Fiquei surpreso com o intrigante artigo Biology’s next revolution [A próxima revolução da biologia] de Nigel Goldenfeld [1] e Carl Woese [2], publicado online na revista Nature 445, 369 (25 de janeiro de 2007) | doi:10.1038/445369ª no dia 24 de janeiro de 2007.
Mais surpreso mesmo eu fiquei com a abertura do artigo:
“A figura emergente de micróbios como coletivos de troca de genes exige uma revisão de tais conceitos como organismo, espécies e a própria evolução”. [3]
Caracas, meu! Nota bene: exige uma revisão daqueles conceitos e da própria evolução. Um momento, parem o bonde darwiniano que eu quero descer! Eu fui, você foi, nós fomos, e os atuais alunos do ensino médio e universitário continuam sendo doutrinados, oops, ensinados que a evolução é um fato, Fato, FATO científico inquestionavelmente estabelecido assim como a Terra é redonda e a lei da gravidade funciona aqui e em qualquer parte do universo, e agora vem esse Goldenfeld e um tal de Woese dizer que diante dessas evidência é mister rever a evolução??? Porpeta, meu, esses ‘caras’ estão em maus lençóis maranhenses, oops darwinianos...
O que nos doutrinaram, oops ensinaram está se mostrando cada vez mais FALSO — a evolução REALMENTE é um fato, Fato, FATO científico que ainda não foi satisfatoriamente estabelecido. Desde o tempo de Darwin... Mas, gafanhoto, o que são apenas quase 150 anos diante das vastas eras cósmicas necessárias para que o fato, Fato, FATO da evolução ocorra? [Mestre Yoda].
Os autores destacam que os padrões mais fundamentais de descoberta científica é a revolução no pensamento que acompanha um novo corpo de dados: a astronomia baseada em satélites durante a década passada derrubou as nossas mais queridas idéias de cosmologia, especialmente aquela relativas ao tamanho, dinêmica e composição do universo.
Trocado em miúdos, Goldenfeld e Woese estão subliminarmente dizendo que a Astrofísica [uma ciência mais exata do que a Biologia evolutiva] derrubou as antigas idéias científicas do paradigma dominante. Eles têm esperança de que isso também ocorra em Biologia evolutiva.
Razão? É a convergência de ‘novas idéias teóricas’ em evolução bem como a AVALANCHE de dados genômicos que, segundo os autores, ‘irão alterar PROFUNDAMENTE o nosso entendimento da biosfera — e provavelmente vai resultar na revisão de conceitos tais como espécies, organismo e evolução’. Uau, eu fiquei pulando de alegria — o anta do Enézio, o simples professorzinho do ensino médio, tradutor científico, crente da Terra plana, e otras cositas mais, sendo vindicado por dois cientistas de renome. E artigo publicado na não menos famosa revista científica Nature!
No artigo “Biology’s next revolution” [A próxima revolução da biologia] Goldenfeld e Woese explicam por que eles predizem essa dramática transformação, e por que acreditam que o REDUCIONISMO MOLECULAR que dominou a biologia do século 20 vais ser suplantada por uma abordagem interdisciplinária que abrange fenômenos coletivos. Porca miseria, meu, vamos dar adeus à tese ‘Dawkins-gene-egoísta’???
E onde começa essa revolução biológica? Ela começa na área do ‘horizontal gene transfer’ — transferência lateral de gene (HGT), a transferência não genealógica de material genético de um organismo para o outro — por exemplo, de uma bactéria para outra, ou de vírus para bactérias.
Goldenfeld e Woese destacam que a HGT é muito difundida e poderosa em micróbios. Exemplo: a aceleração da resistência antibiótica. Segundo os autores, devido à HGT, não é uma boa comparação considerar os micróbios como organismos dominados por características individuais. Razão? As comunicações ali realizadas pelos canais genéticos indicam que o comportamento microbiano deve ser entendido como predominantemente cooperativo.
Na natureza, os micróbios formam comunidades, invadem os nichos bioquímicos e participam de ciclos biogeoquímicos. Goldenfeld e Woese salientam que pesquisas disponíveis indicam fortemente que os micróbios absorvem e descartam genes quando necessário, em resposta ao seu ambiente. Em vez de genomas separados, o que se vê é um continuum de possibilidades genômicas. Isso, segundo os autores, levanta dúvida sobre A VALIDADE DO CONCEITO DE ‘ESPÉCIE’ quando estendido à esfera microbiana.
