Os cientistas são livres para expressarem suas
dúvidas ao saber da existência de problemas fundamentais nos atuais paradigmas
vigentes, tal como a biologia evolucionária moderna?
Não pergunte no Posto Ipiranga. Leia o que alguns cientistas e céticos escreveram a respeito:
"Há
um sentimento em biologia que os cientistas devem manter escondida sua roupa
suja, porque a direita religiosa está sempre procurando qualquer discussão
entre os evolucionistas como apoio para suas teorias criacionistas [sic]. Há
uma forte escola de pensamento de que nunca ninguém deve questionar Darwin em
público." (W. Daniel Hillis, in
"Introduction: The Emerging Third Culture," in Third Culture: Beyond the Scientific Revolution, editado por John
Brockman, Touchstone, 1995, p. 26.
"There's a feeling in biology that scientists
should keep their dirty laundry hidden, because the religious right are always
looking for any argument between evolutionists as support for their creationist
theories. There's a strong school of thought that one should never question
Darwin in public." (W. Daniel Hillis, in
"Introduction: The Emerging Third Culture," in Third Culture: Beyond the Scientific Revolution, edited by John
Brockman(Touchstone, 1995), p. 26.)
"À
primeira vista, é altamente implausível que a vida como nós conhecemos, seja o resultado
de uma sequência de acidentes físicos junto com o mecanismo da seleção
natural... O meu ceticismo não é baseado em crença religiosa ou em uma crença
em qualquer alternativa definitiva. É apenas uma crença de que a evidência
científica disponível, apesar do consenso da opinião científica, não nesta
questão, racionalmente requeira que nós nos subordinemos à incredulidade do
senso comum. Isso é especialmente verdade no que diz respeito à origem da vida...
Eu entendo que tais dúvidas podem parecer para muitas pessoas como afrontosas, mas
isso é porque quase todo o mundo em nossa cultura secular tem sido intimidado
em considerar o programa de pesquisa redutivo como sacrossanto, pelo fato de
que qualquer outra coisa não seria ciência. ... Pensando nessas questões, eu
tenho sido estimulado pelas críticas da dominante visão científica do mundo... feita
pelos defensores do design inteligente. ... Os problemas que esses iconoclastas
colocam para o consenso científico ortodoxo devem ser considerados seriamente. Eles
não merecem o menosprezo que comumente eles enfrentam. É manifestamente injusto."
Thomas Nagel, Mind and
Cosmos: Why the Materialist Neo-Darwinian Conception of Nature Is Almost
Certainly False, Oxford University Press, 2012, p. 6-7, 10.)
"It is prima facie highly implausible that
life as we know it is the result of a sequence of physical accidents together
with the mechanism of natural selection ... My skepticism is not based on
religious belief or on a belief in any definite alternative. It is just a
belief that the available scientific evidence, in spite of the consensus of
scientific opinion, does not in this matter rationally require us to
subordinate the incredulity of common sense. This is especially true with
regard to the origin of life ... I realize that such doubts will strike many
people as outrageous, but that is because almost everyone in our secular
culture has been browbeaten into regarding the reductive research program as
sacrosanct, on the ground that anything else would not be science. ... In thinking
about these questions I have been stimulated by criticisms of the prevailing
scientific world picture... by the defenders of intelligent design. ... [T]he
problems that these iconoclasts pose for the orthodox scientific consensus
should be taken seriously. They do not deserve the scorn with which they are
commonly met. It is manifestly unfair." (Thomas Nagel, Mind and
Cosmos: Why the Materialist Neo-Darwinian Conception of Nature Is Almost
Certainly False, p. (Oxford University Press, 2012), pp. 6-7, 10.)
"Críticos
honestos do modo evolucionário de pensamento que têm enfatizado os problemas
com o dogma dos biólogos e seus termos indefiníveis, frequentemente, são
desconsiderados como se eles fossem cristãos zelotas fundamentalistas ou racistas
preconceituosos. Mas a parte da tese deste livro que insiste que tal terminologia
interfere com a ciência verdadeira, exige um debate aberto e ponderado sobre a realidade
das afirmações feitas pelos evolucionistas zoocêntricos." Lynn Margulis e
Dorion Sagan, Acquiring Genomes: A Theory of the Origins of
the Species, Basic Books, 2003, p. 29.
"Honest critics of the evolutionary way of
thinking who have emphasized problems with biologists' dogma and their
undefinable terms are often dismissed as if they were Christian fundamentalist
zealots or racial bigots. But the part of this book's thesis that insists such
terminology interferes with real science requires an open and thoughtful debate
about the reality of the claims made by zoocentric evolutionists." (Lynn
Margulis and Dorion Sagan, Acquiring Genomes: A Theory of
the Origins of the Species, (Basic Books, 2003), p. 29).)
