Darwin ‘Quixote de la Mancha’ e a Árvore da Vida: um moinho de vento?

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Nota da Nomenklatura científica: Este artigo pode provocar danos extremamente fatais para a manutenção epistêmica do fato, Fato, FATO da teoria geral da evolução. Todos os esforços devem ser envidados para que ele não seja divulgado amplamente. Recomenda-se veementemente aos peer-reviewers a não aceitarem a menção deste trabalho controverso em futuras pesquisas e trabalhos.

A Grande Mídia, nossa garota-propaganda fiel, inocente útil, também já foi alertada para não dar destaque às implicações do artigo por razões óbvias: vai municiar os oponentes com evidências científicas devastadoras às especulações transformistas de Darwin. O nosso talão de notas promissórias epistemológicas está acabando, e não temos mais avalistas de renome para endossá-las.

Bem, chistes à parte, vamos ao que realmente interessa. O PNAS publicou no dia 29 de janeiro de 2007 o artigo “Pattern pluralism and the Tree of Life hypothesis” [Pluralismo padrão e a hipótese da Árvore da Vida – PDF gratuito] como parte da série especial de Artigos Inaugurais por membros da National Academy. Os autores são W. Ford Doolittle e Eric Bapteste.

Artigo Inaugural
Evolução
Pluralismo padrão e a hipótese da Árvore da Vida

(transferência lateral de gene | filogenia )
W. Ford Doolittle * e Eric Bapteste

Departmento de Bioquímica e Biologia Molecular, Dalhousie University, Halifax, NS, Canada B3H 1X5

Esta contribuição faz parte da série especial de Artigos Inaugurais por membros da National Academy of Sciences eleitos em 30 de abril de 2002.

Contribuído por W. Ford Doolittle, 5 de dezembro de 2006 (enviado para revisão por pares em 11 de novembro de 2006)

“Darwin afirmou que um padrão único inclusivamente hierárquico de relações entre todos os organismos baseado nas suas semelhanças e diferenças [a Árvore da Vida] era um fato da natureza, para o qual a evolução, e em particular o processo de ramificação de descendência com modificação era a explicação. Todavia, não há nenhuma evidência independente de que a ordem natural seja uma hierarquia inclusiva, e a incorporação dos procariotos na Árvore da Vida é especialmente problemática. As únicas séries de dados das quais nós podemos construir uma hierarquia universal incluindo os procariotos, as seqüências dos genes, freqüentemente discordam e raramente podem provar concordância. A estrutura hierárquica pode sempre ser imposta ou extraída de tais séries de dados por algoritmos planejados para assim fazerem, mas na sua base a Árvore da Vida universal repousa numa pressuposição não provada sobre o padrão que, dado o que nós sabemos sobre o processo, é improvável que seja amplamente verdade. Isso não significa dizer que as semelhanças e as diferenças entre os organismos não devam ser explicadas pelos mecanismos evolutivos, mas a descendência com modificação é somente um desses mecanismos, e um padrão de uma única árvore não é o resultado necessário (ou esperado) de sua operação coletiva. O pluralismo padrão (o reconhecimento que modelos e representações evolutivas diferentes ou em escalas diferentes ou para propósitos diferentes) é uma alternativa atraente para a busca quixotesca de uma única e verdadeira Árvore da Vida”. [1]

Traduzindo em miúdos e graúdos, Doolittle e Bapteste estão dizendo que não há nenhum padrão de árvore da vida nos genes. O melhor, oops o pior de tudo é que parece que as nossas mentes é que são responsáveis pela ‘imposição’ de padrões que, necessariamente, não está na natureza. Remando contra a síndrome dos soldadinhos-de-chumbo, os autores negam que o mecanismo proposto por Darwin seja o ‘explanandum’ para o ‘explanans’ do fato, Fato, FATO da teoria geral da evolução. Então o que temos? Meramente um artifício heurístico que lançou os biólogos numa busca pelo estabelecimento da Árvore da Vida desde os tempos de Darwin.

Empirica, Empirice Tratanda. Não temos boas notícias aqui nesta área científica. Os dados em biologia molecular se recusam terminantemente a serem reunidos num padrão de Árvore da Vida conforme antecipado por Darwin. Os autores admitem isso com exemplos. O que Darwin queria associar — padrão e processo, a natureza se recusa em demonstrar: não pode ser feito. Para embolar o meio de campo evolutivo, os genomas de procariotos em particular, mostram grandes quantidades de transferência lateral de genes.

Uma acusação grave feita pelos autores é que as ferramentas utilizadas pelos filogenistas moleculares são ‘preparadas’ para produzirem árvores onde não existem árvores.