Agüenta firma que lá vem míssil Exocet epistemológico sobre a casamata darwinista: os micróbios, os mascotes da evolução darwinista, vão assistir à evolução da sua nomenclatura como espécie??? Calma aí, galera ultradarwinista, meninos de Darwin. Goldenfeld e Woese explicam que isso se faz necessário devido à INUTILIDADE do conceito de espécie diante das recentes incursões em metagenômica — o estudo de genomas recuperados de amostras naturais em contraposição às culturas clonais. Um exemplo que eles destacam são os estudos da distribuição espacial dos genes de rodopsina em micróbios marinhos sugerindo que eles são genes ‘cosmopolitanos’ vagando entre as bactérias (ou arquéia) conforme dita a pressão ambiental.
Atenção ambientalistas, boas novas interessantes — Goldenfeld e Woese afirmam que os vírus têm um papel fundamental na biosfera, tanto nos sentidos evolutivos imediatos e de longo termo: os vírus seriam uma espécie de depósito e memória importantes da informação genética de uma população. Isso contribuiria para a dinâmica e estabilidade evolutivas do sistema. A destruição da célula e a replicação viral é um mecanismo poderoso para dispersão do hospedeiro e dos genes viróticos.
Segundo os autores, está ficando claro que os micro-organismos têm uma capacidade impressionante de RECONSTRUÍREM [SIC – INTELIGÊNCIA???] os seus genomas diante de estresses ambientais horrendos, e que em alguns casos as suas interações coletivas com os vírus podem ser crucial para isso. Diante de tal situação, eles se perguntam, qula é a validade do conceito de um organismo isolado? O eu parece haver é uma continuidade de fluxo de energia e transferência de informação de um genoma através das células, da comunidade, da viroesfera e do ambiente. Eles vão mais além ao sugerirem que a definição característica de vida é a forte dependência no fluxo do ambiente — seja energia, elementos químicos, metabólitos ou genes.
Trocado em graúdos, o que tudo isso implica? Segundo Goldenfeld e Woese, em nenhum outro lugar da ciência as implicações dos fenômenos coletivos, mediados por HGT, tão difundidos e importantes do que na EVOLUÇÃO. A biologia, apesar de muitos cientistas baterem os pés feitos meninos fazendo birra e negando o fato, é hoje uma ciência de informação. Os autores sabem disso e usaram a analogia do cientista de computação [lembra do Bill Gates? O DNA é um software muito mais complexo do que qualquer software que nós inventamos???] nomeando o aparato de tradução da célula (usado para converter a informação genética em proteínas) de ‘sistema operacional’ [argh, isso é como cometer um assassinato!] através do qual toda a inovação é comunicada e realizada.
Durma-se com um barulho desses teleológicos [argh, isso é como cometer um genocídio!] — o papel fundamental da tradução, representada em particular pelo código genético, é demonstrado através da claramente otimização documentada do código. Uau, como que a seleção natural e outros mecanismos evolutivos de A a Z puderam ‘vislumbrar’ tamanha teleologia. Eles leram Behe e Dembski há bilhões de anos atrás!!!
Não vou falar, não vou falar, não vou falar! Vou falar!!! Antes, examine o seu coração, a pressão, sente-se numa cadeira bem confortável, respire bem fundo, veja se a sua apólice de seguro de vida está em dia, se as dívidas estão todas pagas, se não há nada para se desculpar. Está de bem com a vida?
O papel especial do código genético em qualquer forma de vida, segundo Goldenfeld e Woese leva à surpreendente predição de que a vida primeva evoluiu de modo lamarckiano, com a descendência vertical marginalizada pelas formas primevas mais poderosas de HGT. Por essa Darwin não esperava: Lamarck redivivus!