"É
perigoso despertar a atenção para o fato de que não existe explicação
satisfatória para a macroevolução. Alguém facilmente se torna alvo da biologia
evolucionária ortodoxa e um falso amigo de proponentes de conceitos não científicos.
Conforme a primeira, nós já conhecemos todos os princípios relevantes que
explicam a complexidade e a diversidade da vida na Terra; para a última, a
ciência e a pesquisa nunca serão capazes de fornecer uma explicação conclusiva,
simplesmente porque a vida complexa não tem uma origem natural." Günter Theißen,
"The proper place of hopeful monsters in evolutionary biology," Theory in Biosciences, 124: 349-369, 2006.
"It is dangerous to raise attention to the
fact that there is no satisfying explanation for macroevolution. One easily
becomes a target of orthodox evolutionary biology and a false friend of
proponents of non-scientific concepts. According to the former we already know
all the relevant principles that explain the complexity and diversity of life
on earth; for the latter science and research will never be able to provide a
conclusive explanation, simply because complex life does not have a natural
origin." (Günter Theißen, "The proper place of hopeful monsters in
evolutionary biology," Theory in Biosciences,124: 349-369, 2006.
"Nós
temos sido informados por mais de um de nossos colegas que, mesmo que se Darwin
estivesse substancialmente errado em afirmar que a seleção natural é o mecanismo
da evolução, mesmo assim nós não deveríamos dizer isso. Não, de modo algum,
dizer isso em público. Fazer isso, contudo, é se alinhar inadvertidamente, com
a Forças do Mal, cujo objetivo é levar a Ciência ao descrédito.. ... O neodarwinismo
é aceito axiomaticamente; prossegue, literalmente, sem ser questionado. Uma
visão que pareça contradizê-lo é, diretamente ou por implicação, rejeitado, quão
plausível possa parecer o contrário. Departmentos completos, publicações
científicas e centros de pesquisas operam agora neste princípio." Jerry Fodor e Massimo Piattelli-Palmarini, What Darwin Got Wrong, Farrar, Straus and Giroux, 2010,
p. xx, xvi.
"We've been told by more than one of our
colleagues that, even if Darwin was substantially wrong to claim that natural
selection is the mechanism of evolution, nonetheless we shouldn't say so. Not,
anyhow, in public. To do that is, however inadvertently, to align oneself with
the Forces of Darkness, whose goal is to bring Science into disrepute. ...
[N]eo-Darwinism is taken as axiomatic; it goes literally unquestioned. A view
that looks to contradict it, either directly or by implication is ipso facto rejected, however plausible it may
otherwise seem. Entire departments, journals and research centres now work on
this principle." (Jerry Fodor and Massimo Piattelli-Palmarini, What Darwin Got Wrong (Farrar, Straus and Giroux,
2010), pp. xx, xvi.)
Não se percebeu em Altenberg
nenhum desejo de atacar a teoria evolucionária a partir da esquerda. Bem ao
contrário – a preocupação política dominante foi um medo de ataque por parte
dos fundamentalistas. Como Gould descobriu, os criacionistas pegam qualquer
sinal de divisões na teoria evolucionária ou uma insatisfação com o Darwinismo.
Nas duas últimas décadas, todo mundo tem tomado conhecimento disso,
independentemente de sua satisfação ou não com a Síntese Moderna. "Você
sempre se sente como se estivesse tentando cobrir sua retaguarda", disse
Love. "Se você criticar, é como dar munição a essas pessoas". Assim,
não critique de modo arrogante, disse Coyne: "As pessoas não devem
suprimir suas diferenças para aplacar os criacionistas, mas para sugerir que o
neodarwinismo alcançou algum tipo de ponto de crise nas mãos dos criacionistas",
disse ele.
John Whitfield, "Biological theory: Postmodern
evolution?," Nature, Vol. 455: 281-284, 7 de setembro de 2008
[T]here was no sense at Altenberg of a desire to
attack evolutionary theory from the left. Quite the reverse -- the dominant
political concern was a fear of attack from fundamentalists. As Gould
discovered, creationists seize on any hint of splits in evolutionary theory or
dissatisfaction with Darwinism. In the past couple of decades, everyone has
become keenly aware of this, regardless of their satisfaction or otherwise with
the modern synthesis. "You always feel like you're trying to cover your
rear," says Love. "If you criticize, it's like handing ammunition to
these folks." So don't criticize in a grandstanding way, says Coyne:
"People shouldn't suppress their differences to placate creationists, but
to suggest that neo-Darwinism has reached some kind of crisis point plays into
creationists' hands," he says.
John Whitfield, "Biological theory: Postmodern
evolution?," Nature, Vol. 455: 281-284, September 17, 2008.