Exposição DARWIN – MASP: Uma “vergonhosa” distorção historiográfica – Parte 1 de 4

segunda-feira, julho 16, 2007

Ontem, dia 15 de julho, foi o último dia da hágio-exposição “DARWIN” no MASP, em São Paulo, patrocinada pela Folha de São Paulo, Instituto Sangari e o MEC através da lei Rouanet. O convite da peça publicitária (vide abaixo) foi: “Tudo sobre o homem que descobriu tudo sobre o homem. Darwin: Descubra o homem e a teoria que revolucionou o mundo”.



Ilustração de Kako/Flair

Sem dúvida, foi uma belíssima exposição, mas eivada de distorções históricas sobre o homem que, segundo a peça publicitária, descobriu tudo sobre o Homem. Nada mais falso. A exposição “DARWIN” no MASP foi mais aula de catecismo secularista, de inexatidões históricas, e pouca ciência .

No dia 4 de julho eu fui à exposição “Darwin” no MASP. Uma amostra que exibiu 400 objetos e manuscritos de Charles Darwin: artefatos, réplicas de esqueletos e fósseis, documentos (cerca de cem manuscritos), e murais infográficos. O visitante também pôde assistir a filmes e vídeos interativos (destaque para tartarugas, iguanas e orquídeas). Foi tarefa para, pelo menos, quatro horas.

Esta amostra foi a mesma exposta no Museu Americano de História Natural de Nova York em novembro de 2005, cujo curador foi ninguém nada menos do que Niles Eldredge (junto com Stephen Jay Gould elaborou teoria evolucionista contrária ao gradualismo de Darwin: equilíbrio pontuado), seguirá agora para o Chile, e depois pelo mundo até chegar ao Museu de História Natural de Londres em 2009. Mostraram uma remontagem do estúdio na Down House, a 25 km de Londres, onde Darwin se refugiou em 1842 para escrever “Origem das Espécies”.

A impressão que tive foi: tendo em vista quase duas décadas de críticas à teoria geral da evolução, especialmente pela turma do Design Inteligente, a exposição foi direcionada especialmente para os estudantes do ensino fundamental e médio, e o público não especializado para convencê-los do fato, Fato, FATO da evolução.

A presença de monitores “doutrinando” a galera infanto-juvenil sobre Darwin deixou bem evidente este objetivo “doutrinário”, epa, “educacional” [obrigado Diogo Mainardi, VEJA, eu também sou da turma do EPA, e não do ÔBA!]. Além do fato que, hagiograficamente falando, Darwin em 2009 vai ter a maior romaria em termos de celebrações: culto à personalidade. É, Huxley, já não se faz mais materialista como antigamente...

Mas o que foi exposto ali no MASP? Foi uma história intelectual bem interessante ou uma escancarada hagiografia secularista sanitizada? Eu fico com a última, e passarei a explicar aqui neste espaço destacando alguns erros históricos gritantes em textos subseqüentes.

Interessante, estudiosos da área ainda não se manifestaram. A Nomenklatura científica e a Grande Mídia tupiniquins então — silêncio pétreo. Não é para menos, quem ousaria “tocar” num ídolo da ciência?

Os ídolos, ora os ídolos foram feitos para a destruição. Quem será o Finéias de Darwin-ídolo em Pindorama?