26/01/2012
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – A prática de atividade física é considerada uma das mais importantes estratégias atuais para a promoção da saúde da população. No entanto, no Brasil, só nos últimos dez anos o assunto começou a ser explorado do ponto de vista científico.
O livro Epidemiologia da atividade física, lançado recentemente, reúne ensaios de especialistas que abordam o estudo da prática de atividade física, incluindo aspectos históricos, critérios de mensuração e recomendações de prática de atividades físicas, as melhores práticas atuais de intervenção para promoção dessas atividades no Brasil e no mundo e sua importância na prevenção de doenças crônicas, entre outros temas.
Epidemiologia da atividade física apresenta avanços científicos sobre o fenômeno populacional da atividade física
Organizado por Alex Antonio Florindo, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), e Pedro Curi Hallal, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o livro foi lançado durante o Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde, realizado na cidade de Gramado (RS) em novembro de 2011.
Florindo, que atua no curso de Ciências da Atividade Física da EACH-USP e na pós-graduação da Faculdade de Saúde Pública da USP, coordena atualmente o projeto “Estudo de intervenções para a promoção das atividades físicas no Sistema Único de Saúde pela Estratégia de Saúde da Família”, apoiado pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular. Hallal atua na Escola de Educação Física da UFPel e na pós-graduação do Centro de Epidemiologia da mesma instituição.
Segundo Florindo, o livro tem o objetivo geral de descrever o fenômeno populacional da prática de atividade fisica. “Nós propusemos a temática porque, no Brasil, não temos um livro que reúna os conhecimentos adquiridos nessa área com essa profundidade. Convidamos colaboradores de diferentes partes do país para estudar de forma detalhada esse fenômeno da prática de atividade física na população”, disse Florindo à Agência FAPESP.
Florindo explicou que, depois de seu mestrado e doutorado – ambos concluídos na FSP-USP com bolsas da FAPESP –, coordenou o projeto “Atividade física e sua relação com variáveis individuais e ambientais na população idosa do distrito de Ermelino Matarazzo da Zona Leste do município de São Paulo”.
Vários dos estudantes de iniciação científica e pós-graduação que participaram do projeto, com bolsas da FAPESP, tornaram-se pesquisadores da área e contribuíram com ensaios no livro.
“Aquele projeto tinha o objetivo de verificar quais eram os fatores ambientais associados à atividade física na população adulta no bairro de Ermelino Matarazzo, onde se localiza a EACH-USP. Trabalhamos com várias temáticas, como validação de métodos para avaliar atividade física na população e os impactos dessas atividades na prevenção de doenças crônicas. Mais recentemente, a FAPESP apoiou outro projeto que nos permitiu estudar a promoção da atividade física. O livro segue essas linhas de pesquisa”, explicou.
Perspectiva brasileira
Segundo Florindo, a área de atividade física e saúde cresce no Brasil e no exterior, à medida que se confirma sua contribuição para a prevenção de diversas doenças e melhora da qualidade de vida, em um contexto mundial de epidemia de obesidade e doenças cardiovasculares e metabólicas.
“O número de pesquisadores na área tem aumentado e no Brasil tivemos grandes avanços nos últimos dez anos, com a formação de vários doutores nesse campo. Foi o caso de diversos dos nossos colaboradores. Os benefícios à saúde já foram comprovados, mas agora é fundamental continuar estudando, principalmente para aprimorar nossas estratégias de promoção da atividade física junto à população”, disse.
Segundo ele, é fundamental desenvolver pesquisas brasileiras nessa área. Os estudos relacionados aos aspectos biológicos da relação entre a atividade física e a saúde nem sempre podem ser extrapolados para todos os países.
“Quando se trata de promoção da atividade física, a necessidade de elaborar estudos no Brasil é ainda maior, porque essa promoção envolve fatores culturais e sociais que mudam de acordo com o ambiente. Então, é muito difícil aplicar no Brasil as estratégias de promoção desenvolvidas nos Estados Unidos ou na Europa”, disse.
O primeiro capítulo da obra introduz a terminologia, a conceituação e o histórico do estudo da atividade física do ponto de vista populacional, especificando também terminologias da epidemiologia descritiva e analítica.
“O segundo capítulo traça um histórico da atividade física e saúde, desde sua origem no século 20. O terceiro capítulo trata da mensuração da atividade física na população e, o quarto, de recomendações para as práticas de atividade física nos casos específicos de crianças, adolescentes, adultos e idosos. O quinto capítulo descreve a prevalência da atividade física no Brasil e no mundo, em cada categoria populacional”, disse Florindo.
O sexto capítulo trata das barreiras relacionadas à atividade física, identificando os fatores que impedem os indivíduos de iniciar ou manter a atividade física. O sétimo debate o tema “Atividade física e ambiente”, descrevendo o ambiente físico e social propício para as práticas.
O oitavo capítulo aborda o estudo da prática da atividade física ao longo da vida. O nono discute o conhecimento da população sobre os benefícios da atividade física e o quanto isso influencia a prática.
“No décimo capítulo falamos da atenção básica, ou seja, como a atividade física vem sendo desenvolvida no contexto do SUS. No capítulo 11 discutimos atividade física e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. No capítulo 12 falamos das intervenções de promoção de atividade física no Brasil e, no capítulo 13, lançamos um olhar para o futuro da epidemiologia da atividade física”, disse.
Epidemiologia da Atividade Física
Organizadores: Pedro Curi Hallal e Alex Antonio Florindo
Lançamento: 2011
Preço: R$ 48,45
Páginas: 240
Mais informações: www.atheneu.com.br