Uma feliz coincidência – a polêmica Darwin versus Mivart agora no Brasil

sexta-feira, agosto 11, 2006

Estranha, muito estranha, mas extremamente auspiciosa a polêmica Darwin versus Mivart, quem diria, será finalmente objeto de estudo aqui no Brasil!

Serão dois enfoques distintos:

1) Uma comunicação pela Dra. Anna Carolina K. P. Regner – Universidade do Vale do Rio dos Sinos – São Leopoldo – RS, intitulada "A polêmica Darwin versus Mivart – uma lição em refutar objeções" – no IV Encontro de Filosofia e História de Biologia, dia 17 de agosto de 2006, na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

2) Uma dissertação deste blogger em andamento – "Análise das críticas de Mivart à teoria da seleção natural de Darwin".

Na primeira edição do livro Origem das Espécies (1859) de Charles Darwin (1809-1882) há muitos exemplos de seleção artificial, mas sobre como a seleção natural agia, ele somente mencionou duas ilustrações imaginárias [1] no capítulo 4.

Alguns criticaram sua teoria da evolução por razões religiosas, mas vários cientistas do seu tempo a criticaram cientificamente, tanto que ele escreveu quatro capítulos tentando rebater esses críticos científicos.

Entre esses, Darwin destacou St. George Jackson Mivart (1827-1900) como um dos seus críticos mais contundentes – “o distinto biólogo”mas Mivart ficou muito mais conhecido historiograficamente por suas ‘motivações religiosas’ do que pelo rigor do seu ceticismo e críticas científicas feitas à teoria da seleção natural de Darwin.

As críticas de Mivart teriam mesmo robustez científica conforme a seleção natural foi então entendida? Por que Huxley, nas suas réplicas, ignorou amplamente essas críticas? Em quais edições do Origem das Espécies Darwin tentou responder essas críticas? Respondeu-as satisfatoriamente? Por que esta característica de Mivart foi historiograficamente eclipsada? Quais motivos (extra-científicos?) teriam contribuído para isso? Qual é o lugar correto de Mivart na ciência? Ao lado de Darwin? São perguntas que serão consideradas nesta dissertação.

[1] Foi Darwin que especificou seus exemplos como ilustrações imaginárias in Origem das Espécies, tradução em português de Eugênio Amado. Belo Horizonte/Rio de Janeiro, Villa Rica, 1994, pp. 96, 98 e 99.

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Vai ser muito bom ver qual o rumo que a historiografia de ciência tupiniquim doravante irá tomar – este blogger não fará hagiografia incensando a Darwin, mas historiografia da ciência, e pretende demonstrar que a robustez das objeções científicas feitas por Mivart à teoria da seleção natural permanecem até hoje sem respostas adequadas pela comunidade científica.

Mivart, companheiro, esse debate vai ser muito interessante! Muitas coisas há muito tempo jogadas pra debaixo do tapete historiográfico virão à tona. Pro bonum scientiae!

Quem sabe, Mivart, você não terá agora o seu devido lugar na ciência reconhecido como verdadeiro cientista que você foi e que ia aonde as evidências iam dar???