A revista VEJA Edição 1956, de 17 de maio de 2006, p. 11, 14-15, publicou a entrevista “Salvem o planeta” com o biólogo americano Edward Wilson, da Universidade Harvard, fundador da sociobiologia (assunto controverso e repudiado por outros acadêmicos como não sendo ciência), pedindo a união da ciência e religião na defesa da biodiversidade. O link acima é para assinantes.
Uma pergunta incômoda para Wilson que Diogo Schelp - VEJA não fez: se a evolução é realmente um processo cego, aleatório e não teve o ser humano em mente (possivelmente nem as outras espécies), por que agora esta preocupação de um ‘ecochato’ de salvar o planeta? Wilson deveria ser mais coerente com as suas idéias teóricas: somente o mais apto sobrevive. Não houve telos antes, não há agora e nem depois. Esta é a conclusão lógica final do pensamento filosófico materialista: O universo que se dane, afinal de contas, Kaput é o nosso destino final cósmico.
Não vou lidar com o convite inusitado de Wilson de religiosos e cientistas “deixar de lado as diferenças”, pois esta é uma falsa dicotomia que a filosofia materialista utiliza da boa metodologia naturalista para alijar outros discursos sobre a realidade. Wilson, o deísta-agnóstico-materialista-espiritualista [???] tenta impingir seu “evangelho” de “natureza sagrada” sobre os de tradições religiosas, mas ele se esqueceu dos ateus e agnósticos que não consideram assim a “natureza”.
A revista VEJA e a Grande Mídia Tupiniquim já estão cansados de saber que hoje a questão não é se as especulações transformistas de Darwin contrariam os relatos sagrados de criação de tradições religiosas, mas se elas são apoiadas cientificamente pelas evidências encontradas na natureza. Elas não confirmam e apontam noutra direção: Design Inteligente.
Mesmo sabendo disso, Schelp teima abrir sua entrevista com uma afirmação e pergunta ideologizadas do tipo “ciência [razão] vs. religião [irracionalidade]”. Há uma razão estratégica com isso – associar a Teoria do Design Inteligente ao criacionismo e assim alijar o mais poderoso movimento intelectual que desafia uma teoria científica do século 19, remendada no século 20 e nos seus estertores epistêmicos no século 21: o neodarwinismo.
VEJA afirmou que mais de 80% da população dos Estados Unidos não acredita na teoria da evolução e perguntou se isso é um fenômeno tipicamente americano. Wilson respondeu que apenas 51% dos americanos crê que a espécie humana foi criada por uma força superior alguns milhares de anos atrás, e que outros 34% acreditam numa evolução guiada por Deus. Somente 15% dizem que os cientistas estão corretos.
Wilson disse que esses números são extraordinários porque representam exatamente o oposto do que pensam os europeus. Lá, 40% da população dá razão à tese de que as espécies teriam evoluído pela seleção natural, e que uma minoria criacionista descarta a teoria da evolução.
Conduzindo a entrevista pela sua ótica materialista, Schelp afirmou que isso explica o vigor do criacionismo e a cogitação de ensiná-lo nas escolas americanas, em oposição à teoria da evolução das espécies. A ignorância de Schelp sobre a jurisprudência americana sobre este assunto é até perdoável. Sendo Schelp um dos principais editores de VEJA, eu duvido que ele desconheça que a Suprema Corte dos Estados Unidos [Edwards vs. Aguillard] considerou inconstitucional o ensino do criacionismo em 1987. Como cogitar agora o seu ensino nas escolas públicas? Schelp não ofereceu uma saída jurídica. Razão? Ela simplesmente não existe e não há saída para os criacionistas!
