A tendência do debate ‘Darwin e Design Inteligente’ na Folha de São Paulo: não há debate!

terça-feira, janeiro 23, 2007

Segundo Marcelo Beraba, a Folha de São Paulo editou 728 artigos na seção “Tendências/Debates” em 2006. Aquele é ‘o espaço nobre do jornal para a publicação de contribuições de intelectuais e especialistas... espaço onde a diversidade de analistas e pontos de vista tem de ter mais evidência’. [1]

Daqueles 728 artigos, 215 (cerca de 30%) abordaram a política nacional, 57 o judiciário, 47 a política internacional, 46 a economia, 45 a área social, 42 a educação, 41 a segurança pública, 29 discussões sobre gênero e etnia, 27 a saúde, 24 a religião, e 20 sobre a cultura.

Engraçado, nenhum sobre ciência. Especialmente o debate entre Darwin e o Design Inteligente. Desde 1998 destaco para os ombudsman da FSP as insuficiências epistêmicas fundamentais do neodarwinismo que demandam sua revisão ou simples descarte, e da teoria do Design Inteligente que se oferece como melhor explicação de alguns eventos no universo.

Não somos ouvidos. Somos sempre descaracterizados pelos outros. Onde então o princípio do pluralismo? Ora, o princípio do pluralismo que se dane. Marcelo Leite, da FSP, disse: “Não damos espaço”.

O Ziraldo ‘falou e disse’: conhecereis a verdade por meios não oficiais! Ele é a inspiração da minha paráfrase ousada e desafiadora abaixo:

“Conhecer por meios não oficiais a insuficiência epistêmica de uma teoria científica,* e a existência de teorias alternativas é a melhor maneira de o estudante entender por si mesmo como a Nomenklatura científica e a Grande Mídia tupiniquins intencional e diariamente subtraem essas informações do conhecimento público. Um violento atentado à sua cidadania – direito à informação, à sua formação acadêmica, e ao avanço da ciência. O nome disso é desonestidade acadêmica e jornalismo científico fajuto”. [2]

Ninguém pode esconder a verdade, nem impedi-la de circular livremente. Mesmo que momentaneamente amordaçada, aviltada, distorcida e estropiada, ela sempre vem à tona. Aos borbotões, como violento tsunami. Ai dos poderosos de plantão, dos guarda-cancelas epistemológicos, que fazem de tudo para suprimi-la injustamente dos demais. Serão varridos vergonhosamente para a lata do lixo histórico da ciência e do jornalismo. Não sentiremos saudades.

Chassez la verité, elle revient au galop, oops au tsunami! Mesmo que por meios não oficiais!

* Na física, as suas teorias científicas [suas leis são mais exatas] são livremente discutidas pela Academia e pela Grande Mídia. Suas teorias aqui e ali são revisadas e descartadas. Enquanto isso, na biologia [não tem leis exatas], o neodarwinismo não é discutido livremente e sem sanções na Academia e nem na Grande Mídia, mesmo sabendo que as suas insuficiências heurísticas já demandam simplesmente a sua revisão ou descarte desde 1980. Qual a razão disso? Impedimento científico ou ideológico?

[1] Folha de São Paulo, Brasil, 21/01/2007, p. A8

[2] “Conhecer por meios não oficiais a história de um país é a melhor maneira do cidadão entender não só a si mesmo como a sua relação com o país onde vive”. Ziraldo, cartunista e escritor brasileiro.