DARWINGATE: A ‘MORAL e EPISTEME TORTAS’ do jornalismo científico da VEJA! – Parte 1

quarta-feira, março 29, 2006

A VEJA 1949:12, de 29/03/06 traz na capa a deputada petista Ângela Guadganin comemorando a vitória da impunidade, trazendo o seguinte destaque: “MORAL TORTA – O governo do PT perde a bússola ética e o senso do ridículo – Paloccigate: os crimes da operação de acobertamento”.

Casa de ferreiro, espeto de pau! Fosse VEJA aplicar a sua ‘ética e episteme virginais’ a si mesma em relação aos dois artigos publicados nesta edição sobre a teoria geral da evolução, a capa poderia ser mais ou menos assim:

“VEJA: MORAL E ‘EPISTEME’ TORTAS”

1. A linha editorial de VEJA perde a bússola epistêmica e o senso do ridículo.

2. Darwingate: os crimes da operação de acobertamento das insuficiências epistêmicas das atuais teorias da origem e evolução da vida por VEJA (e toda a Grande Mídia tupiniquim).

A VEJA é ‘VESGA’ em termos de jornalismo científico! As pessoas estrábicas que me perdoem se eu vou usá-las figurativamente como exemplo negativo, mas não tem nada a ver com as pessoas vesgas que enxergam muito mais e melhor cientificamente do que VEJA.

O nosso bom Aurélio assim define figurativamente quem é ‘vesgo’:

Vesgo: adj. V. estrábico. 3. Fig. Em que não há lisura [boa fé, p. 397]; desleal [falso, p. 213], pérfido [que denota ou envolve perfídia; falso, enganador, p. 497], tortuoso [3. Fig. Oposto à verdade e à justiça, p. 641] in Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa Folha/Aurélio, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1988. Tudo isso, consciente ou inconscientemente.

Em que a VEJA, como quase toda a Grande Mídia de nossa taba, não tem lisura, é desleal, pérfida, falsa, enganadora e tortuosa? Na divulgação científica ‘VESGA’ e AÉTICA da teoria geral da evolução. Eles nunca definem o termo ‘evolução’ (cinco teorias segundo Ernst Mayr, o Darwin do século XX). Um termo elástico que explica tudo e não explica nada.

Na seção Perfil – Paul Sereno foi chamado de ‘o papa da paleontologia’ (assumindo o papado no lugar de Stephen Jay Gould recentemente falecido), “Mister Dinossauro”, de Marcelo Marthe, p. 104 -05.

Realmente as descobertas do ‘pop star’ da paleontologia ‘acrescentaram peças valiosas ao quebra-cabeça da evolução dos dinossauros’, mas a paleontologia NÃO é ‘o campo em que as idéias do naturalista inglês Charles Darwin são demonstradas de maneira mais enfática’. Contrariando a Marthe, o ‘constante bombardeio’ da paleontologia não é coisa dos ‘criacionistas, que insistem em negar a ciência em prol de uma visão religiosa do surgimento da vida’ e nem tampouco da turma do DI, mas uma questão científica: a resistência do registro fóssil peremptoriamente se recusar apoiar as especulações transformistas de Darwin.

Num cenário desses é de se esperar que o papel da divulgação científica seja objetiva e imparcialmente é crucial. Por que ‘muita gente’ nos Estados Unidos ainda desconfia da ciência? Eles não são bobos não, pois sabem diferenciar entre a boa e a má ciência. A ciência praticada pela Nomenklatura científica e divulgada pela Grande Mídia é má ciência.

Quando cientistas e a Grande Mídia tentam esconder a todo custo dos leigos as anomalias de um paradigma considerado morto há 25 anos sendo discutidas nas publicações científicas, o que Sereno poderia esperar da postura deste público? Se depender desse garoto-propaganda, Darwin está mais do que perdido.

Marthe, nota bene, a questão hoje em dia não é se as especulações transformistas de Darwin contrariam os relatos de criação de textos sagrados de tradições religiosas, mas se as evidências encontradas na natureza apóiam a teoria do naturalista inglês. Elas não apóiam!

