20/12/2011
Agência FAPESP – Os fenótipos de grupos humanos derivados de um mesmo ancestral recente podem ter ritmos variáveis de divergência dependendo da diversificação de fatores culturais e sociais.
A conclusão é de um estudo internacional com participação brasileira que terá seus resultados publicados esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
O trabalho teve participação de Tábita Hünemeier, Francisco Mauro Salzano e Maria Cátira Bortolini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Sandro Bonatto, da Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), e de cientistas de instituições do México, Argentina, Estados Unidos, Espanha e Suécia.
Trabalho internacional, com participação de brasileiros, indica que fenótipos de grupos derivados de um mesmo ancestral podem ter ritmo de divergência variável dependendo de fatores culturais e sociais (Elza Fiúza/ABr)
De acordo com o estudo, mudanças na estrutura social e nas práticas culturais têm potencial para promover combinações inusitadas de frequências de alelos, que impulsionam a evolução de novidades genéticas e fenotípicas durante a evolução humana.
Essas práticas culturais, segundo os pesquisadores, agem em combinação com barreiras geográficas e linguísticas e podem promover mudanças evolutivas mais rápidas, moldadas pelas interações entre genética e cultura. No entanto, os casos específicos que atestam esse tipo de interação são escassos, segundo o estudo.
Os pesquisadores demonstraram que os parâmetros quantitativos obtidos a partir de dados cefalométricos extraídos de 1.203 indivíduos – analisados em combinação com dados genéticos, climáticos, sociais e de história de vida de seis populações indígenas sul-americanas – são compatíveis com um cenário de rápida evolução fenotípica e genética, provavelmente mediada por mudanças culturais.
O estudo mostrou que os xavante experimentaram um ritmo notável de evolução: a taxa de mudança morfológica é muito maior que a esperada para a sua época de separação de seu grupo irmão, os caiapó, que ocorreu há cerca de 1.500 anos.
O trabalho sugere também que essa rápida diferenciação foi possível graças às fortes diferenças na organização social. Os resultados demonstram como os grupos humanos que derivam de um ancestral comum recente podem ter ritmos variáveis de divergência fenotípica, provavelmente em decorrência de diferentes fatores culturais e sociais.
Os autores sugerem que reunir os bancos de dados compostos que envolvem dados biológicos e culturais será uma tarefa de importância central para desvendar casos de evolução modulada pelo ambiente cultural.
O artigo Cultural diversification promotes rapid phenotypic evolution in Xavánte Indians(doi:10.1073/pnas.1118967109), de Tábita Hünemeier e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da PNAS em
Cultural diversification promotes rapid phenotypic evolution in Xavánte Indians
Tábita Hünemeier a, Jorge Gómez-Valdés b,Mónica Ballesteros-Romero c, Soledad de Azevedo d,Neus Martínez-Abadías e, Mireia Esparza f, Torstein Sjøvold g, Sandro L. Bonatto h,Francisco Mauro Salzano a,1, Maria Cátira Bortolini a, and Rolando González-José d,1
Author Affiliations
aDepartamento de Genética, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 91501-970 Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil;
bDepartamento de Anatomía, Facultad de Medicina, Universidad Nacional Autónoma de México, Circuito Interior, Ciudad Universitaria, 04510 DF, Mexico;
cEscuela Nacional de Antropología e Historia, Periférico Sur y Zapote, 14030 DF, Mexico;
dCentro Nacional Patagónico, Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas, U9120ACV, Puerto Madryn, Argentina;
eDepartment of Anthropology, Pennsylvania State University, University Park, PA 16802;
fSecció d'Antropologia, Departament de Biologia Animal, Universitat de Barcelona, 08028 Barcelona, Spain;
gOsteologiska enheten, Stockholms Universitet, SE-106 91 Stockholm, Sweden; and
hFaculdade de Biociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 90610-001 Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil
Contributed by Francisco Mauro Salzano, November 18, 2011 (sent for review July 11, 2011)
Abstract
Shifts in social structure and cultural practices can potentially promote unusual combinations of allele frequencies that drive the evolution of genetic and phenotypic novelties during human evolution. These cultural practices act in combination with geographical and linguistic barriers and can promote faster evolutionary changes shaped by gene–culture interactions. However, specific cases indicative of this interaction are scarce. Here we show that quantitative genetic parameters obtained from cephalometric data taken on 1,203 individuals analyzed in combination with genetic, climatic, social, and life-history data belonging to six South Amerindian populations are compatible with a scenario of rapid genetic and phenotypic evolution, probably mediated by cultural shifts. We found that the Xavánte experienced a remarkable pace of evolution: the rate of morphological change is far greater than expected for its time of split from their sister group, the Kayapó, which occurred around 1,500 y ago. We also suggest that this rapid differentiation was possible because of strong social-organization differences. Our results demonstrate how human groups deriving from a recent common ancestor can experience variable paces of phenotypic divergence, probably as a response to different cultural or social determinants. We suggest that assembling composite databases involving cultural and biological data will be of key importance to unravel cases of evolution modulated by the cultural environment.
cultural evolution, morphology, mtDNA, multiple factor analysis, Amerindians
Footnotes
1To whom correspondence may be addressed. E-mail: francisco.salzano@ufrgs.br or rolando@cenpat.edu.ar.
Author contributions: T.H., J.G.-V., M.B.-R., S.L.B., F.M.S., M.C.B., and R.G.-J. designed research; T.H., J.G.-V., M.B.-R., S.d.A., N.M.-A., M.E., T.S., S.L.B., F.M.S., M.C.B., and R.G.-J. performed research; T.H., J.G.-V., S.d.A., N.M.-A., M.E., S.L.B., M.C.B., and R.G.-J. analyzed data; and T.H., F.M.S., M.C.B., and R.G.-J. wrote the paper.
The authors declare no conflict of interest.
This article contains supporting information online at www.pnas.org/lookup/suppl/doi:10.1073/pnas.1118967109/-/DCSupplemental.
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