Por favor, me entendam. Não estou afirmando que agora Doolittle e Bapteste deixaram de ser evolucionistas de carteirinha. Muito pelo contrário. Eles continuam darwinistas ortodoxos, e como sempre em artigos assim, para livrar a cara dos autores perante a KGB da Nomenklatura científica, lá vem a famigerada macro Ctrl + críticos de Darwin = ignorantes que merecem ser criticados sem dó nem piedade: eles intencionalmente não entendem a questão.

Parem o bonde da Lógica Darwinista 101 que eu quero descer. Será que eles ‘intencionalmente’ não entendem as implicações do que acabaram de escrever? Se o padrão é imposto sobre os dados pelas nossas preconcepções, então não há razão para se pensar que os dados apóiam melhor a descendência comum do que uma ancestralidade limitada a partir de um ‘gargalo de garrafa’ genético recente.

Eis um trecho selecionado do meio do artigo:

“...Darwin não testou e nem podia testar a realidade do padrão de árvore. Na verdade, uma pessoa é pressionada a encontrar algum corpo de evidência livre de aspectos teóricos de que esse único padrão universal relacionando todas as formas de vida existe independentemente de nosso hábito de pensar que deveria existir. A noção de um padrão de árvore é o produto da indução, óbvia para qualquer observador inteligente, é desmentido pela maior parte do início da história da sistemática, durante o qual esquemas diferentes pareciam ser plenamente defensáveis.” [2]

Eu não sei o que a Nomenklatura científica e a Grande Mídia tupiniquins farão com essas implicações. Uma coisa eu sei — há sérias questões, estritamente fundamentais para a nova teoria geral da evolução que substituirá o neodarwinismo terá que considerar cum granum salis — uma delas é a Árvore da Vida de Darwin, o fato, Fato, FATO da evolução, oops a hipótese do ancestral comum FOI IMPOSTA e NÂO DERIVADA DOS DADOS, e isso precisa ser cientifica e objetivamente considerado. Pro bonum scientia!

Sem EXPLANANDUM, não há EXPLANANS. Darwin ‘Quixote de la Mancha’, e nós todos perseguindo um moinho de vento, oops uma miragem de Árvore da Vida???
[Sobre os ombros de dois gigantes, mais o Doolittle e Bapteste]

NOTAS:

[1] http://www.pnas.org/cgi/content/abstract/0610699104v1
Inaugural Article
Evolution
Pattern pluralism and the Tree of Life hypothesis
( lateral gene transfer | phylogeny )

W. Ford Doolittle * and Eric Bapteste
Department of Biochemistry and Molecular Biology, Dalhousie University, Halifax, NS, Canada B3H 1X5

This contribution is part of the special series of Inaugural Articles by members of the National Academy of Sciences elected on April 30, 2002.

Contributed by W. Ford Doolittle, December 5, 2006 (sent for review November 11, 2006)

“Darwin claimed that a unique inclusively hierarchical pattern of relationships between all organisms based on their similarities and differences [the Tree of Life (TOL)] was a fact of nature, for which evolution, and in particular a branching process of descent with modification, was the explanation. However, there is no independent evidence that the natural order is an inclusive hierarchy, and incorporation of prokaryotes into the TOL is especially problematic. The only data sets from which we might construct a universal hierarchy including prokaryotes, the sequences of genes, often disagree and can seldom be proven to agree. Hierarchical structure can always be imposed on or extracted from such data sets by algorithms designed to do so, but at its base the universal TOL rests on an unproven assumption about pattern that, given what we know about process, is unlikely to be broadly true. This is not to say that similarities and differences between organisms are not to be accounted for by evolutionary mechanisms, but descent with modification is only one of these mechanisms, and a single tree-like pattern is not the necessary (or expected) result of their collective operation. Pattern pluralism (the recognition that different evolutionary models and representations of relationships will be appropriate, and true, for different taxa or at different scales or for different purposes) is an attractive alternative to the quixotic pursuit of a single true TOL”.

Author contributions: W.F.D. and E.B. wrote the paper. The authors declare no conflict of interest. *To whom correspondence should be addressed: W. Ford Doolittle, E-mail: ford@dal.ca

[2] “...Darwin did not and could not test the reality of the tree pattern. Indeed, one is hard-pressed to find some theory-free body of evidence that such a single universal pattern relating all life forms exists independently of our habit of thinking that it should. The notion that a tree pattern is the product of induction, obvious to any intelligent observer, is belied by most of the early history of systematics, during which quite different schemes seemed
fully defensible.”