Vamos serenamente dar um giro por algumas afirmações de renomados evolucionistas (são mais estrelas do que Sereno e Marthe) sobre a questão do registro fóssil não apoiar o gradualismo darwinista:

“Nós preferimos uma tácita aceitação coletiva [sic] da história da mudança adaptiva gradual, uma história que se fortaleceu e se tornou mais aceita quando a síntese [neodarwinista] se estabeleceu. Nós paleontólogos temos afirmado que a história da vida apóia esta interpretação, sabendo realmente o tempo todo que ela não apóia [sic]”. [Niles Eldredge, citado in R. Augros e G. Stanciu, The New Biology (1987), p. 175].

“A solução geral de Darwin para a incompatibilidade [sic] da evidência fóssil e a sua teoria foi dizer que o registro fóssil é muito incompleto e que é cheio de lacunas, e que nós temos muito que aprender. Na verdade, ele estava dizendo que se o registro fosse completo e se nós tivéssemos melhor conhecimento dele, nós veríamos bem definida a corrente graduada que ele predisse. E isso foi o seu argumento principal para depreciar a evidência do registro fóssil. Bem, nós estamos há cerca de 120 anos após Darwin e o conhecimento do registro fóssil tem se expandido grandemente. Agora nós temos 250.000 fósseis de espécies, mas a situação não mudou muito [sic]. O registro da evolução ainda é surpreendentemente brusco e, ironicamente, nós temos muito poucos exemplos de transição evolucionária do que nós tínhamos no tempo de Darwin. Com isso eu quero dizer que alguns dos casos clássicos de mudança darwiniana no registro fóssil, tal como a evolução do cavalo na América do Norte, tiveram que ser descartados [sic] ou modificados [sic] como resultado de informação mais detalhada – o que aparecia ser um bom exemplo de progressão simples quando relativamente poucos dados estavam disponíveis agora parece ser muito mais complexo [sic] e muito menos gradualista [sic]. Assim, o problema de Darwin não tem sido aliviado nos últimos 120 anos e nós ainda temos um registro que não mostra mudança [sic], mas um que dificilmente poderia ser considerado como a conseqüência mais razoável da seleção natural [sic]”. (Raup, David M., “Conflicts Between Darwin and Paleontology”, Field Museum of Natural History Bulletin, Field Museum of Natural History: Chicago IL, January 1979, Vol. 50, No. 1, pp. 22-29, pp.24-25).

Surgimento e desaparecimento abruptos das espécies no registro fóssil:

“Muitas espécies permanecem virtualmente inalteradas por milhões de anos [sic], depois desaparecem subitamente para serem substituídas por uma forma relacionada mas bem diferente [sic]. Além disso, a maioria dos principais grupos surge abruptamente no registro fóssil, plenamente formada, e ainda sem fósseis descobertos que formem uma transição do seu grupo de origem. Assim, tem sido raramente possível juntar as seqüências de ancestral-dependente do registro fóssil que mostrem as transições graduais e homogêneas entre as espécies [sic]”. (Hickman, C.P. [Professor Emérito de Biologia na Washington and Lee University in Lexington], L.S. Roberts [Professor Emérito de Biologia na Texas Tech University], e F.M. Hickman. 1988. in “Integrated Principles of Zoology”. St. Louis, MO, Times Mirror/Moseby College Publishing, 1988, p. 866.

“Os paleontólogos há muito tinham percebido a aparente contradição entre o postulado de gradualismo de Darwin [sic]... e os achados reais da paleontologia. Seguindo as linhas filéticas através do tempo parecia revelar somente mudanças graduais mínimas, mas nenhuma clara evidência de alguma mudança de uma espécie em um gênero diferente ou a origem gradual de uma novidade evolucionária [sic]. Qualquer coisa realmente nova sempre parecia aparecer bem abruptamente [sic] no registro fóssil”. Ernst Mayr, “One Long Argument: Charles Darwin and the Genesis of Modern Evolutionary Thought”, Cambridge: Harvard University Press, Cambridge, 1981, p. 138.

