O Impressionismo: “escola de pintura surgida na França por volta de 1870, que visava captar, em princípio, a impressão visual produzida por cenas e formas derivadas da natureza, e as variações nelas ocasionadas pela incidência da luz, e que se baseava especialmente no emprego das cores e de suas relações e contrastes, a fim de obter efeitos plasticamente dinâmicos e objetivos”. (Aurélio)
Impression - Sunrise (Claude Monet - 1874) Musée Marmottan - Paris - França)
Traduzido em graúdos: ilusão de ótica. Traduzido epistemicamente: no contexto da justificação teórica, uma teoria ou hipótese não corroborada pelas evidências, mas interpretada “subjetivamente” pelos que dominam o paradigma. Traduzido em miúdos: “camisa-de-força epistêmica”. Traduzido sociologicamente: “síndrome do soldadinho-de-chumbo” − todo mundo pensando a mesma coisa e ninguém pensando em nada diferente. As evidências, ora que se danem as evidências, o que vale é a teoria [Dobzhansky no Brasil].
Mas o quê tem o Impressionismo a ver com os dados sobre a evolução humana? Tem muito a ver − cientistas darwinistas honestos às vezes se esquecem da máxima de Wittgenstein [o que não pode ser dito deve ser consignado ao silêncio] e dizem o que não pode ser dito. Foi o que aconteceu aqui em relação aos dados pertinentes à evolução humana.
Leia cum granum salis este pequeno artigo do meu amigo David Tyler sobre os ossos de Dmanisi [há três décadas sendo estudados]:
Os dados da evolução humana podem ser comparados com uma pintura impressionista
por David Tyler 23/09/07 06:52:37
Os ossos de Homo erectus de Dmanisi, Geórgia, foram identificados como sendo “os ‘hominins’ mais antigos conhecidos como tendo vivido fora da África nas zonas temperadas da Eurásia.” As diferenças entre eles outros representantes de H. erectus foi cuidadosamente examinada. Alguns cientistas comentaram que as diferenças sugerem que os ossos de Dmanisi são ossos transicionais entre o habilis e o erectus, mas outros cientistas enfatizam a natureza altamente variável do material fóssil de erectus antigo.
Num artigo News & Views, Daniel Lieberman escreveu: “Quando observada de perto, contudo, a transição Australopithecus-Homo tem sido sempre obscura. Um problema é que nós não sabemos o suficiente sobre Homo habilis, o ancestral putativo de H. erectus.” [SIC ULTRA PLUS 1: Não sabemos o suficiente sobre a questão, mas Darwin locuta causa finita! Putativo não é palavra feia não, significa “suposto”. Ah, ainda bem que é “putativo”!].
Também, “em algumas relações, o H. habilis parece um bom candidato a ser o ancestral do H. erectus; ele tem uma face vertical, dentes de tamanhos intermediários entre os de australopithecus e H. erectus, e um cérebro de tamanho intermediário. Mas os fósseis definitivamente atribuídos a H. habilis datam de 1.9 milhões de anos, e assim não são mais velhos do que os fósseis mais velhos de H. erectus.
Além disso, Spoor et al também relatam uma nova mandíbula superior de H. habilis datada em 1.44 milhões de anos atrás, estendendo a sobreposição temporal das espécies com o H. erectus. (Mais sobre Spoor et al., aqui).
Lieberman introduziu o seu artigo com estas palavras: “O registro fóssil da evolução humana é como uma pintura impressionista: alguém vê uma foto close up diferente daquela quando se distancia.” Na verdade esta analogia é muito útil. Normalmente em ciência, obtendo-se mais dados ajuda a preencher o quadro de maneira que os detalhes podem ser vistos mais nitidamente. Todavia, isso não ocorre assim na evolução humana. Obtendo-se mais dados freqüentemente leva a manchetes que sugerem um repensar radical de “conhecimento” prévio. Neste caso, nós temos mais dados implicando num mosaico de caracteres e de variabilidade muito maior. Dando um zoom no quadro não está revelando os detalhes da história de uma transformação.
Como uma pintura impressionista, a evolução é somente aparente de um ponto vantajoso de distância. Uma visão mais próxima, nós vemos quantidades de dados, mas nenhum quadro coerente. Em situações como esta [SIC ULTRA PLUS 2: os ossos de Dmanisi vêm sendo pesquisados há três décadas] é particularmente importante não impor a teoria (de transformação evolutiva) sobre os dados.
Bibliografia:
Postcranial evidence from early Homo from Dmanisi, Georgia
David Lordkipanidze, Tea Jashashvili, Abesalom Vekua, Marcia S. Ponce de Leon, Christoph P. E. Zollikofer, G. Philip Rightmire, Herman Pontzer, Reid Ferring, Oriol Oms, Martha Tappen, Maia Bukhsianidze, Jordi Agusti, Ralf Kahlke, Gocha Kiladze, Bienvenido Martinez-Navarro, Alexander Mouskhelishvili, Medea Nioradze & Lorenzo Rook.
Nature, 449, 305-310 (20 September 2007) | doi:10.1038/nature06134
Abstract: The Plio-Pleistocene site of Dmanisi, Georgia, has yielded a rich fossil and archaeological record documenting an early presence of the genus Homo outside Africa. Although the craniomandibular morphology of early Homo is well known as a result of finds from Dmanisi and African localities, data about its postcranial morphology are still relatively scarce.
Here we describe newly excavated postcranial material from Dmanisi comprising a partial skeleton of an adolescent individual, associated with skull D2700/D2735, and the remains from three adult individuals.
This material shows that the postcranial anatomy of the Dmanisi hominins has a surprising mosaic of primitive and derived features. The primitive features include a small body size, a low encephalization quotient and absence of humeral torsion; the derived features include modern-human-like body proportions and lower limb morphology indicative of the capability for long-distance travel.
Thus, the earliest known hominins to have lived outside of Africa in the temperate zones of Eurasia did not yet display the full set of derived skeletal features.
Vide também:
Dalton, R., Treasure trove of Homo erectus found,news@nature.com: 19 September 2007; | doi:10.1038/news070917-6
Lieberman, D.E., Homing in on early Homo, Nature, 449, 291 - 292 (20 September 2007) | doi:10.1038/449291a
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Comentário impertinente deste blogger: o fato, Fato, FATO da teoria geral da evolução tem sido empurrado goela abaixo aos nossos estudantes através de “estórias da carochinha”, oops “just-so-stories” [obrigado Stephen Jay Gould, darwinista honesto] nos livros didáticos de biologia do ensino médio e superior, e aos nossos leitores leigos sem nenhum ceticismo localizado saudável. Pior é o jornalismo científico da Grande Mídia Internacional e Tupiniquim que sequer questionam “as vacas sagradas de Down”...