Desde 29 de junho eu faço, em vão, uma busca no Google para saber se a Grande Mídia tupiniquim publicou alguma coisa sobre o MITO de 99% de semelhança genômica entre chimpanzés e humanos. Nem podia. Ele está lá no INDEX PROHIBITORUM. A Nomenklatura científica tupiniquim não vai emitir o NIHIL OBSTAT para o IMPRIMATUR desta importante notícia científica. Kuhn explica: é a força do dogma científico! Mais uma vez os ultradarwinistas foram apanhados com a mão na cumbuca!!!
A Nomenklatura científica, a KGB da Nomenklatura científica e a Grande Mídia Tupiniquim
Por que não publicaram? Porque a Grande Mídia Tupiniquim [GMT], o nosso jornalismo científico sofre da síndrome de Ricupero: “O que Darwin tem de bom, a gente mostra; o que Darwin tem de ruim, a gente esconde”, e vive uma relação incestuosa com a Nomenklatura científica. Além de incestuosa, é uma despudorada relação mostrando as entranhas podres das editorias de ciência de nossos melhores jornais e revistas: o que vale não são as evidências. As evidências, ora, que se danem as evidências, o que vale é a teoria (Theodosius Dobzhansky no Brasil).
O que é mais vergonhoso, deplorável, e inexplicável é que até órgãos de divulgação científica pagos com recursos públicos estão sonegando esta importante informação científica de pesquisadores e alunos do ensino médio e superior: JC E-Mail, FAPESP.
Eu sempre vou bater duro neste tipo de louvaminhice a Darwin, e a tentativa infantil da Akademia em querer tapar o Sol das evidências contrárias às atuais teorias da origem e evolução da vida com uma peneira furada de desculpas esfarrapadas, notas promissórias epistêmicas, e comportamentos aéticos como este. Que vergonha para a ilustre Akademia tupiniquim! Vocês se esqueceram que existe a internet???
Bem, vou postar aqui um artigo do meu amigo Paul Nelson, Ph. D. em filosofia e história da Biologia pela Universidade de Chicago, sobre isso:
O mito de 1%, e o quebra-cabeça aberto da macroevolução
por Paul Nelson
Fiquem em torno da fogueira, crianças, e eu vou lhes contar toda a triste estória.
Uma vez Mary-Claire King e o falecido Allan Wilson publicaram um artigo — que se tornou um clássico amplamente citado — sobre a semelhança genética de chimpanzés e humanos. “Evolution at Two Levels in Humans and Chimpanzees” [Evolução em dois níveis em humanos e chimpanzés] Science 188 (1975):107-116 foi, lamentavelmente, citado muito mais para provar a quase identidade genética de chimpazés e humanos do que para a sua muito mais interessante, profunda e incômoda mensagem: NINGUÉM REALMENTE ENTENDE COMO QUE A MACROEVOLUÇÃO ACONTECE.
Resumindo: King e Wilson compararam as seqüências de aminoácidos dos chimpanzés vs. humanos de diversas proteínas (tais como o citocromo c, hemoglobina, e mioglobina), e encontraram as seqüências ou idênticas, ou muito próximas de idênticas. A conclusão deles? “…as seqüências de polipeptídeos humanos e de chimpanzés examinados até agora são, em média, mais do que 99% idênticos” (p. 108). E assim nasceu o que Jon Cohen, na última edição da revista Science, chama de “The Myth of 1%” [O mito do 1%] isto é, que o Homo sapiens e o Pan troglodytes são “99% geneticamente idênticos.” (Vide Jon Cohen, Relative Differences: The Myth of 1%, Science 316 [29 June 2007]:1836.)
Mas ninguém pode responsabilizar King e Wilson pelo o que leitores preguiçosos [Alô Renato Sabattini, UNICAMP, não sei por que pensei em você. Lembra daquele seu artigo sobre esta questão? Renato Sabattini, eminente professor da UNICAMP, quem diria — um leitor preguiçoso!!!] fizeram do seu artigo poderoso. A mensagem do “1%” aparace na segunda página do artigo (p. 108). Se ser o mais próximo de um chimpanzé, geneticamente falando, for o que interesssa a um leitor, as chances são que ele fará o que Simon e Garfunkel cantaram na música “The Boxer” — “a man hears what he wants to hear, and disregards the rest” [O lutador — “um homem escuta o que ele quer ouvir, e não se importa com o resto”] — e para de ler o resto.