“O registro fóssil com suas transições abruptas não oferece nenhum apoio para mudança gradual [sic]. Todos os paleontólogos sabem [inclusive Sereno] que o registro fóssil contém pouca coisa preciosa em direção a formas intermediárias; as transições entre os grupos principais são caracteristicamente abruptas [sic].” Stephen Jay Gould, Natural History, 86, June-July, 1977, pp. 22, 24.

“Contudo, as lacunas no registro fóssil são reais [sic]. A ausência de um registro de qualquer ramificação importante é bem fenomenal [sic]. Geralmente as espécies são estáticas [sic], ou quase assim, por longos períodos [sic], as espécies nunca e os gêneros nunca [sic] mostram evolução em uma nova espécie ou gênero, mas a substituição de uma pela outra, e a mudança é mais ou menos abrupta [sic]”. Wesson, R., “Beyond Natural Selection”, Cambridge, MIT Press, 1991, p. 45.

“Os filos aparecem abruptamente no registro fóssil sem intermediários para conectá-los aos seus supostos ancestrais [sic]. Este padrão reflete presumivelmente a derivação da maioria dos filos de ancestrais pequenos de corpos moles que não tiveram virtualmente nenhum potencial para a fossilização. Contudo, a maioria das classes e ordens de animais marinhos de esqueletos duros também aparecem abruptamente, sem conexão óbvia de seus antecessores de esqueleto duro”. Erwin D.H., Valentine J.W. & Sepkoski J.J., “A Comparative Study of Diversification Events: The Early Paleozoic Versus the Mesozoic”, in Evolution, Vol. 41, No. 6, p. 1178.

“A maioria dos fósseis de hominídeos, embora eles sirvam como uma base para a especulação [sic] interminável e o contar de histórias elaboradas, são fragmentos de mandíbulas e pedaços de crânios”. Gould, S. J., The Panda's Thumb, W.W. Norton & Company, 1980, pg. 126.

“O campo da paleoantropologia naturalmente provoca interesse por causa de nosso interesse nas origens. E, porque as conclusões de significado emocional [sic] para muitos devem ser tiradas de evidência extremamente insignificante, é freqüentemente difícil separar o pessoal [sic] das disputas científicas deblaterantes na área... A evidência científica primária é uma pequena disposição insignificante de ossos com a qual se constrói a história evolutiva humana [sic]. Um antropólogo comparou o trabalho com aquele de reconstruir a trama de “Guerra e Paz” com 13 páginas aleatoriamente selecionadas. Os conflitos tendem a durar mais porque é muito difícil achar uma evidência conclusiva [sic] para mandar uma teoria encaixotada”. Holden, C., “The Politics of Paleoanthropology”, in Science, August 14, 1981, p. 737.

“A paleoantropologia é “um tipo de ciência humilde e inexata”. Peter Medawar, citado por Hill, A., in “The gift of Taungs”, Nature, 323:209, September 18, 1986.

Quando nós consideramos o passado remoto, antes da origem da atual espécie Homo sapiens, nós nos deparamos com um registro fóssil fragmentário [sic] e desconectado [sic]. Apesar das afirmações entusiasmadas [sic] e otimistas [sic] que têm sido feitas por alguns paleontólogos [Sereno joga neste time], NENHUMA fóssil de espécie hominídea pode ser estabelecida como nosso ancestral direto”. Lewontin, R. C., Human Diversity, pg.163, Scientific American Library, 1995.

“A evidência fóssil da história evolutiva humana é fragmentária [sic] e aberta [sic] a várias interpretações”. Gee, H., "Return to the planet of the apes," Nature, 412:131–132, July 12, 2001.

Sereno precisa urgentemente ‘serenar’ o seu entusiasmo com a evidência do FATO da Teoria Geral da Evolução que ele ‘vê’ registro fóssil, pois ela não está lá.

Marthes, com um perfil desses você ‘mata’ o ‘garoto propaganda’ de Darwin de vez.

Infelizmente não há um Procon científico para denunciar esta propaganda mais do que enganosa de VEJA, e nem há uma CPI científica para lidar com o ‘Darwingate’.

Agüenta firme que tem mais!