Todavia, sendo Wilson americano é desonestidade acadêmica dele responder à pergunta ideologicamente induzida de Schelp “embolando o meio de campo” afirmando que algumas organizações religiosas estão conseguindo introduzir no governo americano a tese do design inteligente, que foi Deus quem guiou a evolução. Bem, Schelp e Wilson não nos ajudam aqui, mas nós da TDI sempre fomos contra essa “captura” da TDI por organizações religiosas forçando o ensino da TDI nos Estados Unidos. Vide os nossos sites http://www.discovery.org e http://www.evolutionnews.org Este último para demonstrar como que a Grande Mídia distorce os fatos sobre a TDI e a teoria geral da evolução.
A TDI não foi, não é, e nunca será criacionismo. Não partimos de relatos de criação de textos sagrados, mas de evidências encontradas na natureza. A TDI afirma que certos eventos encontrados na natureza são melhor explicados por CAUSAS INTELIGENTES e que certos sistemas biológicos complexos irredutíveis não podem ser resultado do processo cego de seleção natural + mutações + tempo.
É patético o apelo de Wilson para os de tradições religiosas: “Peço que deixem de lado suas diferenças com as pessoas seculares e os cientistas materialistas, como eu, e se juntem a nós para salvar o planeta. A ciência e a religião são as duas forças mais poderosas do mundo. Para ambas, a natureza é sagrada”.
Depois Schelp pergunta a Wilson qual é o erro da teoria do design inteligente, afirmando erroneamente que a TDI a idéia de que a complexidade dos organismos vivos é a melhor prova da existência de um projetista divino. Schelp nunca leu Behe ou Dembski. Se leu, não entendeu. A TDI é sobre a complexidade irredutível de sistemas biológicos complexos não serem produzidos por processos darwinistas graduais e a detecção de sinais de causas inteligentes.
Mais solerte a afirmação de Wilson de que o nosso único argumento “é que a ciência não consegue explicar todos os detalhes da evolução” e dos fenômenos naturais e que para nós isso é o suficiente para justificar a crença numa força sobrenatural por trás do inexplicável. Isso é ignorância pura de Wilson, pois como um cientista americano deveria saber que no Movimento do Design Inteligente nós temos até agnósticos. A TDI não explica “força sobrenatural”, mas causas inteligentes empiricamente detectáveis na natureza e isso é um argumento científico que precisa ser falseado.
Contrariando a Darwin, seus atuais seguidores ultimamente andam desesperados atrás dos seguidores de tradições religiosas para o apoio de suas especulações transformistas. Realmente, adotar a crença de que a evolução é uma invenção de Deus, e de que precisa das religiões para a sua fundamentação coloca em risco a credibilidade e prestígio de Darwin. Nós defensores do design inteligente temos evidências da existência de causas inteligentes e de o design ser empiricamente detectado na natureza [o filtro explanatório de Dembski], mas os cientistas há mais de uma década se recusam a estudar esses fenômenos.
O mais interessante e grave, é que VEJA já foi abordada por este blogger a entrevistar os teóricos do DI como Behe e Dembski nas Páginas Amarelas. Afinal de contas, a TDI está no pedaço e incomodando a Nomenklatura científica desde os anos 90 do século 20! Se Schelp topar, e eu duvido, posso colocá-lo em contato com eles para uma entrevista via e-mail.
O resto da entrevista é subjetivismo puro, cientismo [por lidar com temas não científicos como alma, vida após a morte] e a onisciência de Wilson sobre o que seria uma vida eterna após a morte. Ao contrário do afirmado por Wilson – de que a ciência não é uma forma de religião, Michael Ruse afirmou certa vez que o evolucionismo tem esta característica. Existem sim dogmas e ídolos na ciência: teoria geral da evolução e Darwin. É, mas os ídolos foram feitos para a destruição. Quem será o Finéias de Darwin???
Wilson deve ter desagradado a gregos e troianos com esta entrevista – a espécie humana é a mais sagrada do planeta! Evolução voluntária??? Ele acabou de jogar Darwin pela janela. O discurso “ecochato” de preservação da natureza beira ao ridículo. O resto da entrevista é de um alarmismo apocalíptico. Eu quase dormi...
A VEJA, como a Grande Mídia tupiniquim, não cobre a TDI de forma isenta e objetiva.