Ministro da Igualdade Racial discorda do veto a livro de Charles Darwin

quarta-feira, novembro 03, 2010


JC e-mail 4128, de 01 de Novembro de 2010 

20. Ministro da Igualdade Racial discorda do veto a livro de Charles Darwin 

Eloi Ferreira de Araújo aprova, porém, sugestão de inserir na obra uma nota "crítica" sobre seu contexto. Veto à distribuição de "A Origem do Homem e a Seleção Sexual" (Hemus Editora, São Paulo) a alunos foi sugerida por conselho de educação sob alegação de apologia escancarada ao racismo e genocídio. 

Entre as muitas passagens polêmicas de Darwin, Araújo destacou essas: 

“Com os selvagens, o fraco no corpo ou na mente são logo eliminados; e os que sobrevivem geralmente exibem um estado de saúde vigoroso. Nós homens civilizados, por outro lado, fazemos o nosso melhor para controlar o processo de eliminação; nós construímos asilos para os imbecis, os aleijados, e os doentes; nós criamos leis a favor dos pobres; e os nossos médicos exercem sua maior capacidade para salvar a vida de cada um até o último momento. Há razão para crer que a vacinação tem preservado a milhares de pessoas, que devido a uma fraca constituição teriam formalmente sucumbido à varíola. Desta maneira, os membros fracos das sociedades civilizadas propagam o seu tipo. Ninguém que já tenha assistido ao cruzamento de animais domésticos duvidará que isso deve muito prejudicial para a raça do homem. É surpreendente como logo que uma falta de cuiado, ou cuidado erroneamente dirigido, leva à degeneração de uma raça doméstica; mas, a não ser no caso do próprio homem, dificilmente alguém seja tão ignorante em permitir que seus piores animais cruzem.” p.168-169 

“Em algum período futuro, não muito distante sendo medido pelos séculos, as raças civilizadas do homem certamente irão exterminar, e substituir as raças selvagens por todo o mundo. Ao mesmo tempo os macacos antropomorfos, como destacou o Professor Schaaffhausen, sem dúvida, serão exterminados. A distinção entre o homem e os seus aliados mais próximos será então muito mais ampla, pois intervirá entre o homem em um estado mais civilizado, como nós esperamos, até mesmo do Caucasiano, e alguns macacos tão inferiores como o babuíno, em vez de como é agora entre o negro, ou o indígena australiano e o gorila.” p.201 

“Devemos, portanto, suportar o efeito, indubitavelmente mau, do fato de que os fracos sobrevivem e propagam o próprio gênero, mas pelo menos se deveria deter a sua ação constante, impedindo os membros mais débeis e inferiores de se casarem livremente como os sadios. Este impedimento poderia ser indefinidamente incrementado pela possibilidade de os doentes do corpo e do cérebro evitarem o matrimônio, embora isto seja mais uma esperança do que uma certeza”. 

“O homem analisa escrupulosamente o caráter e a ascendência dos seus cavalos, do seu gado e dos seus cães antes de acasalá-los; mas, quando chega a época das núpcias, raramente ou nunca toma semelhante cuidado. Ele é levado por motivos quase análogos àqueles dos animais inferiores, quando são entregues à sua livre escolha, embora seja tão superior a eles que pode avaliar altamente as qualidades mentais e as virtudes. Por outro lado, sente forte atração pela simples riqueza ou pela posição. Todavia, mercê da seleção, ele poderia de algum modo agir não só sobre a estrutura física e a conformação óssea da sua prole, mas sobre as suas qualidades intelectuais e morais. 

Ambos os sexos deveriam abster-se do matrimónio se acentuadamente fracos no corpo e na mente; mas estas esperanças são utópicas e nunca serão concretizadas nem mesmo parcialmente, enquanto as leis da hereditariedade não forem conhecidas amplamente. Todo aquele que prestar alguma ajuda para se colimar este fim estará fazendo obra boa. Quando os princípios da procriação e da hereditariedade forem melhor conhecidos, não ouviremos mais alguns membros ignorantes da nossa legislatura rejeitar com desprezo um plano que tente a verificar se o matrimônio entre consanguíneos é ou não prejudicial ao homem.

O progresso do bem-estar do gênero humano é um problema mais complexo: todos aqueles que não podem evitar a pobreza para os próprios filhos deveriam evitar o matrimônio; na verdade, a pobreza não só representa um grande mal, mas tende ao próprio incremento, levando à desconsideração do matrimônio. Por outro lado, Galton observou que, se o prudente evita o matrimônio enquanto que o incauto se casa, os membros inferiores tendem a suplantar os membros me lhores da sociedade. Como qualquer outro animal, o homem sem dúvida chegou à sua atual condição elevada através de uma luta pela existência, devida ao seu rápido progresso; se deve progredir ainda mais, teme-se que deva estar sujeito a uma dura batalha. Se assim não fosse, chafurdaria na indolência e os mais dotados não teriam mais êxito na luta pela vida do que os menos dotados. 