Agora o bicho vai pegar forte, oops, os autores vão trazer as suas ilações a um nível mais desafiador. Segundo eles, um refinamento através do compartilhamento horizontal de inovações genéticas teria detonado uma explosão de novidade genética, até que o nível de complexidade exigiu uma transição até a era atual de evolução vertical. Trocando em miúdos e graúdos, os autores LAMENTAM a CONCATENAÇÃO CONVENCIONAL DO NOME DE DARWIN COM A EVOLUÇÃO porque outras modalidades também devem ser consideradas [argh! isso é como cometer uma blasfêmia!!!]. Será que dá para o Design Inteligente ser agora considerado com mais seriedade pela Nomenklatura científica e pela Grande Mídia Tupiniquim???
Goldenfeld e Woese entendem que hoje é um tempo extraordinário para a biologia, porque a perspectiva que eles indicaram coloca a biologia num contexto que deve envolver necessariamente outras disciplinas que se apercebem mais da importância dos fenômenos coletivos. Quer dizer, vocês vão ter sair da redoma, da torre de marfim e enfrentar a realidade das evidências encontradas na natureza. E dizer o que elas dizem.
Além disso, eles salientaram que as perguntas sugeridas pela energia genérica, a informação e o fluxo de gene que eles aludiram, provavelmente vão requerer resolução no espírito da mecânica estatística e na teoria dos sistemas dinâmicos. E o que ciência qua ciência ganah com isso? É que com o tempo, a atual abordagem de modelação post-hoc será SUBSTITUÍDA pela atuação recíproca entre a predição quantitativa e teste experimental que, para ciúme dos biólogos, hoje em dia é mais característica das ciências físicas. EMPIRICA, EMPIRICE TRATANDA! Das coisas empíricas, considerações empíricas! Nada de ‘just-so-stories’ [estórias da carochinha — Gould]!
Goldenfeld e Woese destacaram que algumas vezes a linguagem expressa a ignorância em vez de conhecimento. Exemplo? A palavra ‘procarioto’, agora suplantada pelos termos arquéia e bactéria. Os autores predizem que na biologia, novos conceitos vão exigir uma nova linguagem [teleológica???], baseada na matemática [teoria da probabilidade ou da informação – Dembski vindicado?] e nas descobertas emergindo dos dados que eles deram destaque no seu artigo.
Interessante a citação com a qual concluíram seu artigo. Durante uma revolução científica anterior, Antoine Lavoisier observou que o progresso científico, como a evolução, deve superar um desafio de comunicação: “Nós não podemos incrementar a linguagem de qualquer ciência sem que ao mesmo tempo incrementar a própria ciência; nem nós podemos, do outro lado, incrementar a ciência sem incrementar a linguagem ou a nomenclatura que lhe pertence". A Biologia, concluem os autores, está para enfrentar esse desafio.
Se algumas crenças darwinistas ortodoxas estão erradas, alguém pode muito bem perguntar — e o que está certo? Considerando-se a liberalidade epistemológica de Goldenfeld e Woese, o Design Inteligente se apresenta como uma possibilidade para qualquer investigador não preconceituoso.
E ainda têm a cara de pau de dizer que a teoria da evolução não está em crise, não exige revisão, muito menos descarte ou mudança de paradigma. Em que mundo vocês vivem? Em Darwinlândia? Vamos esperar para ver qual ‘revelação inspirada’ os sacerdotes de Darwin com os seus oráculos irão nos apresentar dessa vez no dia 12 de fevereiro de 2007 e em 2009.
[1] Nigel Goldenfeld, Department of Physics and Institute for Genomic Biology, University of Illinois at Urbana-Champaign, 1110 West Green Street, Urbana, Illinois 61801, USA.
[2] Carl Woese, Department of Microbiology and Institute for Genomic Biology, 601 South Goodwin Avenue, Urbana, Illinois 61801, USA
[3] “The emerging picture of microbes as gene-swapping collectives demands a revision of such concepts as organism, species and evolution itself”
Leitura subsidiária
Frigaard, N., Martinez, A., Mincer, T. & DeLong, E. Nature 439, 847–850 (2006).
Sullivan, M. et al. PLoS Biol. 4, e234 (2006).
Pedulla, M. et al. Cell 113, 171–182 (2003).
Vetsigian, K., Woese, C. & Goldenfeld, N. Proc. Natl Acad. Sci. USA 103, 10696–10701 (2006).