A revista Time 'macaqueando' com as semelhanças entre humanos e chimpanzés

quarta-feira, outubro 11, 2006

A edição atual da revista Time dá destaque a uma história de capa pregando a evolução ao público [americano] cético e trazendo um editorial de os humanos e os chimpanzés serem relacionados. Embora a figura da capa (vide foto em blog anterior) mostre a iconografia metade humana e metade chimpanzé, o antropólogo Jonathan Marks, da Universidade da Carolina do Norte, (Charlotte) nos adverte contra "exibir as mesmas antigas falácias: ... humanizar os macacos e tornar simiesco os humanos" (What It Means to be 98% Chimpanzee, p. xv [2002]). A figura da capa comete as duas falácias:

O artigo também afirma que é fácil ver "quão aproximadamente os grandes macacos – gorilas, chimpanzés, bonobos e orangotangos – parecem conosco", mas depois observa num modo contraditório que "a agricultura, a linguagem, a arte, a música, a tecnologia e a filosofia" são "realizações que nos fazem profundamente diferentes dos chimpanzés". Talvez Michael Ruse tenha sido sábio ao perguntar "onde está o Shakespeare babuíno ou o Mozart chimpanzé?" (The Darwinian Paradigm, 1989, p. 253).
Descendência Comum ou Design Comum?
Previsivelmente o artigo trombeteia a estatística de 98-99% de semelhança genética entre os humanos e os chimpanzés, pressupondo que a semelhança demonstra ancestralidade comum. Pode a ancestralidade comum explicar as semelhanças genéticas funcionais compartilhadas entre os humanos e os chimpanzés? Certo, é claro. Mas do mesmo modo o design comum: designers regularmente reutilizam partes que funcionam quando estão fazendo plantas semelhantes. O artigo ignora que as semelhanças funcionais compartilhadas entre dois organismos não exclui o design em favor da descendência.

Mutações milagrosas evolutivas

O artigo também discute uma "mutação" que poderia permitir uma perda na força do músculo da mandíbula que os biólogos evolucionistas supõem permitiu que a caixa craniana crescesse muito maior. É uma linda estória da carochinha, mas o paleoantropólogo Bernard Wood explicou por que identificar simplesmente essas diferenças genéticas não fornece uma explicação evolutiva convincente onde a seleção natural preservaria as mutações:
"A mutação teria reduzido a aptidão darwiniana desses indivíduos… Ela somente se tornaria fixa se ela coincidisse com as mutações que reduziram o tamanho dos dentes, o tamanho da mandíbula e aumentado o tamanho do cérebro. Quais são as chances disso?" (citado em Joseph Verrengia, "Gene Mutation Said Linked to Evolution" Union Tribune, 03-24-04)
O artigo também faz a incrível afirmação de que duas mutações poderiam ser responsáveis pela "emergência de todos os aspectos da fala humana, desde as primeiras palavras de um bebê até a um monólogo de Robin Williams". Eles estão brincando? Se a linguagem humana se desenvolveu por meios darwinianos, isso exigiria evoluir bem lentamente um conjunto de características altamente complexas que faltam nos animais – um feito que os especialistas pensam ser impossível:

Chomsky e alguns dos seus oponentes mais ferrenhos concordam numa coisa: que um instinto de linguagem exclusivamente humano parece ser incompatível com a moderna teoria da evolução darwiniana, na qual os sistemas biológicos complexos surgem pela acumulação gradual ao longo das gerações de mutações genéticas aleatórias que aumentam o êxito de reprodução. ... Os sistemas não-humanos de comunicação são baseados em um de três designs [mas]... a linguagem humana tem um design muito diferente. O sistema combinatório discreto chamado de "gramática" faz a linguagem humana infinita (não há limite quanto ao número de palavras complexas ou sentenças numa língua), digital (esta infinidade é realizada pela recombinação discreta de elementos em ordens e combinações particulares, e não pela variação de algum sinal ao longo de um conjunto-contínuo como o mercúrio num termômetro), e compositivo (cada uma das combinações infinitas tem um significado diferente predizível dos significados de suas partes, das regras e dos princípios que as organiza).
(Pinker, S., capítulo 11 de The Language Instinct, 1994).
Embora Pinker creia que a linguagem humana possa ser explicada pelo darwinismo, a fala e a linguagem humanas são excessivamente complexas comparadas à linguagem animal. Afirmar que ela poderia evoluir em duas mutações é inacreditável.

DNA Não-Codificante: O Novo Melhor Amigo dos Evolucionistas?
Ironicamente, o artigo admite que as diferenças proeminentes entre os humanos e os chimpanzés podem se originar do DNA não-codificante funcional, que regula a produção de proteína. Numa analogia elegante, Owen Lovejoy explica que a semelhança de 98-99% nas regiões codificantes do DNA ("tijolos") pode ser irrelevante porque é "como ter duas plantas para duas casas de tijolos diferentes. Os tijolos são os mesmos, mas os resultados são muito diferentes".Os darwinistas citam freqüentemente as semelhanças em DNA não-codificante como evidência de ancestralidade comum chimpanzé-humano. Mas, o artigo da revista Time explica que o DNA não-codificante tem uma função – talvez sustentando as funções responsáveis pelas diferenças entre os humanos e os chimpanzés:

Essas chaves moleculares estão nas regiões não-codificantes do genoma – uma vez conhecido pejorativamente como DNA lixo, mas rebatizado recentemente como a matéria escura do genoma. ... "Mas pode ser que seja a matéria escura que governe bastante do que nós vemos realmente".

Embora o artigo ainda afirme que muito do genoma é lixo, Richard Sternberg e James A. Shapiro escreveram recentemente que "um dia, nós iremos pensar do que era costumado ser chamado de 'DNA lixo' como um componente decisivo de regimes de controle celular verdadeiramente especializado'" ("How Repeated Retroelements format genome function," Cytogenetic and Genome Research 110:108–116 [2005]).

A evidência de função no DNA não-codificante não somente lança dúvida sobre se a estatística de 98-99% de semelhança de codificação de proteína do DNA é relevante para estimar a magnitude do grau de semelhança genética entre os humanos e os chimpanzés, mas também mostra que as semelhanças entre o DNA não-codificante em humanos e chimpanzés poderiam ser explicadas por design comum.
Postado por Casey Luskin, 4 de outubro de 2006 10:02 AM