Interessante o artigo “Ossos que fascinam” de Marcelo Marthe na revista VEJA 1940, de 25.01.06, p. 102-104. As fotos dos dinossauros estão esplêndidas. Muito interessante trazer a história de como Stephen Jay Gould “um dos principais teóricos da biologia” ficou tão fascinado com a exposição no Museu de História Natural de Nova York e “teve o primeiro lampejo de sua vocação”. Muito mais interessante foi a identificação dos religiosos como os únicos oponentes às idéias de Darwin. Nada mais falso e jornalisticamente inaceitável.
Quando o assunto é Darwin, as editorias de ciência e os jornalistas científicos da Grande Mídia nacional e internacional parecem dispor de apenas uma macro Control + Alt + Dissensão a Darwin= criacionistas [religiosos, fundamentalistas, etc.].
Marthe foi muito feliz e infeliz ao mesmo tempo. Muito feliz porque a maioria dos leigos desconhece a obra de Gould. Muito infeliz porque Gould, “um dos principais teóricos da biologia do século XX”, propôs a teoria do equilíbrio pontuado que, apesar de salvar Darwin do vexame – ausência dos elos intermediários no registro fóssil, ‘bombardeava’ a sua hipótese gradualista. Sem os elos intermediários, Darwin disse que a sua teoria ruiria por terra.
Marthe sabia disso, os leitores não especializados não, mas Gould é um exemplo de cientista, não religioso, se ‘opondo’ às idéias fundamentais do naturalista Darwin. Eu desejo sinceramente que Marthe não atraia sobre si a ira dos ultradarwinistas ao chamar Darwin, ‘o maior cientista de todos os tempos’, de mero ‘naturalista inglês’.
Nada mais oportuno seria VEJA abordar num especial objetivo as muitas insuficiências epistêmicas das atuais teorias da origem e evolução da vida. Ou sobre a dissensão a Darwin que está ocorrendo em escala mundial entre cientistas que são céticos da seleção natural e as mutações serem responsáveis pela evolução da complexidade e diversidade das coisas bióticas.