Eu dei uma palestra na Universidade Presbiteriana Mackenzie no dia 10 de agosto passado, intitulada “Design Inteligente: Paley redivivus ou uma nova teoria cientificamente plausível?”. Foi a primeira palestra sobre o Design Inteligente apresentada numa universidade brasileira por um de seus proponentes.
Após a palestra, eu fui abordado respeitosamente por um notável cientista evolucionista brasileiro (havia estrangeiros também) na seção de perguntas e respostas e na saída do evento. Duas coisas ficaram patentes na sua fala: o reconhecimento de que o neodarwinismo precisa e está sendo revisado, mas a TDI não é uma teoria científica porque fala em design, mas se recusa em dizer o Nome.
Na sua confissão de que o neodarwinismo precisa ser revisado, ele disse que a evo-devo resolveria em parte essas dificuldades do neodarwinismo. Eu respondi que não era tão otimista em relação à evo-devo. Rebusquei em meu arquivo e achei um artigo sobre a evo-devo, e enviei para este cientista brasileiro. Eis a resposta dele:
“Obrigado pela mensagem. Não se limita a isso. Há uma nova teoria em construção na biologia evolutiva, que supera alguns problemas da teoria sintética (que, de sua parte, contribui muito para o crescimento do conhecimento científico, apenas foi superada como qq teoria e modelo científico). Esta nova teoria combina: evo-devo, teoria endossimbiótica, teoria de auto-organização, seleção natural etc.
Não é um campo só, como evo-devo, que define essa nova teoria e ela tem mostrado poder explicativo e heurístico, e ela explica naturalisticamente o design.
Sinto dizer, mas TDI não é alternativa viável e não é porque a comunidade científica tem uma resistência dogmática, como vc argumentou. É porque demonstrar design não implica designer. veja Godfrey-Smith sobre o problema do design como o problema do darwinismo, que o explicou naturalisticamente. É porque propor design sem identidade alguma não tem poder explicativo algum.
Sinceramente, TDI nada tem a contribuir para o crescimento do conhecimento científico, é uma teoria estéril.... E há alternativas muito melhores no cenário atual... Melhor pular fora desse barco, mais uma vez, falando sinceramente.
Abs
XYZ
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Por que não vou pular do barco da teoria do Design Inteligente?
Eu respondo aqui, pois eu sei que este notável cientista evolucionista brasileiro é um dos leitores deste blog.
XYZ, em primeiro lugar, e deixei isso bem claro em minha palestra, não é que a TDI se recusa em dizer o Nome. A TDI por ser uma teoria científica, não pode se aventurar em aspectos ontológicos (isso é para a filosofia considerar), mas uma teoria científica minimalista que afirma existir sinais de inteligência empiricamente detectados na natureza todas as vezes que encontrarmos “complexidade irredutível de sistemas biológicos” e “informação complexa especificada”.
Por que eu não vou “pular fora do barco” da TDI? Porque ela tem muito a contribuir e já está contribuindo para o crescimento do conhecimento científico. Na nova teoria da evolução que está sendo elaborada, os teóricos vão ter que lidar com a questão da informação: a Biologia é uma ciência da informação.
XYZ, em abril de 2007 a NSF (National Science Foundation dos Estados Unidos) publicou o seguinte anúncio de aporte financeiro para pesquisas. Traduzindo em graúdos: é uma confissão nítida de que o neodarwinismo (síntese moderna) não é mais uma teoria científica robusta para explicar a tese de complexidade irredutível de Behe em termos da evolução gradualista darwiniana.
NOTA BENE: NO CONTEXTO DE JUSTIFICAÇÃO TEÓRICA, O NEODARWINISMO NÃO É MAIS CIENTIFICAMENTE ADEQUADO PARA EXPLICAR A COMPLEXIDADE IRREDUTÍVEL DE SISTEMAS BIOLÓGICOS (TESE DE MICHAEL BEHE NO LIVRO “A CAIXA PRETA DE DARWIN”, RIO DE JANEIRO: ZAHAR, 1997).
Evidência de que a teoria do Design Inteligente já está contribuindo para o crescimento do conhecimento científico é esta proposta da NSF:
Título: Avançando a teoria em biologia (ATB) [Em inglês]
Data: 03/04/07 Sinopse do Programa:
O Diretorado das Ciências Biológicas conclama a submissão de propostas que avancem o nosso entendimento conceitual e teórico da dinâmica dos sistemas vivos. A emergência dos fenômenos biológicos complexos das interações dinâmicas entre os elementos menos complexos é um tema central na biologia moderna, e permeia pesquisas em todos os níveis de organização biológica de macromoléculas a ecossistemas. Tais interações são tipicamente não-lineares, distribuídas, e freqüentemente perpassam muitos níveis de organização biológica. Essas propriedades limitam o entendimento que pode ser obtido através das tradicionais análises experimentais. O programa está destinado a desenvolver novas conceituações e abordagens teóricas para identificar princípios fundamentais que perpassam níveis de complexidade biológica. As propostas podem variar em tamanho (até US$ $250.000,00 por ano) e duração (até três anos), no número dos pesquisadores envolvidos, e na natureza das colaborações. [1]
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A TDI vem sendo visceralmente atacada e resistida como “pseudociência”, “criacionismo disfarçado em smoking barato”, “não tem nada a oferecer à ciência”, que os nossos cientistas são “especialistas autoproclamados”, y otras cositas mais. No frigir dos ovos, contudo, eis aqui uma grande contribuição científica da TDI “forçando” a revisão teórica do neodarwinismo.
XYZ, é por isso que eu não vou pular fora do barco da TDI.
NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER: Apesar de o diretorado da NSF procurar explicar teoricamente a complexidade de sistemas bióticos, tese do Design Inteligente desde 1996, o presente edital da NSF não foi escrito por Michael Behe, nem por William Dembski, muito menos por qualquer outro teórico ou proponente da TDI.
NOTA:
1. Title: Advancing Theory in Biology (ATB), Date: 04/03/07, Synopsis of Program:
The Biological Sciences Directorate invites submission of proposals that advance our conceptual and theoretical understanding of the dynamics of living systems. The emergence of complex biological phenomena from dynamic interactions among less complex elements is a central theme in modern biology, and it permeates inquiries at all levels of biological organization from macromolecules to ecosystems. Such interactions are typically non-linear, distributed, and often span many levels of biological organization. These properties limit the understanding that can be gained by traditional experimental analyses. The program is designed to develop new conceptualizations and theoretical approaches to identify fundamental principles that traverse levels of biological complexity. Proposals may vary in size (up to $250,000 per year) and duration (up to three years), in the number of investigators involved, and in the nature of collaborations.