O livro From Suns to Life: A Chronological Approach to the History of Life on Earth [Dos sóis para a vida: uma abordagem cronológica para a história da vida na Terra], editado por M. Gargaud et. al., e reimpresso no Earth, Moon, and Planets, Vol. 98/1-4, 2006, foi resenhado no European Astrobiology Magazine. O livro tenta realizar um “escrutínio detalhado” do problema [bota problema nisso, sô] “da transição das pequenas e simples moléculas para as as células grandes e complexas.”
Bem, como imaginar é válido em ciência [e bota imaginação em algumas teorias científicas], o que você imagina teria sido a reação inicial do resenhista Toby Murcott sobre os pontos fundamentais dos problemas evidentes nas pesquisas das origens da vida? Vamos lá, chute, pois há muito tempo os cientistas vêm fazendo isso sobre as origens da vida. Bem, Murcott comentou sobre a incerteza, falta de consenso [bom-senso, não?], e FALTA DE EVIDÊNCIA nesta área científica que torra dinheiro pra caramba no mundo inteiro:
“O que vem imediatamente à sua mente sobre este assunto é a grande quantidade de incerteza e os muitos possíveis e diferentes cenários. No que diz respeito à transição da química prebiótica para a vida, não existe nenhuma nítida evidência de cronologia [SIC ULTRA PLUS: Alô MEC/SEMTEC/PNLEM, que tal dar uma olhada em nossos melhores livros-texto de Biologia do ensino médio???]. Há muitos diferentes caminhos desde a sopa prebiótica aos organismos vivos, e numerosas possíveis etapas intermediárias com quaisquer números de complexas reações orgânicas e bioquímicas em rota. Também é claro que os elementos bioquímicos de hoje podem ter realizado funções muito diferentes no passado. Por exemplo, a maioria das reações químicas são mediadas hoje por enzimas de proteínas, mas algumas indicações da biologia sugerem que o RNA foi amplamente utilizado como catalisador durante a evolução química primeva.”
Você acha que este tom de incerteza foi mitigada pela evidência encontrada no artigo? Não foi. Uma leitura objetiva do texto revela: a palavra “talvez” apareceu quatro vezes, “possível” duas vezes, a expressão “impossível dizer” uma vez, “cenário” quatro vezes, “incerteza” duas vezes, “pode” várias vezes. Nós sabemos que os organismos de hoje dependem de proteínas, aminoácidos, gorduras e açúcares, “mas o que aconteceu realmente e em que ordem é uma matéria de muito debate, e provavelmente permanecerá assim por algum tempo.” Nossos alunos do ensino médio ficam embasbacados com o apêndice da evolução química, geralmente com infográficos hollywoodianos, anexado para dar suporte à evolução biológica estritamente por acaso, necessidade, e causas naturais. É por esta INCERTEZA que os darwinistas mais honestos dizem que a evolução bioquímica não é necessária para a fundamentação da evolução biológica. Não é para menos. Quem construiria sobre um fundamento heurístico baseado na INCERTEZA? Mas, está lá em nossos melhores livros-texto. Chamam isso de educação científica. Eu chamo de doutrinação no materialismo filosófico.
Bem, como em origem da vida é um vale-tudo em termos de “cenários”, qual terá sido o desempenho de cada um deles neste “smorgasbord” heurístico? Especificamente, os cientistas nos apresentam três cenários para a evolução química: co-evolução, peptídeos replicantes e o mundo RNA. E nesta “loteria” epistêmica, como é que vai a disputa. Co-evolução: “é o mais simples de todos os modelos, exigindo talvez a explicação menos detalhada, mas não é uma descrição particularmente satisfatória.” Peptídeos replicantes: “Até agora não existe uma base racional convincente para esta transição e, além disso, não há nenhuma pista de PNA em qualquer organismo moderno.” Você pensou que os resenhistas ficaram só nisso? Eles adicionaram mais esta especulação de longo alcance histórico: “Embora isso não exclua, espera-se que tanto a evolução química como a darwiniana deixem para trás traços detectáveis de sua herança.”
Bem, já se foram duas estórias da carochinha. Nós ficamos tão-somente com o mundo RNA, que não é lá uma Brastemp no contexto de justificação teórica. Mas, apesar de ser o modelo que tem recebido mais atenção, uma etapa importante não pode ficar de fora: “Contudo, um caminho prebiótico para a síntese do nucleotídeo ainda está para ser descoberto.” QED: a pesquisa sobre a origem da vida é um grande empreendimento: grande em especulação, mas muito pequeno em evidências que apóiem a teoria. Quem sabe a astrobiologia não poderia dar uma “mãozinha” aqui? Afinal de contas, uma área científica sem sujeito para ser pesquisado pode ser de grande ajuda aos cientistas amantes do empirismo quando usado contra os críticos do seu materialismo filosófico, mas não utilizam contra si mesmos. Bem, depois desse meu queixume, vou deixar o Murcott concluir sua resenha, quem sabe achando realmente algum tipo de vida exótica algum dia através da sonda espacial “Darwin” [a ser lançada em 2015] em algum lugar da imensidão do universo:
“Este livro cobre cada elemento da evolução da vida desde a emergência das moléculas orgânicas simples às teorias sobre como as primeiras células se juntaram. Como os grupos de elementos químicos e suas reações associadas se tornaram compartamentalizadas em células protótipos? Qual foi o envolvimento das matrizes inorgânicas, e a maior, como a complexidade surgiu de origens simples? Os autores estudaram esmeradamente a evidência limitada e fazem especulações inteligentes, embora precavidas, como apropriadas. Quem quer que não esteja à vontade com a bioquímica poderá, às vezes, encontrar dificuldades, mas os sumários são menos intensos, e permitirão virtualmente que todos os leitores entendam os conceitos e as incertezas. Ao descreverem o problema de como a vida surgiu, os autores também ilustram por que a astrobiologia possa fornecer uma das poucas oportunidades experimentais para testar as hipóteses.”
Astrobiologia, uma ciência sem sujeito de pesquisa é que vai nos dar esta oportunidade? Uma especulação para apoiar outra especulação? Chamam isso de ciência? Desde quando especulação é ciência? Pro bonum scientiae: menos especulação e mais evidências.
Pano rápido...
NOTA
1. From Suns to Life: A Chronological Approach to the History of Life on Earth, edited by M. Gargaud et. al. and reprinted from Earth, Moon, and Planets, Vol. 98/1-4, 2006.