Brasil ao lado do Irã: pior, impossível
The New York Times
Thomas L. Friedman
Não, pior impossível.
“Por anos, os países não alinhados e em desenvolvimento acusaram os Estados Unidos de buscarem cinicamente seus próprios interesses sem consideração pelos direitos humanos”, observou Karim Sadjadpour, do Fundo Carnegie. “Ao aspirarem jogar no palco global, Turquia e Brasil irão enfrentar as mesmas críticas que antes faziam aos outros. A visita de Lula e Erdogan ao Irã ocorreu poucos dias após o Irã ter executado cinco presos políticos que foram torturados para obtenção de confissões. Eles abraçaram calorosamente Ahmadinejad como sendo seu irmão, mas não mencionaram nenhuma palavra sobre direitos humanos. Parece haver uma noção equivocada de que os palestinos são as únicas pessoas que buscam justiça no Oriente Médio e que, se você invocar a causa deles, pode mimar a tipos como Ahmadinejad.”
Turquia e Brasil são ambos democracias nascentes que superaram suas próprias histórias de governo militar. O fato de seus líderes aceitarem e fortalecerem um presidente iraniano que usa seu exército e sua polícia para esmagar e matar democratas iranianos –pessoas que buscam a mesma liberdade de expressão e de escolha política que turcos e brasileiros agora desfrutam– é vergonhoso.
“Lula é um gigante político, mas moralmente ele tem sido uma profunda decepção”, disse Moisés Naím, editor-chefe da revista “Foreign Policy” e ex-ministro do Comércio da Venezuela.
Lula, como notou Naím, “apoiou a sabotagem da democracia na América Latina". Ele frequentemente elogia o homem forte da Venezuela, Hugo Chávez, e Fidel Castro, o ditador cubano –e agora Ahmadinejad– enquanto condena a Colômbia, uma das grandes histórias de sucesso democrático, porque o país permite que os aviões dos Estados Unidos usem campos de aviação colombianos para combater os narcotraficantes. “Lula tem sido ótimo para o Brasil, mas terrível para seus vizinhos democráticos”, disse Naím. O Lula que ganhou proeminência como um líder operário progressista no Brasil virou as costas aos líderes operários violentamente reprimidos do Irã.
Claro que se o Brasil e a Turquia tivessem realmente persuadido os iranianos a abandonar de forma comprovada todo o seu suposto programa de armas nucleares, os Estados Unidos certamente teriam apoiado. Mas não foi isso o que aconteceu.
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