Cientistas exploram conexões entre astronomia e biologia

quinta-feira, janeiro 05, 2012


04/01/2012

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Os mais de 160 pesquisadores, docentes e estudantes que participaram da São Paulo Advanced School of Astrobiology – Making Connections (SPASA 2011), entre os dias 11 e 20 de dezembro de 2011, puderam debater os avanços mais recentes da astrobiologia, uma nova área que busca respostas para algumas das mais complexas questões científicas da atualidade.

Interface entre a astronomia e a biologia, a astrobiologia é uma área essencialmente multidisciplinar que aborda questões como a formação e detecção de moléculas pré-bióticas em planetas e no meio interestelar, a influência de eventos astrofísicos no surgimento e na manutenção da vida na Terra e a análise das condições de viabilidade da vida em outros planetas ou satélites – em especial a vida microbiana.


Escola São Paulo de Ciência Avançada reuniu 160 cientistas e estudantes do Brasil e do exterior para debater os mais recentes avanços do conhecimento no campo emergente da astrobiologia

O evento, realizado na capital paulista no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) – modalidade de apoio da FAPESP –, foi organizado pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), sob a coordenação do professor Jorge Horvath.

O comitê local responsável pelo evento foi coordenado pelos pesquisadores em astrobiologia Douglas Galante, Roberto Costa (IAG-USP) e Ramachrisna Teixeira (IAG-USP), do IAG-USP, Fabio Rodrigues, do Instituto de Química da USP, Rubens Duarte, do Instituto Oceanográfico da USP, Laura Paulucci, da Universidade Federal do ABC (UFABC) e Ivan Glaucio Paulino-Lima, da Nasa Ames. 

De acordo com Galante, o evento contou com 33 palestrantes do Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Chile, Colômbia, México, Alemanha e Rússia. Entre os estudantes, participaram 130 astrônomos, biólogos, geólogos, químicos, físicos e engenheiros de 26 países diferentes, sendo 80 deles com financiamento completo da ESPCA, 20 com financiamento parcial e 30 como ouvintes.

“Foi um evento muito intenso e proveitoso, que entusiasmou tanto os alunos como os palestrantes. O objetivo central da escola era fornecer uma visão geral da astrobiologia e enfatizar a necessidade de estabelecer interconexões – entre as diversas áreas do conhecimento, mas também entre pessoas de diversas formações – para que se possa tratar de questões tão complexas como a origem da vida”, disse Galante à Agência FAPESP.

As palestras de abertura do evento foram apresentadas pelo brasileiro Marcelo Gleiser, do Dartmouth College (Estados Unidos), e por Steven Dick, professor aposentado de astrofísica do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian (Estados Unidos), que atuou como historiador-chefe da Nasa, a agência espacial norte-americana.

“Gleiser falou sobre a ligação entre a astrobiologia e a cosmologia, ciência que estuda a origem e a evolução do Universo. Dick apresentou um panorama da perspectiva norte-americana do desenvolvimento da astrobiologia”, disse Galante.

Nos outros dias do evento, durante as manhãs, os diferentes conteúdos foram desenvolvidos em minicursos com perspectivas amplas sobre astronomia, geologia, química e biologia.

“Procuramos fazer com que os palestrantes mostrassem as interconexões entre essas áreas. Por exemplo, a formação dos planetas foi explicada a partir do ponto de vista da astronomia, depois foi mostrado como os planetas se desenvolveram na perspectiva da geologia e em seguida foi mostrado como se produziam as condições químicas para a origem da vida”, contou.

[NOTA DESTE BLOGGER:
 Qual o papel do RNA na origem e evolução da vida: NÃO SABEMOS Mysterium tremendum continua Mysterium tremendum.]

A ideia era que os estudantes percebessem que todos os temas tinham uma unidade e que a complexidade dos temas envolvidos com a origem da vida só pode ser abordada a partir das conexões entre diferentes disciplinas e entre pessoas das várias áreas.

“Durante as tardes, tivemos palestras sobre tópicos mais específicos – cada professor falou sobre aspectos mais pontuais de seus estudos. Assim, os alunos puderam aplicar, à tarde, em tópicos específicos, o conhecimento discutido a partir do panorama mais geral apresentado pela manhã”, explicou Galante.

Grupos focais de pesquisa

Além dos minicursos e palestras, os alunos participaram de outra atividade: os grupos focais de pesquisa. Os estudantes foram divididos em grupos interdisciplinares de oito ou nove pessoas, que deveriam apresentar, no fim da semana, um projeto de pesquisa completo. O resultado deveria ser apresentado em 10 minutos e os próprios alunos foram encarregados de eleger os melhores trabalhos.

“Cada grupo deveria desenvolver todo o projeto, desde a escolha do tema até a redação e a apresentação, incluindo a proposta de um cronograma de trabalho e uma previsão de custos”, disse Galante.

“A ideia é que os alunos de diversas áreas fizessem um exercício de integração multidisciplinar e ao mesmo tempo tivessem um treinamento em redação, apresentação e julgamento de um projeto de pesquisa – que é algo que eles deverão fazer durante toda a sua vida profissional”, disse.

Os três primeiros colocados no concurso terão seus projetos transformados em artigos científicos que serão publicados na revista Astrobiology. Os palestrantes, por sua vez, deverão transformar suas apresentações em artigos científicos que irão compor uma edição especial do International Journal of Astrobiology.

“Durante a escola também tivemos apresentações de pôsteres. Os alunos tiveram a oportunidade de ver seus trabalhos comentados e avaliados por alguns dos principais pesquisadores da área”, relatou Galante.

O evento contou também com uma visita ao Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas (SP). Segundo Galante, os palestrantes se impressionaram com as instalações do acelerador de partículas e vários participantes se interessaram por fazer ali seus pós-doutorados.

A programação contou ainda com uma palestra sobre o futuro do programa espacial brasileiro, apresentada por Thyrso Villela, pesquisador da Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AEB).

Os participantes fizeram também uma visita ao Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar), no sul do Estado de São Paulo, onde foram apresentadas palestras sobre a vida e a geologia das cavernas do local, segundo Galante. “A previsão é que façamos uma nova escola dentre de dois anos”, disse.

Mais informações: www.astro.iag.usp.br

+++++



UMA INQUIETAÇÃO DESTE BLOGGER:

Quando a questão é definir o que é vida - especialmente no que diz respeito à posição de determinados cientistas favorecendo o aborto (em quaisquer circunstâncias) - a resposta dada é que os cientistas AINDA NÃO SABEM DEFINIR O QUE É VIDA.



Por favor, alguém me belisque - quer dizer então que a Biologia é a ciência que pesquisa AQUILO QUE NÃO SABEMOS DEFINIR? Ora, se a Biologia é isso, e estamos fazendo esta ciência há pelo menos 150 anos, e não sabemos definir o seu OBJETO DE PESQUISA, o que dizer então da astrobiologia? Uma ciência que NÃO TEM OBJETO DE PESQUISA?


Pereça tal pensamento. Pano rápido. Fechem as cortinas...