EXTRA! EXTRA! MEC/SEMTEC aprova o ensino objetivo da teoria da evolução no Brasil

quinta-feira, junho 07, 2007

Em 2003 e 2005 o MEC/SEMTEC recebeu deste “simples professorzinho do ensino médio” [será???] uma análise crítica da abordagem da teoria da evolução nos livros-texto de Biologia do ensino médio apontando duas fraudes − os embriões de Haeckel (mais do que centenária), e as mariposas de Manchester (melanismo industrial), e várias distorções de evidências científicas a favor do fato, Fato, FATO da evolução.

Em 2003 o MEC/SEMTEC simplesmente ignorou nossa análise crítica. Em 2005 o MEC/SEMTEC respondeu que não tinha uma comissão de analistas para julgar o conteúdo dos livros didáticos, e nem tinha como aprovar o nosso livro. Que livro, MEC/SEMTEC? Não apresentamos nenhum livro, apenas uma análise crítica da abordagem enviesada da teoria da evolução.

A nossa análise crítica pelo menos fez uma coisa boa para a educação no Brasil: finalmente o MEC/SEMTEC criou uma comissão de analistas que recomenda aos professores os nossos melhores livros-texto de Biologia. Todavia, em 2006 a douta comissão aprovou algumas obras, mas deixou com os professores a palavra final na adoção dos livros. Se os professores é que têm a palavra final, qual a razão de ser da douta comissão???

Nós vivemos em um mundo influenciado profundamente pelo desenvolvimento científico e pela tecnologia. Por isso, o MEC - Ministério da Educação, na administração do ministro Paulo Renato Souza, por intermédio da SEMTEC  Secretaria de Educação Média e Tecnológica, organizou o projeto de reforma do ensino médio “por dois fatores de natureza muito diversa”: o econômico e o volume de informações (revolução do conhecimento), por entender que a formação do educando deve priorizar “a aquisição de conhecimentos básicos, a preparação científica e a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação”. (Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio  PCN, 1999, p. 15).

No nível do ensino Médio, o MEC propôs “a formação geral, em oposição à formação específica”, mas com “o desenvolvimento de capacidades de pesquisar, buscar informações, analisá-las e selecioná-las; a capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de memorização”. Esse projeto de reforma curricular do Ensino Médio teve por objetivo “facilitar o desenvolvimento dos conteúdos, numa perspectiva de interdisciplinaridade e contextualização”, pois a interdisciplinaridade estabelece “ligações de complementaridade, convergência, interconexões e passagens entre os conhecimentos” (PCN, 1999, p. 16, 18, 26).

A Lei de Diretrizes Básicas (LDB) 9.394/96 preconiza no Art. 35, I, III que o ensino médio tem entre suas finalidades habilitar o educando a ser capaz de continuar aprendendo, a ter autonomia intelectual e pensamento crítico. Os PCNs do Ensino Médio, nas suas Diretrizes Curriculares Nacionais (Competências e Habilidades das Ciências Naturais) afirmam que o currículo deve permitir ao educando “compreender as ciências como construções humanas, entendendo que elas se desenvolvem por acumulação, continuidade ou ruptura de paradigmas...” e que “a ciência não tem respostas definitivas para tudo, sendo uma de suas características a possibilidade de ser questionada e de se transformar”.


O MEC/SEMTEC resolveu acabar de vez com esta situação paradoxal dos alunos do ensino médio que foram e continuam sendo lesados há várias décadas no ensino objetivo da teoria da evolução, e violentados na sua cidadania − o direito à informação quanto ao status epistêmico das teorias da origem e evolução da vida conforme discutido intramuros nas publicações científicas.




Para concretizar esta decisão, baseado nos PCNs e na LDB 9394/96, o MEC/SEMTEC resolveu adotar uma prática revolucionária de ensino promovendo a abordagem do “questionamento”. Na área de Biologia, o MEC/SEMTEC vai recomendar que as diretrizes dessa abordagem didática sejam as adotadas pelo livro-texto lançado recentemente no exterior: Explore Evolution: The Arguments For and Against Neo-Darwinism [Explore a Evolução: os argumentos a favor e contra o neodarwinismo], Hill House Publishers Ltd., Melbourne and London, 2007.

