Fonte: Nature Review Genetics (Fevereiro de 2006)
Dos seguintes artigos: “Digital genetics: unravelling the genetic basis of evolution” por Christoph Adami
Nature Reviews Genetics 7, 109-118 (February 2006) doi:10.1038/nrg1771
A evolução pode ser predita? Quantos eventos aleatórios modelam o resultado da evolução? Qual é o papel da história de uma linhagem e da adaptação? O que aconteceria se nós pudéssemos 'dar um replay' na história evolutiva?
Como ocorre a especiação? A questão original estudada por Darwin ainda não tem uma resposta completa. Os organismos podem especiar-se em simpatria? Quais fatores contribuem para a diversidade das espécies e quais mecanismos impedem isso?
Qual é a vantagem do sexo? Sob quais circunstâncias a recombinação é benéfica para a linhagem? Como que tais benefícios podem superar o custo duplo do sexo?
Há uma tendência na evolução da complexidade biológica? A evolução darwinista implica uma complexidade sempre crescente? Se houver tal tendência, qual papel tem a co-evolução? Quais são os fatores responsáveis pelas interrupções de complexidade?
Como que a vida e a evolução começaram? Como que os sistemas químicos mudam de um regime puramente termodinâmico para uma era de informação de replicação evolucionária? Há princípios gerais envolvidos nessa transição? Qual é a probabilidade da vida em uma química não-terrestrial?
Das cinco questões listadas acima, as primeiras quatro estão sendo consideradas usando-se abordagens teórica, computacional e experimental, inclusive genética digital. Para a quinta (Como que começou a vida?), as experiências com organismos biológicos são obviamente impossíveis, mas há uma chance que a genética digital possa lançar luz em alguns aspectos desta questão no futuro, muito embora os auto-replicadores também sejam extremamente raros na química digital (estimado em 1 auto-replicador entre 1015 seqüências geradas aleatoriamente no máximo). Recentemente, um algoritmo de 'bioassinatura' que tinha sido originalmente planejado para detectar vida extraterrestre ‘detectou’ com êxito vida digital (E.D. Dorn e C.A., observações não publicadas).
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Será que a conferência sobre a teoria da evolução na USP (18-20 de maio) trará mais luz sobre essas dificuldades? Eu continuo cético, mas posso desde já garantir que verei, sem dúvida, a emissão de mais ‘notas promissórias epistêmicas’ que nunca serão resgatadas empiricamente. Mas, não se esqueçam que Darwin-ídolo tem crédito amplo geral e irrestrito junto à banca da Nomenklatura científica. Elas serão ‘honradas’ com mais ‘estórias da carochinha’...