolution; and creationists lost decisively. Intelligent design was not science, held the court, but rather an effort to advance a religious view via public schools, a violation of the U.S. Constitution's Establishment Clause. Many scientists cheered the decision, agreeing with the court that the school board displayed "breathtaking inanity". We suggest that the cheering was premature and the victory incomplete.
Vide também:
High School Biology Teachers in U.S. Reluctant to Endorse Evolution in Class, Study Finds, ScienceDaily (28 January 2011)
Source/Fonte: ARN
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NOTA DESTE BLOGGER: Este artigo do meu amigo David Tyler responde, em parte, ao artigo O ensino da Teoria da Evolução e a ficha que ainda não caiu, do Dr. Roberto Berlinck, UFSCar, um evolucionista ateu, e ferrenho inimigo do Design Inteligente pelas suas implicações ideológicas.
Berlinck precisa aprender de uma vez por todas que uma teoria científica pode ter sim suas implicações ideológicas, mas não depende disso para que sua plausibilidade ou robustez epistêmica sejam objetivamente consideradas. O darwinismo é atraente para os ateus como Berlinck, mas isso não depõe contra Darwin. O demarcacionismo berlinckeano é gritante, apesar de ultrapassado, e só contra o Design Inteligente. Contra Darwin nada.
Destacar somente a coloração ideológica de alguns teóricos e proponentes do DI é se revelar ignorante dos demais teóricos e proponentes que são ateus e agnósticos. Mais ignorante ainda Berlinck se revela porque Darwin disse que sua intenção real em escrever a teoria da evolução através da seleção natural não foi científica, mas ideológica. Isso vai aparecer em um dos meus blogs sobre o ensino e a divulgação desonesta da teoria da evolução pela Nomenklatura científica da qual Berlinck faz parte e é um dos seus mais articulados apologetas.