A douta comissão do PNLEM foi veementemente contra porque, segundo eles, o livro “não reflete o consenso atual da comunidade científica” e que “os alunos seriam imaturos demais para entender a questão polêmica e controversa”. Foram incisivos em afirmar que “não existe controvérsia entre os cientistas sobre o fato da evolução, mas tão-somente sobre o(s) processo(s) como se deu a evolução”.

Este é o primeiro livro no mundo que apresenta a evidência científica a favor e contra aspectos principais da teoria de Darwin. Ele vai na contramão da maioria dos livros didáticos de Biologia atuais que explicam a evolução muito en passant, e são intencionalmente silenciosos sobre as dificuldades fundamentais do contexto de justificação da teoria. Segundo o MEC/SEMTEC, isso agora vai mudar, pois o Explore Evolution vai melhorar o ensino da teoria da evolução fornecendo aos professores e alunos mais informações sobre a evolução que hoje eles não encontram nos livros didáticos, até nos aprovados em 2007.

O MEC/SEMTEC resolveu adotar o Explore Evolution porque ele é o único livro-texto que promove a aprendizagem baseada no “desenvolvimento de capacidades de pesquisar, buscar informações, analisá-las e selecioná-las” dando ao aluno “a capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de memorização. Este ensino baseado em pesquisas encoraja os alunos a participarem no processo da descoberta, deliberação, e argumentação que os cientistas usam na elaboração de suas teorias.

A douta comissão do PNLEM está preocupada com a adoção deste novo e revolucionário critério: ensinar a controvérsia sobre o fato, Fato, FATO da evolução. Razão? A maioria dos professores do ensino médio não está devidamente preparada para lidar com esta questão polêmica. O MEC/SEMTEC reagiu em nota dizendo que o livro “Explore Evolution”, ao contrário, traz para a sala de aula muitas informações de debates que são regularmente levantados pelos cientistas nas publicações científicas. Além disso, um analista do MEC/SEMTEC disse que “a exposição a estes debates reais do mundo científico tornarão o ensino da evolução mais interessante para os alunos, e vai treiná-los a serem melhores cientistas ao encorajá-los a praticar no dia-a-dia o tipo de pensamento crítico e análises que formam o núcleo da ciência.”

O livro tem cinco autores − dois professores de Biologia de universidade estadual americana, dois filósofos da ciência e um autor de currículo de ciência. O livro Explore Evolution foi revisto por pares por professores de faculdade de Biologia em universidades americanas públicas e privadas. O livro-texto foi testado em aulas do ensino médio e do ensino superior.

O Explore Evolution considera cinco áreas de Biologia que são tipicamente vistas como confirmando a moderna teoria da evolução: a sucessão de fósseis, homologia anatômica, embriologia anatômica, seleção natural, e mutação. Para cada área de estudo o Explore Evolution explica a evidência e os argumentos usados para apoiar a teoria de Darwin, e depois examina a evidência e os argumentos que levam alguns cientistas a questionar a adequação das explicações darwinistas. Cada seção conclui com uma seção chamada Further Debate [Mais debate] que explora o estado atual da discussão.

O MEC/SEMTEC destaca que o livro-texto Explore Evolution é indicado especialmente para:

• Professores do ensino médio que desejam aprofundar seu entendimento das evidências a favor e contra a teoria moderna da evolução, e queiram incorporar a abordagem de aprendizagem de pesquisa no ensino da evolução.

• Professores universitários que ensinam Biologia 101 ou Evolução 101 ou cursos gerais de Biologia evolutiva.

• Pais que desejam suplementar e enriquecer a instrução de seus filhos sobre a evolução biológica e a preparação para os estudos universitários.

• Adultos interessados que desejam se informar a respeito dos debates científicos sobre aspectos importantes da teoria moderna da evolução.

Como ainda não existe uma tradução em português, o MEC/SEMTEC recomenda a visita ao site do livro-texto http:/www.exploreevolution.com, onde você encontrará a introdução do livro didático, índice, informações sobre os autores, bem como até baixar páginas do livro em PDF.

Procurados por Claudio Angelo, editor de Ciência da Folha de São Paulo, a douta comissão do PNLEM não quis se pronunciar sobre esta revolucionária decisão do MEC/SEMTEC: o ensino objetivo da teoria geral da evolução no Brasil. Contudo, alguns deles já anteviram a extinção dos seus cargos pagos com o suado dinheirinho do povo brasileiro.

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Paródia escatológica, mas que brevemente será verdade no Brasil, baseada em artigo de Robert Crowther