Marcelo Gleiser afirmou recentemente no artigo Defendendo a ciência (Folha de São Paulo, 13/02/2011 - Requer assinatura da FSP ou UOL) que a origem humana era "um tema científico, amplamente discutido e comprovado, dos fósseis à análise genética" como um fato, Fato, FATO da evolução. Nada mais falso repliquei no artigo Marcelo Gleiser defendendo a ciência ou blindando Darwin de quaisquer críticas, até as científicas? e sugeri à Folha de São Paulo que arranjasse "um assessor em biologia evolucionária para o Gleiser. Urgente!!! Se não a FSP vai passar cada vez mais vergonha diante de leitores mais esclarecidos e que lêem este blog danado da peste!!!"
Como um dos lemas deste blog é: Aqui a gente mata a cobra de Down e mostra o pau, eis aqui uma pesquisa científica atualizada em que duas hipóteses, NOTA BENE, DUAS HIPÓTESES sobre a origem humana são discutidas. QED: Marcelo Gleiser precisa se atualizar em literatura evolucionária, e a Folha de São Paulo precisa urgentemente de um assessor em biologia evolucionário para que Gleiser não fique falando asneiras no jornal que se diz a favor do Brasil e da educação!
Para muitos vou soar não sendo colegial com um dos meus pares. É porque alguém da estatura científica de Marcelo Gleiser precisa ser corrigido publicamente nesses termos quando advoga uma agenda materialista em nome da ciência através de uma retórica bombástica, mas vazia porque as evidências mostram isso, utilizando-se de uma mídia com mais de 1 milhão de leitores.
Pensar que eu fui um dos milhares de leitores da FSP que pediu a permanência da coluna dele. Não me arrependo, faria de novo, mas Gleiser precisa aprender uma lição: cientista não é agitador panfletista, mas alguém que segue as evidências aonde elas forem dar. E as evidências dizem sobre as origens humanas: ainda é um assunto polêmico, controverso e inconcluso.
Denunciar publicamente a Folha de São Paulo pela prática de um jornalismo científico canhestro que nunca ouve o outro lado, até mesmo de posições científicas que vão de encontro aos paradigmas científicos vigentes, simplesmente porque não dá espaço para vozes dissonantes, não é mesmo Marcelo Leite???
Um jornal desses com este posicionamento e prática jornalística não merece a confiança e fidelidade de seus leitores.
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Deep Divergences of Human Gene Trees and Models of Human Origins
Michael G. B. Blum*,1 and Mattias Jakobsson2
Author Affiliations
1Laboratoire des Techniques de l'Ingénierie Médicale et de la Complexité (TIMC-IMAG), Equipe Biologie Computationnelle et Mathématique (BCM), Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), Université Joseph Fourier (UJF), Grenoble, France2Department of Evolutionary Biology, Uppsala University, Sweden
*Corresponding author: E-mail: michael.blum@imag.fr.
Abstract
Two competing hypotheses are at the forefront of the debate on modern human origins. In the first scenario, known as the recent Out-of-Africa hypothesis, modern humans arose in Africa about 100,000–200,000 years ago and spread throughout the world by replacing the local archaic human populations. By contrast, the second hypothesis posits substantial gene flow between archaic and emerging modern humans. In the last two decades, the young time estimates—between 100,000 and 200,000 years—of the most recent common ancestors for the mitochondrion and the Y chromosome provided evidence in favor of a recent African origin of modern humans. However, the presence of very old lineages for autosomal and X-linked genes has often been claimed to be incompatible with a simple, single origin of modern humans. Through the analysis of a public DNA sequence database, we find, similar to previous estimates, that the common ancestors of autosomal and X-linked genes are indeed very old, living, on average, respectively, 1,500,000 and 1,000,000 years ago. However, contrary to previous conclusions, we find that these deep gene genealogies are consistent with the Out-of-Africa scenario provided that the ancestral effective population size was approximately 14,000 individuals. We show that an ancient bottleneck in the Middle Pleistocene, possibly arising from an ancestral structured population, can reconcile the contradictory findings from the mitochondrion on the one hand, with the autosomes and the X chromosome on the other hand.
Key words
human origins, time to the most recent common ancestor, TMRCA, archaic admixture, African bottleneck, coalescent
© The Author 2010. Published by Oxford University Press on behalf of the Society for Molecular Biology and Evolution. All rights reserved. For permissions, please e-mail:
journals.permissions@oup.com
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Professores, pesquisadores e alunos de universidades públicas e privadas com acesso ao site CAPES/Periódicos podem ler gratuitamente este artigo da Molecular Biology Evolution e de mais 22.440 publicações científicas.
Denunciar publicamente a Folha de São Paulo pela prática de um jornalismo científico canhestro que nunca ouve o outro lado, até mesmo de posições científicas que vão de encontro aos paradigmas científicos vigentes, simplesmente porque não dá espaço para vozes dissonantes, não é mesmo Marcelo Leite???
Um jornal desses com este posicionamento e prática jornalística não merece a confiança e fidelidade de seus leitores.