A verdadeira mensagem de King e Wilson 1975 parece mais tarde no artigo, onde os leitores casuais nem se importam de seguir:
A similaridade molecular entre os chimpanzés e humanos é extraordinária porque eles diferem muito mais do que as espécies aparentadas em anatomia e estilo de vida. Embora os humanos e os chimpanzés são bem similares na estrutura do tórax e dos braços, eles diferem substancialmente não apenas em tamanho de cérebro, mas também na anatomia do pélvis, pés, e mandíbulas, bem como nos comprimentos relativos dos membros e dos dígitos. Os humanos e os chimpanzés também diferem significantemente em muitos outros aspectos anatômicos, a ponto de que quase cada osso no corpo de um chimpanzé é prontamente distinguível em formato ou tamanho de sua contraparte humana. Associado com essas diferenças anatômicas há, é claro, grandes diferenças na postura…, modo de locomoção, métodos de procurar alimento, e meios de comunicação. Por causa destas grandes diferenças em anatomia e estilo de vida, os biólogos colocam as duas espécies não apenas em gêneros separados, mas em famílias separadas. Assim, parece que os métodos de avaliação da diferença chimpanzé-humano produzem conclusões bem diferentes. [1]
[NOTA BENE: PRODUZEM CONCLUSÕES BEM DIFERENTES!!!]
Deve ter mais para a [hipótese da] macroevolução — e.g., a origem de chimpanzés e humanos a partir de um ancestral comum — do que as mudanças de aminoácidos local por local, que foi o quadro amplamente desenhado em livros-texto neodarwinistas daquela época (1975). A hemoglobina de chimpanzé é muito idêntica à hemoglobina humana, e assim por diante, não obstante é sempre os chimpanzés que estão por trás das barras, olhando atentamente, quando alguém visita o zoológico:
Os contrastes entre a evolução do organismo e molecular indicam que os dois processos são, em grande parte, independentes uns dos outros. É possível, portanto, que a diversidade das espécies resulte de mudanças moleculares em vez de diferenças seqüenciais nas proteínas? [2]
Quais mudanças genéticas provocaram as diversas diferenças de organismos entre os chimpanzés e humanos? Afinal de contas, é isso que nós queremos que a evolução explique.
King e Wilson especularam sobre “as mutações reguladoras”, que é onde se encontra hoje a biologia evolutiva, 32 anos depois. Com a palavra Cohen:
Apesar disso, permanece uma tarefa desanimadora associar o genótipo com o fenótipo. Muitas, se não a maioria, das 35 milhões de mudanças de par de bases, 5 milhões de indels em cada espécie, e 689 genes extras em humanos podem não ter significado funcional. “Para separar as diferenças que importam daquelas que não importam é realmente difícil”, disse David Haussler, um engenheiro biomolecular na Universidade da Califórnia — Santa Cruz…(p. 1836).
Sempre leia um artigo até o fim.
NOTAS:
1. “The molecular similarity between chimpanzees and humans is extraordinary because they differ far more than sibling species in anatomy and way of life. Although humans and chimpanzees are rather similar in the structure of the thorax and arms, they differ substantially not only in brain size but also in the anatomy of the pelvis, foot, and jaws, as well as in relative lengths of limbs and digits. Humans and chimpanzees also differ significantly in many other anatomical respects, to the extent that nearly every bone in the body of a chimpanzee is readily distinguishable in shape or size from its human counterpart. Associated with these anatomical differences there are, of course, major differences in posture…, mode of locomotion, methods of procuring food, and means of communication. Because of these major differences in anatomy and way of life, biologists place the two species not just in separate genera but in separate families. So it appears that methods of evaluating the chimpanzee-human difference yield quite different conclusions.”“Evolution at Two Levels in Humans and Chimpanzees”, Science 188 (1975):113.
2. “The contrasts between organismal and molecular evolution indicate that the two processes are to a large extent independent of each other. Is is possible, therefore, that species diversity results from molecular changes other than sequence differences in proteins?”, ibid, p. 114.
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Renato Sabbatini, fala a verdade pra todo o Brasil — você não leu TODO o artigo de King e Wilson? Leu? Se leu, você não entendeu... Eu aposto uma pizza a la Brasília que o Sabbatini nem leu o artigo de King e Wilson.