Em 1980 Stephen Jay Gould afirmou que o neodarwinismo estava morto, mas que teimava continuar sendo ortodoxia nos livros-texto de Biologia (“Is a new theory of evolution emerging?”, in Paleobiology 6:119-130). Mais recentemente Lynn Margulis, bióloga, no último encontro sobre a teoria da evolução em 2005 nas ilhas Galápagos também fez a mesma afirmação: o neodarwinismo está morto!
Essas vozes dissonantes precisam ser ouvidas. Não é de hoje que Jeffrey H. Schwartz, professor de antropologia da Universidade de Pittsburgh, se posiciona consistentemente contra o paradigma neodarwinista. Exemplo mais recente é o seu artigo no New Anatomist (30Jan2006) juntamente com o professor de Bioquímica da Universidade de Salerno, Bruno Maresca. A argumentação inicial deles é clara: o neodarwinismo falhou e não se encaixa com as evidências encontradas na natureza.
Na seção intitulada “Molecular and Morphological Contradiction” (p. 39-40), Maresca e Schwartz escrevem:
“Current evolutionary theory assumes various molecular phenomena. For instance, under a constant mutation rate, new phenotypes should emerge gradually, because, as Morgan ([1916]) argued, the chance of a mutation affecting a trait would be increased by an earlier mutation affecting the same trait. Although not demonstrating this experimentally, Morgan ([1916]) believed that evolution proceeds via the accumulation of small mutations that gradually push phenotypic change in a particular direction.
But the premise that one mutation can increase the likelihood of another following it along similar lines is contradicted by the random nature and statistically insignificant probability of mutation. Morgan's experiments also did not produce new phenotypes; they only manipulated the frequency of extant Drosophila variants. Thus, the early genetic rationale for gradual evolutionary change, which ultimately informed the evolutionary synthesis, was not grounded in fact (Schwartz,[1999a]). In addition, many of Morgan's (Morgan et al.,[1926]) observations record the loss, not acquisition, of phenotypic properties (e.g., the eyeless mutant in Drosophila). Other observations that may appear profound do not represent the introduction of new genetic material, e.g., the bithorax mutant.
Mutation in the Ubx gene may cause duplication of a segment in the Drosophila embryo (Duncan,[1996]), but this does not demonstrate how the original single pair of wings and associated structures emerged.”
Eles prosseguem:
“Since a commonly assumed mechanism underlying morphological change is point mutation (a simple event statistically), the time required to produce change should be predictable because mutational events occur with a known and constant (although low) frequency.
Thus, if new genetic material arising via regularly occurring but rare mutation events accumulates, species transformation should also occur at a constant and predictable rate. Yet the metazoan fossil record shows the opposite: the sudden appearance of fully developed, major morphological novelties (i.e., bony skeletons, jaws and teeth, limbs with zeugopods) in many different kinds of animals, as well as of different kinds of animals (e.g., insects)...”
Schwartz também é professor de História e Filosofia da Ciência na Universidade de Pittsburgh, “fellow” no Centro de Filosofia da Ciência daquela universidade e da eminente World Academy of Arts and Science. Ele também propôs uma nova teoria da evolução na sua obra seminal “Sudden Origins: Fossils, Genes, and the Emergence of Species” (John Wiley & Sons, 2000).
Naquele livro, Schwartz dá atenção às teorias mais antigas que sugerem que o modelo darwinista de evolução, como uma adaptação contínua e gradual ao ambiente, não dá a devida importância às lacunas no registro fóssil supondo que os fósseis intermediários simplesmente ainda não foram achados. Antes, Schwartz argumenta, eles não foram encontrados porque simplesmente não existem, pois a evolução não é necessariamente gradual, mas freqüentemente expressões súbitas e dramáticas de mudança que começaram a nível celular por causa das forças radicais ambientais tais como o calor e o frio extremos em anos anteriores.
Ora, se o neodarwinismo não explica “o longo argumento” transformista de Darwin, o que explica então? William Provine, da Universidade Cornell, foi mais contundente do que Lynn Margulis. Naquele encontro nas ilhas Galápagos, ele disse: “Nós precisamos de outra teoria da evolução”!
Pensar que em 1998 dialoguei e dialogo com vários autores de livros-texto de Biologia e professores de universidades públicas apontando as muitas insuficiências epistêmicas deste paradigma. Os verdadeiramente científicos ouviram as críticas, mas não acolheram as sugestões de revisão dos seus textos, e nem o diálogo objetivo e civil no JC E-Mail. O MEC então, nem deu a devida atenção para a análise crítica da abordagem da evolução nos livros didáticos enviado em 2003 e novamente em 2005, onde apontei essas inúmeras insuficiências, evidências distorcidas e até duas fraudes a favor do FATO da teoria geral da evolução perpetuadas nos melhores livros-texto de Biologia do ensino médio.
Estar do lado de luminares assim como Gould, Margulis, Schwartz, Maresca, e, em certa medida, até de Provine, me deixa muito orgulhoso! E deveras vindicado!!!
Pensar que a ciência é a busca da verdade... Não importa aonde as evidências forem dar. Ciência e mentira não podem andar lado a lado.
Pro bonum scientia – enterrem este paradigma morto!