10/04/08 17:29
Universidade Mackenzie debate evolucionismo, criacionismo e DI
Terminou esta manhã o simpósio “Darwinismo Hoje”, organizado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo. O objetivo do evento, nas palavras dos organizadores, era “promover um amplo debate sobre as interpretações do Darwinismo, Criacionismo e Design Inteligente”. Não foi a primeira vez que um evento deste tipo foi organizado em nosso país. Mas o fato de ter sido concebido e realizado por uma instituição com o porte e a tradição acadêmica do Mackenzie constitui, com certeza, um tento a favor dos adeptos do Criacionismo e do Design Inteligente, que há anos tentam divulgar suas idéias junto à sociedade brasileira sem, no entanto, despertar maiores interesses por parte das instituições de ensino ou da comunidade científica.
Ontem a noite realizou-se a parte mais esperada do evento: um painel onde apresentaram-se representantes das três vertentes. O pensamento evolucionista foi bem representado pelo geneticista Aldo Mellender de Araújo. O engenheiro e professor da USP Ruy Vieira falou como presidente e fundador da Sociedade Criacionista Brasileira. E o design inteligente teve como defensores o químico Marcos Nogueira Eberlin, professor da Unicamp, e o biólogo e filósofo norte-americano Paul Nelson.
Rapidamente o debate polarizou-se entre o pensamento evolucionista e o design inteligente. O próprio Ruy Vieira disse em sua primeira intervenção que um dos propósitos da sociedade que preside está em tornar públicas quaisquer supostas “evidencias de planejamento” sugerias pela pesquisa cientifica. E no final da palestra definiu o Design Inteligente como “o braço direito do criacionismo”. Marcos Eberlin também iniciou sua fala apresentando-se como protestante e criacionista. Nelson não chegou a afirmar nenhuma afiliação religiosa especifica, mas afirmou que, diferentemente de outros adeptos do DI, não acredita que chimpanzés e seres humanos possuam um ancestral comum. Essa posição permitiu ao auditório inferir que ele possui algum grau de crença religiosa, o que, aliás, está correto.
Os temas da suposta complexidade irredutível (a idéia de que mecanismos biológicos complexos não poderiam surgir gradualmente) e da origem comum entre homens e chimpanzés dominaram a pauta As apresentações de argumenta maior parte da platéia era formada por jovens, presumivelmente estudantes da Universidade, pois a entrada era gratuita. Eles aplaudiram igualmente os argumentos apresentados tanto em defesa da evolução quanto do Design inteligente. Entre os que estavam perto de mim, porém, parecia haver um certo desconforto ao ver especialistas debatendo se realmente há evidencias para uma ancestralidade comum entre homem e chimpanzé.
Os dois lados foram respeitosos, e a meu ver não houve nenhuma revelação capaz de fazer com que os adeptos de qualquer um dos lados fosse capaz de mudar de idéia. Mas acredito que cada um, de certa forma, conseguiu obter algo. Os criacionistas e adeptos do DI apresentaram-se com uma legitimidade da qual eu ainda não havia visto desfrutarem dentro de uma instituição cientifica no Brasil. Já a exposição da filiação religiosa dos defensores do DI (que volta e meia garantem que falam estritamente como cientistas) e o apoio explícito que receberam dos criacionistas mostrou as outras motivações, além da mera atualização de paradigmas científicos, que muitas vezes estão por trás dos seus esforços. Isso também foi assumido explicitamente por Eberlin, que disse que só se sentiu mobilizado a falar em defesa do DI quando leu uma revista brasileira onde Darwin era apresentado como “o homem que matou Deus”. Tudo somado, acredito que a imagem que tenha ficado do DI tenha sido a de um esforço pretensamente científico empreendido por pessoas de crença religiosa cuja crença exerce sim um papel e uma influência na maneira desses cientistas lerem o mundo.
Pablo Nogueira
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COMENTÁRIO IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:
Richard Dawkins afirmou no seu livro "O Relojoeiro Cego" que antes de Darwin era possível ser ateu, mas que após Darwin o ateu pode se sentir mais realizado. Ora, a subjetividade ou a intencionalidade do cientista em nada depõe na sua prática qua cientista. Pablo, se Dawkins pode ser um ateu plenamente realizado após Darwin, porque um criacionista como o Dr. Eberlin ao perceber as teses do Design Inteligente não pode se sentir um teísta mais realizado?
Seja um jornalista mais objetivo e destaque a carreira científica de um dos cientistas brasileiros mais citado nas publicações científicas de peso. Além disso, seja mais um jornalista objetivo em destacar para seus leitores que debaixo do guarda-chuva subjetivo do Design Inteligente nós temos agnósticos como o Dr. David Berlinski, um judeu secular, Ph. D. em matemática por uma birosca universitária chamada Princeton University.
O seu blog é uma peça de jornalismo enviesada e com antolhos epistêmicos colados desde 1859. Haja atraso intelectual, e despudorada relação incestuosa com a Nomeklatura científica.
Pablo, você não sabe, mas como jornalista científico deveria saber melhor: a nova teoria da evolução, a Síntese Moderna Ampliada, não será selecionista. Por que você não bloga sobre isso na Galileu? É porque você está de rabo preso com Darwin. Um jornalista pode ter suas crenças e opiniões, só não pode deixar que isso transpareça nos seus escritos. Mesmo que seja um blog que para mim, nada mais é do que conversa de botequim.
Fui, porque o Mackenzie "evoluiu" e a Galileu "involuiu"!!!