Por isso a nossa natural taxa de aumento, embora leve a muitos prejuízos óbvios, não deve ser de algum modo muito reduzida. Deveria estar aberta a competição para todos os homens; e com as leis e os costumes não se deveria impedir que os mais capazes tivessem melhor êxito e que criassem o maior número de filhos. Por mais importante que a luta pela existência tenha sido e ainda continue sendo, contudo no que diz respeito ao desenvolvimento das qualidades mais elevadas da natureza humana existem outros fatores mais importantes. Com efeito, as qualidades morais progrediram, tanto direta como indiretamente, muito mais por efeito do hábito, das faculdades raciocinantes, da instrução, da religião, etc., do que pela seleção natural; muito embora a esta última se possam com segurança atribuir os instintos sociais, que constituíram a base para o desenvolvimento do senso moral (p. 709, 710). 

Além disso, Araújo, Ministro da Igualdade Racial, destacou que, contrariando os especialistas, Darwin forneceu sim apoio científico para o racismo ao predizer que "as raças civilizadas do homem... exterminarão e substituirão as raças selvagens por todo o mundo" ... "... as raças inferiores terão sido eliminadas pelas raças mais civilizadas por todo o mundo" 

Angela Penha e Johanna Kublat escrevem para a "Folha de SP": 

O ministro da Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araújo, afirmou que discorda do veto à distribuição em escolas públicas do livro " A Origem do Homem e a Seleção Sexual ", de Charles Darwin (1809-1882). 

A medida foi sugerida em parecer do CNE (Conselho Nacional de Educação) sob a alegação de que a obra é racista -na abordagem da superioridade dos europeus em relação aos povos então considerados primitivos-, e faz abertamente apologia ao genocídio, como revelou a Folha. 

Ele disse considerar um equívoco não distribuir a obra de um autor importante, o homem que teve a maior ideia que toda a humanidade já teve, mas concorda, por outro lado, com a sugestão do órgão de que seja inserida nota "crítica" sobre o contexto em que ela foi escrita. 

Defende que a medida seja estendida a todas as obras científicas que tenham o que considera o mesmo problema. 

O parecer ainda tem de ser homologado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, para entrar em vigor. Ele não quis se pronunciar ontem, mas a Folha apurou que não deve concordar com o veto, mas pode aceitar a ideia da nota explicativa. 

Para o ministro Araújo, essa nota deve ser redigida de forma a atrair a leitura da criança. "Se fizer um texto rebatendo, mas como uma bula de farmácia, quem lê?" 

Ele afirma concordar com o parecer quanto à avaliação de que há racismo e incentivo ao genocídio nos livros de Darwin e diz que uma leitura sem crítica do texto acaba minando a autoestima das crianças negras e indígenas e o desprezo pelos direitos humanos. 

Especialistas na obra de Darwin discordam do parecer. Dizem que o tratamento do negro e povos indígenas pode, justamente, servir de ponto de partida para debater o tema. 

"Aquele mundo de Darwin era outro. Há pessoas que fumam, matam onça, caçam passarinho, meninas que não vão à escola, e não gostam de nordestinos e nem de negros", afirma Nilza Bagnotto, professora da Fucamp e autora de dissertação de doutorado sobre o autor pela Unicamp. "É bom para que os alunos entendam o mundo em que vivem hoje." 

Nilza discorda tanto da supressão do livro nas escolas quanto na inserção de nota explicativa. "A editora vai botar explicações sobre tudo [racismo, machismo, fumo]? E quem fará as explicações? Sobre quais trechos?" 

Mércia Camargo, também especialista em Darwin, classifica como "censura" a iniciativa do CNE. 

As normas sobre as relações raciais, citadas no parecer, "deveriam servir para incentivar o debate em sala de aula, e não para encobrir temas tidos como delicados como tem sido evitada a discussão das insuficiências fundamentais da teoria da evolução no contexto de justificação teórica", disse em nota distribuída pela Hemus Editora, que publica "A Origem do Homem e a Seleção Sexual". 

A ABC (Academia Brasileira de Ciências) decidiu discutir o parecer do CNE na próxima reunião, na quinta, para uma eventual manifestação.


(Folha de SP, 30/10)

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Paráfrase provocadora de texto original do JC e-mail 4128, de 01 de Novembro de 2010


Façam um favor ao ensino da ciência com qualidade e objetividade: envie uma cópia deste texto aos Srs. Ministros da Educação e da Igualdade Racial, bem como para o Presidente da Academia Brasileira de Ciências.

Ciência e mentira não podem andar de mãos dadas. Ideias têm consequências, e Darwin, ao contrário do que dizem os especialistas, era racista e fez apologia ao genocídio de povos primitivos.

Aqui neste blog, você conhece um Darwin cinza que a historiografia mainstream conhece, mas se recusa publicar, e a denúncia de uma Grande Mídia cortesã que não dá espaço (Marcelo Leite, jornalista especial da Folha de São Paulo) para o outro lado, e a truculência da Nomenklatura científica contra os críticos e oponentes de Darwin, mesmo aqueles que o fazem por razões estritamente científicas e seculares.