30/11/2010
Agência FAPESP – Nos primeiros 140 milhões de anos de sua história evolutiva, os mamíferos eram pequenos, não ultrapassando os 15 quilos, e ocupavam poucos nichos ecológicos. Tudo mudou após a extinção dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos, quando os mamíferos explodiram tanto em diversidade como em tamanho.
Um novo estudo, publicado na revista Science, ajuda a tentar entender esse notável salto evolutivo. Felisa Smith, da Universidade do Novo México, e colegas reuniram dados de fósseis que indicam os tamanhos de mamíferos terrestres pertencentes a cada ordem taxonômica, em cada continente e durante a sua história evolutiva.
Estudo na Science explica por que os mamíferos, que até então não passavam dos 15 quilos, cresceram e se diversificaram tanto após a extinção dos dinossauros (divulgação)
A análise dos dados colhidos indica que o tamanho geral dos mamíferos aumentou rapidamente e depois se estabilizou, após cerca de 25 milhões de anos. Segundo os autores da pesquisa, esse padrão foi comum para a maioria dos continentes, embora não tenha sido conclusivo para a América do Sul.
Os pesquisadores também experimentaram diferentes hipóteses para a evolução até o tamanho corporal máximo. Segundo eles, aparentemente essa tendência não foi um resultado aleatório ou inevitável do aumento na complexidade das espécies.
Os mamíferos também não atingiram eventuais limites biomecânicos, aponta o estudo. Em vez disso, o principal motor do crescimento teria sido a diversificação para o preenchimento de nichos ecológicos deixados vagos pelos dinossauros.
Ou seja, sem os grandes répteis, entraram em cena os mamíferos gigantes, ocupando seu espaço. Para os autores da pesquisa, os limites dos corpos devem ter sido ditados pelas condições climáticas e pela área disponível para sua ocupação.
“Durante o Mezosoico, os mamíferos eram pequenos. Mas, uma vez extintos os dinossauros, os mamíferos evoluíram para se tornar muito maiores, à medida que se diversificaram e preencheram nichos ecológicos disponíveis. Esse fenômeno é bem documentado na América do Norte e verificamos que o mesmo ocorre em todo o mundo”, disse John Gittleman, da Universidade de Georgia, nos Estados Unidos, um dos autores do estudo.
O artigo The Evolution of Maximum Body Size of Terrestrial Mammals (10.1126/science.1194830), de Felisa Smith e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org/content/330/6008/1216.
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Science 26 November 2010:
Vol. 330 no. 6008 pp. 1216-1219
DOI: 10.1126/science.1194830
REPORT
The Evolution of Maximum Body Size of Terrestrial Mammals
Felisa A. Smith1,*, Alison G. Boyer2, James H. Brown1, Daniel P. Costa3, Tamar Dayan4, S. K. Morgan Ernest5, Alistair R. Evans6, Mikael Fortelius7, John L. Gittleman8, Marcus J. Hamilton1, Larisa E. Harding9, Kari Lintulaakso7, S. Kathleen Lyons10, Christy McCain11, Jordan G. Okie1, Juha J. Saarinen7, Richard M. Sibly12, Patrick R. Stephens8, Jessica Theodor13 and Mark D. Uhen13
+Author Affiliations
1Department of Biology, MSC03 2020, University of New Mexico, Albuquerque, NM 87131, USA.
2Department of Ecology and Evolutionary Biology, Yale University, Box 208106, New Haven, CT 06520, USA.
3Department of Ecology and Evolutionary Biology, University of California, Santa Cruz, Santa Cruz, CA 95064, USA.
4Department of Zoology, Tel-Aviv University, Tel Aviv 69978, Israel.
5Department of Biology and Ecology Center, Utah State University, Logan, UT 84322, USA.
6School of Biological Sciences, Monash University, VIC 3800, Australia.
7Department of Geosciences and Geography, Institute of Biotechnology, Post Office Box 64, FIN-00014 University of Helsinki, Finland.
8Odum School of Ecology, 140 East Green Street, University of Georgia, Athens, GA 30602, USA.
9Landscape Ecology, Tvistevägen 48, Department of Ecology and Environmental Science, Umea University, Umea, Sweden SE-90187.
10Smithsonian Institution, Post Office Box 37012, MRC 121, Washington, DC 20013–7012, USA.
11Department of Ecology and Evolutionary Biology, CU Natural History Museum, Campus Box 265, University of Colorado at Boulder, Boulder, CO 80309–0265, USA.
12School of Biological Sciences, Harborne Building, University of Reading, Reading, UK.
13Department of Biological Sciences, 2500 University Drive North West, University of Calgary, Calgary, Alberta T2N 1N4, Canada.
14Department of Atmospheric, Oceanic, and Earth Sciences, George Mason University, Fairfax, VA, USA.
*To whom correspondence should be addressed. E-mail: fasmith@unm.edu
ABSTRACT
The extinction of dinosaurs at the Cretaceous/Paleogene (K/Pg) boundary was the seminal event that opened the door for the subsequent diversification of terrestrial mammals. Our compilation of maximum body size at the ordinal level by sub-epoch shows a near-exponential increase after the K/Pg. On each continent, the maximum size of mammals leveled off after 40 million years ago and thereafter remained approximately constant. There was remarkable congruence in the rate, trajectory, and upper limit across continents, orders, and trophic guilds, despite differences in geological and climatic history, turnover of lineages, and ecological variation. Our analysis suggests that although the primary driver for the evolution of giant mammals was diversification to fill ecological niches, environmental temperature and land area may have ultimately constrained the maximum size achieved.
Received for publication 8 July 2010.
Accepted for publication 18 October 2010.
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